O Grupo de Independentes do Sardoal (GIS)
incumbiu-me da responsabilidade de proferir o discurso de abertura durante o
jantar de apresentação dos seus candidatos aos diferentes Órgãos Autárquicos que
irão ser sufragados nas próximas eleições autárquicas que terão lugar no
próximo dia 29 de Setembro.
Pela pertinência do assunto entendi interromper o
ciclo dos últimos 6 artigos que me havia proposto publicar aqui no “Trêsbicas”
e proceder à publicação do referido discurso uma vez que o alcance das minhas
palavras não se centravam apenas naquelas 100 pessoas (um pouco mais) que se
reuniram (e que voluntariamente pagaram o seu próprio jantar), no dia 19 de Julho de 2013, no Restaurante “as
3 Naus”, em Sardoal, mas iam muito para além daquelas paredes e tinham como
destino todos os Sardoalenses.
Porque não concordava com o “status quo” da política
do meu Concelho, entendi ajudar a criar com outros, uma alternativa às “máquinas”
dos Partidos. Se num Concelho com apenas 3.500 eleitores tal foi possível,
mesmo quando o PSD e o PS já se “chegaram à frente” e, ao que consta, CDS-PP e
CDU se prestam a fazer o mesmo, é caso para se dizer que: ou os Partidos tomam mais cuidado a escolher os seus candidatos ou
arriscam-se a sofrerem alguns “amargos de boca” no futuro (pelo menos ao
nível das Autarquias).
Eis o meu discurso:
Caras
e Caros Sardoalenses!
Caras
e Caros Amigos!
Na qualidade de
Co-fundador do Grupo de Independentes do Concelho do Sardoal (GIS) gostaria em
primeiro lugar de agradecer a vossa presença neste evento que representa a
conclusão da primeira etapa de um sonho que dois Sardoalenses, há cerca de um
ano, entenderam dar corpo.
No nascimento de
qualquer sonho, existe sempre uma razão que o suporta. No caso particular do
GIS foram duas as razões principais que lhe deram corpo, que a todos nos trouxe
aqui hoje e que a todos nos motivará num longo caminho que entendemos juntos
percorrer: a defesa dos nossos direitos, enquanto membros de uma comunidade a
que pertencemos, e o pensamento de alguém que, embora tendo vivido antes de
Cristo, nos recorda que a defesa desses direitos tem de passar obrigatoriamente
pelo exercício dos nossos deveres.
Foquemos então a
nossa atenção para a comunidade onde vivemos e questionemo-nos se os direitos
que cada um, e todos nós, temos em viver num pequeno território que dá pelo
nome de Concelho do Sardoal estão ou não salvaguardados. Não é preciso tomarmos
muito tempo para percebermos que esses direitos, a existirem, são uma pura ficção.
Não é por alguém
afirmar que no Concelho do Sardoal existe uma boa qualidade de vida que ela
realmente existe para toda a população. Penso que é inquestionável que alguns,
poucos, a tenham, mas ao tomar-se o todo pela parte não só se ilude a realidade
como a agrava.
A realidade é dura
demais para que a possamos ignorar ou encontrar respostas que a contradigam.
Não será estranho que a tal boa qualidade de vida que alguns apregoam não se
traduza na prática pela sua procura?
Cada ano que passa,
traz consigo a dura realidade de assistirmos ao decréscimo continuado da
população no Concelho do Sardoal e ao aumento progressivo da sua média etária.
Os censos de 2011
revelaram-nos que nesse ano o nosso Concelho já estava reduzido a 3.939
habitantes e que destes, 615 já tinham uma idade superior a 75 anos e quanto a
jovens com idade inferior a 14 anos eram, apenas, 481(!!!).
Se a isto juntarmos
o facto de que, por força de continuadas políticas erradas, o Concelho pouco ou
nada mais tem a oferecer a alguém, que numa idade activa procura trabalho, do
que um possível emprego na Câmara Municipal ou na Santa Casa da Misericórdia e
estas instituições, por muito grandes que possam ser, não podem admitir todos
aqueles que as procuram, não custa perceber que nos anos que aí vêm não haverá
quaisquer perspectivas de inversão deste ciclo de decrescimento e que a
tendência será o agravamento no decréscimo da população. E depois?
Para aqueles que,
como nós, vivemos e trabalhamos no Concelho, estes números não são novidade e
apenas pecam por estarem desactualizados ante a realidade.
Quantos daqueles
que constavam do tal número apurado dos 3.939 habitantes em 2011, não partiram
já para outras paragens ou, infelizmente, para a sua última morada e os que
entretanto nasceram não foram capazes de compensar?
Olhemos à nossa
volta e o que vemos? NADA!
Questionem-se: Se
alguém vos pedisse para lhes mostrarem o Concelho o que é que teríeis todo o
gosto em mostrar?
- Uma Zona
Histórica abandonada à sua sorte?
- Uma Zona
Industrial que de “Zona” tem tudo, mas de “Industrial” não tem nada?
- Uma Barragem que
foi inaugurada há 10 anos que por estar rota desde a sua construção, não pode
reter mais do que 20% da sua capacidade?
- Um Centro
Cultural que ano após ano, dado o seu subaproveitamento tem-se revelado um
autêntico elefante branco?
- As fachadas das
nossas Igrejas e Capelas?
Todos sabemos como
foi possível chegar aqui.
A
democracia é uma palavra bonita que de 4 em 4 anos ouvimos em cada esquina do
nosso Concelho, mas que depois, a ganância do poder pelo poder, depressa apaga
dando lugar a uma ditadura em que o medo faz lei.
E
assim o poder se conserva não por obra feita por uns quantos, mas pela eficácia
do medo infligido a outros.
É
tempo de dizermos: BASTA!
É tempo do destino
do Concelho deixar de fazer parte de um jogo entre Partidos, cuja selecção dos
seus jogadores se faz mais numa lógica de interesses corporativistas e pessoais
do que na defesa dos reais interesses para os quais são eleitos por todos nós.
Como se compreende
que o governo de um Concelho se possa centrar exclusivamente nas mãos de alguém
que pertencendo a um certo clube onde a admissão de sócios é restrita, é eleito
por dois ou três dos seus pares, não pela competência que possui em bem servir
o Concelho, mas pela garantia que revela em melhor servir os outros membros do
clube a que pertence?
É
tempo de dizermos: BASTA!
E assim se
compreende que quem é eleito apenas governe a favor de uns poucos e que quem é
eleito para fazer oposição não sinta as verdadeiras dificuldades de quem é
governado não só porque vive e trabalha muito longe dessa realidade, mas também
porque a perda de protagonismo dentro do clube a que pertence desaconselham a
cedência de tais atribuições para outros potencialmente mais habilitados. ´
E não é isto que o
PSD e o PS do Sardoal nos querem impor de novo a todos nós? Será que os seus
candidatos não deram já provas que nunca serão a solução, mas farão sempre
parte do problema?
Um passou 4 anos a
lavar as mãos e a atirar as culpas dos fracassos para as costas do "chefe" sem
nunca se demarcar das suas posições porque em matéria de defesa de interesses,
os seus sobrepunham-se claramente aos do Concelho. Como não convinha hostilizar
quem poderia comprometer tais interesses, nada melhor que concordar pela frente
o que se discordava nas suas costas e esperar que o tempo passasse depressa.
Ei-lo agora a
prometer confiança no futuro! Que futuro? O dele ou o nosso?
Pela forma como
soube capaz de ignorar os interesses do Concelho durante estes anos será difícil
acreditar que o futuro que fala seja o nosso.
O outro, pouco mais
fez do que assobiar para o lado. Residindo e trabalhando a cerca de 150 Km do
Sardoal revelou-se nestes 4 anos como um autêntico “toca e foge”, a ver pelo
tempo que por cá ficava quando era “obrigado” a tal.
Alguém consegue
perceber que encontrando-se o Concelho numa verdadeira encruzilhada haja
reuniões quinzenais do Executivo Municipal que durem 15 ou 20 minutos (!!!) e a média das reuniões ronde os três quartos
de hora (!!!), conforme se pode confirmar pelas reuniões realizadas nos
primeiros 6 meses deste ano?
Quem nos garante
que caso fosse governo, o candidato do PS não continuaria a adoptar a táctica
do “toca e foge”?
Quando um governo é
fraco e a oposição a ele não existe, o resultado final só pode ser o pior
possível. EIS O CONCELHO DO SARDOAL!
Com toda a amizade
e estima pessoal que eles a todos nós nos merecem, que mais poderemos esperar
senão eles continuarem a dar prioridade aos seus interesses pessoais e dos clubes
a que pertencem?
É
tempo de dizermos: BASTA!
Platão que viveu
uns séculos antes de Cristo nascer, dizia: "O
PREÇO A PAGAR PELA TUA NÃO PARTICIPAÇÃO NA POLÍTICA É SERES GOVERNADO POR QUEM
É INFERIOR"
Para percebermos o alcance destas palavras
basta olharmos á nossa volta e fixarmos os nossos olhos no nosso Concelho, e
pensarmos que toda a incompetência que ao longo dos anos por aqui fez carreira
se deveu em grande medida às mordaças que foram impostas a todos nós, por quem
era efectivamente inferior, cultivando a nossa divisão e valendo-se da força do
medo para impor a força de uma razão que nunca teve.
E o que fizemos?
Voluntariamente aceitámos essas mordaças,
colaborámos na cultura da nossa divisão e nada fizemos para as rejeitar.
Pela primeira vez na história do Sardoal
cerca de 10% dos seus eleitores decidiram romper as amarras do medo e, hoje e
aqui, dizem: BASTA!
Eis o GIS, um grupo de Mulheres e Homens
Sardoalenses que empunhando uma só bandeira, a bandeira do seu Concelho, se
recusa aceitar a História que outros pretendem escrever e que é uma História
onde se fala do sucesso de alguns, muito poucos, e onde o insucesso de toda uma
comunidade é apagado, porque deles nunca trata a história.
É chegada a hora
de reescrevermos a História de um Concelho que é de todos nós e que dá pelo
nome de SARDOAL.
Um grande bem hajam para todos os mais de 300
eleitores do Concelho que responderam ao nosso apelo e tornaram possível
estarmos aqui hoje a projectarmos uma nova esperança para o Concelho do
Sardoal.
Obrigado a todos!
VIVA O CONCELHO DO
SARDOAL!
VIVA O GIS!
(P.S. Por decisão própria decidi não fazer parte da
lista do GIS, uma vez que o meu tempo na política activa “já passou” e é tempo
de dar a vez a outros.)
(No Próximo artigo: “ Festas e Bolos ”)
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