sexta-feira, 24 de abril de 2009

Vila Jardim (2)







Depois de muitas fotografias ter tirado pelas ruas do Centro Histórico da Vila do Sardoal, entendi publicar apenas estas cinco. Não pretendi que a objectiva focasse o pormenor, deixando a todos aqueles que aceitaram o meu repto, de visitarem o espaço que consagra o Sardoal como Vila Jardim, para serem eles a identificarem esses pormenores.

São esses pormenores que poderão responder à pergunta por mim formulada sobre se: "- o Centro Histórico da Vila do Sardoal, tal qual hoje se apresenta, poderá continuar a conceder à Vila de Sardoal o título de Vila Jardim?".

(Post Scriptum: Embora não goste muito de abordar mais do que um tema nestes meus artigos semanais, não posso deixar em claro uma breve abordagem a dois assuntos que julgo, de todo pertinentes: o sítio na internet da Câmara Municipal de Sardoal e o 25 de Abril.

- No meu artigo anterior (Vila Jardim 1) formulei uma série de questões que se prendiam com a ausência de informação, no sítio da internet da Câmara Municipal do Sardoal (www.cm-sardoal.pt), sobre a Semana Santa e sobre a Cultura do Sardoal. Esta semana, foi com agradável surpresa que tive a oportunidade de conhecer uma nova página ali "inaugurada" e que tem como título "Visita virtual ao Património Religioso do Sardoal". A página apresenta o interior de 7 igrejas e capelas da Vila do Sardoal.

Depois de "visitar" os 7 edifícios religiosos, julgo ser de inteira justiça que se diga: "Chapeau Senhor Presidente".

Pese o facto de ser longo o caminho que deverá ser percorrido até que o sítio funcione como uma verdadeira alavanca que possa potenciar o turismo dentro das fronteiras do Concelho do Sardoal, o passo agora dado é merecedor de todos os elogios. Poderia aqui descrever o que penso ainda faltar, mas não o faço. E não o faço porque entendo que existem momentos em que não se deve tirar o brilho a actos dignos de alguns elogios. Este é um deles. Neste particular está de parabéns o responsável máximo pelo portal, o Presidente da Câmara. Todavia aguardo com expectativa os próximos passos nesta área.

- Comemora-se ámanhã o 35º aniversário da revolução dos cravos. Tinha 19 anos quando um grupo de bem intencionados capitães decidiram retirar o poder a quem não o sabia exercer e entregá-lo a quem se mostrava capaz de o fazer. Passados que são 35 anos após o dia 25 de Abril de 1974, ainda existem perguntas sobre as quais não obtenho qualquer resposta:

1) Quais as diferenças e semelhanças entre o antes e o depois de 25 de Abril de 1974 e o "triunfo dos porcos" de George Orwell?

2) Em que raio de comboio o 25 de Abril entrou que ainda não chegou à estação da tal Grândola Vila Morena, a tal "terra da fraternidade e da igualdade?" Será que a albufeira do Alqueva já a submergiu ou um qualquer aeroporto internacional já a soterrou?

3) Porque é que a "revolução dos cravos" gerou a "lei das rosas", a qual determina que muitos sejam a agarrar as suas hastes, mesmo que cravem os espinhos nas suas próprias mãos, enquanto alguns, muito poucos, se deleitam com o aroma das suas pétalas?

4) Quando é que todos nós aprendemos a ter juízo?

domingo, 19 de abril de 2009

Vila Jardim (1)

Na passada semana, um grupo de amigos, reunidos em torno de uma mesa e degustando pedaços de leitão assado, decidiram a dada altura do repasto falar do vinho que era servido. Ultrapassada a curiosidade de alguns sobre a sua qualidade, eis que alguém pergunta: - Qual a razão da marca ser Vila Jardim?

Outro, profundo conhecedor da história da marca, intervém afirmando que tal advinha do facto do seu proprietário, natural do Concelho do Sardoal, pretender homenagear a sua terra Natal e nada melhor do que utilizar o nome pelo qual a Vila do Sardoal era, e é, por alguns conhecida.

Um dos presentes, pouco conhecedor da realidade da Vila perguntou, então, porque é que a Vila do Sardoal era assim tratada. Acto contínuo foi informado como os residentes da zona histórica da Vila tinham orgulho em embelezar de flores as suas ruas seculares, conferindo a todo aquele espaço características de um jardim muito peculiar que convidavam a uma visita turística. O tema terminou com o lamento de alguns pelo facto dessas ruas já não terem o brilho de outrora.

Nesse dia, à noite (6ª feira), pensei sobre o assunto e entendi efectuar uma visita ao sítio www.cm-sardoal.pt com a curiosidade de perceber como a Vila Jardim era ali tratada. Na página “Conhecer o Município” pode ler-se: “ O Sardoal possui um centro histórico que o envolve e cativa ao primeiro olhar, onde na primavera você poderá assistir a um verdadeiro espectáculo de beleza e cor, dado pelas flores que profusamente pendem dos muros e das varandas, legitimando o título de Vila Jardim que ostenta há várias décadas.”

Prestes de cumprir o primeiro terço da Estação da Primavera, logo, o convite que a Câmara Municipal de Sardoal nos faz, não poderia ser mais actual. Pegando nesse convite, convido-os, então, a visitarem o Centro Histórico da Vila de Sardoal ao mesmo tempo que vos proponho que respondam às perguntas que hoje aqui deixo:

- Será que o Centro Histórico da Vila de Sardoal, tal como hoje se apresenta, justifica que a Vila do Sardoal possa ser conhecida como Vila Jardim?

- Quais os elementos de beleza natural e arquitectónica que o Centro Histórico encerra que são capazes de promover um espectáculo de beleza e cor conforme alude o texto apresentado no sítio da Autarquia?

- Será que alguém, depois percorrer todas as ruas dos Centro Histórico da Vila do Sardoal (e não apenas aquelas onde o pavimento foi melhorado, para que as saliências do cascalho rolado não condicionassem os passos dos integrantes das procissões da Semana Santa) e de observar cuidadosamente as edificações e o “tal” espectáculo de cor que ladeiam as ruas, é capaz de afirmar que o epíteto de Sardoal Vila Jardim não poderia ser mais adequado? E sendo-o, porque é que não existe uma maior promoção turística? E não o sendo, será que a descrição mencionada no sítio da Autarquia Sardoalense não configura uma publicidade enganosa?

No próximo artigo continuarei com este tema.

(P.S. Sem querer pretender dispersar o pensamento sobre o tema que hoje inicio, julgo ser oportuno que aqui apresente algumas questões a quem de direito e que sintetizo no seguinte:

- Aquando da minha “busca” ao sítio da Câmara Municipal do Sardoal, para conhecer o que ali se encontrava registado sobre o facto da Vila do Sardoal poder também ser conhecida como Vila Jardim, que a curiosidade me impeliu para outro tema que anualmente é muito caro aos Sardoalenses e que é um motivo que traz à Vila não só muitos visitantes, mas também a própria imprensa nacional: As capelas enfeitadas com flores no tempo da Semana Santa. Quantos de nós não sentimos algum orgulho por vermos tais quadros feitos com pétalas de flores que revelam quadros lindíssimos serem apresentados nas notícias difundidas pelas cadeias de televisão nacional? Tal “orgulho” renovou-se na semana transacta. Por isso, pergunto:

- Porque é que o sítio da Câmara Municipal de Sardoal não possui informação sobre a matéria?

- Porque é que não se encontram disponíveis para consulta tais telas naturais, bem como as igrejas que os acolheram?

- Será que tal informação não poderia suscitar no visitante virtual um sério candidato a forte visitante real no próximo evento, com todas as vantagens económicas e culturais que daí poderiam advir para o próprio Município?

- Será que tal informação não seria mais relevante do que aquela que o próprio sítio apresenta e que trata o “Diário de uma viagem de Verão” realizada, por um grupo de estudantes e patrocinada pelo Município do Sardoal, em Julho do ano passado?

- Será que cultura do Município do Sardoal se deve resumir apenas e só ao edifício do Centro Cultural, conforme o próprio sítio da autarquia deixa transparecer?


Fico a aguardar pelas respostas)

sábado, 11 de abril de 2009

FELIZ PÁSCOA

Anualmente, a comunidade católica do mundo celebra duas datas religiosas em memória da vinda de Jesus Cristo à terra dos homens: o Seu nascimento e a Sua morte. Enquanto católico tais datas representam para mim, suplementos de esperança. A Sua “morte”(?) contudo, é aquela que mais me faz reflectir sobre a Sua grandeza, como se ela fosse a chancela de todo o bem que gratuitamente distribuiu, enquanto viveu a vida dos homens.

Os anos passaram e pese todas as “distracções” que a evolução da humanidade foi sujeita, o Seu exemplo mantém-se vivo e, de uma forma mais ou menos activa, continua a “tocar” milhões de consciências dispersas pelos quatro cantos do mundo. E já lá vão dois mil anos!!!

Para que possamos perceber a dimensão das “distracções” que atrás refiro, basta fazermos um pequeno exercício: perguntemos a uma pessoa qualquer para traduzir numa única palavra o que representa para ela o Natal e a Páscoa. Não estarei longe se as palavras mais proferidas forem “férias” e “descanso”.

Isto é, as etapas principais da vida do nosso amado Profeta têm vindo a transformar-se em “tempos obrigatórios” para o cultivo do ócio.

Se no tempo que medeia as duas datas, as Suas Palavras e os Seus Exemplos fossem cultivados, julgo que Ele não se importaria, contudo, infelizmente, tal não se passa. Alguns dias antes da comemoração da Páscoa ou do Natal, lá voltamos nós a desejarmos uns aos outros uma Feliz Páscoa ou um Feliz Natal, com muita saúde, com muita paz, sempre na companhia da família, blá… blá… blá…

Proponho-vos um outro exercício: Será que aquele que formula a outrem votos de Feliz Natal ou Feliz Páscoa o faz pensando nas Palavras do Profeta que lhe deram a origem, ou, simplesmente, porque fica bem cumprir-se com a tradição?

Não é estranho que um Homem, por amor a todos os homens que viriam depois da Sua morte(?), foi capaz de se sujeitar às mais duras provações desde a humilhação extrema até ao suplício da própria morte, veja o Seu “gesto” final transformar-se numa troca de cumprimentos entre os homens, acompanhados, ou não, por amêndoas doces ou ovos de chocolate?

Esse Homem apenas queria que os outros homens percebessem que deveriam viver em paz e sentirem que tinham um Deus bom que os protegiam e iluminavam lembrando, ainda, que o facto de nascerem e morrerem da mesma forma os tornava iguais entre si.

Felizmente ainda existem comunidades que evocam a Paixão e os últimos momentos da “vida humana” de Jesus Cristo. A Vila do Sardoal é uma delas. De entre as várias manifestações que anualmente a comunidade dá corpo, existe um evento que mais me “toca”: A procissão do Senhor da Misericórdia ou dos fogaréus.

Talvez de todas as procissões seja aquela que, por se realizar durante a noite, com as luzes da vila apagadas, nos “conduza” à meditação. O facto do negrume da noite ser apenas salpicado pelas luzes dos fachos ou das lamparinas colocadas nas fachadas das casas ou muros que ladeiam o caminho por onde a procissão passa, fazem com que mal percebamos quem segue connosco a nosso lado e com isso nos convide à reflexão.

Este ano repetiu-se o evento. Apenas por motivos de saúde só pude cumprir metade do caminho, todavia, foi o bastante para meditar no mundo em que vivemos, pese todo legado que aquele Homem bom nos deixou há 2000 anos.

- Pensei em como o homem se tornou insensível à dor do outro homem.

- Pensei em como o homem se tornou num animal que se “alimenta” de poder e do qual tem um apetite voraz.

- Pensei em como os desprotegidos e os mais fracos são ignorados, por aqueles sobre quem recai o dever e a responsabilidade de proteger e apoiar, e a sua impotência os leva a aceitarem o destino que lhes traçam quais “mártires cristãos” atirados às feras nos coliseus romanos.

- Pensei no que poderia estar a pensar aquele Homem bom no que se transformou, o Seu exemplo de vida, as Suas Palavras, a Sua Paixão e o Seu sofrimento na Morte (?). Simplesmente não merece o nosso comportamento. Todos os pedidos de perdão que Lhe fizermos serão poucos para compensar a dor que O atormenta.

Que todos vós tenhais uma Feliz Páscoa e que cada um, dentro das responsabilidades que a comunidade lhes delegou, seja capaz de contribuir para que o homem (ou mulher) no fim dos seus dias, neste mundo, seja capaz de afirmar que valeu a pena viver, que amou e foi amado, que ajudou e foi ajudado, que foi justo e que premeditadamente não comprometeu a vida de outrem. Será que não é isso que Deus a todos nos pede?

Para todos uma FELIZ PÁSCOA, que dure até à próxima Páscoa e a todas as outras que lhe seguirão.

sábado, 4 de abril de 2009

Caminhos de Deus (4)

Deu para perceber nos artigos anteriores que mantenho desde há muitos anos uma “relação muito especial” com Deus, da qual me sinto um afortunado pelas muitas “dádivas” que Dele tenho recebido.

Essas “dádivas” fazem-me reflectir sobre qual deverá ser o meu papel no mundo, quando percebo que os “caminhos dos homens” se afastam dos “Caminhos de Deus”. Será que deverei fechar-me dentro de mim próprio, viver em silêncio com Ele e ignorar o mundo à minha volta ou, por outro lado, contribuir de alguma forma para que os “caminhos dos homens” derivem em direcção aos “Caminhos de Deus?

Por mais que eu tente “fechar-me” na minha própria concha, e numa atitude egoísta ignorar o mundo que me rodeia, existe sempre um qualquer obstáculo que impede esse fecho, qual reacção inconsciente a um sentimento claustrofóbico. Esses obstáculos, que direccionam os “caminhos do homem” em sentido contrário aos “Caminhos de Deus”, são os responsáveis pelo facto da concha não se poder fechar.

Não consigo ficar insensível perante as ausências da verdade e do humanismo protagonizadas pelos homens. E a revolta é tanto maior, quanto maior for a responsabilidade que alguns têm perante os outros.

A estatura dos homens mede-se pelo “sabor amargo” que a consciência do erro lhe provoca.

Como qualquer homem, sei que não sou dono da verdade e que o erro me acompanha em muitos passos que dou. Viver é arriscar a vida em cada segundo, e quando se arrisca, o erro está intimamente ligado ao risco. Porém, uma coisa é o erro ser espontâneo e inconsciente, outra é ele ser o resultado de uma premeditação com claros prejuízos para outrem.

Será que as vítimas do erro não são geralmente os mais fracos e os mais frágeis?

Será que o instinto de sobrevivência do homem não o “empurra” para o caminho dos mais fortes e não o estimula a ignorar a existência dos mais fracos?

Quantos de nós não ouvimos já dizer que “dos fracos não reza a história”?

Pois é. Só que esses tais “fracos”, tal como qualquer um de nós:
- Vieram a este mundo sem o solicitar;
- São possuidores de razão, têm sentimentos, instintos naturais e necessidades;
- Também são filhos de Deus e, como tal, nossos irmãos.

Será que a razão não nos deverá a todos motivar para que, todos aqueles que vivem à nossa volta, incluindo nós próprios, quer na comunidade que nos acolhe, quer na aldeia global em que se tornou o nosso planeta e ao qual pertencemos, possamos sentir que “valeu a pena a passagem por este mundo”? Eu não tenho dúvidas.

No passado dia 30 de Março fez um ano que “inaugurei” este meu “cantinho”. Foram vários os temas que abordei durante este tempo e que criaram as mais diversas reacções em todos aqueles que entenderam conhecer os seus conteúdos. Como seria de esperar, houve quem tivesse concordado e quem tivesse discordado. Entenderam uns manifestar-se de rosto tapado, outros houve de rosto descoberto. Uns respeitaram o homem por de trás do pensamento, outros nem por isso. Uns escreveram de longe (olá Brasil!), outros de perto.

O autor do primeiro artigo, deste artigo e de todos artigos anteriores a este é o mesmo. Nada mudou, a não ser o facto de, a partir de certa altura, ter deixado de exercer responsabilidades políticas na comunidade à qual pertence. Porém as responsabilidades cívicas e os deveres de católico mantêm-se.

A vida aguçou-me as “garras” e os “dentes” e, por mais que tente, não sei ser cordeiro. Não temo qualquer “alcateia” sempre que forem colocados em causa os valores que o meu Profeta, já há dois milénios, projectou para os “Caminhos dos Homens”, para que eles se direccionassem para os Seus.

Ao comemorar o meu primeiro aniversário de “bloguista”, entendi evocar Alguém a quem amo profundamente e a quem devo tudo o que sou. Se alguém não percebia a razão que estava subjacente aos meus pensamentos nos artigos que escrevia ou nas tomadas de posição públicas que tomava, ficou a saber que toda a minha conduta assenta em valores que não temem o julgamento dos homens, mas sim a de Deus.

Sentimentos como ódio ou vingança, erradiquei-os de dentro de mim e preenchi eventuais vazios que eles possam ter deixado por um sentimento de justiça algo difícil de explicar. E esse sentimento é tão profundo, que nem eu próprio escapo a ele. É a verdade que faz mover o fiel da sua balança e não a inclinação do plano onde a balança assenta.

Sempre que as intenções ou as acções dos homens condicionarem ou poderem condicionar as vivências daqueles que fazem parte da “minha comunidade”, estarei aqui para as elogiar ou denunciar, conquanto eu perceba que elas favorecem ou dificultam os nossos acessos na direcção dos “Caminhos de Deus”. Será esta a missão que Deus me confia? Não sei. Apenas sei que não consigo controlar-me diante de um cenário de injustiça que viole princípios éticos da condição humana e que contrariam a vontade de DEUS.

E tanto há para elogiar e denunciar!...

(PS – A “minha comunidade” não é só o Concelho onde vivo, mas também ao País a que pertenço e o mundo que me acolhe.)