domingo, 29 de novembro de 2009

Revolução na Construção (4)

No meu último artigo identifiquei uma medida que, quando implementada, poderá contribuir fortemente para uma melhoria da qualidade de vida no interior das nossas casas, com recurso a investimentos pouco significativos e com um retorno financeiro digno de toda a nota.

Se a medida que descrevi (isolamento das lajes dos tectos que separam as habitações do desvão da cobertura) por si só, pode contribuir para a melhoria significativa do ambiente térmico de uma habitação, outras há que com recurso a investimentos maiores ou menores também podem favorecer não só tal melhoria, mas também a qualidade do ar interior que se pode respirar no interior da mesma.

É na combinação do binómio ambiente térmico e qualidade do ar interior que “gira” a certificação energética dos edifícios. Deverá haver um equilíbrio tal que a renovação do ar se faça de tal modo que o ar respirável seja o mais saudável e limpo possível, ao mesmo tempo que o contributo energético necessário para dotar esse ar respirável de uma temperatura de “conforto aceitável” seja o menor possível.

Dir-se-á então que, quanto maior for a renovação do ar interior das nossas casas melhor a qualidade do ar interior respirável. É verdade! Porém, quanto maior a renovação do ar, maior o gasto de energia necessária. Foi na resposta a este binómio que os técnicos durante anos procuraram quantificar o valor mínimo da renovação do ar interior das habitações sem que fosse comprometida a qualidade do ar respirável. Encontrado esse valor (0,6 renovações por hora) e sabendo-se que a renovação do ar se processa de uma forma natural (através dos vãos das portas, das janelas e das caixas de estores) ou de uma forma mecânica (através de equipamentos de ventilação responsáveis pela insuflação e extracção do ar) o passo seguinte foi identificar de que modo se poderia aquecer ou arrefecer o ar interior de uma fracção habitacional ou de serviços e qual o comportamento das suas envolventes exteriores no capítulo das perdas ou ganhos dessa temperatura ambiente.

Foi assim que se determinou que as características construtivas das envolventes exteriores de uma fracção (tectos, pavimentos, paredes e vãos de portas e janelas) condicionam fortemente a quantidade de energia a utilizar para dotar os seus espaços interiores de condições térmicas ideais para o seu uso. Quanto maior for o seu isolamento térmico menores serão as perdas para o exterior e, consequentemente, menor será a necessidade de energia a utilizar. Agradecem as nossas finanças e agradece o ambiente.

Não é muito difícil de percebermos que é no tempo do frio que gastamos mais energia. O frio convida o uso de mais roupa sobre a nossa pele, contudo, o uso de mais roupa condiciona a nossa actividade. Alternativa? Aquecer o ambiente para que possamos usar menos roupa.

O aquecimento do ambiente passa obrigatoriamente pela utilização de energia. Durante séculos a madeira não teve rival e as nossas florestas convidavam ao uso de tal combustível. O aparecimento da energia eléctrica, veio “revolucionar” os nossos hábitos. A sua utilização era mais “limpa” e não era necessário criar-se dentro de casa um depósito de armazenamento da mesma (contrariamente ao uso da madeira) bastando tão-só o movimento de um só dedo num simples botão ou interruptor.

À medida que se foram reforçando os nossos hábitos sedentários e passámos a viver mais tempo dentro das nossas casas, foi natural a procura de fontes de energia que nos permitissem conferir algum bem-estar. E dessa procura resultou que o uso da madeira (por força dos preços decorrentes da sua aquisição se adaptarem às leis do mercado e numa lógica em que a oferta se ia tornando inferior à procura), foi dando lugar à energia eléctrica. Direccionada a vontade do consumidor para o uso de tal energia tudo se fez (e continua a fazer) para que a oferta equilibrasse (e equilibre) a procura. Se numa primeira fase as barragens foram capazes de responder às necessidades, a procura exponencial de tal energia conduziu os responsáveis pela sua produção a uma espiral de fontes alternativas. Tudo servia (e continua a servir) para produzir energia eléctrica, através desde o uso do carvão até á energia fóssil passando pela produção de uma outra energia que a muitos arrepia designada de nuclear.

Diante de tanto consumo e tanta procura não foi difícil perceber que tal escalada nos poderia conduzir a um “abismo” sem possibilidades de retorno. Saída? Buscar energias alternativas que produzam os mesmos efeitos práticos que não comprometam o nosso habitat e sejam inesgotáveis e racionalizar o uso dessa energia.

Hoje já somos capazes de utilizar muita da energia que a Terra e o Sol permanentemente geram, falta-nos apenas ganhar hábitos para a utilizarmos de uma forma racional reduzindo ao máximo o seu desperdício.

É nessa lógica que “nasceu” a Certificação Energética dos Edifícios a qual, mais do que para muitos se tratar de mais uma taxa a pagar, serve fundamentalmente para uma tomada de consciência quanto à necessidade de utilizarmos racionalmente a energia que habitualmente usamos nas nossas habitações, sem que com isso comprometamos a nossa qualidade de vida.

A construção dos novos edifícios já tem de cumprir determinados parâmetros construtivos sem os quais não será possível o seu uso, contudo, o edificado existente (99%?) está dispensado de adoptar tais parâmetros. Tudo isto vale por dizer que a maioria de nós vive em casas que caso fossem agora licenciadas como novas não teriam a emissão da necessária licença de utilização. Costumo dar como exemplo a minha própria casa construída em 1998. Já naquele tempo a sua projecção assentou em princípios térmicos eficientes onde estiveram presentes o isolamento dos tectos que já referi, envidraçados com rotura térmica, isolamento em paredes duplas, orientações e disposição dos envidraçados e sombreamentos optimizados. Mesmo assim, pese tais características construtivas, não seriam suficientes para um perito devidamente habilitado a certificar de acordo com as normas construtivas regulamentares em vigor elemento imprescindível para que a Câmara Municipal do Sardoal me pudesse emitir a necessária licença de utilização.

Há um considerável número de medidas que todos nós poderemos adoptar nas nossas casas que permitam reduzir o consumo de energia durante o tempo do frio, do calor e durante a preparação de águas quentes sem que com isso comprometamos os nossos hábitos.

Cada caso é um caso e todas as habitações apresentam condições térmicas distintas. Não entrando em situações mais complexas como seja o isolamento de paredes simples e de pavimentos térreos, nem de substituições de envidraçados simples por duplos, nem por caixilharias com elevada permeabilidade ao ar, centro hoje a minha atenção nas portas de entrada.

Quantos de nós não sentimos já o desconforto de sentirmos o vento entrar na nossa casa por debaixo da porta e pela periferia da mesma em contacto com a caixilharia? A entrada do ar no Inverno incomoda-nos de tal forma que somos forçados a recorrer ao vulgar “chouriço” para impedirmos a invasão a tal intruso. E no resto da porta o que fazemos? Nada. E que tal uma simples borracha em torno do batente da porta com a caixilharia? Quanto custa? Uma ninharia e resultado garantido.

(No próximo artigo, Revolução na Construção (5): Outras medidas).


O MEU APLAUSO DA SEMANA: A 1ª Mostra de Teatro do Sardoal que a Direcção dos Getas em boa hora decidiu abraçar merece o meu forte aplauso. Os Sardoalenses sempre tiveram uma “queda” para a arte cénica e já tardava um projecto desta dimensão. Ao longo dos anos muito se falou da possibilidade de um dia acontecer tal evento. Aconteceu agora. PARABENS GETAS! FORÇA!


A MINHA VAIA DA SEMANA: A forma como quem na posse de um poder que lhe foi conferido por voto popular é capaz de omitir o real estado da sua governação sempre que tem de se sujeitar de novo à vontade popular e pretende continuar a deter esse poder. Esta vaia ainda que possa tocar, por exemplo, muitos Autarcas, tem um destinatário preferencial: o nosso Governo. Antes das eleições de 27 de Setembro passado, da boca dos nossos governantes nunca obtivemos qualquer informação que pronunciasse o verdadeiro estado a que chegaram as nossas finanças públicas e que agora, passados dois meses apenas, vamos começando a acordar para o seu pesadelo ao percebermos os seus contornos. Será que numa eleição vale tudo? Continuo a acreditar que não.

(A este propósito, referi no meu último artigo que se perspectivava o aumento dos nossos impostos. Fi-lo porque os sinais são de tal forma evidentes que não é preciso possuirmos capacidades premonitórias para percebermos que tal será inevitável: se as receitas normais não cobrem as despesas normais e/ou propostas e como não se pode cortar nas despesas, aumentam-se as receitas. Mesmo que as receitas numa primeira fase possam ser obtidas com recurso a empréstimos bancários a segunda fase só pode ser alcançada com o recurso ao pagamento de impostos. Não chegam? Aumentam-se!

Um dia depois de escrever o artigo, Vítor Constâncio, o Director do nosso banco, já nos veio preparar para tal destino. O Expresso esta semana apresenta um conjunto de notáveis na área financeira, alguns ex-ministros das finanças para a impossibilidade de fugirmos a tal desígnio. Se a tudo isto juntarmos o “estado de sítio” em que vive a nossa Justiça, a guerrilha “política” que começámos a perceber já ter nascido no interior do nosso Parlamento, só me apetece gritar:
“ORGANIZEM-SE POR FAVOR!!!”

domingo, 22 de novembro de 2009

Revolução na Construção (3)

Existe hoje uma série de variáveis que têm de estar presentes quando alguém pretende promover uma edificação quer ela seja totalmente nova, quer ela incida na recuperação de uma existente.

Nos últimos tempos a exigência no cumprimento de quatro novas variáveis veio “agravar” (?) significativamente o número de condicionantes a que uma obra deverá ser sujeita: a sua componente acústica, as acessibilidades à mesma e na mesma, a sua eficiência energética e a sua resposta à acção eventual de um foco de incêndio.

Qualquer delas tem um propósito perfeitamente definido: melhorar o índice de habitabilidade dos ocupantes dos edifícios. Sendo assim, não se poderá dizer que estamos diante de um agravamento, pelo contrário, estamos diante de exigências que quando implementadas melhorarão significativamente o nosso modo de vida.

Muito poderia aqui escrever sobre qualquer uma delas, todavia existe uma que, pela sua especificidade, deverá ser do conhecimento geral: a eficiência energética.

Porque é que eu tenho de saber o que é que significa eficiência energética de um edifício se não tenciono construir nenhuma casa, dado já possuir uma? (É a pergunta que, possivelmente, 99% das pessoas poderá formular.)

Pois bem, a razão deste meu artigo é mesmo para essas 99% das pessoas, dado as outras serem obrigadas a cumprir com o disposto nos regulamentos e por isso não terem qualquer alternativa. O edificado existente não sendo obrigado a promover alterações que visem a sua correcção energética é importante que os seus proprietários tomem consciência das vantagens que poderão retirar caso adoptem algumas medidas que permitam corrigir algumas deficiências energéticas dos seus prédios.

Se os conhecimentos que hoje possuímos já nos permitem olhar para um edifício novo com 2 ou 3 anos e identificarmos um razoável número de patologias térmicas que aconselham a sua correcção, o que dizer de fracções habitacionais e de serviços com dezenas de anos que ainda hoje se mantém o seu uso?

Alguém poderá dizer que está muito bem assim, que não tem dinheiro para investimentos, etc, etc…

Na qualidade de perito inscrito na ADENE (Agência para a Energia) tenho tido a oportunidade de efectuar alguns certificados energéticos de fracções habitacionais e de serviços em alguns concelhos deste país. A elaboração desses certificados passa obrigatoriamente pelo conhecimento de uma série de dados de entre os quais se destacam os elementos construtivos das fracções em estudo. O resultado que tenho chegado (tal como os meus colegas) é que basta por vezes um pequeno investimento para que os ocupantes de uma fracção possam ter um ambiente e uma qualidade de vida substancialmente melhorado. E o mais curioso é que esse pequeno investimento (que muitas das vezes se paga a ele mesmo em menos de 3 a 4 anos) se traduz, também, numa poupança que tanto jeito faz a quem já há muito tem dificuldade em poupar.

Um dos investimentos que poderá ser realizado e que se poderá traduzir numa mais valia no que respeita ao uso de uma fracção e ao tempo de retorno do investimento (inferior a 5 anos) é o isolamento das lajes dos tectos sob coberturas.

O que se reduz nos gastos de energia necessária para aquecer uma fracção que possua um tecto (em madeira, em laje aligeirada pré-fabricada ou maciça de betão armado) sem isolamento e localizada sob uma cobertura, com a aplicação de isolamento na face superior da laje é de tal ordem significativa, que em 2 – 3 anos consegue suprir os investimentos efectuados, com todas as vantagens ambientais que daí decorrem.

O interessante nesta medida correctiva é que, qualquer um a poderá realizar e não compromete a habitabilidade da fracção.

Experimentem avaliar no mercado o custo por metro quadrado de uma placa de poliestireno extrudido (vulgarmente designada por “roofmate”) com uma espessura de 40 mm ou 60 mm e o custo possível 0,1 m3 de argila expandida por cada metro quadrado de placa de isolamento a aplicar.

Pois bem, a colocação de uma placa de isolamento atrás referida, assente sobre a laje de esteira, coberta por uma camada de argila expandida numa espessura compreendida entre 40 mm e 80 mm só por si, em muitos dos casos, é capaz de reduzir o consumo de energia eléctrica utilizada numa fracção durante o período de aquecimento (cerca de 6 meses de tempo frio) em cerca de 50%. Isto vale por dizer que basta utilizar o sistema de aquecimento em metade do tempo, habitualmente utilizado, para se poder obter o mesmo resultado térmico no interior das nossas habitações.

Ao preço a que está a energia eléctrica será que poderemos desprezar oportunidades de poupança?

(No próximo artigo, Revolução na Construção (4): Outras propostas de correcção).


O MEU APLAUSO DA SEMANA: O apuramento da nossa Selecção Nacional para o Campeonato do Mundo de futebol a realizar no próximo ano na África do Sul. Por motivos académicos não pude assistir ao jogo, porém, pelo que vi do resumo do jogo deu para perceber que foi meritória a nossa passagem. Porque é que teimamos em deixar para amanhã o que podemos fazer hoje?

A MINHA VAIA DA SEMANA: A forma como o Ministro das Finanças do governo anterior projectou em finais de Janeiro a projecção do défice a que Portugal chegaria no fim do ano de 2009 (por volta dos 3%) justificando que tal se deveria ao facto de se projectar um forte investimento do governo no apoio às empresas para fazer face ao elevado índice de desemprego verificado. O mesmo Ministro das Finanças, agora no novo governo, vem projectar esse mesmo défice em cerca de 8%(?), alguns meses depois, sem quaisquer resultados práticos no desemprego (e de que maneira subiu!) e sem perspectivas lógicas de inversão (será que a conjuntura económica mundial é a única culpada de tais desastrosos resultados?), ao mesmo tempo que é mantida a vontade de se investirem milhões (que não temos e precisamos pedir emprestado ao estrangeiro) para se construírem linhas de TGV e novos aeroportos, já para não falar da rocambolesca “novela do BPN”, deixa-me profundamente preocupado sobre o meu e o futuro de todos nós.

Alguém é capaz de duvidar que não estamos às portas de novos impostos e aumento dos existentes já para o início do próximo ano?

Com excepção dos políticos que nos governam
(fazendo fé nas informações que os Media relatam diariamente, nunca tais figuras viveram tão bem), está a ser está cada vez mais difícil viver em Portugal!!!

domingo, 15 de novembro de 2009

Revolução na Construção (2)

Se por qualquer motivo, tivesse de suspender a minha actividade de projectista na área de engenharia civil, por um período de 5 anos, penso que muito dificilmente conseguiria pegar “nas pontas deixadas” e prosseguir a minha carreira profissional como se nada tivesse mudado.

O acréscimo de requisitos técnicos a cumprir na construção tem sido de tal forma exponencial, que o técnico que até há poucos anos poderia assumir, sozinho, a responsabilidade técnica pela construção de uma simples habitação, desde a fase de licenciamentos (com a elaboração dos projecto) até à fase de conclusão dos trabalhos (com a direcção técnica da obra), já não o consegue fazer.

O tempo em que o promotor de uma edificação tinha amplas liberdades para criar, cabendo apenas aos técnicos “pegar” na criação e levá-las à prática, está prestes a terminar. Alguém dizia que já há muito entrámos na era da formatação e há quem ainda não tenha dado por isso. Alguém duvida que à imagem dos discos dos nossos computadores, as nossas próprias vontades vão sendo aos poucos por outros formatadas?

Num passado recente a casa era o refúgio da família quando a noite chegava. A sua vivência era o espaço exterior. Hoje, a casa funciona como centro da vida da família e da qual se sai apenas o indispensável. A evolução da tecnologia permite-nos hoje atingirmos todos os níveis de sobrevivência e partilha do mundo sem que para tal necessitemos de nos “aventurarmos” para além da porta da rua. É bom? É mau? Qualquer que seja a apreciação que possamos efectuar, existe um elo que cada vez vai ficando mais fraco: o nosso sentido comunitário. Não sendo este o tema em presença, dispenso-me de abordar as vantagens e desvantagens das vivências intramuros (um tema interessante para o futuro) e passo a focar a minha atenção no tema principal deste artigo.

Quem é que não gosta de ter, no interior do seu ninho, condições ambientais de excelência capazes de lhes proporcionar índices de conforto elevados? É no suporte destes “desejos” que o homem ao longo dos anos vem desenvolvendo alternativas para trazer para o interior da sua habitação o calor durante o Inverno e o frio durante o Verão. Em condições de saúde o nosso organismo funciona com uma temperatura estritamente constante entre os 36º e os 37º. Quando somos sujeitos a ambientes que apresentam temperaturas distintas destas os nossos organismos reagem automaticamente no sentido de poderem atingir um equilíbrio. É assim no Inverno, quando reduz a sua temperatura superficial (por vasoconstrição) ao mesmo tempo que aumenta a produção interna de energia e é assim no Verão quando aumentando a sua temperatura superficial (por vasodilatação) dissipa o calor por perspiração e transpiração.

Quando chega o tempo frio não há como um aquecimento forçado (lareira, salamandra, caldeira, radiador, bomba de calor, etc.) para nos conferir um bem-estar. De igual modo, no tempo do calor, não há como uma ventoinha ou aparelho de ar condicionado para nos devolver o bem-estar.

Tem sido norma que a produção de ar quente e frio se apoie em energia eléctrica, combustível fóssil ou vegetal. O aumento da procura e produção deste tipo de energias têm contribuído não só para o aumento do efeito de estufa, de que o nosso planeta tem vindo a padecer, mas também, como os recursos naturais utilizados não são ilimitados, para o conhecimento lógico que um dia terminarão.

Perante as nossas necessidades e disponibilidades que fazer? A esta pergunta outras foram formuladas desde que alternativas teríamos diante da possibilidade de podermos utilizar outro tipo de energias, não poluentes e ilimitadas, até se para as nossas necessidades não esbanjávamos energia.

Foi na resposta a estas perguntas que o homem começou a orientar os seus sentidos para a procura de novas energias renováveis e ilimitadas, alternativas às convencionais: solar, eólica, geotérmica, marítima e outras.

Em paralelo, cada País, vai começando a estabelecer metas que visem a redução das emissões de CO2 para a atmosfera, sob pena de sobre ele recair pesadas multas pelo incumprimento dos limites estabelecidos e acordados internacionalmente.

No nosso caso, Portugal, com uma amplitude térmica anual a rondar os 20º, na maioria dos casos, habituámo-nos ou a suportar os efeitos dos rigores (?) do clima (Está calor? Dorme-se com a janela aberta! Está frio? Põe-se mais uma manta na cama!) ou porque a disponibilidade financeira ajudava, a aquecer ou arrefecer as nossas casas, consoante as nossas necessidades.

Da avaliação efectuada à forma como construíamos as envolventes das nossas casas não poderia ser mais conclusiva: esbanjamos muita energia para as nossas reais necessidades.

- Solução? Alterar os métodos construtivos das nossas paredes, tectos, pavimentos, coberturas e envidraçados.

- A partir de quando? Agora!


(No próximo artigo, Revolução na Construção (3): As novas construções).


O MEU APLAUSO DA SEMANA: O trabalho discreto e silencioso desenvolvido pela Polícia Judiciária e Ministério Público no âmbito do processo “Face Oculta”. O que a imprensa tem revelado dá para perceber a dimensão e o profissionalismo das investigações efectuadas. Ninguém foi dispensado. É confortante pertencer a uma sociedade que age assim.


O MEU ASSOBIO DA SEMANA:
A forma como a Justiça continua a não conseguir blindar os segredos dos processos que lhes são confiados. Quem quer que tenha lido a imprensa escrita esta semana é obrigado a questionar-se como é que é possível que dos gabinetes dos juízes continuem a saltar para a praça pública informações sigilosas de processos em curso ou ainda não julgados? É preocupante pertencer a uma sociedade que age assim.

domingo, 8 de novembro de 2009

Revolução na Construção (1)

Inicio hoje a abordagem a uma temática que me é particularmente cara, quer enquanto técnico, quer enquanto habitante desta nossa grande aldeia global.

Quantos de nós não ouvimos já a articulação de duas palavras “certificação” e “energética” e quantos de nós não encolhemos os ombros quando questionados sobre o seu real significado?

Quantos de nós, uns mais e outros menos, não manifestamos o nosso acordo ou desacordo, sobre as mais variadas correntes científicas que envolvem o nosso ambiente, segundo as quais o aquecimento global a continuar a manter os padrões de crescimento que tem revelado nos últimos anos, poderá conduzir toda a humanidade para um beco sem saída?

A História da Humanidade revela-nos que o poder dos povos sempre assentou na “riqueza” dos seus recursos naturais e na capacidade que os mesmos tinham (e têm) em os poderem utilizar ou comercializar. E foi assim ao longo dos séculos, até que…

A “descoberta” de gigantescas reservas de energias fósseis com um alto poder calorífico e espalhadas pelos quatros cantos do mundo, associada a uma evolução tecnológica exponencial de toda a humanidade nos últimos 40 anos, gerou um “caos civilizacional” de tal ordem, que cada dia que passa se torna mais difícil a sua contenção. Os efeitos causados pelo consumo desenfreado de energias por parte do homem, quer as mesmas tenham a sua proveniência de jazidas de petróleo ou depósitos naturais de carvão, é uma faca de dois gumes. Se por um lado a combustão serve para o ajudar (pela energia que o combustível liberta) por outro a combustão serve para o penalizar (pelas emissões de CO2 emitidas para atmosfera). Como em todos os actos praticados pelo homem, a causa e o efeito têm tido um papel primordial na hora de utilizar a energia. Enquanto os efeitos pretendidos pela combustão são imediatos e servem alguns, os efeitos nocivos da concentração de CO2 na atmosfera não são imediatos (tipo, “roleta russa”) e atingem todos.

Durante anos, o egoísmo de uns poucos foi suprimindo a razão dos demais. Era natural que, mais tarde ou mais cedo a razão imporia a sua lei. E foi o que aconteceu na Conferência Internacional das Mudanças Atmosféricas em Toronto (Canadá) em 1988. Mais tarde, a Cimeira de Quioto (Japão) em 1998 definiu um conjunto de metas até 2012. Foram 179 os Países que aderiram e ratificaram o, então, designado Protocolo de Quioto (vergonhosamente o país mais poderoso do mundo demarcou-se) que visa fundamentalmente a redução de emissão de CO2. Acredito que depois de 2012 as exigências no controlo da emissão dos gases com efeito de estufa serão mais eficazes e os países incumpridores deverão ser punidos com coimas elevadíssimas. Quem nos dera!

É do conhecimento geral que:

- A emissão de enormes quantidades de CO2 para a atmosfera, promove o aquecimento global e já está a provocar alterações atmosféricas relevantes neste nosso planeta. (Será que o aumento anual em quantidade e intensidade dos furacões, tornados e tufões não quer dizer qualquer coisa?)
- Cada vez é maior a procura de combustíveis que permitam responder às necessidades “famintas de energia” dos povos. Enquanto uns dependem dela para melhorarem a sua qualidade de vida outros “encarregam-se” de a esbanjar apenas porque tal gesto permite colocá-los em patamares sociais superiores aos outros.
- As reservas de petróleo e combustíveis naturais não são infinitas.

Perante tamanha evidência só existe uma saída à humanidade: Procurar energias alternativas, de preferência renováveis, e reduzir o consumo de energia.

Cada um à sua maneira deverá contribuir para este desígnio. As nossas gerações futuras correm sérios riscos de sobrevivência se não inflectirmos nos nossos comportamentos.

Se por um lado já vão aparecendo respostas claras na busca de energias alternativas renováveis e inofensivas ao ambiente (por muito que custe a uns quantos, Portugal encontra-se na linha da frente através do aproveitamento térmico da energia solar), vai tardando a nossa tomada de consciência para a necessidade de alterarmos os nossos comportamentos para que, mantendo os mesmos padrões de vida, possamos contribuir para a redução do consumo de energia.

Sabendo que 30% das emissões de CO2 para a atmosfera se deve ao nosso comportamento no interior das nossas casas, ao qual se encontram associadas, de uma forma muito directa, as envolventes que nos separam do exterior, é chegada a hora de promovermos uma “Revolução na nossa forma de construir” de modo que possamos suprimir alguns erros construtivos que desde sempre nos têm acompanhado.

Se é certo que as novas construções licenciadas a partir da segunda metade do ano transacto já são obrigadas a cumprirem um cem números de requisitos técnicos sem as quais não existe lugar à emissão da necessária licença de utilização, todo o edificado existente que foi dispensado de cumprir tais requisitos, e que representará certamente mais de 99% de todo o edificado actual, necessita de intervenções.

Assim, e porque tais intervenções não são obrigatórias à face da lei, procurarei nos próximos artigos ser convincente o suficiente para provar das vantagens práticas em corrigirmos algumas patologias térmicas das nossas casas que permitam a redução das perdas de energia que geramos sem que para tal possamos comprometer a nossa qualidade de vida.


Post Script Um: Não termino sem que antes faça um desafio aos meus amigos Sardoalenses.

Se esta fotografia fosse uma tela, você um pintor e tivesse liberdade para dar as “pinceladas” que quisesse, o que mudaria? Que rico desafio à nossa imaginação!

domingo, 1 de novembro de 2009

Esperança no Futuro

Na passada sexta feira, aqueles que acabámos de eleger para cuidarem do nosso Concelho para os próximos quatro anos, prestaram os juramentos da praxe. E porque é da praxe que o início das funções só tem eficácia legal após tal compromisso em que os eleitos juram pela sua honra que cumprirão com lealdade e isenção as funções que lhes são confiadas, logo, os novos eleitos, já estão em funções. Parabéns a todos e façam o favor de nos governarem o melhor que puderem e souberem!

As funções não serão as mesmas para todos: uns compete-lhes governar, enquanto outros compete-lhes fiscalizar os actos de quem governa e com eles colaborar.

Quero e devo acreditar que os eleitos, quer sejam debutantes ou reeleitos estão imbuídos de um espírito de missão comum que tem como finalidade primeira servirem o Concelho do Sardoal e todos nós, Sardoalenses.

Poderá, à primeira vista, parecer que a actividade política para o próximo mandato de quatros anos tenderá a repetir-se no que foi o que agora terminou. Penso sinceramente que não. A entrada em cena de novos protagonistas quer no Executivo Municipal (Miguel Borges do lado do Governo e Fernando Vasco do lado da oposição) e Assembleia Municipal (quer na bancada do PSD, quer na bancada do PS) são a garantia do meu pensamento. A experiência e a irreverência da maioria dos eleitos faz-me acreditar que estão conscientes que o Concelho que irão servir, não apresenta grande margem de manobras para experiências e querelas políticas estéreis. Por isso, quero e devo acreditar que existem condições para que os próximos tempos, para todos nós, possam ser melhores que os anteriores. Ao trabalho!

Quanto a mim e a outros que gostamos de opinar, resta-nos ser comedidos nas nossas apreciações, deixando todo o espaço àqueles que agora nos governam. O facto de devermos ser comedidos não deverá significar que lhes possamos estender um tapete vermelho para que possam fazer tudo aquilo que lhes der na real gana. Pela minha parte estou disponível para a cedência de todo o espaço que necessitem, mas totalmente indisponível para me calar caso sinta que os interesses do Concelho possam ser comprometidos.

AO TRABALHO e BOA SORTE A TODOS!

Post Script Um: São dois os assuntos que gostaria ainda de abordar no meu texto de hoje, embora tenham algo em comum: a blogosfera.

Em primeiro lugar e sem desprimor para todos aqueles que já “existem” e que conhecemos os seus autores, entendo dever destacar o nascimento de um novo blogue da autoria do Luís Manuel Gonçalves. No passado dia 12 de Outubro nasceu o “Sardoal com Memória”. Só nos últimos dias tive conhecimento do seu “nascimento” e pelo que pude ler de uma forma geral gostei. Ali está alguém que, tendo todo o tempo do mundo que a aposentação lhe garante, vai “atirando” para a blogosfera a história do nosso Concelho. Bem-haja por isso e continue!
(Nota: Aqui está o exemplo daquilo que escrevi nos meus dois últimos artigos quando “atirei”, com tudo o que me veio “à mão”, àqueles que gostam de se acoitar atrás do escudo do anonimato. A nossa sociedade passa bem sem a presença desses cobardes. Quando referi, que todos nós sem excepção, nos devemos pautar por condutas que coloquem o respeito pelos outros e por nós próprios no centro da nossa participação cívica, dei como exemplo o facto de eu próprio emitir os meus pensamentos no respeito pelos outros e por mim, menosprezando os juízos que outros possam fazer sobre eles. A este propósito, li com muita curiosidade o artigo que escreveu no passado dia 26 de Outubro subordinado ao título “Se eu fosse Presidente da Assembleia Municipal”. Mesmo sabendo que o artigo poderia criar os mais diversos sentimentos, desde a surpresa até à desconfiança, pelo facto de ter sido nos últimos 15 anos, Vice-presidente de uma Câmara Municipal que nem um dos nove pontos que enumera foi capaz de implementar, mesmo assim, assumiu e subscreveu publicamente o seu pensamento. Este é o comportamento social que pretendo para a sociedade onde me insiro. Há quem aprove, há quem reprove. Relativamente ao artigo em presença, eu aprovo, embora sinta que falta ainda um artigo. Seria o décimo: “Teria de me lembrar permanentemente que não poderia ser Frei Tomás!”.

O meu segundo pensamento trata os blogues políticos do PS e do PSD do Sardoal. São várias as perguntas que os mesmos me suscitam:

1º Porque é que o blogue do PS tem permanecido estático desde o dia 26 de Agosto, com o artigo “O Caminho da Mudança”? É para acabar?

2º Porque é que o blogue do PSD tem permanecido estático desde o dia 8 de Outubro, com o artigo “Comunicado à população do Sardoal”? É para acabar?

3º Porque é que até hoje, ainda não vi em qualquer deles um simples agradecimento público aos Sardoalenses pelo apoio que lhes concederam nas urnas? Será que passadas já 3 semanas não vai tardando tal agradecimento? Ou será que é entendido que não deverá haver lugar a agradecimentos de espécie alguma? Cuidado! Já vai sendo tempo dos políticos deixarem de menosprezar a força da blogosfera!

4º Do meu ponto de vista os blogues do PS Sardoal e PSD Sardoal deverão manter-se e apresentar uma vitalidade que suscite os internautas Sardoalenses a visitá-los, no mínimo, uma vez por semana. Ambos fazem falta e deverá haver certamente muitos militantes dispostos a “alimentá-los”. Tanto alimento existe disponível! Haja visão dos responsáveis políticos locais.