O Concelho do Sardoal está prestes a despedir-se de
quem foi seu “mestre de cerimónias” durante os últimos 20 anos.
Não tenho qualquer espécie de dúvidas que serão muito
poucos os que sentirão alguma "emoção" na hora da sua despedida. E a resposta é
simples para tão parcas emoções: consegue deixar um Concelho mais endividado do
que aquele que encontrou em 1993, sem estruturas que permitam augurar um futuro
próspero para todos aqueles que vivem no interior das suas fronteiras , os
quais, passados estes 20 anos, são menos (4.430 habitantes nos Censos de 1991 e
3.941 habitantes nos Censos de 2011) e com uma média etária muito mais elevada e tudo isto num tempo em que fazer obra, para outros mais tarde pagarem, já acabou.
Logo…
Para os mais distraídos e para aqueles que nunca
pisaram estas terras, o mais lógico é que se equacionem do porquê de alguém que,
pouco ou nada tendo feito, foi capaz de garantir o seu poder através do voto nas
urnas durante cinco consecutivas eleições autárquicas. Utilizando uma linguagem
popular, consegui-o “sem espinhas” e consegui-lo-ia por mais outras cinco, não
fora a lei de limitação de mandatos lhe “travar” agora o passo. (Em 2005 eu
próprio experimentei o “peso” do seu poder e também eu fui “derrotado”.)
A receita para tão grande sucesso é simples: Educa
uma sociedade e fá-la sentir que só em ti reside a solução para os seus
problemas, ao mesmo tempo que a controlas, a divides, a distrais e a confundes e o poder
dificilmente te escapará.
A história está repleta destes exemplos. Para
aqueles que ainda chegaram a viver no tempo da denominada “outra senhora” é
fácil lembrarmo-nos que Salazar só foi “parado” pela velhice e por uma queda de
uma cadeira.
A fome e a miséria do Povo Português, a PIDE, a
Mocidade Portuguesa, o Futebol, o Fado, Fátima e os “perigos” que representavam
para a Pátria as ideologias comunistas (os tais que "comiam criancinhas ao
pequeno almoço") e a propaganda elogiando as vestes de um rei que ia nu, foram os ingredientes que suportaram e garantiram todo o seu
poder entre 1933 e 1968. Os que quiseram ocupar o lugar vago por si deixado
ainda o conseguiram por mais 6 anos, mas sucumbiram naturalmente quando a força
da razão foi capaz de vergar a razão da força.
Se este “cocktail do poder” não é difícil de
perceber por qualquer um, muito menos o foi por parte de alguém que (fazendo fé
nas notícias publicadas em jornais à época: Correio de Abrantes e Nova Aliança) há cerca de 42 anos se iniciou nas
lides autárquicas enquanto Presidente da Junta de Freguesia de Sardoal
(eleições em 17 de Outubro de 1971) e alguns meses mais tarde (Fevereiro de
1972) foi nomeado Presidente da Comissão Administrativa da Casa do Povo de
Sardoal. E sobre o tempo em que exerceu as funções de Presidente da Junta de
Freguesia de Sardoal pouco se sabe a não ser que, em 8 de Dezembro de 1973
quando o Concelho do Sardoal decidiu homenagear o Dr. José Ferreira Arêlo Manso,
o seu nome figurava na Comissão promotora do evento, enquanto... Presidente da
Junta de Freguesia de Sardoal.
Diante de tal historial poderá concluir-se que a
revolução dos cravos veio interromper o seu “passo político”. Quando a
oportunidade surgiu, só teve de se tornar militante de um partido do poder e
alternativo ao partido instalado no Concelho e esperar que o tempo passasse e
outros “apagassem” das suas memórias o seu percurso inicial na política. Em
1989 quando o governo local socialista já parecia soçobrar, nada melhor que
reentrar na política enquanto número dois na lista do PSD á Câmara. Sendo
eleito vereador, só teve de esperar mais um pouco que o tempo continuasse a correr e o poder lhe “voltasse a cair no regaço”. E em 12 de Dezembro de 1993 caiu mesmo.
Porque o reforço do poder em democracia requer tempo
e exercício, nada melhor que voltar a pegar no menu que descreve o tal “cocktail
do poder” que tão bons resultados deram outrora a outros e pô-lo em prática, “ajustando-o”
apenas aos tempos “modernos”.
Posto isto, e porque julgo pertinente dever dar o meu contributo para a história que um dia se fará de alguém que depois de conduzir(?) os destinos de um Concelho durante 20 anos, não deixa qualquer tipo de saudades aos seus concidadãos (que continuadamente o elegeram e que, não fora uma lei lhe ter "interrompido" os seus passos no caminho do poder, outros mandatos o esperariam enquanto Presidente da Câmara Municipal do Sardoal), tentarei descrever nos próximos artigos o "cocktail" que lhe garantiu tal poder. Um "cocktail" que descreve como o "vício" por "festas e bolos" é capaz de transformar "formigas diligentes" em "cigarras obedientes".
Agora que o "mestre de cerimónias" se retira e as "festas e bolos" já escasseiam para tão grande exército de "cigarras" a luta pelas "sobras" revela-se titânica porque... QUEM UMA VEZ FOI CIGARRA TUDO FARÁ PARA QUE JAMAIS VOLTE A SER FORMIGA.
Posto isto, e porque julgo pertinente dever dar o meu contributo para a história que um dia se fará de alguém que depois de conduzir(?) os destinos de um Concelho durante 20 anos, não deixa qualquer tipo de saudades aos seus concidadãos (que continuadamente o elegeram e que, não fora uma lei lhe ter "interrompido" os seus passos no caminho do poder, outros mandatos o esperariam enquanto Presidente da Câmara Municipal do Sardoal), tentarei descrever nos próximos artigos o "cocktail" que lhe garantiu tal poder. Um "cocktail" que descreve como o "vício" por "festas e bolos" é capaz de transformar "formigas diligentes" em "cigarras obedientes".
Agora que o "mestre de cerimónias" se retira e as "festas e bolos" já escasseiam para tão grande exército de "cigarras" a luta pelas "sobras" revela-se titânica porque... QUEM UMA VEZ FOI CIGARRA TUDO FARÁ PARA QUE JAMAIS VOLTE A SER FORMIGA.
(No Próximo artigo: “ Não á concorrência á CMS!” )
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