quarta-feira, 30 de março de 2011

3 anos

Hoje o “Três Bicas” comemora o seu 3º aniversário.

Ao longo de todo este tempo tenho procurado que os meus textos activem o pensamento de todos aqueles que “ousem visitá-lo”. Numa primeira fase comecei por manifestar o meu próprio pensamento vestindo a pele de Vereador do meu Concelho e, alguns meses mais tarde, por força do meu afastamento da política activa, revelando os meus pensamentos enquanto simples cidadão que procura contribuir para a melhoria da sociedade a que pertence, quer ela se restrinja ao seu Concelho e País ou se estenda ao resto do Mundo.

Desconheço se os meus objectivos têm sido alcançados, porém, não consigo ficar indiferente diante das informações estatísticas que recebo quanto às visitas que o blog recebe no dia da sua publicação normal (domingo) e nos dois primeiros dias da semana. Se sou capaz de perceber a motivação dos meus concidadãos, já me custa perceber a razão de algumas visitas efectuadas em outros Países. A este propósito não me refiro a Moçambique, Canadá, Estados Unidos ou Brasil, onde, por detrás dessas visitas, estarão por certo muitos amigos que tenho nessas paragens. Mas quando os Países em questão dão pelo nome de Rússia, China, Cingapura, Roménia, Taiwan ou Emirados Árabes Unidos, por exemplo, torna-se difícil de entender.

Enquanto ser humano, portador de algumas virtudes, mas carregado de defeitos, não me custa perceber que os meus pensamentos não colham a simpatia de todos. É natural que assim seja, uma vez que todos somos diferentes por mais iguais que nos queiramos parecer.

Olhando para trás, e “visitando” alguns dos 176 artigos que já escrevi, não sou capaz de identificar algo que tenha escrito e que hoje estaria tentado em corrigir. Errar, todos erramos e eu não fujo à regra, por mais que tudo faça para reduzir a frequência do erro. Por isso, não é difícil no meio de tantos artigos poder hoje identificar alguns erros. Quando a verdade e a consciência regulam os nossos pensamentos os erros servem como aprendizagem de vida e eu tenho aprendido com os meus erros, e porque não dizê-lo, com os erros dos outros também.

Pese ser escasso o tempo que a minha actividade profissional me dispensa, vou tentar cumprir mais um aniversário. Vamos ver se o consigo.

Desde a publicação do meu último texto (“Em nome de Portugal” de 20 de Março) muita coisa aconteceu: oficialmente o Governo “caiu” (será que alguma vez esteve de pé?) e os Portugueses bem tentam olhar para o seu futuro, mas ele é de tal forma cinzento que nada conseguem ver (até arrepia!).

Dizia eu há uns tempos que: “Começa a não ter “piada” vivermos numa sociedade onde não existem novidades e os acontecimentos, antes de acontecerem, já se conhecem. É tudo tão previsível que chega a “aborrecer”. (“Previsibilidade”, de 30 de Janeiro de 2011)

Quanto à demissão de Sócrates basta ler o que venho escrevendo aqui há muito sobre o facto do seu prazo de validade enquanto Primeiro-ministro ter há muito expirado. Embora tardio, já há muito era esperado.

Quanto à irresponsabilidade dos Políticos no que concerne à defesa dos seus interesses e dos Partidos que os “abrigam” em detrimento dos superiores interesses do País e de todos nós, já cansa tanto exemplo negativo e as melhoras só deverão passar quando os seus direitos e deveres foram iguais aos nossos. Até lá, mordomias… salários chorudos… reformas douradas antes do tempo normal para obtenção da reforma… imputabilidade nos seus erros… etc.

Até nem é segredo para ninguém a receita que o FMI irá acrescentar aos estrangulamentos que actualmente já nos foi imposto (será que ainda alguém duvida que já estamos a sentir a sua mão, por muito que os nossos governantes demissionários nos façam crer do contrário?): despedimentos na função pública; cortes no 13º mês e subsídio de férias; aumento do horário de trabalho; aumento de impostos; etc.

Durante anos os nossos governantes tudo fizeram para encerrar as lojas que vendiam canas de pesca e isco com os quais apanhávamos os peixes com que nos alimentávamos. Em troca, passaram a “empanturrar-nos”com peixes que pediam emprestado a outros apenas e só porque, uma vez que o seu futuro dependia do nosso voto, era imperativo que estivéssemos felizes por percebermos que outros se preocupavam connosco e com o nosso bem-estar. Hoje, quando já ninguém lhes empresta o peixe e nós, porque já não sabendo pescar, começamos a ser invadidos pela fome, tudo fazem para arranjar desculpas para conter a nossa revolta.

O que hoje todos sabemos é que no meio de tanta acusação existem duas certezas: quem nos governou ESTÁ MUITO BEM enquanto que nós, os desgovernados, ESTAMOS MUITO MAL.

Nas nossas mãos está a possibilidade de mudarmos o estado das coisas e o rumo de Portugal. Quem tem a receita mágica? Precisa-se com urgência uma nova ordem para Portugal!

Porque julgo pertinente, com a devida vénia, passo a transcrever um artigo publicado esta semana (Jornal Económico) pelo Dr. Bagão Félix.

A culpa de não haver PEC 4 é do PSD e do CDS. A culpa de haver portagens nas Scuts é do PSD que viabilizou o PEC 3. A culpa do PEC 3 é do PEC 2. Que, por sua vez, tem culpa do PEC 1.

Chegados a este, a culpa é da situação internacional. E da Grécia e da Irlanda. E antes destas culpas todas, a culpa continua a ser dos Governos PSD/CDS. Aliás, nos últimos 16 anos, a culpa é apenas dos 3 anos de governação não socialista.
A culpa é do Presidente da República. A culpa é da Chanceler. A culpa é de Trichet. A culpa é da Madeira. A culpa é do FMI. A culpa é do euro.
A culpa é dos mercados. Excepto do "mercado" Magalhães. A culpa é do ‘rating'. A culpa é dos especuladores que nos emprestam dinheiro. A culpa até chegou a ser das receitas extraordinárias. À falta de outra culpa, a culpa é de os Orçamentos e PEC serem obrigatórios.
A culpa é da agricultura. A culpa é do nemátodo do pinho. A culpa é dos professores. A culpa é dos pais. A culpa é dos exames. A culpa é dos submarinos. A culpa é do TGV espanhol. A culpa é da conjuntura. A culpa é da estrutura.
A culpa é do computador que entupiu. A culpa é da ‘pen'. A culpa é do funcionário do Powerpoint. A culpa é do Director-Geral. A culpa é da errata, porque nunca há errata na culpa. A culpa é das estatísticas. Umas vezes, a culpa é do INE, outras do Eurostat, outras ainda do FMI. A culpa é de uma qualquer independente universidade. E, agora em versão pós Constâncio, a culpa também já é do Banco de Portugal. A culpa é dos jornalistas que fazem perguntas. A culpa é dos deputados que questionam. A culpa é das Comissões parlamentares que investigam. A culpa é dos que estudam os assuntos.
A culpa é do excesso de pensionistas. A culpa é dos desempregados. A culpa é dos doentes. A culpa é dos contribuintes. A culpa é dos pobres.
A culpa é das empresas, excepto as ungidas pelo regime. A culpa é da meteorologia. A culpa é do petróleo que sobe. A culpa é do petróleo que desce.
A culpa é da insensibilidade. Dos outros. A culpa é da arrogância. Dos outros. A culpa é da incompreensão. Dos outros. A culpa é da vertigem do poder. Dos outros. A culpa é da demagogia. Dos outros. A culpa é do pessimismo. Dos outros.
A culpa é do passado. A culpa é do futuro. A culpa é da verdade. A culpa é da realidade. A culpa é das notícias. A culpa é da esquerda. A culpa é da direita. A culpa é da rua. A culpa é do complexo de culpa. A culpa é da ética.
Há sempre "novas oportunidades" para as culpas (dos outros). Imagine-se, até que, há tempos, o atraso para assistir a uma ópera, foi culpa do PM de Cabo-Verde.
No fim, a culpa é dos eleitores, que não deram a maioria absoluta ao imaculado. A culpa é da democracia. A culpa é de Portugal. De todos. Só ele (e seus pajens) não têm culpa. Povo ingrato! Basta! Na passada quarta-feira, a culpa... já foi.


LAPIDAR!!!

E agora, para terminar, mais uma notícia de pôr os cabelos em pé.

“Não é possível identificar com rigor, o universo fundacional relativo às fundações de direito privado, em virtude de as bases de dados existentes, estabelecidas pelas entidades com responsabilidades diversas neste universo, não serem, em geral, completas e fiáveis”. Esta é a principal conclusão de uma auditoria que o Tribunal de Contas (TC) realizou em 2010 para tentar identificar o número de fundações existentes em Portugal, em particular as de direito privado.

No que respeita à obrigatória declaração anual de informação contabilística e fiscal das fundações, independentemente do seu estatuto de utilidade pública, a auditoria do TC concluiu que “a DGCI apenas tem conhecimento das situações relevantes do ciclo de vida das fundações quando estas o declaram em sede de sujeitos passivos, evidenciando deficiente articulação com o RNPC e com as entidades competentes para o reconhecimento e acompanhamento dos diversos tipos de fundações”. “Também por esta razão, não há garantia do cumprimento das obrigações declarativas”, lê-se no relatório. Em sede de contraditório, a própria DGCI reconheceu que “o controlo da entrega de tais declarações declarativas de uma forma automática, face à latitude do universo de sujeitos passivos dispensados da obrigação, evidencia-se inviável (…) porque tal controlo seria fonte geradora de conflitos com os contribuintes que não teria como contrapartida expressão assinalável no âmbito das atribuições que são cometidas à DGCI”.
(“in” o Público de 29/03/2011)

SERÁ QUE ALGUMA VEZ CONSEGUIREMOS CONHECER OS CAMINHOS POR ONDE OS NOSSOS GOVERNANTES FIZERAM “CIRCULAR” O DINHEIRO DOS NOSSOS IMPOSTOS?

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