domingo, 2 de janeiro de 2011

Mudança

O relógio do tempo não perdoa. O amanhã passa a hoje e o hoje a ontem a uma velocidade surpreendente. O tal ano que muitos (incluindo eu) profetizaram de difícil já chegou!

Defendo que o passado deverá funcionar enquanto campo de aprendizagem onde vamos buscar experiências que nos permitam reduzir os nossos erros. Não será preciso pensarmos muito para identificarmos situações onde errámos e que hoje já não repetiríamos tais erros. E se aprofundarmos os nossos pensamentos sobre as origens que estiveram na base do erro talvez encontremos no meio de muita inocência (em alguns acontecimentos novos) muita teimosia (em acontecimentos já repetidos).

Parece que está nos nossos genes a tendência para desconfiarmos da lógica entre a causa e o efeito de alguns acontecimentos. Por vezes, não basta uma experiência para aprendermos que associada a uma causa só existe um efeito. Temos a chamada “memória curta” e ela “atraiçoa-nos” permanentemente.

Associada à tendência anterior, os nossos genes são portadores, também, de outra tendência: não lidamos muito bem com o risco. Como associada a qualquer mudança existe um risco, nós não nos importamos de conviver com o mau porque ainda existe um nível mais baixo: o pior. Será que não existe algum fundo de verdade no ditado popular que sustenta que: “Para pior já basta assim!” e “Mal, por Mal…”? O que seria do Mundo e de todos nós se o homem não buscasse permanentemente um novo sentido para a vida questionando as tradições e assumindo os riscos das mudanças a elas associadas?

Se pela frente nos espera um ano cujos efeitos recessivos poderão condicionar as nossas vivências será que não deveremos criar defesas para minimizar tais efeitos? Será que nessas defesas não caberá o emergir de uma disponibilidade para lutarmos por uma mudança nas nossas atitudes no interior da sociedade a que pertencemos? Será que ao esperarmos que outros resolvam um problema que é nosso não nos coloca numa posição de servos perante esses outros?

Um dia virá, que as nossas energias se diluirão num corpo cansado ou doente e a nossa vida dependa totalmente de outros. E sendo justo e inquestionável o apoio da sociedade a tão nobre causa, o que dizer de outro alguém que não tendo qualquer limitação física requer o mesmo tipo de apoio e atenção por parte dessa mesma sociedade?

Por mais que escondamos a cabeça debaixo da nossa almofada para não ouvirmos o tic-tac do relógio, o tempo não pára. E sendo o tempo, um gerador contínuo de mudanças, por mais que façamos para não mudar, o tempo muda-nos independentemente da nossa própria vontade. Diante desta constatação só temos uma opção: ou somos nós que procuramos a mudança que melhor nos serve, ou nos resignamos a aceitar a mudança que outros nos impõem. Se pensarmos, ainda, que o egoísmo do homem não lhe permite partilhar o que é bom, mas dispensar o que é mau, quanto maior for o número daqueles que de outros dependam, menor é aquilo que lhes caberá em sorte.

Possivelmente a saída do labirinto da crise poderá estar na forma como formos capazes de questionarmos os nossos próprios comportamentos. Pela responsabilidade que lhes cabe, que os nossos políticos e governantes sejam os primeiros a questionarem-se sobre a forma como têm gerido os destinos de todos nós. Será que para se atingir o cume do poder tudo vale, nem que seja à custa da “miséria” dos outros?

Cara ou Coroa

No Cara ou Coroa de hoje, os meus pensamentos incidem na Campanha Eleitoral para a Presidência da República e como foi viver o ano de 2010 no meu Concelho.

Quanto à Campanha Eleitoral para a Presidência da República a nota que mais destaco e que merece alguma reflexão é a entrada em cena de um novo candidato. Ao nível a que a política nacional chegou, o candidato José Manuel Coelho “arrisca-se” a experimentar o “sucesso” do palhaço Tiririca no Brasil (“Vota no Tiririca, porque pior não fica!”). Se ele nos conseguir “animar” da forma como tem animado algumas sessões no Parlamento Regional da Madeira e passar a imagem de vítima do sistema (foi o único candidato que não teve direito a debate televisivo), “arrisca-se” a ter uma votação superior àquela que neste momento ele projecta. (Cara ou Coroa?)

Relativamente ao ano de 2010 no meu Concelho, pouco há a dizer a não ser que ele não trouxe nada de novo diferente de 2009 a não ser o agravamento no apoio à saúde (com a ausência de respostas práticas à substituição dos médicos de família que agora se aposentaram). As oportunidades de trabalho continuam escassas (ou mesmo inexistentes) e a desertificação humana progride com o envelhecimento da população e o êxodo dos jovens. Porém, nem tudo é mau. O índice de segurança continua elevado e percebe-se que existe alguma vontade em se mudar o estado das coisas menos boas. E se não tenho dúvidas quanto à dimensão dessa vontade, tenho muitas reservas quanto aos seus resultados práticos dadas as múltiplas variáveis que os condicionam. (Cara ou Coroa?)

Post-scriptum: De entre toda a informação disponibilizada no site da Câmara Municipal de Sardoal durante o ano de 2010 (é de saudar todo o esforço que os responsáveis têm feito no sentido do site ser o mais actualizado possível que, nesta matéria, até consegue ser melhor do que muitos sites de Autarquias vizinhas) os Editais mereceram a minha particular atenção. Durante o ano de 2010 o Executivo Municipal publicou Editais sobre os mais diversos assuntos desde os resultados das análises de água de abastecimento doméstico, até às alterações das reuniões do Executivo Municipal, passando pelos cortes temporários de abastecimento de água, aprovação de obras particulares, etc. Porque se tornaram repetitivos os Editais que trataram a alteração da data da Reunião da Câmara Municipal a curiosidade impeliu-me a conhecer o número de editais publicados sobre tais alterações. Com alguma surpresa verifica-se que, dos 55 editais publicados, 15 (!) trataram exclusivamente a alteração da data das reuniões de Câmara. Se verificarmos que foram realizadas, em 2010, 24 reuniões de Câmara, será que não se justifica uma reflexão sobre a eventual necessidade de se rever as datas previstas no Regimento da Câmara Municipal em vigor?

Sem comentários: