domingo, 26 de junho de 2011

Pensamentos diversos

Numa semana marcada pela tomada de posse do novo governo com alguns nomes muito interessantes, houve ainda algumas notícias que não me deixaram indiferente. Pelas ilações que poderemos tirar de qualquer uma delas, escolho três.

1. Estado esconde pensões políticas. (in “Correio da Manhã”)

Quando a sociedade portuguesa clama por mais transparência, a Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD), cujo presidente é eleito pelos deputados, considera que a subvenção vitalícia não é uma informação pública. Por isso, a Assembleia da República, que até há pouco tempo divulgava os nomes dos beneficiários dessa regalia, está agora impedida de o fazer, avança hoje o Correio da Manhã.
A decisão da CNPD, organismo presidido por Luís Silveira desde 2001, não protege só os beneficiários da pensão vitalícia: os nomes dos políticos que solicitem a atribuição do subsídio de reintegração, pago aos políticos que cessam os cargos e ficam no desemprego, também não podem ser divulgados. E o montante do subsídio não pode também ser público.
A Assembleia da República, em resposta às questões do CM, é categórica: "Relativamente à indicação nominal dos senhores ex-deputados que solicitaram quer a subvenção mensal vitalícia quer o subsídio de reintegração a Comissão Nacional de Protecção de Dados, na sua deliberação nº 14/2011, considera que as informações respeitantes a esta matéria são dados pessoais, não públicos, pelo que não é possível responder às questões colocadas".


Comentário: Porque será que os Deputados se sentem incomodados sempre que são revelados o que nós lhes pagamos? Ou será que no seu íntimo percebem que tais “regalias” são imorais e não as querem expor à opinião pública? Sabendo que, neste momento, o número de políticos, com pensão para toda a vida, já ultrapassa os 400 beneficiários, que o valor médio das suas pensões ronda os dois mil euros por mês, que a esmagadora maioria acumula tais pensões com outros dividendos e que foi por sua acção directa que o nosso País chegou ao ponto que chegou, é justo pensar que há aqui qualquer coisa que fede e não cheira nada bem!


2. Presidente de Câmara Municipal nomeia filho para o cargo de Adjunto do seu Gabinete de Apoio Pessoal. (in “ Sol”, de 22 de Junho de 2011)

O presidente da Câmara Municipal de Grândola, Carlos Beato, nomeou o seu filho para o cargo de adjunto do seu gabinete de apoio pessoal, decisão que qualifica como «consciente e responsável» mas que a oposição considera «completamente indefensável».

No despacho assinado pelo autarca, é referido que, durante «quase dois anos», o Gabinete de Apoio à Presidência funcionou apenas com um «coordenador a tempo parcial» e uma secretária.

Carlos Beato justificou a decisão de não nomear um chefe de gabinete e um adjunto, como é seu direito pela lei que define o regime jurídico do funcionamento e as competências dos órgãos dos municípios e das freguesias, com a necessidade de «encontrar alguém com o perfil profissional e pessoal que garantisse a qualidade, a eficácia e a confiança que o desempenho destes cargos exige».

Tendo em conta «a dinâmica de desenvolvimento» que o concelho tem sentido, «as novas exigências ao nível das responsabilidades e atribuições dos municípios» e «as medidas de gestão cada vez mais rigorosas que têm de ser tomadas no âmbito da crise que o país e a região atravessam», o autarca decidiu nomear «o licenciado e pós-graduado Pedro Miguel Correia de Morais Beato», seu filho, para seu adjunto, tendo iniciado funções esta segunda-feira.

Carlos Beato (PS) afirmou não ter pretendido «nomear um boy ou uma girl», mas apenas alguém para ajudá-lo e em quem «tivesse confiança pessoal e profissional».
Pedro Beato representa uma pessoa que conhece «há 29 anos», tendo uma «qualificação académica bastante pontuada» e que tem trabalhado em empresas do sector «privado ligadas à área do desenvolvimento e turismo».

O autarca admitiu ter pensado «muito» antes de tomar a decisão, mas qualificou-a como «forte, consciente e responsável», acrescentando que «é preciso ter coragem e ser limpo para fazer esta nomeação».

Comentário: Quando não é o filho, é o primo. Quando não é o primo, é o compadre. Quando não é o compadre é o “língua afiada”. Alguém tem dúvidas que, raras excepções, os cargos políticos por nomeação apenas servem para calar vozes incómodas, quer elas se situem dentro da casa dos Autarcas eleitos ou fora dela? A insegurança na sua própria capacidade governativa tem levado muitos autarcas a escolherem o caminho mais cómodo ao preferirem “investir” em silêncios, em vez de reforçaram a sua própria capacidade governativa. E quando assim é, não é difícil perceber quais os resultados finais da sua governação.


3. Estado pagou 165 mil euros a magistrados falecidos (in “ Sol”, de 22 de Junho de 2011)

Uma auditoria da Inspecção-geral das Finanças às despesas da Justiça detectou 165 mil euros de pagamentos em excesso de subsídio de compensação a magistrados jubilados já falecidos, por inexistência de comunicação do óbito pelo Instituto de Registo e Notariado.

O subsídio de compensação é o suplemento remuneratório mais expressivo (39 milhões de euros em 2009 num universo acima de quatro mil magistrados).

Comentário: Aos poucos vamos percebendo por onde tem andado o dinheiro dos nossos impostos. Será que quem, indevidamente, recebeu o que sabia que não deveria de receber e calou, não deverá ser obrigada a restituir o dinheiro que não lhe pertence e que é nosso? Que razão poderá ser invocada para que os meus impostos e os meus sacrifícios sirvam tais fins? Quanto mais depressa tirarmos os esqueletos dos nossos armários, mais depressa aliviaremos a corda que outros nos enrolaram ao pescoço.

Cara ou Coroa

O anúncio de um concurso, publicado na 2ª série do Diário da Republica no passado dia 23 de Maio, chamou-me a atenção. O anúncio tratava o procedimento concursal comum para constituição de relação jurídica de emprego público, por tempo indeterminado, para preenchimento de um posto de trabalho na carreira e categoria de Assistente Operacional do Mapa de Pessoal da Junta de Freguesia de Valhascos, para o qual os interessados teriam 10 dias úteis para, em querendo, apresentar a sua candidatura.

O que realmente chama a atenção esta notícia, é a caracterização do posto de trabalho. Os candidatos deverão dar apoio à Freguesia, nas funções de: Pedreiro; Servente; Pintor; Varredor; Cantoneiro de Limpeza; Manobrador de Máquinas Pesadas e Veículos Especiais; Responsabilidade na Manutenção e Uso de Pesticidas durante a queima da erva; Caiação de Muros e Fontes; Limpeza do Cemitério; Jardinagem; Rega das árvores públicas da Freguesia; Todos os Trabalhos inerentes da Junta de Freguesia de Valhascos.

Sabendo que o vencimento não deverá ser significativo, diante deste cem número de competências e saberes que os candidatos deverão possuir, tiro o meu chapéu a quem reúna tais capacidades e à entidade patronal que tenha um “Super-homem” destes ao seu serviço. Caso tenha havido candidatos (nem que seja um só): CARA!

Nestes dias de calor intenso a água é a nossa melhor amiga. Para quem vive no interior a piscina é a alternativa para quem não tem possibilidades de se banhar numa praia de mar ou fluvial. Quem possui tal infra-estrutura no quintal da sua casa tem o problema resolvido. E para os que não têm? Para esses apenas resta a Piscina Pública.

Durante este fim-de-semana, com temperaturas a rondar os 38 graus, foram alguns os que procuraram a Piscina Descoberta do Sardoal e encontraram as portas fechadas. O ano passado, por motivos que se prenderam com trabalhos de manutenção da Piscina, a Autarquia Sardoalense só abriu as portas da Piscina Municipal, ao público, no dia 20 de Julho, encerrando-a no dia 12 de Setembro. Este ano, quando estamos a chegar ao fim do mês de Junho continua fechada. Desconheço as razões pelas quais a mesma ainda se encontra encerrada, todavia, por mais razões que possam ser invocadas, não é possível desculpar do facto os responsáveis. Quantas são as Piscinas Municipais deste país que ainda se encontram encerradas, para além da do Sardoal? COROA!

sábado, 18 de junho de 2011

Habemus Governo!

Já temos novo Governo. VAMOS AO TRABALHO!

Sobre os Ministros de Passos Coelho existem os mais diversos comentários: uns a favor, outros contra. Quanto à apreciação que possamos ter sobre eles, o mais importante, é que eles consigam levar consigo, para os Ministérios que irão dirigir, a vontade de servirem o País e nunca, mas mesmos nunca, eles próprios ou grupos de interesses instalados.

Que as suas condutas e comportamentos sejam exemplos para todos nós quer na defesa intransigente dos interesses de Portugal e dos Portugueses (de todos), quer na defesa pela verdade e pela justiça. Que a responsabilidade que carregarão consigo os torne imunes a todo o tipo pressões, chantagens e afins por parte daqueles para quem a partilha de sacrifícios não faz (nem nunca fez) parte do seu modo de vida feita de ócios e de sacrifícios alheios. Precisamos de um novo paradigma de vida. Que eles sejam capazes de nos tirar dos mares revoltos em que vivemos e possamos chegar rapidamente a um porto de abrigo.
Pese o rumo que o meu futuro enquanto simples cidadão possa tomar, eu devo de acreditar neste governo, por isso… EU ACREDITO!

Independentemente de tudo o que tem sido dito e escrito sobre o que poderemos esperar nos próximos tempos, parece que todos nós continuamos a viver numa espécie de limbo como se tudo isso não passasse de pesadelos vividos de olhos fechados e com a cabeça deitada numa almofada. As dificuldades serão reais e não poderão ser evitadas. Nas nossas mãos apenas reside a possibilidade de minimizarmos os seus efeitos.

Há muito que chegámos a um beco sem saída e assim, para prosseguirmos o nosso caminho, apenas nos resta voltar para trás e encontrarmos outra estrada. Será penosa a marcha, mas será que existe alternativa?

A propósito de um “jogo” que diariamente somos “convidados” a assistir e que envolve o ladrão, o polícia e o juiz que julga o ladrão, apetece-me contar uma história verídica.

Já algum tempo, aqui no Três Bicas, invoquei alguém que já não está entre nós, que há muito “partiu” e por quem eu nutria uma forte amizade: o meu amigo Balira.

O Balira, para além de ser o motorista da carrinha que levava os filhos dos funcionários da Lusalite do Dondo para as Escolas da Beira, era um pai extremoso com sete filhos e… meu amigo. Foi ele a primeira pessoa que me confiou um volante de um carro (carrinha Mercedes de 10-12 lugares), era ele que contrariamente às instruções superiores não recusava dar boleia aos meus amigos, era para ele a minha sandes (autêntico “casqueiro”) que a minha mãe diariamente me arranjava para comer no Liceu Pêro de Anaia (preferia as sandes mistas da cantina do Liceu que o Zacarias me arranjava e pelas quais pagava 3$00). Após a Independência de Moçambique, quando o Balira assumiu um cargo político na comunidade, foram muitas as vezes que lhe escrevi os seus discursos. Um dia (1977-78?), na estrada entre o Dondo e a Beira, um brutal acidente tirou-lhe a vida.


Conforme se pode perceber, numa sociedade pobre, a “partida” daquele que punha o pão em cima da mesa, criou numa família numerosa e pobre roturas difíceis de imaginar. Um dia, um dos filhos do Balira foi “tentado” pelo bem alheio e… roubou. Roubou uma vez… roubou uma segunda vez… foi apanhado pela justiça… roubou uma terceira vez…

Um dia a paciência da comunidade esgotou-se e decidiram substituir a justiça institucionalizada e deram-lhe uma sova tão grande que o incapacitaram para o resto da vida destruindo-se os músculos dos braços. Hoje é um mendigo que apenas vive da solidariedade dos outros. O que os meus amigos hoje me contam sobre o que é a vida deste homem arrepia o mais insensível.


Alguém poderá dizer que esta história seria impossível de acontecer em Portugal… blá... blá… blá… Será?

Se me é lícito fazer um pedido a este novo governo que agora irá iniciar funções, gostaria que o mesmo possa ser capaz de garantir os meus direitos exigindo-me responsabilidades no cumprimento dos meus deveres. Se TODOS formos capazes de perceber a dimensão dos nossos deveres e dos nossos direitos então o caminho que teremos pela frente será mais curto do que aquele que de momento se perspectiva.


Cara ou Coroa

Ao que tudo o indica, a Autarquia Sardoalense presta-se para receber e colocar ao seu serviço o tal autocarro XPTO da Volvo, depois de, após alguns meses de incertezas, o seu financiamento ter ficado, finalmente, assegurado.

Na comunidade Sardoalense correm as mais diversas opiniões quanto ao investimento que a Câmara, agora, se propôs realizar. Uns são a favor do negócio, outros são contra. Quem tem razão?

Se olharmos para os números que as Prestações de Contas de 2008, 2009 e 2010 deixam perceber, durante aqueles 3 anos, a Câmara Municipal de Sardoal, por não ter um autocarro com condições para transportar os alunos nos seus circuitos casa-escola-casa foi obrigado a recorrer a serviços externos para que tais transportes pudessem ser realizados. Por tais serviços prestados, durante os 3 anos atrás apontados, a Autarquia Sardoalense pagou o equivalente ao custo do autocarro agora negociado ao mesmo tempo que as suas dificuldades de tesouraria tivessem feito com que, no dia 31 de Dezembro de 2010, ainda houvesse pendente por liquidar, à empresa responsável pela realização de tais serviços, uma dívida com um valor equivalente ao custo de outro autocarro (193.000 €). Diante deste cenário, não me custa dar razão à opção tomada para a aquisição de tal viatura. CARA!

Todavia, existe um aspecto que se deverá ter em consideração e que tem a ver com a oportunidade temporal deste negócio. Será que o mesmo é oportuno?

Quando as moedas escasseiam, a manta encolhe. Será que a manta, que já não é capaz de cobrir tão grande corpo com frio não se tornará ainda mais curta e, consequentemente, ver agravados os efeitos do frio?

Se ao longo deste tempo foi possível, de vez em quando, deslocar a manta que cobria os encargos com a realização destes serviços e com isso gerir uma dívida que anualmente ia crescendo (só em 2010, o seu valor, foi equivalente a metade de um autocarro), o novo caminho, agora escolhido, não permitirá que tal espaço financeiro fique destapado. Logo, uma vez que todos os sinais apontam para que, muito em breve, a manta ainda seja mais curta (as transferências da administração central irão reduzir-se e não existem outras receitas que as possam equilibrar) não é difícil perceber que a oportunidade do negócio talvez não tenha sido a melhor. COROA!

sábado, 11 de junho de 2011

É possível

Inicio o meu artigo de hoje lembrando algumas passagens do Discurso do Presidente da Comissão Organizadora do 10 de Junho:

“… Nada é novo. Nunca! Já lá estivemos, já o vivemos e já o conhecemos. Uma crise financeira, a falência das contas públicas, a despesa pública e privada, ambas excessivas, o desequilíbrio da balança comercial, o descontrolo da actividade do estado, o pedido de ajuda externa, a intervenção estrangeira, a crise política e a crispação estéril dos dirigentes partidários. Portugal já passou por tudo. E recuperou. O nosso país pode ultrapassar, mais uma vez, as dificuldades actuais. Não é seguro que o faça. Mas é possível.

Tudo é novo, Sempre! Uma crise internacional inédita, um mundo globalizado, uma moeda comum a várias nações, um assustador défice de produção nacional, um insuportável grau de endividamento e a mais elevada taxa de desemprego da história. São factos novos que, em simultâneo, tornam tudo mais difícil, mas também podem contribuir para novas soluções. Não é certo que o novo enquadramento internacional ajude a resolver as nossas insuficiências. Mas é possível.

Novo é também o facto de alguns políticos não terem dado o exemplo do sacrifício que impõem aos cidadãos. A indisponibilidade para falarem uns com os outros, para dialogar, para encontrar denominadores comuns e chegar a compromissos contrasta com a facilidade e o oportunismo com que pedem aos cidadãos esforços adicionais e renúncias a que muitos se recusam. A crispação política é tal que se fica com a impressão de que há partidos intrusos, ideias subversivas e opiniões condenáveis. O nosso Estado democrático, tão pesado, mas ao mesmo tempo tão frágil, refém de interesses particulares, nomeadamente partidários, parece conviver mal com a liberdade. Ora, é bom recordar que, em geral, as democracias, não são derrotadas, destroem-se a si próprias

… Amargamos as sequelas de erros antigos que tornaram a economia portuguesa pouco competitiva e escassamente inovadora. Mas também sofremos as consequências da imprevidência das autoridades. Eis porque o apuramento de responsabilidades é indispensável, a fim de evitar novos erros…

… Pobre país moreno e emigrante, poderás sair desta crise se souberes exigir dos teus dirigentes que falem verdade ao povo, não escondam os factos e a realidade, cumpram a sua palavra e não se percam em demagogia!

País europeu e antiquíssimo, será capaz de te organizar para o futuro se trabalhares e fizeres sacrifícios, mas só se exigires que os teus dirigentes políticos, sociais e económicos façam o mesmo, trabalhem para o bem comum, falem uns com os outros, se entendam sobre o essencial e não tenham sempre à cabeça das prioridades os seus grupos e os seus adeptos…."
(Excerto do discurso do Doutor António Barreto, no dia 10 de Junho de 2011)

A ideia com que todos ficamos ao lermos estas passagens é a de que o diagnóstico da “nossa doença” há muito se encontra identificado e que a cura da mesma está nas mãos daqueles para quem essa cura não os favorece. E porque não os favorecem tudo têm feito para a adiar.

Por muito que nós sejamos capaz de nos adaptarmos a novas realidades, a nossa natureza humana não permite que nos formatemos à imagem de um qualquer disco rígido. Os sinais que vamos obtendo diariamente não nos permitem acreditar que o discurso do Doutor António Barreto possa fazer “milagres” em muitos decisores políticos e sociais.

Olhemos para o partido que até há poucos dias detinha o poder no Pais. O que vemos? Dos 73 deputados eleitos para a Assembleia da República podemos encontrar 9 ministros, 12 secretários de estado e 2 assessores do primeiro-ministro do Governo que nos atirou literalmente para a miséria. Pergunta-se:
- Qual será o estado de espírito desta gente, na hora de se lhes pedir que ajudem o governo agora eleito?
- Qual poderá ser o seu contributo?
- Porque não são capazes de seguir o caminho de quem até há pouco os liderou e ceder a outros os seus lugares?
– Porque será que os nossos decisores políticos não prescindem dos salários do patrão Estado e circulam num comboio que só tem duas estações (a cadeira do poder e a cadeira do parlamento)?

Olhemos para os outros partidos representados no Parlamento. Será que em algum momento quer a CDU quer o BE estão disponíveis para colaborar com o actual governo na busca de soluções para o País? Ninguém em consciência acredita em tal. Pelo contrário, acredita-se que tudo farão para dificultar. E se a sua voz não passar para além das paredes do Parlamento, os sindicatos encarregar-se-ão de o fazer.

Olhemos para os líderes sindicais. Alguém acredita na sua disponibilidade para colaborar com o governo agora eleito e apelar à razão dos seus associados?

Existe muito decisor político e social que parece que ainda não percebeu que os tempos mudaram. É hora de todos, sem excepção, partilharmos os sacrifícios que estes tempos nos impõem. Os que se dispensarem deste desígnio nacional jamais serão esquecidos e perdoados.

Hoje, o que está verdadeiramente em questão já não é a qualidade da comida que colocamos em cima das nossas mesas para nos alimentarmos, é a sua existência. Eu até sou capaz de suportar as dores da fome por um ideal, porém não existe ideal algum pelo qual seja capaz de suportar a dor da fome dos meus filhos.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Finalmente!!!

No artigo anterior escrevi a dada altura:

“…Para que o sonho que revelei no meu último artigo se concretize, é imperativo que José Sócrates tenha uma derrota humilhante (menos de 30%?) em contraponto à vitória retumbante do seu adversário directo (mais de 38%?). Só assim, o Partido Socialista poderá arranjar argumentos para “dispensar” tal figura, de uma vez para sempre e surgir de novo, aos olhos dos portugueses enquanto aquele Partido em quem se possa voltar a confiar com outros rostos dirigentes que não os actuais…”

Resultados práticos das Eleições Legislativas de ontem:

- PSD = 38,6%
- PS = 28,0%
- Para não ser dispensado, José Sócrates já se auto-dispensou do PS.


Há alguns meses, escrevia aqui no Três Bicas, que em Portugal, as coisas são tão previsíveis que qualquer um pode prever o futuro. Uma vez mais a surpresa não me apanhou desprevenido.

A força de qualquer partido jaz nas pessoas que se acoitam à sua sombra. Com o avanço da tecnologia, a informação sobre quem são e o que fazem essas pessoas estão à distância de um clique num qualquer computador perto de nós.
E esse clique serve não só para conhecer essa informação, mas também para a divulgar. Ao longo destas últimas semanas não foi só o “três bicas” a prever a hecatombe de José Sócrates (e do partido que o apoiava) e tudo fazer para que essa hecatombe acontecesse, mas foram milhares de portugueses que usaram a Internet para o manifestarem. Isto leva-me a formular uma questão muito simples: Hoje em dia, e numa campanha eleitoral, o que é que tem mais força: a Internet ou os Comícios Partidários?

Independentemente de me sentir satisfeito pelos resultados práticos da Eleição de ontem, não me iludo quanto às dificuldades que nos esperam os próximos 3 anos. Virão aí dias muito, muito difíceis. Agora… TODOS AO TRABALHO!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

O meu voto

Entendi antecipar o meu artigo de domingo para o dia de hoje, para que possa tentar convencer alguém, que ainda esteja hesitante sobre o que fazer do seu voto, a acompanhar-me na minha decisão em escolher Passos Coelho para Primeiro-Ministro de Portugal e, consequentemente, votar PSD.

Por mais argumentos que se possam defender, as próximas eleições servirão essencialmente para escolher aquele que queremos que nos governe. Com todo o respeito para os outros líderes dos Partidos concorrentes e para aqueles que defendem o voto branco do protesto, a escolha, para quem pretenda resultados práticos (e não é aquilo que verdadeiramente se procura nesta eleição?), recai apenas em duas personalidades: José Sócrates e Passos Coelho.

O meu actual estatuto de independente, associado ao facto de no passado me ter envolvido com os dois Partidos que suportam as candidaturas das citadas personalidades (pelo PSD, fui militante de base e director de uma candidatura autárquica e pelo PS, autarca independente) confere-me alguma lucidez na hora de eleger, de entre os dois, aquele que verdadeiramente merece o meu voto.

A primeira pergunta que, qualquer um de nós, poderá fazer, será:

- O que é que um tem que o outro não tem e merece por isso a nossa escolha?

As diferenças entre ambos são de tal modo acentuadas que a resposta é imediata: Passos Coelho. Ele representa a esperança em podermos voltar a adquirir a capacidade de sonhar que José Sócrates há muito nos tirou. Um povo sem sonhos é um povo que tende para a sua auto-destruição.

Não me iludo com o facto de após eleito, Passos Coelho venha a liderar um governo de um País onde nada falta e todos vivemos bem. Até custa pensar o que nos esperam os próximos anos, fruto de um acumular de erros e irresponsabilidades de alguém para quem a vaidade e a ambição desmedida pelo poder foram colocadas acima de tudo. E se alguém tinha dúvidas quanto às capacidades governativas de José Sócrates, a forma como foi capaz de nos tentar enganar durante estes últimos 6(!!!) anos, atirando-nos para a maior das misérias sociais de que há memória e o modo como foi capaz de gerir agora a sua campanha, prestando-se ao papel ridículo de “lavadeira particular” do seu principal adversário, essas dúvidas são, de imediato, desfeitas.

À primeira, todos caem (eu fui um daqueles incautos que caiu nas suas ladainhas ao ponto de lhe conferir o meu voto em 2005). À segunda, só cai quem quer (em 2009 já não caí). À terceira, só cai quem é burro ou quem quer continuar cego.

Para que o sonho que revelei no meu último artigo se concretize, é imperativo que José Sócrates tenha uma derrota humilhante (menos de 30%?) em contraponto à vitória retumbante do seu adversário directo (mais de 38%?). Só assim, o Partido Socialista poderá arranjar argumentos para “dispensar” tal figura, de uma vez para sempre e surgir de novo, aos olhos dos portugueses enquanto aquele Partido em quem se possa voltar a confiar com outros rostos dirigentes que não os actuais.

Um voto no PSD, mais do que punir a irresponsabilidade de José Sócrates e de um Partido que foi incapaz de suster os desvarios do seu líder, é legitimar alguém que dá mostras de saber o que fazer para governar Portugal no período mais cinzento da sua história recente. Eu acredito!

Eu voto Passos Coelho! Voto PSD!