Em vésperas de conhecermos as “linhas” que nos iremos “cozer” para os próximos anos, a nossa postura diante do seu conhecimento é de uma indiferença tal que deverá surpreender certamente os “criadores” dessas linhas. Enquanto não for conhecido o conteúdo da “embalagem”, nada como continuarmos a agir do modo como sempre agimos independentemente de pensarmos que os caminhos que utilizámos e continuamos a utilizar estão completamente errados.
Ao longo destes 37 anos de democracia, os políticos portugueses sempre privilegiaram o seu sucesso financeiro e pessoal em troca do futuro dos portugueses. O segredo desse sucesso tem sido simples: dizer aos portugueses aquilo que eles querem ouvir e nunca, mas mesmo nunca, aquilo que deveriam ouvir.
Entre alguém que nos promete dar um presente (que sabemos que não consegue cumprir) e um outro alguém que se recusa prometer tal presente porque assumidamente diz não ter condições para cumprir, o nosso primeiro impulso é rejeitarmos, de imediato, o último. A razão é simples: porque de um povo esforçado e trabalhador, tornámo-nos num povo que busca permanentemente a facilidade e o ócio. E é essa busca constante pela facilidade e pelo ócio que faz com que aceitemos com toda a naturalidade que um bom político é aquele que melhor nos poderá servir, independentemente do seu carácter e conduta. Alguém se lembra do impacto de sucesso que teve a célebre frase, de um então Presidente da República, de que “… há mais vida para além do défice!”. Hoje, afogados que estamos no défice, dá para perguntar: – Vida… para quem?
Se dúvidas ainda restassem quanto ao ponto a que chegámos, o facto da esmagadora maioria dos portugueses (86,7%), e de acordo com a sondagem da Marktest realizada há cerca de 2 semanas, identificar o primeiro-ministro como o principal responsável pela crise em que nos encontramos, como é possível que, mesmo assim ainda haja quem o leve a sério? Não é que o homem voltando a prometer-nos o Céu quando todos percebemos que, dali, apenas se espera o Inferno, ainda é aplaudido por mais de 30% dos portugueses e alguns seus camaradas não se coíbem até de o tratar enquanto “nosso (deles) querido líder”?
Como é que alguém que governou Portugal nos últimos 6 anos, 4 dos quais fazendo o que queria (maioria absoluta), ousa apresentar, agora, propostas que, segundo ele, serão as únicas capazes de nos tirar da maior crise financeira e económica de que há memória? Porque não o fez antes? O que o impediu? A resposta é simples: o homem é um artista na arte de bem vender. Se dúvidas ainda restassem, só alguém com tal perfil seria capaz de, a poucos minutos de revelar ao País a necessidade de ter de pedir a ajuda externa, que sempre rejeitou, estar mais preocupado com a sua imagem face aos ângulos das câmaras que estariam apontadas para si naquela hora de “tragédia Nacional” do que as consequências directas da sua intervenção. Ainda hoje me admiro como é que conseguiu conter as lágrimas e os soluços enquanto saltava de teleponto em teleponto. Acredito que da mesma forma que conseguiu vender (?) alguns Magalhães ao seu amigo Chávez, a sua veia de vendedor torná-lo-ia um empresário de sucesso quer vendendo gelo no Pólo Norte, quer areia no deserto do Saara.
Eu sei que as estruturas dirigentes partidárias se regulam por estratégias e compromissos, por vezes difícil de perceber para quem está de fora, mas o que é que um Partido com a dimensão do PS consegue ver em José Sócrates que a esmagadora maioria dos Portugueses não vê, por mais que não se canse de esfregar os olhos? Talvez aqui resida um outro mal que nos invade: Para os Portugueses não interessa a forma como atingimos a vitória. Se a este defeito juntarmos o facto de não conseguirmos, também, aceitar uma derrota, tal combinação torna-se explosiva.
A saída para evitarmos que a saga da nossa desgraça continue, não reside apenas na capacidade dos outros Partidos se poderem agora revelar diferentes, mas tão só na disponibilidade em mudarmos os nossos próprios comportamentos enquanto cidadãos responsáveis pela construção de uma sociedade mais justa, onde os nossos direitos e deveres se equilibrem e as futuras gerações não tenham de pagar por erros por outros cometidos antes mesmo de nascerem.
Para isso torna-se imperativo que eliminemos definitivamente todos os encantadores de serpentes e vendedores de banha da cobra cujas “mesinhas” nos têm atirado para um pântano onde areias movediças nos impedem de caminhar e onde basta respirar para nos afundarmos. Os Partidos são um mal necessário uma vez que sem eles a Democracia não existe, mas será que eles não poderão ser um pouco mais transparentes e dispensarem todos os vendedores de banha da cobra que se acoitam à sombra das suas bandeiras? Não seriam mais os ganhos que as perdas?
Estou cansado de vendedores de banha da cobra! Serei o único? Creio que não.
Cara ou Coroa
No Cara ou Coroa de hoje, volto a olhar para o meu Concelho e, à imagem do meu País, os sinais que vou colhendo enquanto simples Munícipe, não são os melhores. Não se vislumbra qualquer sinal de mudança real. Os anos vêm… os anos vão… e em matéria de inversão da desertificação e capacidade geradora de riqueza, os sinais, a existirem, são de tal modo ténues que permite afirmar que, simplesmente, não existem.
Se do lado do Governo do País não existe qualquer preocupação em procurar-se alternativas no sentido de se reduzir a importância do peso do endividamento público na satisfação das necessidades financeiras do País, do lado do Governo Local, também não parece haver qualquer preocupação em se reduzir a importância do peso das transferências por parte do Governo Central diante das necessidades financeiras do Concelho. O primeiro quando não tem, pede emprestado ao estrangeiro e no futuro alguém (nós… os nossos filhos… até já os nossos netos!) que pague. O segundo apenas dança com a música que o primeiro lhe dá. Hoje faz-se o que se pode e é no amanhã que os problemas se solucionarão.
Não conheço os resultados financeiros obtidos pela Autarquia Sardoalense durante o ano de 2010, mas não será difícil prever a existência de uma elevada dependência aos duodécimos (transferências correntes e de capitais promovidas mensalmente para as contas da Autarquia, a qual poderá ser superior a 75% da totalidade das receitas) e uma fraquíssima liquidez após cumpridos os seus compromissos principais (encargos com o pessoal e com a banca) que condiciona fortemente o cumprimento de dívidas a terceiros pendentes e o exercício normal da actividade Autárquica.
As novas medidas de austeridade que a Troika (FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia) a todos nos irá impor, não deverão traduzir-se, seguramente, por um acréscimo do valor dos duodécimos mensalmente transferidos. Assim, os tempos que poderão vir cá para as “bandas” dos Sardoalenses não deverão ser os melhores. Duas opções restam a quem zela por nós: ou continuam a acomodar-se e esperam pacientemente que um milagre económico aconteça (só acredita em milagres, quem tem Fé e não é por muito bater com a mão no peito que a Fé se conquista) ou arregaçam as mangas e vão à luta.
Até este momento, as únicas mangas arregaçadas que vislumbro tratam de festas, passeios, comes e bebes, como se o amanhã não existisse e o importante apenas fosse o dia de hoje. O importante é o amanhã porque o hoje é efémero. Será que este continuo adiamento não nos irá trazer alguns amargos de boca num futuro próximo?
Para quando por parte dos nossos governantes uma postura mais proactiva em matéria de produção de riqueza que não apenas a gerada pelos dinheiros públicos colocados à sua disposição? Cara ou Coroa? COROA!
A vida já nos mostrou que uma Oposição Fraca, é capaz de tornar Fraco, Forte Governo, ou, pior ainda, validar Fraco Governo. Vem isto a propósito dos sinais que os Partidos que gerem o meu Concelho (PSD no governo e PS na oposição) transmitem através das suas Sedes separadas entre si de 50-60 metros.
Para qualquer “desalinhado político” enquanto uma é capaz de transmitir indiferença, a outra não consegue passar despercebida. Fixemo-nos nas bandeiras hasteadas como hoje as encontrei e comparemo-las.
Que pensamentos poderemos ter diante da bandeira do Partido Socialista. Será desleixo? Será propositado? O que será? COROA!
domingo, 1 de maio de 2011
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