sábado, 20 de julho de 2013

GIS - O meu discurso

O Grupo de Independentes do Sardoal (GIS) incumbiu-me da responsabilidade de proferir o discurso de abertura durante o jantar de apresentação dos seus candidatos aos diferentes Órgãos Autárquicos que irão ser sufragados nas próximas eleições autárquicas que terão lugar no próximo dia 29 de Setembro.
 
Pela pertinência do assunto entendi interromper o ciclo dos últimos 6 artigos que me havia proposto publicar aqui no “Trêsbicas” e proceder à publicação do referido discurso uma vez que o alcance das minhas palavras não se centravam apenas naquelas 100 pessoas (um pouco mais) que se reuniram (e que voluntariamente pagaram o seu próprio jantar),  no dia 19 de Julho de 2013, no Restaurante “as 3 Naus”, em Sardoal, mas iam muito para além daquelas paredes e tinham como destino todos os Sardoalenses.

 Pretendo com isto mostrar que, independentemente de não estarmos filiados num partido (o meu já “morreu” há muito tempo) nem figurarmos em listas que irão ser sufragadas em actos eleitorais, podemos e devemos exercer o nosso dever de cidadania sempre que percebamos que os nossos direitos não se encontram salvaguardados.
 
Porque não concordava com o “status quo” da política do meu Concelho, entendi ajudar a criar com outros, uma alternativa às “máquinas” dos Partidos. Se num Concelho com apenas 3.500 eleitores tal foi possível, mesmo quando o PSD e o PS já se “chegaram à frente” e, ao que consta, CDS-PP e CDU se prestam a fazer o mesmo, é caso para se dizer que: ou os Partidos tomam mais cuidado a escolher os seus candidatos ou arriscam-se a sofrerem alguns “amargos de boca” no futuro (pelo menos ao nível das Autarquias).      
 
Eis o meu discurso:
 

Caras e Caros Sardoalenses!

Caras e Caros Amigos!

Na qualidade de Co-fundador do Grupo de Independentes do Concelho do Sardoal (GIS) gostaria em primeiro lugar de agradecer a vossa presença neste evento que representa a conclusão da primeira etapa de um sonho que dois Sardoalenses, há cerca de um ano, entenderam dar corpo.

No nascimento de qualquer sonho, existe sempre uma razão que o suporta. No caso particular do GIS foram duas as razões principais que lhe deram corpo, que a todos nos trouxe aqui hoje e que a todos nos motivará num longo caminho que entendemos juntos percorrer: a defesa dos nossos direitos, enquanto membros de uma comunidade a que pertencemos, e o pensamento de alguém que, embora tendo vivido antes de Cristo, nos recorda que a defesa desses direitos tem de passar obrigatoriamente pelo exercício dos nossos deveres.

Foquemos então a nossa atenção para a comunidade onde vivemos e questionemo-nos se os direitos que cada um, e todos nós, temos em viver num pequeno território que dá pelo nome de Concelho do Sardoal estão ou não salvaguardados. Não é preciso tomarmos muito tempo para percebermos que esses direitos, a existirem, são uma pura ficção.

Não é por alguém afirmar que no Concelho do Sardoal existe uma boa qualidade de vida que ela realmente existe para toda a população. Penso que é inquestionável que alguns, poucos, a tenham, mas ao tomar-se o todo pela parte não só se ilude a realidade como a agrava.

A realidade é dura demais para que a possamos ignorar ou encontrar respostas que a contradigam. Não será estranho que a tal boa qualidade de vida que alguns apregoam não se traduza na prática pela sua procura?

Cada ano que passa, traz consigo a dura realidade de assistirmos ao decréscimo continuado da população no Concelho do Sardoal e ao aumento progressivo da sua média etária.

Os censos de 2011 revelaram-nos que nesse ano o nosso Concelho já estava reduzido a 3.939 habitantes e que destes, 615 já tinham uma idade superior a 75 anos e quanto a jovens com idade inferior a 14 anos eram, apenas, 481(!!!).

Se a isto juntarmos o facto de que, por força de continuadas políticas erradas, o Concelho pouco ou nada mais tem a oferecer a alguém, que numa idade activa procura trabalho, do que um possível emprego na Câmara Municipal ou na Santa Casa da Misericórdia e estas instituições, por muito grandes que possam ser, não podem admitir todos aqueles que as procuram, não custa perceber que nos anos que aí vêm não haverá quaisquer perspectivas de inversão deste ciclo de decrescimento e que a tendência será o agravamento no decréscimo da população. E depois?

Para aqueles que, como nós, vivemos e trabalhamos no Concelho, estes números não são novidade e apenas pecam por estarem desactualizados ante a realidade.

Quantos daqueles que constavam do tal número apurado dos 3.939 habitantes em 2011, não partiram já para outras paragens ou, infelizmente, para a sua última morada e os que entretanto nasceram não foram capazes de compensar?

Olhemos à nossa volta e o que vemos? NADA!

Questionem-se: Se alguém vos pedisse para lhes mostrarem o Concelho o que é que teríeis todo o gosto em mostrar?

- Uma Zona Histórica abandonada à sua sorte?

- Uma Zona Industrial que de “Zona” tem tudo, mas de “Industrial” não tem nada?

- Uma Barragem que foi inaugurada há 10 anos que por estar rota desde a sua construção, não pode reter mais do que 20% da sua capacidade?

- Um Centro Cultural que ano após ano, dado o seu subaproveitamento tem-se revelado um autêntico elefante branco?

- As fachadas das nossas Igrejas e Capelas?

Todos sabemos como foi possível chegar aqui.

A democracia é uma palavra bonita que de 4 em 4 anos ouvimos em cada esquina do nosso Concelho, mas que depois, a ganância do poder pelo poder, depressa apaga dando lugar a uma ditadura em que o medo faz lei.

E assim o poder se conserva não por obra feita por uns quantos, mas pela eficácia do medo infligido a outros.

É tempo de dizermos: BASTA!

É tempo do destino do Concelho deixar de fazer parte de um jogo entre Partidos, cuja selecção dos seus jogadores se faz mais numa lógica de interesses corporativistas e pessoais do que na defesa dos reais interesses para os quais são eleitos por todos nós.

Como se compreende que o governo de um Concelho se possa centrar exclusivamente nas mãos de alguém que pertencendo a um certo clube onde a admissão de sócios é restrita, é eleito por dois ou três dos seus pares, não pela competência que possui em bem servir o Concelho, mas pela garantia que revela em melhor servir os outros membros do clube a que pertence?

É tempo de dizermos: BASTA!

E assim se compreende que quem é eleito apenas governe a favor de uns poucos e que quem é eleito para fazer oposição não sinta as verdadeiras dificuldades de quem é governado não só porque vive e trabalha muito longe dessa realidade, mas também porque a perda de protagonismo dentro do clube a que pertence desaconselham a cedência de tais atribuições para outros potencialmente mais habilitados. ´

E não é isto que o PSD e o PS do Sardoal nos querem impor de novo a todos nós? Será que os seus candidatos não deram já provas que nunca serão a solução, mas farão sempre parte do problema?

Um passou 4 anos a lavar as mãos e a atirar as culpas dos fracassos para as costas do "chefe" sem nunca se demarcar das suas posições porque em matéria de defesa de interesses, os seus sobrepunham-se claramente aos do Concelho. Como não convinha hostilizar quem poderia comprometer tais interesses, nada melhor que concordar pela frente o que se discordava nas suas costas e esperar que o tempo passasse depressa.

Ei-lo agora a prometer confiança no futuro! Que futuro? O dele ou o nosso?

Pela forma como soube capaz de ignorar os interesses do Concelho durante estes anos será difícil acreditar que o futuro que fala seja o nosso.

O outro, pouco mais fez do que assobiar para o lado. Residindo e trabalhando a cerca de 150 Km do Sardoal revelou-se nestes 4 anos como um autêntico “toca e foge”, a ver pelo tempo que por cá ficava quando era “obrigado” a tal. 

Alguém consegue perceber que encontrando-se o Concelho numa verdadeira encruzilhada haja reuniões quinzenais do Executivo Municipal que durem 15 ou 20 minutos (!!!)  e a média das reuniões ronde os três quartos de hora (!!!), conforme se pode confirmar pelas reuniões realizadas nos primeiros 6 meses deste ano?

Quem nos garante que caso fosse governo, o candidato do PS não continuaria a adoptar a táctica do “toca e foge”?  

Quando um governo é fraco e a oposição a ele não existe, o resultado final só pode ser o pior possível. EIS O CONCELHO DO SARDOAL!

Com toda a amizade e estima pessoal que eles a todos nós nos merecem, que mais poderemos esperar senão eles continuarem a dar prioridade aos seus interesses pessoais e dos clubes a que pertencem?

É tempo de dizermos: BASTA! 

Platão que viveu uns séculos antes de Cristo nascer, dizia: "O PREÇO A PAGAR PELA TUA NÃO PARTICIPAÇÃO NA POLÍTICA É SERES GOVERNADO POR QUEM É INFERIOR"

Para percebermos o alcance destas palavras basta olharmos á nossa volta e fixarmos os nossos olhos no nosso Concelho, e pensarmos que toda a incompetência que ao longo dos anos por aqui fez carreira se deveu em grande medida às mordaças que foram impostas a todos nós, por quem era efectivamente inferior, cultivando a nossa divisão e valendo-se da força do medo para impor a força de uma razão que nunca teve.

E o que fizemos?

Voluntariamente aceitámos essas mordaças, colaborámos na cultura da nossa divisão e nada fizemos para as rejeitar. 

Pela primeira vez na história do Sardoal cerca de 10% dos seus eleitores decidiram romper as amarras do medo e, hoje e aqui, dizem: BASTA!

Eis o GIS, um grupo de Mulheres e Homens Sardoalenses que empunhando uma só bandeira, a bandeira do seu Concelho, se recusa aceitar a História que outros pretendem escrever e que é uma História onde se fala do sucesso de alguns, muito poucos, e onde o insucesso de toda uma comunidade é apagado, porque deles nunca trata a história.

 A tarefa que nos espera é Hercúlea, porque a correcção de certos erros é geralmente mais onerosa que os custos que os originaram. Muitos são os erros que deverão ser corrigidos e escassos são os recursos disponíveis para os solucionar.       

É chegada a hora de reescrevermos a História de um Concelho que é de todos nós e que dá pelo nome de SARDOAL.

Um grande bem hajam para todos os mais de 300 eleitores do Concelho que responderam ao nosso apelo e tornaram possível estarmos aqui hoje a projectarmos uma nova esperança para o Concelho do Sardoal.   

Obrigado a todos!

VIVA O CONCELHO DO SARDOAL! 

VIVA O GIS!

 
(P.S. Por decisão própria decidi não fazer parte da lista do GIS, uma vez que o meu tempo na política activa “já passou” e é tempo de dar a vez a outros.) 

 
(No Próximo artigo: “ Festas e Bolos ”)


terça-feira, 2 de julho de 2013

Contagem Final

O “Trêsbicas” está prestes a “fechar portas” depois de uma "interessante aventura” iniciada em 30 de Março de 2008.

Penso que é chegada a hora de dizer “Adeus” depois de longos períodos de silêncio interrompidos pontualmente nos últimos 12 meses, os quais serviram para avaliar a certeza desta decisão. 

Confirmada a certeza, e depois de muito ponderar, entendi que esta despedida não poderia resumir-se a um simples “Adeus!”. Havendo ainda algo por dizer sobre um assunto que foi muito caro ao “Trêsbicas” (o exercício da política no Concelho do Sardoal) talvez o mais correcto não fosse apresentar o seu fim como se de um simples acto de desligar um qualquer interruptor se tratasse. 

Nunca ninguém saberá se as teses que ao longo de todos estes anos fui aqui formulando sobre como julgava deverem ser os caminhos que o Concelho do Sardoal deveria trilhar, caso fossem adoptados, poderiam guindar, ou não, o Sardoal para um plano elevado. O que hoje todos os Sardoalenses sabem é que os caminhos efectivamente adoptados por aquele sobre quem recaiu a responsabilidade de conduzir este Concelho ao longo dos últimos 20 anos, foram errados e hoje o Concelho do Sardoal é um Concelho pobre, sem esperança no futuro e onde o medo prolifera.

Não sei se o tempo que aí vem nos permitirá corrigir os erros que foram cometidos e que muitos, na salvaguarda dos seus interesses pessoais, tudo fizeram por ignorar. Penso que nada temos a perder, conquanto sejamos capazes de olhar para o passado e percebermos que a repetição da história nos trará os mesmos resultados que a própria história já nos revela.

E porque o homem só progride se for capaz de olhar para a história e não a repetir, entendi que, antes do “Adeus” final, deveria dizer algo mais sobre sobre a história de uma comunidade onde a cultura do medo e da divisão sempre premiou a incompetência ao longo dos últimos 20 anos e onde o pensar diferente sempre foi entendido como uma “grave ofensa” ao poder instalado, "tudo" valendo para a “reparação” de tal afronta.

Assim, dentro de dias passarei a publicar os seis últimos artigos do “Trêsbicas”, que têm como título: “Festas e Bolos”; “Não à Concorrência à CMS”; “O Sistema de Informação e a Punição dos “Desalinhados””; “A Mocidade Sardoalense”; “A Oposição” e “O Futuro e… Adeus!”    

   

(No Próximo artigo: “ Festas e Bolos ”)