sábado, 31 de agosto de 2013

A "Oposição"

Para quem conquista um poder ante outro que o perdeu, não é fácil ser-se oposição quando antes se foi poder. E foi isso que aconteceu no Sardoal durante o mandato de 1993-1997. De um lado havia um "estado de graça" e do outro um "estado de desgraça". Tudo o que pudesse ser dito em desabono de quem vivia o "estado de graça" era “remar” contra a corrente, por mais razões objectivas que tivesse. A “moda” era “bater” no legado deixado pelo anterior executivo, logo… “coitada” da oposição no Sardoal.

Só a partir de 1997 é que algumas “vozes” se começaram a ouvir pela "calada da noite", mas que o medo as logo emudecia quando o Sol nascia no dia seguinte.

Pode-se disfarçar uma vez, mas não se podendo disfarçar sempre, a solução encontrada por FCM foi criar um sistema de propaganda que pudesse elogiar as vestes do rei mesmo que ele estivesse nu. E o sistema funcionou em pleno! Basta desfolhar os boletins municipais desde 1999:

http://www.cm-sardoal.pt/pt/conteudos/publicacoes/Boletim+Municipal/

e, porque não, reler um artigo que um Jornal Regional publicou em 30 de Abril de 2003 que até hoje (porque ámanhã é "outo dia")  me conseguiu levar ás lágrimas, não sabendo contudo se por rir ou se por chorar:

http://dossiers.omirante.pt/noticia_dos.asp?idgrupo=79&IdEdicao=73&idSeccao=700&id=3745&Action=noticia

Por outro lado, se a oposição pode “atrapalhar”, nada como inventarem-se histórias em torno de quem a lidera. Desde serem gente que ou têm um passado “cinzento” ou têm sede de poder, ou são uma “cambada de incompetentes”, etc., tudo vale para infligir medo na população sobre o que poderá representar o poder mudar para "mãos" de outros.

A este propósito não resisto a contar um episódio: Nas eleições autárquicas de 2005 em que eu concorria á presidência da câmara, enquanto independente nas listas do PS, no dia denominado de “reflexão” (as eleições iam ter lugar no dia seguinte e de acordo com a lei é proibida qualquer acção de campanha) estando eu em “tarefas de jardinagem”, o meu telemóvel nunca parou de tocar durante todo o dia recebendo informações dando conta que o meu adversário continuava no“terreno” a apelar ao voto e que estava a circular pelo Concelho o boato de que, caso o Fernando Morais "ganhasse" a câmara, a sua primeira medida seria retirar os transportes escolares dos alunos residentes nas aldeias. (Sem comentários!)

Na relação entre o poder e a oposição não interessa quem é o portador da verdade. Por mais absurda que seja a decisão tomada o que realmente conta é o peso de quem a defende. "Não faltava mais nada que alguém que detém 3 ou 4 votos num executivo de 5, possa aceitar de “ânimo leve” que outros que detêm apenas 1 ou 2 votos lhes digam que estão errados". Ao longo destes 20 anos muitas foram as decisões tomadas que se tornaram (e muitas delas ainda se tornam) lesivas para os interesses de todos os habitantes do Concelho do Sardoal pese todo o esforço desenvolvido pela oposição em as contrariar.

Durante os 3 anos em que “liderei” a oposição no Executivo Municipal não tive qualquer problema em aprovar propostas que julgava positivas e reprovar outras, mesmo sabendo que neste caso, independentemente de todos os argumentos por mim invocados sobre o erro que seria a aprovação dessas propostas, a sua aprovação era irreversível. De entre os vários casos, lembro-me como o Tribunal de Contas me deu razão por ter reprovado as prestações de contas de 2006, 2007 e 2008 (aprovadas pela Câmara e Assembleia Municipal); lembro-me de um caso em que a Câmara queria colocar funcionários da autarquia ao serviço de particulares (embora a proposta tivesse sido aprovada em reunião de câmara o movimento popular que se criou posteriormente impediu a sua aplicação) e, por fim, aquela que se está a  confirmar naquilo que na altura eu próprio já designava por “o pior negócio da vida dos quase 500 anos do Concelho do Sardoal” e que tem a ver com a adesão do Município ao Sistema Multimunicipal das Águas do Centro (AdC).

Para se ter uma ideia muito ligeira do negócio em presença (o tal "Negócio da China" que há uns anos aqui escrevi no "Trêsbicas"), imaginemos que durante 30 anos a população se mantinha inalterada (para alguém que "sai", existe logo outro alguém que "entra") só pelo sistema em alta do abastecimento de água ao concelho, a Câmara comprometeu-se a pagar à AdC, no mínimo, o equivalente a 8,3 m3 de água por cada habitante (do Concelho do Sardoal) e por mês. Se não consumiu, consumisse. Se consumiu a mais, paga o que consumiu. Pois bem, isto quer dizer que só da minha casa a CMS comprometeu-se a pagar à AdC 24,9 m3 de água, por mês e durante 30 anos. Se a média mensal de consumo de água da minha casa ronda os 6 e os 8 m3 e a população do Concelho do Sardoal cada vez é menor e que todo o sistema em baixa (redes de distribuição) é da responsabilidade exclusiva da Autarquia, dá para imaginar os danos que este negócio irá provocar (já provoca) aos débeis cofres da Autarquia Sardoalense ao longo da duração deste contrato. E a história não se circunscreve apenas à água, já que quando chove, a entrada das águas da chuva no sistema de rede de colectores doméstica é tratada como se de esgoto doméstico se tratasse e por cada metro cúbico que entre numa ETAR deverá ser pago como tal. Ora sabendo-se que quando chove, as ETAR´s são capazes de receber mais águas pluviais do que domésticas, é só fazer-se as contas. Etc... Etc... Etc...

E no conhecimento de todos os erros grosseiros o que é que foi feito? NADA! Aprovou-se e depois logo se vê, porque ”… o senhor presidente não mente e se ele diz que este negócio é bom para o Concelho é porque é!”

Muitas são as histórias que se poderiam contar (e que no futuro por certo se contarão) sobre o que foram os 20 anos do governo de alguém que para alimentar o apetite voraz do seu ego próprio foi capaz de deixar um Concelho pobre e sem esperança para todos aqueles que pretendam conquistar o seu futuro no interior das suas fronteiras.

Falar-se-á por exemplo que a "cultura permanente de se contradizer" foi a sua melhor arma e que poucos foram os que a conseguiram denunciar e rebater. (Quando um dia alguém tiver a "paciência" de ler com muita atenção todas as actas das reuniões, da Câmara e Assembleia Municipal, que se realizaram ao longo destes últimos 20 anos, vai descobrir incontáveis ditos e "desditos" que reforçam o meu pensamento. Quando "apertado" por um facto que o incomodava, o importante era "salvar-se" o momento nem que para o efeito se tivesse de inventar "qualquer coisa". O pior era quando esse facto se renovava e já se haviam esquecidos os "argumentos" que antes se haviam formulado.)

Falar-se-á também porque é que falhou a oposição institucional. (Porque estudar os dossiers dava muito trabalho e "consumia" muito tempo, a oposição optava por "jogar o seu jogo", esquecendo-se que na hora de se saber qual a cor mais bonita, se o branco se o preto, ela recairia sempre para o lado de quem detinha efectivamente o poder. Recordo como fui acusado pelos "meus (?) pares" durante os 3 anos que fui Vereador que eu era demasiado "matemático" e pouco ou nada "político". Uma vez que o "rigor" era o campo que FCM mais detestava (fugia dele como o diabo da cruz, porque estudar os dossiers nunca foi o seu forte) era para aí que FCM deveria ser trazido para o debate político. Depois de mim, a "oposição institucional" voltou a "jogar no seu campo" dando-se ao "luxo" de envolver no debate político local as fraquezas dos governos da Nação, num claro diálogo entre rotos e nús. Moral da história:, no confronto entre FCM e o PS poderá dizer-se que o primeiro ganhou por Dez a Zero. (Para os que contestam esta minha tese pergunto: - O que é que a Oposição Institucional do Concelho do Sardoal (PS), depois de eu "bater com a porta" em Outubro de 2008, fez de relevante nestes últimos anos que possamos evidenciar? Sinceramente? Porque nada me ocorre, a resposta é: NADA!)

Para fechar definitivamente este ciclo político que agora termina, convém lembrarmo-nos que quando a história se repete é sinal de que não evoluímos. A filosofia política adoptada durante os 41 anos do Estado Novo apenas trouxe riqueza a alguns poucos e pobreza para todos os outros. FCM ao adoptá-la de novo durante os últimos 20 anos os seus resultados não poderiam ser diferentes: riqueza a alguns (muito poucos) e pobreza para todos os outros.

E assim, se justifica que agora não haja qualquer espécie de comoção na hora da despedida do político FCM, a não ser por parte de alguns (muito poucos) e apenas no caso destes não conseguirem "apanhar o próximo comboio". Caso se concretizem algumas promessas de quem sentem que lhes pode agora continuar a valer, poderá ser grande a sua decepção ao perceberem que o ar da bóia já se "escapou" e que é tempo de darem aos braços e às pernas para não se "afundarem".

É muita a vontade em "fazer esquecer" o político de quem se recebe o "testemunho", porque ele é a razão única (?) do "mal que se carrega". (Quando vivemos numa comunidade pequena, como é o caso do Sardoal, e o amigo tem um amigo, o que fica entre uns, passado pouco tempo, ficará também entre outros.)

Para concluir, resta-me acrescentar que, se pelo muito conhecimento que possuo sobre o político FCM a minha avaliação é, seguramente, a mais BAIXA POSSÍVEL, pelo pouco conhecimento que possuo sobre o homem FCM, manda a minha consciência que, no benefício da dúvida, ela seja também, seguramente, a mais ALTA POSSÍVEL. 

E agora que concluo definitivamente a minha apreciação ao político, aproveito a oportunidade para desejar ao homem FCM o que desejo a mim próprio: "QUE A LONGEVIDADE O ACOMPANHE E QUE O SEU FUTURO SEJA DITOSO". (HONESTELY? NO HARD FEELINGS!).



 
(No Próximo artigo do "Trêsbicas": “O Futuro - Parte 1”)

sábado, 24 de agosto de 2013

A "Mocidade" Sardoalense

Quem quer que se pretenda perpetuar no poder não pode nunca descurar a força dos jovens. E se tal princípio se adapta a qualquer tipo de poder, caso ele seja o resultado de um voto secreto e universal consagrado na Constituição, essa atenção tem de ser redobrada.

E este ingrediente não podia ser deixado á margem de todo o processo que poderia garantir indefinidamente o poder. E não o foi.

Se os jovens futuros eleitores do Concelho do Sardoal estavam na Escola C+S e o Presidente da Câmara não os conhecia e a eles o Presidente da Câmara pouco ou nada lhes dizia, algo deveria ser feito para que uns se apresentassem aos outros e num contexto diferente do dia-a-dia fossem obrigados a estabelecerem pontes de comunicação entre eles. E se tudo isto se pudesse passar longe de casa e recaísse nas mãos do presidente da câmara a possibilidade de poder responsabilizar-se perante os pais e encarregados de educação a guarda desses jovens tanto melhor. Logo ali os jovens sabendo que se os seus pais os confiavam ao “senhor presidente”eles também poderiam confiar nesse senhor, e assim, a comunicação e a confiança entre ambos estavam assegurados. Bastava “esse senhor” revelar-se um “tipo porreiro” para que, pese tudo o que alguém pudesse dizer em seu desabono, a única palavra em que acreditariam seria nele. E assim, para a posteridade se poderiam garantir os votos dos pais e dos filhos e assim nasceram as famosas “viagens de estudo”.

No princípio, as “viagens de estudo” ainda se direccionaram para os alunos mais velhos da C+S, justificando-se que a viagem não era mais do que um “prémio” por estarem de saída para a universidade. Porém, depressa se percebeu que o entusiasmo começou a “fraquejar” junto dos mais velhos e depressa se começou a estender, com o tempo, até aos alunos do 8º ano (!!!). Assim, seria uma forma de anualmente se reforçar os “laços de confiança” com os pais dos “pequenos viajantes” e esperar que os petizes crescessem até chegar a hora de se lhes lembrar a “dívida” que tinham pendente.

Acompanhado de uma “corte” de funcionários da autarquia mais dedicados, o importante não era partilhar-se o dia e á noite uns irem dormir em tendas de campismo e outros em camas de hotel. O importante era logo ali saber-se quem era o senhor presidente e só por isso valia a pena os gastos e tempo dispendido para o efeito. Depois do regresso, nada como deixar para a posteridade o "evento" publicitando "graciosamente" a aventura e fazendo-a chegar a todos os lares do Concelho.

Para os que não acreditam nesta teoria, faço um desafio: Questionem-se?!

- Se desde 1994 estas viagens se fazem anualmente porque será que o Presidente da Câmara nunca faltou a nenhuma delas? Será natural que um presidente de uma câmara não tenha mais nada que fazer do que, todos os anos, ir chefiar, durante cerca de 2 semanas, um grupo de jovens numa viagem de recreio ao estrangeiro (e sempre às mesmas paragens que ciclicamente se repetem de tempos a tempos) não confiando a outros tal “árdua” tarefa? Se tal se deve á grande empatia que possui com os jovens (por que não?) o que é que, para além dessas viagens, fez mais por tais jovens ao longo destes 20 anos que mereça ser digno de registo?  Pois é! Recordando a canção do emigrante: "vale mais um dia lá do que uma ano inteiro cá". 

Se não fosse o enorme sentido associativista de algumas "formiguinhas" que tudo fazem para darem alguma actividade cultural e desportiva à Mocidade Sardoalense...

A este propósito, porque é que eu nunva vi a CMS condecorar um(a) associativista Sardoalense pelos relevantes serviços prestados em prol da Comunidade?

- Será que não existe quem ao longo de todos estes anos foi capaz de trocar o recato da família e de outros prazeres sociais para que alguns jovens pudessem desenvolver alguma actividade cultural e desportiva no Concelho? 

- Será que não existe quem, não tendo quaisquer "interesses" numa associação (alguns até sem filhos ou netos envolvidos nessa associação), não mereça um reconhecimento público por durante anos, a expensas próprias, "preocupar-se" com os filhos dos outros e como "retribuição" ser permanentemente alvo da "crítica rasteira" ou "por fazer" ou "por não fazer"?           

- É CLARO QUE EXISTEM E TODOS NÓS SABEMOS QUEM SÃO ESSES  E ESSAS ILUSTRES SARDOALENSES! (Bem sabemos que o fazem por puro sentido altruísta, mas porque é que a CMS nunca lhes reconheceu publicamente o nobre trabalho que têm feito, preferindo optar por reconhecer a Associação no seu todo e desse modo conferir idêntico reconhecimento a quem nela fez trabalho de  formiga ou de cigarra?) 

Pois é!...

Uma vez que... "VALE MAIS UM DIA LÁ DO QUE UM ANO INTEIRO CÁ" basta "controlar-se" o que por cá existe, esbaterem-se eventuais "protagonismos individuais" e deixar que o tempo "corra" para que uma nova "Viagem de Estudo" aconteça e um novo ciclo eleitoral se reconquiste. 
  

(No Próximo artigo: “A Oposição")

sábado, 17 de agosto de 2013

O sistema de informação e a punição dos "desalinhados"

Um sistema de informações eficiente, capaz de saber o que cada um dos eleitores do Concelho pensa sobre quem o governa e qual a melhor forma de “compensar” um alinhado ou “punir” um desalinhado é outro dos ingredientes imprescindíveis para a manutenção do poder de alguém diante da comunidade que governa.

Como tudo isto se pode fazer numa grande comunidade não sei, mas numa pequena comunidade, como é o caso do Concelho do Sardoal, com menos de 4.000 eleitores inscritos (nas últimas eleições autárquicas de 2009 o número exacto era 3.677 e agora em Dezembro de 2012 o número já se aproximava “perigosamente” dos 3.500) não existe segredo. Para tanto, basta “controlar” quem vota e castigar quem ouse colocar em causa a sua autoridade. Então como se faz?

Controla-se o poder nas Juntas de Freguesias, nos Bombeiros e nas duas associações com mais prestígio no Concelho e… “fritam-se” os desalinhados.

Olhemos então para as 4 Juntas de Freguesia do Concelho e para o que têm em comum. Para além dos seus membros pertencerem ao partido do Presidente (por acaso dá pelo nome de PSD, mas poderia ter outro nome qualquer, como ABC ou XYZ, porque a filosofia do partido que está por detrás das siglas que as suportam nada valem ante os propósitos pessoais pretendidos) nos seus executivos existem funcionários camarários da confiança do Presidente da Câmara (por exemplo, um dos presidentes de uma Junta de Freguesia, de acordo com o mapa de pessoal publicado no site da CMS, é funcionário da Autarquia em situação de contrato a prazo desde 02/12/2010  e cuja 2ª renovação contractual em curso terminará em 01/12/2013) que tudo fazem para “agradar” ao chefe. Se percebermos ainda que as Juntas de Freguesia trabalhando próximas das populações são detentoras de conhecimentos muito “úteis” para quem governa, desde logo, quem é quem, quem vota, quantos votos poderão representar uma determinada “benesse” a uma determinada família, etc., talvez não seja difícil de se entender a lógica de tal estratégia. Além do mais é uma forma prática de impedir e calar reivindicações justas das Juntas de Freguesia sobre compromissos em falta por parte da Autarquia.

Olhemos para os Bombeiros! O seu estatuto de municipais faz com que, desde logo, o comandante só faça o que o Presidente determinar e a forma de se garantirem melhores retribuições e benesses é seguir “cegamente” a vontade de quem manda. Ali, todos aqueles que pretendam “subir na escada” têm de tapar os olhos e os ouvidos ante tudo aquilo que eventualmente possam ver ou ouvir e não concordar, não vá o “diabo tecê-las”.

Quanto às duas associações com maior prestígio, a elas estão ligados dois ingredientes que já eram muito “caros” ao Estado Novo: Fado, Fátima e Futebol.

Independentemente de não pôr em causa todo o apoio que possa e deva ser dado à Filarmónica União Sardoalense e ao Grupo Desportivo “os Lagartos” do Sardoal, não é difícil perceber que, por detrás de todos esses apoios sempre existiu uma “mão interessada”. O que seria uma procissão sem música ou uma FUS em “mãos” não controláveis? O que seria se um Grupo Desportivo, existindo, estivesse a ser governado por gente “desalinhada”?

Deste modo há que financiar estas duas Associações e garantir que gente “indesejada” as não “controle”, nem que para o efeito se tenham de arranjar “voluntários à força” para as dirigirem. Garantida a “fidelidade á causa” de uma delas, a “compensação” encontrada é dotá-la de um financiamento “generoso” (comparativamente aos demais), enquanto que a outra, dadas as especificidades próprias que possui, nada como “meter” na Direcção a “tal gente” que não pode dizer não, por mais invulgar que seja o pedido proveniente do poder máximo do Concelho. Para que a escolha resulte em pleno nada melhor que “convidar” alguns funcionários da Câmara para os quais só resta aceitar ou... aceitar.  

Vamos a factos. Tomando apenas por base os documentos das prestações de contas publicadas no site da Câmara Municipal de Sardoal (desde os anos de 2007 a 2012) com alguma facilidade se percebe que a FUS ao longo destes últimos 6 anos recebeu da Câmara Municipal de Sardoal mais do que todas as 4 Juntas de Freguesia juntas e independentemente destas terem desempenhado tarefas que eram da exclusiva responsabilidade da autarquia, mas que por força da inexistência de pessoal (?) ou verbas para as executar, foram as Freguesias que assumiram a responsabilidade de as realizar. A FUS recebeu da CMS ± 98.000 € enquanto que as quatro Juntas de Freguesia (transferências correntes + transferências de capital) receberam ±89.000 €. Se ainda nos debruçarmos nos restantes números, poderá observar-se que, durante estes 6 anos, o Grupo Desportivo "os Lagartos" recebeu ±59.000 €, os Getas ± 18.000 € e as restantes Associações do Concelho juntas ± 36.000€.

E assim, se garantiu música nas procissões, música na Praça das Tílias e bola a rolar no campo.

Quando o poder não se conquista e se impõe, o mais natural é que haja sempre alguém que resiste.
E ao longo deste tempo também tal aconteceu, quer por parte de alguém que se posicionava para além dos limites do edifício da Câmara Municipal quer por parte de outros que sendo funcionários da Autarquia se sentiam no direito de pensar diferente e concorrer em listas adversárias aos órgãos das Juntas de Freguesia aquando das eleições autárquicas.

Para quem ousava dizer NÃO e não era funcionário da Autarquia a estratégia passava primeiro por uma tentativa de “compra da consciência” adversária. Quando a consciência se deixava “vender” o “caso” encerrava-se aí. Se por outro lado a consciência se mantivesse “intratável” o rancor e o ressentimento tratavam de se revelar da forma mais “refinada” possível. (Eu fui dos poucos que soube dizer “não” e por isso conheço como poucos as dimensões desses ressentimentos que embora não se esqueçam, o espírito de cristão já perdoou).   

Já para o funcionário da Autarquia que ousasse fazer parte de uma lista concorrente à lista proposta pelo "senhor Presidente" e nas quais figuravam alguns colegas seus, por mais diligente, esforçado e dedicado que fosse esse funcionário, o seu destino estaria traçado: o exílio num canto qualquer de um edifício da Câmara Municipal fazendo na maior parte do tempo .. simplesmente NADA. E para que o “atrevido” não se esquecesse da afronta que cometera e servisse de exemplo a outros, que viessem a ter idênticas "tentações", o exílio teria de ser o mais longo possível e, de preferência, poder até ser "eterno". E alguns “exílios” houve, os seus nomes são conhecidos e não há funcionário da CMS que os desconheça.

Será que alguém me poderá explicar o que é que este tipo de comportamentos anti-democráticos têm a ver com o Partido Social Democrata que deu (e ao que parece... continua a dar) cobertura a tudo isto?  (- Ai Sá Carneiro tantas voltas já deste na tumba, ao assistires do além que o PPD que criaste foi capaz de gerar um PSD desta jaez, onde a luta pelo poder e pela sua posse tudo consente e tudo valida. Alguma vez imaginaste ver "soldados" dos "exércitos mais radicais" contra os quais tu "lutaste" assumirem agora o posto de "general" dos teus "exércitos"? Coitado de ti! É como se um adepto, há alguns anos confesso do FCP fosse agora presidente do SLB ou vice-versa. Para os adeptos de "goelas largas" que têm tal presidente a liderar o seu clube isso não é problema conquanto ganhem, mas para aqueles que têm goela estreita é que o caso se "complica" porque é sabido que há estados de alma que nunca se apagam. Deixa lá! O nome PSD é a fingir, porque na prática, o verdadeiro nome do  teu(?) partido cá pelas "bandas do Sardoal" dá pelo nome de: ABC ou XYZ. Descansa em paz!)    


(No Próximo artigo: “A Mocidade Sardoalense”)

domingo, 11 de agosto de 2013

Concorrência à CMS? NÃO!!!

Quanto menos empresas se instalarem no Concelho melhor e as que se instalarem deverão poder sujeitar-se à vontade do presidente da câmara.

A melhor forma de alguém poder cativar para si um “favor eterno”, por parte de outrem, é esse alguém “arranjar” a esse outrem um posto de trabalho. Quanto menor a “concorrência”, melhor o efeito prático. E assim, nada como eliminar ou reduzir essa concorrência e “empanturrando” a Câmara Municipal de funcionários que independente da mais-valia profissional de que sejam portadores, o mais importante, é o número de votos que podem ser capitalizados no futuro á sua custa. 

 Alguém ao ler isto questionar-se-á:

“- Mas o Concelho não tem empresas?”

“- Claro que tem! Até tem uma Zona Industrial.”

Que tal uma visita à Zona Industrial do Sardoal?

Iniciem a “viagem” de Nascente para Poente. Quando chegarem ao fim da estrada (que ainda se encontra em terra batida) contornem todo o bloco da zona Poente pela esquerda, subam a estrada que se desenvolve ao longo das traseiras dos lotes e entrem de novo na via principal. Aconselho que a viagem se faça a pé (não vá o mau estado da estrada que ainda se encontra em terra batida provocar algum estrago num carro) e na companhia de alguém que conheça a quem pertencem as instalações ou os terrenos ainda por lá existentes, o que fazem e quantos postos de trabalho possuem. Se às surpreendentes respostas que vão obter juntarem o facto de que nos últimos 20 anos nada mais ter sido ali feito a não ser criticar-se permanentemente a sua concepção e os seus autores, ao mesmo tempo que se continuaram a vender os lotes por 1 escudo (1/2 cêntimo de Euro) o metro quadrado e sem garantias que o empresário cumprisse e cumpra as contrapartidas exigidas no que concerne à obrigatoriedade de criarem um determinado número mínimo de postos de trabalho constantes de um contrato que subscreveram (e que o Regulamento assim os obrigam) e sem que fosse dado um só passo na correcção do que se apregoava estar errado (e que eu em certa medida não deixo também de subscrever). Passados 20 anos talvez se estime, no máximo, em cerca de 10% o número de postos de trabalho activos na Zona Industrial quando comparados com os números inicialmente previstos.

"- Então e quanto às restantes empresas no Concelho?"

Exceptuando as duas maiores (Câmara Municipal e Santa Casa de Misericórdia) no Concelho do Sardoal existem alguns serviços públicos (finanças, conservatória e segurança social), agências bancárias (3 por enquanto), “meia dúzia” de mercearia tradicionais, uns cafés e uma “boa dúzia” de pequenas empresas com menos de 10 trabalhadores e onde a constante predominante é serem até menos de 5 trabalhadores e a desenvolverem uma actividade de serviços e... pouco mais.
 
Para que se perceba, ainda melhor, qual o valor do tecido empresarial do Concelho convido que após a viagem á “denominada” Zona Industrial do Sardoal o passeio continue pelas Freguesia de Valhascos, Alcaravela, Santiago de Montalegre e Sardoal e questionem as pessoas que encontrarem sobre quais as empresas que se encontram instaladas nessas Freguesias e quantos postos de trabalho aí existem. Para o fim da viagem reservem a Vila e sede do Concelho e se puderem falem com os empresários que encontrarem e peçam-lhes para que eles vos descrevam o tecido empresarial em que se encontram inseridos.  
  
Depois da viagem realizada é fácil perceber a dimensão do poder do presidente de um Concelho como o Sardoal diante de alguém que necessitando de trabalhar e sem empresas onde possa “bater à porta” a única opção que lhe resta é… a Câmara Municipal. Conseguido o posto de trabalho na CMS a dívida desse alguém para com o seu “padrinho” torna-se eterna.

Em termos práticos o que se fez?

1º "Empanturrou-se" a Câmara Municipal de trabalhadores até ao limite máximo imposto por Lei.

2º Porque a "gula" se tornou superior às necessidades do "corpo", nada como "criar-se" uma empresa "amiga" que permitisse "fintar" a lei e continuar-se a "empanturrar" a CMS. ("- Eu escolho quem eu quero e ele(a) só a mim me obedece. Porque legalmente não lhe posso pagar, eu pago-te a ti e tu pagas-lhe a ele.")   

3º "Premiou-se" comercialmente a empresa "amiga" ou dando-lhe a exclusividade dos melhores negócios em que a CMS se encontrasse envolvida (ainda que opacos os "expedientes" utilisados não deixavam de cumprir os pressupostos da lei) ou concedendo-lhe "benesses" a outros negados. (Quando se vive numa pequena comunidade composta por uma cadeia de amigos que por sua vez têm outros amigos basta haver a quebra de um elo dessa cadeia para que o segredo seja revelado. E de repente tudo se sabe. Vinte anos é muito tempo!)

4º "Castigou-se" comercialmente a empresa "não amiga" ou erguendo-lhe barreiras sempre que os interesses dela se "cruzassem" com a CMS ou denegrindo-a promovendo outras. (Exemplo: uma empresa realizou um determinado trabalho a alguém. Confrontado esse alguém por "outrem" sobre quem lhe havia efectuado esse trabalho e conhecido o seu autor a resposta foi pronta: "- Porra! Não tinhas outro?" Só que como o alguém tem um amigo e o amigo outro amigo...).   

E assim os "tentáculos do poder" do presidente da Câmara se estenderam para além da CMS e invadiram as empresas sediadas no Concelho. Porque os interesses de ambos não eram (e nunca poderiam ser) os mesmos, o resultado só poderia ser aquele que hoje se revela: Município e Empresas pobres de um lado e um presidente de Câmara rico de poderes do outro. 

E assim o tempo foi passando e os efeitos práticos da cobrança dos favores que se realizaram sucessivamente ao londo dos 20 anos e de 4 em 4 anos conduziram aos "resultados esperados": A reeleição pretendida. Quanto ao resto... são "danos colaterais". 
   


(No Próximo artigo: “ O sistema de informações e a punição dos “desalinhados” )

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Festas e Bolos


O Concelho do Sardoal está prestes a despedir-se de quem foi seu “mestre de cerimónias” durante os últimos 20 anos.

Não tenho qualquer espécie de dúvidas que serão muito poucos os que sentirão alguma "emoção" na hora da sua despedida. E a resposta é simples para tão parcas emoções: consegue deixar um Concelho mais endividado do que aquele que encontrou em 1993, sem estruturas que permitam augurar um futuro próspero para todos aqueles que vivem no interior das suas fronteiras , os quais, passados estes 20 anos, são menos (4.430 habitantes nos Censos de 1991 e 3.941 habitantes nos Censos de 2011) e com uma média etária muito mais elevada e tudo isto num tempo em que fazer obra, para outros mais tarde pagarem, já acabou. Logo…

Para os mais distraídos e para aqueles que nunca pisaram estas terras, o mais lógico é que se equacionem do porquê de alguém que, pouco ou nada tendo feito, foi capaz de garantir o seu poder através do voto nas urnas durante cinco consecutivas eleições autárquicas. Utilizando uma linguagem popular, consegui-o “sem espinhas” e consegui-lo-ia por mais outras cinco, não fora a lei de limitação de mandatos lhe “travar” agora o passo. (Em 2005 eu próprio experimentei o “peso” do seu poder e também eu fui “derrotado”.)

A receita para tão grande sucesso é simples: Educa uma sociedade e fá-la sentir que só em ti reside a solução para os seus problemas, ao mesmo tempo que a controlas, a divides, a distrais e a confundes e o poder dificilmente te escapará.

A história está repleta destes exemplos. Para aqueles que ainda chegaram a viver no tempo da denominada “outra senhora” é fácil lembrarmo-nos que Salazar só foi “parado” pela velhice e por uma queda de uma cadeira.

A fome e a miséria do Povo Português, a PIDE, a Mocidade Portuguesa, o Futebol, o Fado, Fátima e os “perigos” que representavam para a Pátria as ideologias comunistas (os tais que "comiam criancinhas ao pequeno almoço") e a propaganda elogiando as vestes de um rei que ia nu, foram os ingredientes que suportaram e garantiram todo o seu poder entre 1933 e 1968. Os que quiseram ocupar o lugar vago por si deixado ainda o conseguiram por mais 6 anos, mas sucumbiram naturalmente quando a força da razão foi capaz de vergar a razão da força.

Se este “cocktail do poder” não é difícil de perceber por qualquer um, muito menos o foi por parte de alguém que (fazendo fé nas notícias publicadas em jornais à época: Correio de Abrantes e Nova Aliança) há cerca de 42 anos se iniciou nas lides autárquicas enquanto Presidente da Junta de Freguesia de Sardoal (eleições em 17 de Outubro de 1971) e alguns meses mais tarde (Fevereiro de 1972) foi nomeado Presidente da Comissão Administrativa da Casa do Povo de Sardoal. E sobre o tempo em que exerceu as funções de Presidente da Junta de Freguesia de Sardoal pouco se sabe a não ser que, em 8 de Dezembro de 1973 quando o Concelho do Sardoal decidiu homenagear o Dr. José Ferreira Arêlo Manso, o seu nome figurava na Comissão promotora do evento, enquanto... Presidente da Junta de Freguesia de Sardoal.  

Diante de tal historial poderá concluir-se que a revolução dos cravos veio interromper o seu “passo político”. Quando a oportunidade surgiu, só teve de se tornar militante de um partido do poder e alternativo ao partido instalado no Concelho e esperar que o tempo passasse e outros “apagassem” das suas memórias o seu percurso inicial na política. Em 1989 quando o governo local socialista já parecia soçobrar, nada melhor que reentrar na política enquanto número dois na lista do PSD á Câmara. Sendo eleito vereador, só teve de esperar mais um pouco que o tempo continuasse a correr e o poder lhe “voltasse a cair no regaço”. E em 12 de Dezembro de 1993 caiu mesmo.

Porque o reforço do poder em democracia requer tempo e exercício, nada melhor que voltar a pegar no menu que descreve o tal “cocktail do poder” que tão bons resultados deram outrora a outros e pô-lo em prática, “ajustando-o” apenas aos tempos “modernos”.

Posto isto, e porque julgo pertinente dever dar o meu contributo para a história que um dia se fará de alguém que depois de conduzir(?) os destinos de um Concelho durante 20 anos, não deixa qualquer tipo de saudades aos seus concidadãos (que continuadamente o elegeram e que, não fora uma lei lhe ter "interrompido" os seus passos no caminho do poder, outros mandatos o esperariam enquanto Presidente da Câmara Municipal do Sardoal), tentarei descrever nos próximos artigos o "cocktail" que lhe garantiu tal poder. Um "cocktail" que descreve como o "vício" por "festas e bolos" é capaz de transformar "formigas diligentes" em "cigarras obedientes". 

Agora que o "mestre de cerimónias" se retira e as "festas e bolos" já escasseiam para tão grande exército de "cigarras" a luta pelas "sobras" revela-se titânica porque... QUEM UMA VEZ FOI CIGARRA TUDO FARÁ PARA QUE JAMAIS VOLTE A SER FORMIGA.          


(No Próximo artigo: “ Não á concorrência á CMS!” )