quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Eleições (3)

Se bem se recordam, dizia eu no passado dia 5 de Setembro que, já naquela altura, a prestação dos candidatos dos Partidos que concorrem nestas Eleições Legislativas era tal, que não só cansava quem os ouvia, mas também os cansava a eles próprios.

Era previsível, então, que o passar dos dias nos iria reservar um sem número de “surpresas” quanto à capacidade inventiva dos partidos para captar os votos dos indecisos (por exemplo, como eu).

Uma delas, que é recorrente nestas alturas, assenta na divisão dos portugueses em duas classes: os de esquerda e os de direita. Cada um, à sua maneira, tenta elevar os seus ideais e reduzir os ideais dos outros. Em consciência, não sei se tenho ideais de esquerda, de direita, dos dois ou de nenhum dos dois.

Enquanto adolescente, os ideais de esquerda acompanhavam-me permanentemente na hora de reivindicar a “liberdade” que uma “classe dominadora” (os meus pais) se recusava a conceder-me. O seu argumento (imagine-se!!!) era de que aquela “feria os princípios da educação que pretendiam para mim”. Como eu não os compreendia e como só mais tarde os compreendi quando passei do ciclo de filho, para o ciclo de pai! Tudo isto vale por dizer que todos nós, sem excepção, crescemos com o espírito reivindicativo de esquerda. Contudo, as vivências que a vida nos vai legando, vão moldando um ideal de vida em cada um de nós. Será que o meu ideal de vida é o mais puro e perfeito de todos? Para mim é, independentemente de outros o poderem “classificar” de esquerda ou de direita.

Assim, quando ouço uns partidos a apelarem à unidade da esquerda contra a direita ou vice-versa, acreditem que mesmo que quisesse identificar o meu campo, não conseguiria. Senão, vejamos:

- Defendo que todos nós deveríamos ter os mesmos cuidados de saúde e as mesmas oportunidades no ensino. Isso faz de mim um homem de esquerda? OK. Sou de esquerda.

- Defendo que os sindicatos deveriam ser substituídos por tribunais de trabalho especiais que defendessem não só os interesses dos trabalhadores, mas também os interesses dos seus empregadores. Isso faz de mim um homem de direita? OK. Sou de direita.

- Defendo que uma percentagem dos lucros de qualquer empresa deveria ser fortemente taxada caso a mesma não fosse distribuída de uma forma proporcional por todos aqueles que foram responsáveis pelos mesmos: os seus trabalhadores. Isso faz de mim um homem de esquerda? OK. Sou de esquerda.

- Defendo que os presos, quando no cumprimento das suas penas, deverão prestar serviços à comunidade em vez de estarem confinados ao espaço da prisão, nem que seja a limpar as nossas matas e florestas. Isso faz de mim um homem de direita? OK. Sou de direita.

- Sou católico confesso e acredito em Deus. Isso faz de mim um homem de direita? OK. Sou de direita.

- Defendo que todo aquele que pretenda trilhar os caminhos da governação política tenha de experimentar primeiro o que é ter de acordar todos os dias e buscar o seu sustento no trabalho que tiver de desenvolver nesse dia e não sustentado num vencimento de empregado (na esmagadora maioria das vezes são funcionários públicos que sabem que aconteça o que acontecer, no dia 22 ou no dia 25 o seu salário será depositado na sua conta bancária e que os caminhos da política lhes trarão benefícios económicos e uma prática de vida que de outro modo jamais o conseguiriam). Isto, pelos vistos, não faz de mim ser de esquerda, nem de direita.

Poderia continuar aqui a dissertar sobre o que defendo e não chegaria a qualquer conclusão quanto ao facto de poder ser de esquerda ou de direita. Aquilo que sei é que sou um português que se vai cansando de assistir a tanta incompetência e irresponsabilidade.

Há uns tempos atrás, todos nós assistimos às críticas que proeminentes militantes dos dois partidos "mais destacados" do cenário político nacional faziam contra os dirigentes dos seus próprios partidos. Hoje, tudo é diferente. A troco de uma eventual perda de protagonismo e poder, dão o dito por não dito, atirando para as urtigas coerências e ideais. Quem os poderá levar a sério?
Agora já só faltava atirarem para a “fogueira” a asfixia democrática de uns (e dos outros?) e a evocação de tempos de má memória que alguns viveram há mais de 35 anos!!!

Eu, tal como a esmagadora maioria dos portugueses, quero que quem me governe possa responder às minhas perguntas:

- Porque é que eu quando vivi em espaço de guerra, aquando da guerra colonial, me sentia mais em segurança que hoje, entre os meus e no meu próprio País?

- Porque é que eu continuo a ver o dinheiro dos meus impostos ser esbanjado em submarinos, em projectos de aeroportos e comboios de alta velocidade, para pagarem subsídios de integração a quem não se quer integrar e “alimentar” um conjunto enorme de pessoas que vive à custa de ideologias que gostariam que outros seguissem, qual esquema de ganhos em pirâmide?

- Porque é que existem portugueses que ainda muito antes do nascer do Sol vão ganhando vez à porta dos centros de saúde, para que lhes seja passada, por um médico, uma receita para dar continuidade ao tratamento de uma doença que os afecta ou afecta algum dos seus familiares? E se tem o “azar” de se atrasar, porque existem limites no número de actos a passar pelo médico, ou este por ventura falte, no dia seguinte lá se volta outra vez para a fila. Porquê?

- Porque é que quando alguns “poderosos” decidem errar, os tribunais que os vão julgar param no tempo? E se o erro envolve uma eventual violação de menores, porque será que essa paragem no tempo dá tempo a essas próprias crianças poderem estudar, formarem-se em direito e tornarem-se os juízes que vão julgar, finalmente, todos aqueles que atentaram contra a sua honra?

- Porque é que a nossa agricultura se encontra de “rastos” e conhecemos por estes dias um relatório da Comunidade Europeia o qual dava conta que Portugal foi o país da Comunidade que menos aproveitou os fundos destinados à agricultura (64 milhões de Euros?

- Porque é que Portugal é dos países que mais legisla? Quanto custam aos cofres do Estado as leis que, todos os dias, são feitas por batalhões de juristas pertencentes a Gabinetes de Advogados particulares?

- Porque é que o Director do Banco de Portugal, ao tempo, auferia um vencimento superior ao Director do Tesouro Norte-americano?

- Porque é que eu sinto serem cada vez mais escassas as probabilidades de eu, aos 70 anos, poder receber uma reforma que me permita encarar o fim dos meus dias com a dignidade que qualquer ser humano merece?

- Porquê?...

Acho que vou começando a ganhar consciência do que fazer do meu voto no próximo domingo!

(Post Script um: Porque será que as secções concelhias do PSD e do PS do Sardoal, que possuem blogs próprios não apelam ao voto nos seus partidos no próximo dia 27? De visita aos mesmos nada se lê sobre as Eleições do próximo domingo. Será que tal ausência se deve a uma “estratégia envergonhada” para não comprometer os resultados eleitorais nas eleições autárquicas de 11 de Outubro ou será que os seus responsáveis têm as mesmas dúvidas que eu? Se as têm, que “raio” de militantes são eles? Qual é a causa que defendem? Vou-me convencendo que as causas nada têm a ver com os outros. A causa é a própria.)

(Continuo para a semana!)

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A última reunião da Assembleia

No passado dia 15, depois de um longo dia de trabalho em torno da projecção de uma estrutura metálica para o Concelho de Arruda dos Vinhos, sentindo a necessidade de “limpar” a mente, entendi efectuar o meu passeio nocturno.

Quando passava em frente do Centro Cultural Gil Vicente e vendo alguma actividade no seu interior, a curiosidade foi mais forte que eu. Aproximando-me da Sala Multiusos logo percebi que estava para acontecer a última reunião da Assembleia Municipal do Sardoal do mandato Autárquico de 2005-2009 e eu não sabia.

Não tendo faltado a nenhuma das outras reuniões, quer enquanto Vereador, quer depois como simples Munícipe, também não iria faltar a esta última reunião de um ciclo para o qual me havia candidatado ao cargo de Presidente da Câmara, em Outubro de 2005.

A reunião que eu pensava ser mais uma, igual a tantas outras que a antecederam, veio a revelar-se a pior de todas a que assisti.

O meu juízo não advém da intervenção dos deputados municipais, nem tão pouco da intervenção de alguém do público que entendeu, uma vez mais, pronunciar o meu nome, mas tão-somente de uma intervenção do Senhor Presidente da Câmara.

Vamos por partes:

É "natural" que os deputados municipais eleitos da maioria aceitem e aprovem as propostas do Executivo Municipal ao mesmo tempo que rejeitam e reprovam as propostas da oposição.

É "natural" que os deputados municipais eleitos para serem oposição sejam incómodos na hora de validarem propostas da Executivo Municipal que estes lhes suscitem algumas reservas e sejam ainda mais incómodos quando entendem pôr em causa actos praticados pelo Executivo por si julgados como actos deficientes.

Tais comportamentos são "naturais" porque, em muitos casos, tais intervenções não passam de um simples jogo em que nenhum quer perder, independentemente dos seus actos resultarem na vitória ou na derrota do Concelho que juraram servir. Ao longo desta "nossa legislatura" foram vários os casos em que tal aconteceu. Será que a verdade esteve sempre de um lado e o erro do outro?

Todos serão capazes de admitir que a verdade e o erro estiveram sempre presentes nas duas bancadas opositoras. Eu próprio não tenho problema em admitir que, pese todo o empenho que tive em reduzir a probabilidade do erro na minha prestação, enquanto Vereador, terei por ventura cometido alguns erros. Não seremos nós humanos e o erro fazer parte do nosso caminho?

Por isso quando os representantes das duas bancadas decidiram intervir para justificarem que o comportamento político que verdadeiramente defendeu os interesses dos seus eleitos foram os protagonizados pela sua bancada, não tive qualquer reacção.

Também não tive qualquer reacção quando um Sardoalense, que gosta de se caracterizar na personagem que na altura melhor serve os seus interesses (naquela altura não sei se era munícipe ou pseudo-político), utilizou o meu nome e cantou loas pelo facto do Ministério Público ter entendido que os insultos que ele havia proferido ao meu bom nome “eram normais em política” e “entre políticos” escusando-se, desse modo, ele próprio avançar com um processo crime contra o autor de tais insultos conferindo-me todavia a possibilidade de ser eu a avançar com o processo de difamação para os tribunais num prazo temporal por si definido, caso eu assim o entendesse.

O momento pior da reunião foi quando o Presidente da Câmara Municipal entendeu fazer uma retrospectiva sobre o comportamento dos membros dos Autarcas eleitos,durante estes últimos quatro anos, quer eles pertencessem à posição em exercício ou à oposição.

Munindo-se de um texto previamente escrito, dirigiu aos autarcas da oposição e ao seu líder um conjunto de palavras carregadas de desprezo que me indignaram profundamente.

Pese o facto de me ter retirado do Grupo da Oposição há cerca de um ano, senti que as suas palavras também eram dirigidas à minha pessoa e, sinceramente, em circunstância alguma as merecia. Só não intervim porque havia estabelecido comigo próprio um compromisso que até ao fim do mandato não faria qualquer intervenção durante as Reuniões da Assembleia Municipal.

Aqui, neste meu “cantinho” nunca formulei tal compromisso e, desse modo, julgo ser meu dever fazer alguns comentários sobre o teor da declaração proferida pelo Presidente da Câmara:

1º Enquanto Vereador poderei ter cometido alguns erros por força da limitação temporal a que estava sujeito na hora de tomar uma decisão, contudo sempre me pautei pela defesa da ética e da responsabilidade. Nunca acusei ou denunciei sem que antes tivesse dado o direito de resposta às dúvidas que me assolavam. Fui incómodo? Acredito que sim. As actas das reuniões são a prova de que do mesmo modo que elogiei um bom acto exercido pelo Presidente da Câmara fui capaz de reprovar e denunciar um mau acto. Mas esse não era o meu papel enquanto Vereador da Oposição? Nunca temi o presente porque ele é efémero. Eu temo o futuro porque será ele que me julgará.

2º Tiro o meu chapéu aos Deputados Municipais do Partido Socialista, Dr. Fernando Vasco e Dr. Manuel Paulo da Silva pela polidez usada na resposta a tanta agressividade política(?). Segundo um será importante que toda aquela declaração seja transcrita para a Acta daquela reunião para memória futura. Segundo outro, não existem Sardoalenses de primeira ou de segunda. Será que ele: que escolheu esta terra para viver há mais de 17 anos (como eu); aqui construiu a sua casa (como eu); que aqui educa e educou os seus filhos (como eu); que aqui sempre pagou os seus impostos (como eu) e que aqui criou a sua empresa e a registou a sua sede neste Concelho (como eu), é menos Sardoalense por ter uma visão diferente de como deveria ser governado o seu Concelho?

3º Se ao princípio me foi difícil perceber o pensamento do Presidente da Câmara (porque com toda a sinceridade, não o vejo a pensar em muito que disse, quanto mais a dizê-lo da forma que o fez), a “marca de água” do texto cedo revelou o seu autor. O seu autor não foi o Presidente da Câmara. Então se o autor do texto foi o seu Chefe de Gabinete que aproveitou a oportunidade para lançar toda a sua “acidez” contra aqueles que sempre “ousaram” colocar em causa a sua competência, ao mesmo tempo que se “auto-elogiava”, porque é que o Presidente da Câmara se prestou a tão degradante acto? Talvez um dia o saberemos.

4º Sou daqueles que pensa que os resultados menos conseguidos da governação do Presidente da Câmara do Sardoal ao longo destes anos, se deveram (e devem) em grande medida, à incompetência profissional de muitos colaboradores que o rodeavam (e rodeiam). Não é difícil perceber que um desses colaboradores é o seu próprio chefe de gabinete que não olha a meios para atingir os seus próprios fins. E os seus fins são claros: a sua própria sobrevivência. A sua história fala por si, desde o dia em que saiu da Casa da Moeda (em que circunstâncias?) e depois decide percorrer o caminho da vida inicialmente qual Dom Quixote comunista e, mais tarde, porque derrubar moinhos de vento não enche a barriga, “alugar-se” a quem lhe pague para fazer aquilo que melhor sabe: dizer mal dos outros. Talvez um dia saberemos porque o Presidente da Câmara o escolheu para seu Chefe de Gabinete quando aquele não esconde o orgulho ao afirmar que não tem carta de condução, não usa telemóveis e abomina computadores. Simplesmente admirável, nos tempos que correm e ocupando tão distinto cargo. E foi vê-lo na festa do PSD local na apresentação dos seus candidatos às próximas eleições autárquicas. A propósito, já é militante?
Claramente é uma “figura” que tem de ser descartada da cena política local. Contrariamente ao que vem afirmando que eu em devido tempo exigi a sua demissão de Chefe de Gabinete, quando apenas pretendi uma retractação de um erro, hoje peço ao meu Presidente da Câmara que o encaminhe para a porta da rua, que é a serventia da casa. Se o seu futuro depois passa por “arrumar carros” numa qualquer esquina deste país é um problema seu. RUA!!!

5º O futuro do Sardoal afigura-se muito difícil. Todos seremos poucos para enfrentarmos os ventos que aí vêm. Espero sinceramente que a próxima legislatura seja diferente daquela que agora termina. Os interesses da nossa comunidade deverão sobrepor-se aos interesses individuais de cada um de nós. Sejamos um exemplo para os outros!

(Post Script Um: No próximo artigo espero voltar ao tema das eleições)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Eleições (2)

No passado dia 1 de Maio e sob o título “Vila Jardim (3)” escrevi:

“… Aqui está um assunto que os nossos Autarcas poderão abordar. E porque não, já na próxima campanha eleitoral Autárquica, os candidatos à Presidência da Câmara Municipal de Sardoal abordarem, sem tibiezas, este tema?

Em vez de se comprometerem com promessas estéreis e demagógicas (será que a ideia que um deles já manifestou ao afirmar na apresentação pública da sua candidatura, no passado dia 8 de Março, que caso merecesse a confiança da maioria dos Sardoalenses, seria celebrado de imediato um protocolo com a Câmara Municipal de Abrantes para que o Concelho do Sardoal passe a ser abastecido de água da Barragem de Castelo do Bode, através da ligação da rede do Sardoal à rede de Abrantes, contribuindo assim para melhorar a qualidade de vida dos Sardoalenses, não é uma promessa como muitas que conhecemos que só passem disso mesmo, de promessas apenas? Poderei estar errado ao efectuar tal conjectura, porventura o candidato já possui estudos técnicos e económicos que estão na génese da sua promessa. Caso tal suceda era importante que no seu sítio na Internet tais estudos possam ser publicados para que eu morda a minha própria língua e aqui peça desculpa por ter duvidado das suas intenções. Porém, caso constate que tais estudos não são publicados, dentro de dois ou três meses, estarei aqui para denunciar tal promessa eleitoral. Na defesa dos meus interesses, enquanto Sardoalense, denunciarei todas as promessas estéreis e demagógicas que venham a ser efectuadas por aqueles que irão ser escolhidos para governarem o destino do meu Concelho para o quadriénio 2009-20013. Quem quer que eles sejam!) os candidatos à Presidência da Câmara Municipal do Sardoal, nas próximas eleições autárquicas deverão ser sérios e, acima de tudo, responsáveis. MEUS SENHORES NÃO HÁ DINHEIRO!!! Repito: NÃO HÁ DINHEIRO!!!


Hoje, quando são passados mais de 4 meses, não vendo por parte da candidatura opositora ao governo autárquico instalado no Concelho do Sardoal, vai para 16 anos, qualquer explicação sobre os contornos financeiros e técnicos na qual assenta tal “promessa mágica”, que só por si poderia capitalizar a atenção e o voto dos Sardoalenses, sou obrigado a admitir que tinha razão ao afirmar que tal promessa não era séria e, por conseguinte, é um logro, um autêntico bluff.

Vamos por partes:

- O protocolo que o Município do Sardoal aceitou subscrever, durante o ano de 2006, com a empresa “Águas do Centro S.A.”, para que esta assumisse por um período de 30 anos a gestão dos sistemas em Alta do Sistema de Abastecimento de Água ao Concelho do Sardoal, bem como das Estações de Tratamento das Águas Residuais domésticas é Mau e lesa profundamente os interesses do Concelho. Não tendo havido as correcções dos erros que o mesmo encerrava, e que, enquanto Vereador, não me cansei de denunciar, quer durante as reuniões do Executivo Municipal, quer durante a reunião da Assembleia Municipal que aprovou a adesão do Município, existem fortes razões para afirmar que a implementação de tal protocolo lesará fortemente os interesses de todos nós. (A este propósito não me esqueço da forma leviana como os autarcas que envergavam as “cores” do governo instalado, aprovaram tal protocolo de olhos e ouvidos fechados, sem questionarem o que é que quer fosse, ao mesmo tempo que suportados no poder que ostentavam, usarem de sobranceria e desdém para todos aqueles que pudessem comprometer a proposta apresentada pelo seu líder. Não me esqueço da forma como fui tratado durante a reunião da Assembleia Municipal, em Julho de 2006. Primeiro foi o Presidente da Câmara a ameaçar que abandonaria a sala se o Vereador Fernando Morais falasse. Depois, sendo possível intervir enquanto simples munícipe e no período de intervenção do público e já aprovada a adesão, a forma como o Presidente da Assembleia Municipal geriu, de uma forma trocista, a minha própria intervenção. Não foi fácil suportar tais desmandos. Será que não era esse o meu dever?)

- Reafirmo o que desde sempre disse:

- Se os erros que o Contrato enferma (pagamentos de caudais anuais mínimos de águas e esgotos suportados numa população superior a 25% do que a actual e com uma percentagem de crescimento que contraria os resultados das últimas dezenas de anos; o protocolo deixa de fora as duas estações de tratamento de esgotos de Cabeça das Mós e ainda as estações de Tratamento de Panascos e Monte Cimeiro/Vale das Onegas; não existe qualquer ressalva no contrato que permita que durante o tempo das chuvas, por força da deficiente rede de esgotos doméstico, o Concelho não tenha de pagar à Concessionária milhares de metros cúbicos de água da chuva como se de simples esgotos domésticos se tratassem; uma cláusula contratual que confere à Concessionária o direito de cortar a água à população caso a autarquia Sardoalense se atrase nos pagamentos, ao mesmo tempo que caso falte água na Barragem da Lapa a Concessionária não tem qualquer dever em fornecer água alternativa à população; etc) forem eliminados, o Concelho do Sardoal, face às debilidades financeiras que possui, tem tudo a ganhar. Concorre para este pensamento o facto de haver uma necessidade premente para se investir no abastecimento de água e no saneamento básico e o Concelho não possuir os fundos financeiros necessários para tal.

A candidatura da Mudança diante deste cenário propõe que, caso seja eleita para governar o destino dos Sardoalenses para os próximos quatro anos irá “rasgar” (onde é que eu já ouvi tal palavra?) o Contrato com a Empresa Águas do Centro e irá firmar um Protocolo com a Câmara de Abrantes para que o Concelho do Sardoal seja abastecido por água do Castelo do Bode.

Lembrando o poema “If” de Rudyard Kipling:

Se… a Câmara do Sardoal não tem dinheiro, onde irá arranjá-lo para indemnizar a Concessionária? A propósito, alguém sabe qual poderá ser o valor de tal indemnização?

Se… a Autarquia Sardoalense, que é a mais interessada, não tem dinheiro e não tem forma de o arranjar e a Autarquia Abrantina que é a menos interessada não nada em dinheiro, onde se irão buscar os ovos para tão grandes omeletas? A propósito, alguém sabe qual poderá ser a verba necessária para trazer a água de Castelo do Bode até ao reservatório do Valongo? A não ser que a opção seja a aquisição de camiões cisterna quanto poderá custar uma conduta adutora para tal fim?

Se…
o Contrato que a Autarquia Sardoalense tem para com a Águas do Centro SA contempla ainda que esta última invista na construção de Reservatórios, Condutas Adutoras e Elevatórias, para além de Estações de Tratamento de Esgotos, onde é que a Autarquia Sardoalense vai ao dinheiro que tudo isso, que faz falta, irá custar?

Se… diante de tanta fragilidade financeira, caso a Autarquia Abrantina estivesse disponível para "dançar" com a Autarquia Sardoalense uma dança a dois, será que não se estaria a dar os primeiros passos para que a tal profecia, profusamente divulgada pelo responsável da candidatura da mudança, de que o Concelho do Sardoal em breve se poderá tornar uma Freguesia de Abrantes, se concretizasse já a curto prazo?

Se… Se… Se…

Se... alguém quer o voto do povo deverá ser mais subtil. Este tipo de promessas “tresandam a embuste”. Para aqui o meu voto não irá!

Quanto às eleições legislativas, continuo sem saber o que fazer do meu voto.

(Continuo para a semana!)

sábado, 5 de setembro de 2009

Eleições (1)

Está a chegar a hora de voltarmos a escolher alguém que nos governe e uma vez mais a tarefa parece ser faraónica.

Não sei se a nossa dificuldade em identificar um quadrado onde possamos desenhar um simples X se deve ao facto de sermos cada vez mais exigentes, fruto da nossa evolução democrática, ou da descrença que os candidatos nos suscitam, por nos quererem sujeitar ao exercício de pretenderem que sigamos cenouras que todos sabemos não sermos capazes de as comer.

Ao nível nacional temos assistido a um digladiar de argumentos que já cansa não só quem os houve, mas por certo também quem os promove. Se não vejamos:

- Todos conhecem o estado caótico das finanças do País e sabem que Portugal já não cunhando moeda e já lhe restando pouco ouro, depende em exclusivo dos outros para poder “curar” tal doença.
Será que a saída da crise não passa, também, por os portugueses terem de produzir mais do que têm produzido? Será que esse acréscimo de produção não aumentaria o PIB nacional? E o aumento do PIB não poderia promover uma menor dependência aos outros?
Porque será, então, que nenhum promete pôr os Portugueses a trabalhar e produzir mais?
É simples. Não dá votos.


- Todos sabem que o País tem compromissos que é obrigado a respeitar. Qualquer que seja o eleito não consegue fugir a tais compromissos. E quando esses compromissos assentam em Planos Plurianuais há muito definidos, muito menos é possível fugir. Muitas vezes o que sobra para se poderem realizar algumas “aventuras” é tão pouco que mal dá para se poder implementar uma medida mais audaciosa.
E se todos sabem, porque é que prometem a Lua quando sabem que não existe forma de a alcançar? E quando percebem que ninguém os pode levar a sério, porque a sede de poder assim os obriga, as suas estratégias passam para numa primeira fase por denegrir as propostas dos outros, desdenhando-as, e, numa segunda fase, fazendo desfilar numa passerelle pública os vícios e erros dos seus adversários como se a virtude só morasse num lado. Porque o fazem?
É simples. Consegue-se mais votos com o demérito do nosso adversário do que propriamente com o nosso próprio mérito. Será que não é por isso que é comum ouvir-se que não se ganham eleições, mas sim, que se perdem eleições?

Estou confuso sobre o que fazer do meu voto no dia 27 de Setembro!!!

Ao nível local, pouco há a dizer. A tal mudança que se afirma ser capaz de quebrar o ciclo da governação em exercício de modo que os próximos quatros anos não sejam mais do mesmo dos dezasseis que já lá vão (conforme os seus autores não se cansam de afirmar), não passa de um mero exercício de retórica.

Quando nos cinco “pilares” estratégicos não existe uma única medida estruturante capaz de inverter o actual rumo que o Concelho do Sardoal tem tomado ao longos destes últimos anos, em que um dos “pilares” por ausência de uma “sapata” que o suporte, só por si, "pode tirar o Concelho da miséria e pô-lo a pedir"...
Quando os "pilares" de cariz social não passam de "simples cópias" do apoio social que o governo local instalado tem vindo a cultivar ao longo destes anos...
Quando um desses pilares trata a construção de duas ou três rotundas que nunca ninguém deu pela sua falta até há alguns meses...
Será que tal projecto de mudança não é ele próprio um projecto de continuidade, onde a única coisa que muda são os protagonistas? Mal, por mal...


(Continuo para a semana!)