domingo, 21 de setembro de 2008

As Festas do Concelho do Sardoal

Amanhã, dia 22 de Setembro, o Município de Sardoal comemora o 477º aniversário da elevação do lugar do Sardoal a Vila.

Para relembrar o longínquo dia de 22 de Setembro de 1531, a Autarquia Sardoalense decidiu promover, uma vez mais, um conjunto de iniciativas que se prolongam entre os dias 19 e 22 de Setembro, intituladas de Festas do Concelho.

Desde que tomei posse como Vereador da Autarquia em Novembro de 2005, sempre me abstive de aprovar os Programas das Festas apresentadas pelo Presidente durante as reuniões do Executivo Municipal e sempre me contive em comentar o sucesso ou insucesso das mesmas.

De entre as várias razões porque o não faço, é porque entendo que os ovos que são entregues aos organizadores directos das Festas não chegam para as omoletas que lhes são pedidas. Os ovos que lhes faltam têm de ser gastos noutros doces, ainda que para estes só seja aproveitada a gema enquanto a clara é atirada para um qualquer esgoto.

Julgo não haver qualquer tipo de dúvida por parte de qualquer Sardoalense um pouco mais atento que o figurino das Festas do Concelho, tal como vem sendo implementado, precisa de mudanças. Todos somos necessários para darmos o nosso contributo apresentando propostas que possam contribuir para uma maior valorização das Festas do nosso Concelho.

Não resisto à tentação de aqui dar o meu contributo inicial, suscitando uma questão que julgo ser pertinente:

- Quem deverá explorar os designados “comes” e “bebes” das Festas?
- Serão as Associações?
- Serão todos aqueles que desenvolvem tal actividade durante todo o ano?
- Serão os particulares que, a coberto de um regime de isenção fiscal, decidem, durante estes três ou quatro dias, obter alguns dividendos adicionais?

Senão vejamos…

- As Associações, para poderem dar resposta às solicitações dos seus associados e levarem a cabo os seus projectos associativos, obrigam os seus dirigentes a travarem uma luta titânica para poderem suprir as profundas debilidades financeiras que se lhes deparam. A saída, na maioria das vezes, é bater à porta da Autarquia. Raras vezes os pedidos são aceites, porque a própria Autarquia também se debate, ainda que a, outro nível, com as mesmas dificuldades. As Festas do Concelho têm potencialidades que permitem às associações amealhar algumas verbas para mais tarde utilizarem. Talvez por ser mais fácil receber o peixe da mão de alguém do que o ir pescar são poucas as que aproveitam esta oportunidade que o Município anualmente concede.

- Os empresários do ramo hoteleiro e similares têm sido estóicos resistindo à crise que grassa num Município que é sujeito a uma dupla crise, que há muito perdura: nacional e local. O fim do mês chega mais depressa e há necessidade de pagar a fornecedores, impostos e salários. As ondas humanas que “desaguam” todos os anos nas Festas, são uma oportunidade de ouro para esses empresários criarem alguns “balões de oxigénio” que lhes permitam resistir às contrariedades empresariais de uma débil conjuntura económica.

- Quanto aos particulares são variadas as motivações que os possam levar a tirar dividendos económicos dos “comes e bebes” na altura das Festas. Dispenso-me de apreciar essas motivações e só me ocorre formular uma questão: -Porque não optam por essa actividade comercial durante os outros 361 dias do ano e apenas decidem fazê-lo durante estes quatro dias?

Mesmo que isto possa ser entendido como politicamente incorrecto o meu pensamento nesta matéria é que neste barco só cabem os pescadores das Associações e os profissionais do ramo hoteleiro e similar.

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