Por muitos argumentos que possamos invocar para a continuamente contrariar, todos nós, Portugueses, temos uma atracção muito especial pelo leite da vaca. E a nossa atracção é tal que quanto mais leite a vaca nos der, mais felizes ficamos e como a felicidade não tem limites está bom de ver sobre a quantidade de leite que pretendemos que a vaca nos dê.
E tudo até poderia estar bem não fosse dar-se o caso dessa atracção apresentar um vício de forma: QUANTO MAIS GOSTO DO LEITE, MENOS GOSTO DA VACA!
E é nesta relação de amor e ódio entre o leite e a vaca que definimos os nossos objectivos de vida. Assim, os outros que se preocupem com a alimentação da vaca e limpeza da sua bosta, porque eu, se apenas quero o seu leite, apenas me bastará pegar num tacho e, a bem ou a mal, enchê-lo do material precioso. Quanto maior for a minha astúcia, maior será o meu tacho, e quanto maior ele for, menor será o meu trabalho para o encher, delegando noutros o papel da ordenha.
- Então, e qual é o papel do dono da vaca? – Perguntará alguém menos atento à nossa realidade.
- Esse… É um sortudo! As vaquinhas “desenrascam-se sozinhas”. Dêem-lhes um robot, um campo verdejante e meia dúzia de rolos de papel higiénico que elas encarregar-se-ão de ceder gratuitamente o leite que o seu dono quiser. Ele será tanto que temos de o “ajudar” não vá o leite “coagular” e “estragar-se”! – Apressar-nos-emos a responder.
Exemplos não nos faltam. Que o diga o nosso PR quando em Outubro de 2008, durante uma visita a uma exploração agrícola, também não se conteve e afirmou: “- Fiquei surpreendido por ver como as vacas avançavam uma a uma e se encostavam ao robot, sentindo-se deliciadas enquanto este realizava a ordenha!”. Mais tarde, em 21 de Setembro de 2011, ao visitar a Vila de Santa Cruz da Graciosa nos Açores, foi também “incapaz de conter o fascínio” que lhe causaram algumas vacas no dia anterior e não se coibiu de afirmar: “- Ontem eu reparava no sorriso das vacas, estavam satisfeitíssimas olhando para o pasto que começava a ficar verdejante”.
E como o exemplo vem de cima toca a organizarmo-nos sobre como melhor tirar partido do leite da vaca, não vá ele estragar-se, nem que para isso tenhamos de criar sindicatos para zelarem pelos nossos direitos e impedir por todos os meios, possíveis e imaginários, que o dono da vaca nos possa impedir de colocarmos a nossa vasilha ou o nosso tacho debaixo das tetas da vaca.
Vem isto a propósito da postura das organizações sindicais e partidárias diante da necessidade de se alterar a lei laboral em Portugal. Os tempos mudaram e há quem se recuse a acompanhar essa mudança. Os tempos de abundância e onde tudo nos era permitido… terminou!
A sobrevivência de Portugal estará na nossa capacidade em transferirmos o centro das nossas prioridades estratégicas deslocando-o do sector público para o sector privado. A capacidade financeira das empresas privadas está no limite entre a elasticidade e a plasticidade. O mais pequeno gesto irresponsável que alguém pretenda promover junto dessas empresas poderá ser o seu fim e de todos aqueles que dela dependem. O “combate” ao POUCO poderá resultar no NADA, porque a “bóia” Estado não chega para todos. Nesse dia, conforme o ditado popular, “por mais que torçamos a orelha, ela já não verterá sangue”.
E é nesta luta do “salve-se quem puder” que diariamente continuamos a assistir a cenários que julgávamos não voltar a presenciar e que nos “revolvem as entranhas”. Às vezes até preferíamos desconhecer tão incómodo elas se tornam. Falo das nomeações que o Governo para o qual dei a chancela do meu voto tem feito, desde que por mim e por outros foi eleito.
Quando olho para o vasto conjunto de nomeações e vejo que 14 “especialistas” têm uma idade compreendida entre os 24 e 25 anos e outros 15 “especialistas” apresentam uma idade entre 26 e 29 anos pergunto-me que “fenómenos” são estes e por onde andavam.
- Que Universidades frequentaram que foram capazes de os dotar de tão distinta sabedoria científica que os classifica enquanto tal e que se tornam a tal ponto imprescindíveis para o sucesso do Governo que são principescamente recompensados financeiramente?
Devem de ser muito especiais, estes “especialistas”, porque conseguem contrariar a tese de que após o conhecimento da teoria faltará a prática da vida para a compreender e utilizar. Eu não quero crer que estamos todos diante de uns “boys” e “girls” laranjas e azuis muito bonitinhos e arrumadinhos que pela facilidade em enviarem mensagens de telemóvel em tempo record e incapazes de dizer não a quem lhes fornece o tacho para o porem debaixo da teta da tal vaca, merecem tal estatuto social e remuneratório. Ou será que estamos e eu apenas não quero crer?
Tenhamos juízo e organizemo-nos!
Cara ou Coroa
Para os que de longe querem saber notícias do Sardoal o que hoje aqui tenho para dizer nem é bem, nem mal: os dias passam uns atrás dos outros e... quanto ao futuro... logo se verá.
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
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