terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Cambridge 5 - As Análises da Água

Tal como a legislação Portuguesa obriga os distribuidores de água de abastecimento público a publicitarem os resultados das análises de águas efectuadas ao sistema de distribuição, determina também a legislação da Província do Ontário no Canadá que tais análises devam ser conhecidas do público consumidor.

Analisando a publicidade que é feita, por exemplo, pelo Município do Sardoal (Portugal) e pelo Município de Cambridge (Canadá), desde logo é possível observar algumas diferenças.

Passo a descrever algumas delas:

- O Município do Sardoal publicita os resultados trimestralmente, ao passo que o Município de Cambridge o faz anualmente.

- As análises efectuadas pelo Município do Sardoal avaliam muitos mais parâmetros químicos do que as análises realizadas pelo Município de Cambridge.

- A publicidade dos resultados das análises às águas de distribuição é muito mais rigorosa em Cambridge do que no Sardoal.

Exemplo 1: Tomando como referência o edital 39/2008 podemos constatar que das 24 análises efectuadas ao sistema, durante o 3º trimestre de 2008, para determinar a presença de Bactérias Coliformes, 3 delas apresentaram resultados que não cumpriam com a legislação ao apresentarem valores superiores a 100 unidades, quando o máximo é zero. No mesmo Edital é possível verificar-se que nas restantes análises realizadas ainda existem 6 parâmetros avaliados que, parcialmente, apresentam valores que não cumprem a Legislação Portuguesa. Tomando apenas como referência as causas e medidas correctivas relativas às 3 análises que detectaram a presença de Bactérias Coliformes pode ler-se no mesmo Edital: “Concentração de desinfectante residual insuficiente, tendo-se procedido à sua correcção. Contaminação devido a falta de manutenção e/ou limpeza da rede predial, não se procedeu a qualquer medida correctiva.”

Exemplo 2: Tomando como referência o último relatório publicado, em Março deste ano, pelo Município de Cambridge e que se reporta às análises da água realizadas durante o ano de 2007, podemos ver que das 1199 análises efectuadas para determinação da presença de Bactérias Coliformes, uma delas não cumpriu com o regulamento. E no mesmo relatório pode ler-se que a colheita da água analisada que não cumpria com o Regulamento havia tido lugar no dia 30 de Outubro de 2007, que o Laboratório que fez a análise da água informou o Município da inconformidade da análise no dia 31 de Outubro de 2007 e que as acções correctivas promovidas pelo Município foram as seguintes: descarga de toda a água presente no sistema de distribuição onde a colheita havia sido feita + desinfecção do sistema + repetição das análises quer a montante do sistema quer em terminais de saída da água (torneiras dos utilizadores).

São várias as informações que o Relatório publicitado pelo Município de Cambridge e relativo à qualidade da água domiciliária distribuída durante o ano de 2007, desde a quantidade mensal exacta em metros cúbicos até aos Regulamentos adoptados. De entre os vários regulamentos publicados existe um que me chamou à atenção e que passo a transcrever:

Regulamento 128/04 da Província do Ontário: Certificação dos Operadores de Distribuição de Água Domiciliária e Analistas da Qualidade da Água.

O Programa de Certificação de Operadores de distribuição de Água iniciou-se em 1987 enquanto Programa não obrigatório. Em 14 de Maio de 2004 foi publicado o Regulamento 128/04 que veio determinar os requisitos mínimos que os Operadores afectos á Distribuição de Água deveriam possuir para que pudessem ser certificados e com isso poderem desempenhar as suas funções. O Regulamento estabelece ainda os conteúdos dos cursos contínuos que tais operadores deverão ser sujeitos. De entre tais conteúdos deverão figurar os diferentes tipos de licenças, renovações e transferências; Responsabilidades que lhes estão afectas; elaboração de relatórios; para além de manuais de operacionalidade e manutenção de todo o sistema.

Como nota especial, este regulamento estipula que os novos Operadores devem completar um curso especializado de 16 meses, para que possam obter o Certificado de OIT (Treino de Operador). A partir de 1 de Agosto de 2005, estes Candidatos a Operadores devem completar um estudo individual de um manual, durante 40 horas, findos os quais deverão ser sujeitos a um exame escrito. Concluído com sucesso o exame, os candidatos a Operadores deverão frequentar um curso no Ridgetown College, durante 5 dias. Uma vez que todos estes passos tenham sido atingidos é emitida uma licença de Operador que terá uma validade de 3 anos, durante os quais os novos operadores tenham a possibilidade de reunir os requisitos necessários para obterem a Licença de Nível Um.


Comentário: Alguém me diz o que é necessário para se ser Operador de Sistemas de Abastecimento de Água Domiciliária em Portugal?


(No próximo artigo: Cambridge 6 – O Voluntariado.)

BOAS FESTAS – Que todos vós consigais receber em 2009 tudo aquilo que sonhais.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Cambridge 4 - A distribuição de água

No sítio do Município de Cambridge pode-se encontrar no sítio dos Transportes e Obras Públicas: “Viva a sua Comunidade – Água Potável – Perguntas mais Frequentes”.

Das perguntas e respostas que ali se encontram passo a transcrever algumas delas:

Pergunta: A tubagem que transporta a água potável desde as Estações de Tratamento até às nossas casas encontra-se limpa?

Resposta: Sim. Porém de uma forma natural, alguns dos constituintes presentes na água (por exemplo o ferro) podem-se depositar no interior da rede de tubagem. As equipas de manutenção do Município têm como missão periodicamente proceder a descargas e limpezas das tubagens de modo que o interior dos tubos possa ser o mais limpo possível. As descargas são realizadas abrindo-se, para o efeito, as bocas-de-incêndio e deixando-se a água fluir durante algum tempo para o interior da rede pública de recolha das águas pluviais. Caso tais descargas não sejam realizadas, os materiais tal como o ferro juntam-se no interior das tubagens e saem através das torneiras das casas.

Outra forma de limpeza das tubagens é forçar a entrada na rede de uma esponja fazendo-a deslocar ao longo da tubagem através da pressão da água. A deslocação da esponja permite limpar as paredes interiores da tubagem. Com a abertura de uma boca-de-incêndio procede-se à recolha da esponja, ao mesmo tempo que se procede à descarga de toda a sujidade que a mesma forçou a “desligar-se” das paredes da tubagem. Outras opções são adoptadas sempre que se verifica que tais processos não são suficientes para limpar convenientemente as tubagens.

Manter as tubagens limpas é uma tarefa muito árdua para o Município de Cambridge quando o mesmo é responsável por mais de 410 quilómetros de tubos.

Comentário: Alguém me consegue informar qual o Município que procede regularmente à limpeza das tubagens de distribuição de água potável?

Pergunta: Tenho observado algumas equipas de trabalho limpando as tubagens e a água que sai nas descargas que fazem apresenta-se muito suja. Como é que se pode garantir que a água é potável se os tubos se encontram tão sujos?

Resposta: A maioria dos tubos possui uma fina película incrustada no interior das suas paredes, composta de sedimentos e micróbios inofensivos. Experiências realizadas têm mostrado que estas películas não provocam qualquer problema de saúde pública. A composição dos materiais que estão na origem destes sedimentos é que podem causar alguns problemas, especialmente quando se abrem as torneiras e o seu aspecto não é o melhor e condiciona a sua utilização. Essa é a razão que leva os serviços do Município a procederem regularmente à limpeza das tubagens. Quando tais materiais são removidos através das bocas-de-incêndio o seu aspecto é pior do que realmente é. Se observarem as equipas a realizarem tais trabalhos verificarão que após a saída inicial da água com aspecto muito sujo rapidamente a sua coloração volta ao normal.

Pergunta: De que forma é possível detectar a existência de uma rotura na rede de distribuição de água?

Resposta: Uma rotura pode ser detectada por:
- Detecção visual (água no solo);
- Uma perda de pressão detectada pelos serviços do Município ou pelos consumidores;
- Informação do público;
- Inspecções anuais na detecção de eventuais roturas a cargo dos serviços do Município.

Quando existe a suspeita de uma rotura, o seu local preciso é determinado pelos funcionários afectos à sua reparação. Equipamentos sensitivos acústicos permitem determinar com rigor a sua localização, ao detectarem os sons produzidos pela rotura no subsolo.

A reparação da rotura é importante porque o desperdício da água promove custos quer ao distribuidor quer ao consumidor. O distribuidor ao não ser compensado pelo desperdício da água, pode no futuro passar tais custos para o consumidor. A percentagem média de água que é desperdiçada ronda os 12 a 15%, embora a maioria dos distribuidores pretenda manter tais perdas nos 10%.

Qualquer rotura que ocorra na rede depois de passar pelo contador do consumidor deve de ser reparada à responsabilidade do titular do contador. A pronta reparação só carrega benefícios ao consumidor porque quanto mais água se desperdiçar durante a rotura maior será a factura a pagar.

Comentário: Há 20 anos atrás quando era inspector de uma urbanização de 220 fogos, por cima da geratriz superior da tubagem era colocado um arame que permitia localizar, com recurso a um detector de metais, a localização precisa da tubagem localizada muitas vezes a 2 e 3 metros de profundidade. Para os que desconhecem como se localiza uma rotura cá pelas nossas bandas poderei dizer que muitas vezes é às apalpadelas. A sorte é que a tubagem muitas vezes está a uma profundidade inferior a 1,20 metros. Quanto à responsabilidade pelo pagamento das roturas na tubagem localizada após os contadores, deixo para outros tais comentários.

Pergunta: A reparação de uma rotura é um trabalho sujo. Como é que fica o interior da tubagem depois do trabalho efectuado?

Resposta: Depois do trabalho feito a tubagem é cheia de água contendo uma grande quantidade de cloro. Mantendo tal água dentro da tubagem permite eliminar todos os germes que se depositaram no seu interior.

E o processo de limpeza não termina aqui. O passo seguinte é como remover toda esta água com tão grande quantidade de cloro. Um elemento químico deve ser adicionado o qual, reagindo com o cloro o elimina antes de se proceder à operação de descarga através das bocas-de-incêndio. A descarga desta água só poderá ser efectuada em locais onde não produza quaisquer efeitos nocivos ao ambiente. Só depois de se efectuarem testes que permitam saber da inexistência de bactérias nocivas à saúde pública é que se procede à ligação à rede de distribuição para posterior utilização dos consumidores.

Comentário: Que me dizem à forma como as nossas reparações são feitas em que são as nossas torneiras, máquinas de lavar, esquentador... é que funcionam para limpeza das condutas?

Pergunta: Quais são as actividades domésticas em que consumo mais água?

Resposta: As descargas do autoclismo são de longe os dispositivos de utilização que gastam mais água. A maioria das bacias de retrete gasta entre 15 a 23 litros de água em cada descarga. Em média uma máquina de lavar louça com a carga máxima de louça gasta 50 % da água gasta na mesma lavagem de louça caso seja feita de uma forma manual.

Sem contar com a água utilizada nos jardins e lavagens exteriores a percentagem de água gasta por um agregado familiar composto por 4 pessoas é a seguinte:
- Descargas de autoclismo – 40%
- Banheira e chuveiro – 32%
- Lavatórios e bidés – 3%
- Lavagem da roupa – 14%
- Lavagem da louça – 6%
- Para cozinhar e beber – 5%

Desde 1996 que a Província do Ontário regulamentou que a capacidade dos autoclismos atingisse o máximo de 6 litros de água por descarga. Para o efeito legislou que nas novas construções fosse adoptada tal medida enquanto que para as construções existentes anteriores àquela data incentivos financeiros fossem colocados à disposição de todos aqueles que pretendessem substituir os seus velhos autoclismos pelos novos certificados.

Comentário: E tudo isto se passa no País que ocupa o 1º lugar no ranking no que concerne à existência de maiores reservas de água doce do mundo e pretende implementar medidas que restrinjam os gastos desnecessários de água.

(No próximo artigo: Cambridge 5 - As análises da água.)

BOAS FESTAS - FELIZ NATAL

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Cambridge 3 - Serviço Público de Águas

Caso não saibam, o Canada é o País que possui as maiores reservas de água doce do Mundo. Mesmo diante de tanta abundância, por parte das autoridades existe uma preocupação permanente não só em a utilizar de uma forma o mais racional possível (combatendo constantemente o desperdício), mas também pugnando pela sua qualidade quer na sua utilização quer na sua rejeição de volta ao ambiente.

O Município de Cambridge não foge a este desígnio. Vai buscar a água ao Grand River, trata-a e distribui-a pela população e indústrias. Depois, recolhe as águas rejeitadas e lançadas nas redes de esgotos domésticos e industriais, trata-a e devolve-a ao Grand River para que outras comunidades a juzante possam optar por semelhante estratégia.

No decurso do meu curso de Engenharia e como complemento às cadeiras de hidráulica e águas e esgotos, tive a oportunidade de visitar nos anos de 1990 e 1991 as estações de tratamento de águas e de esgotos. Se as condições técnicas utilizadas no tratamento das águas e dos esgotos me impressionaram, o que mais admirei foram as condições de segurança e higiene das instalações. Em termos de segurança não era nada fácil entrar-se nas Estações de Tratamento de Água (dificilmente era possível serem alvo de uma acção terrorista que visasse a sabotagem das instalações, ou pior, transformasse a água numa arma mortal) e no que respeita aos níveis de higiene implementados eram os mais altos possíveis (recordo o orgulho manifestado pelo responsável pela estação de tratamento de esgotos de não ser possível encontrar-se uma só mosca no interior da estação).

Pegando nestas recordações do passado, convido-os a acompanharem-me numa visita ao sistema de abastecimento de água do Município de Cambridge.

Rede de distribuição

O Município de Cambridge é responsável pela manutenção de 536 quilómetros de condutas de abastecimento de água, as quais, por sua vez, servem 36.500 ramais domiciliários (que abastecem uma população aproximada de 126.000 residentes) e vários ramais destinados a comércio, serviço e indústrias.

(Se compararmos estes dados com o Município onde resido, o Município do Sardoal é responsável por algumas dezenas de quilómetros de condutas de abastecimento de água, que por sua vez servem aproximadamente 2.000 ramais domiciliários (que abastecem uma população aproximada de 4.000 habitantes e vários (muito poucos) ramais destinados a comércio, serviço e indústrias).

Consumo e Preço da Água

Nos dois últimos anos (2006 e 2007) o consumo de água no Município de Cambridge atingiu os 18 milhões de metros cúbicos de água (17,850 milhões no ano de 2006 e 17,957 milhões no ano de 2007).
A factura mensal apresentada pelo Município de Cambridge aos consumidores de água e tendo por base ramais domiciliários com um diâmetro inferior ou igual a 25 mm (é o diâmetro comum nos nossos ramais) e em vigor desde 1 de Abril de 2008, apresenta os seguintes custos: 3,328 € (taxa mensal fixa de água) + 2,011 € (taxa mensal fixa de esgotos) + 1,282 € por metro cúbico de água consumida (sendo 0,639 € devidos pela taxa da água e 0,643 € pela taxa dos esgotos).

(Sobre o Município do Sardoal é possível adiantar o seguinte: - Desconheço o volume total de água consumido pelo Município do Sardoal nos últimos anos de 2006 e 2007 (face às características próprias dos sistemas de abastecimento de água, acredito que tal valor não é conhecido por quem quer que seja). Quanto ao preço da água na factura mensal depende do seu consumo mensal: de 1 a 5 m³ (0,40€/m³); de 6 a 15 m³ (0,50€/m³); de 16 a 30 m³ (0,85€/m³); de 31 a 50 m³ (1,35€/m³); de 51 a 100 m³ (2,00€/m³) e mais de 100 m³ (3,50€/m³).

Comentários interessantes

- O Município do Sardoal não cobra qualquer taxa pelo tratamento dos esgotos.

- Se residisse em Cambridge, em vez de pagar 3,00€ pelo consumo de água que o Município do Sardoal me cobrou no passado dia 20 de Novembro, teria de pagar 17,84 € pelos 7 m³ de água que consumi no último mês.

- Arrepio-me só de pensar no valor que a minha factura da água vai apresentar quando a Águas do Centro S.A. tomar conta da gestão total da água no meu Município. Se só para tratar a água e os esgotos a empresa, no contrato que a Autarquia aprovou no ano de 2006, projectava cobrar 1,0282 €/m³ de água consumida (0,4968 € relativo ao tratamento de água e 0,5314 € relativo ao tratamento dos esgotos) qual será o valor da factura quando a estes preços se adicionar a taxa relativa à distribuição da água? (Se a água tiver qualidade que dispense a compra de água alternativa, ainda vá… Mas se tiver de continuar a comprar água, como será?). Se a Adesão é irreversível, que se corrijam os erros que a mesma encerra!

(No próximo artigo: as análises da água e as informações à população)

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Cambridge -2 - A responsabilidade dos eleitos

Hoje, e antes de prosseguir viagem pelas longínquas paragens Canadianas convido-os a responderem a três perguntas:

1ª Pergunta: Quando somos convidados a participar nas eleições para a Assembleia da República alguma vez nos preocupamos sobre quem é que o nosso voto poderá, na prática, eleger, ou restringimos a nossa vontade a um partido e ao seu líder?

2ª Pergunta: Porque os Deputados da Assembleia da República são eleitos por votos apurados ao nível de cada Distrito, situações há que, por “interesses do Partido”, se elegem deputados sem que estes alguma vez tenham tido o mais remoto conhecimento da realidade desse Distrito, a não ser durante as viagens relâmpagos da sua Campanha. Qual é a percentagem de Portugueses que conhece os nomes dos Deputados eleitos pelo seu Distrito e se lembra do que prometeram para serem eleitos?

3ª Pergunta: Após as eleições que tipo de “relações” temos nós com os nossos eleitos?

Tendo presentes as notícias vindas a público sobre a ausência do plenário da Assembleia da República de um significativo número de Deputados, no passado dia 5 de Dezembro, entendi escrever alguma coisa sobre os eleitos no Canadá.

2008 - Eleições Federais do Canada

(No último semestre de 2008, foi enviado um questionário a todos os candidatos que se apresentavam ao eleitorado na Região de Waterloo, para as eleições de Deputados Federais do Canadá. Esse questionário era composto por 7 questões. A Região de Waterloo é constituída pelos Municípios de Cambridge, Kitchner e Waterloo que juntos perfazem uma população de 507.000 habitantes. Assim, os candidatos a Deputados Federais, eram convidados a responder ao questionário, individualmente Município a Município, não podendo utilizar mais de 200 palavras em cada resposta. Concluídos os questionários, as suas respostas deveriam ser enviadas até ao dia 3 de Outubro. Os candidatos eram ainda avisados que caso alguma resposta registasse mais de 200 palavras, para além desse número as restantes palavras seriam eliminadas e não disponibilizados aos eleitores através da Internet. Vamos ao questionário!)

Nome do Candidato:

Partido Político do Candidato:

1. Quais são as vossas preocupações (sua e do seu Partido) sobre os Municípios – desde as pequenas comunidades rurais até aos grandes centros urbanos – enquanto parceiros nos assuntos federais (nacionais) que possam ter um impacto directo nos governos locais e nos seus cidadãos?

2. Da sua parte e do seu partido, existe algum compromisso em dotar os Municípios de receitas adicionais, sustentáveis e fundos estruturais que promovam o crescimento da economia? Caso haja tal vontade, qual a dimensão dessas receitas e fundos e quando é que as mesmas terão lugar?

3. Da sua parte e do seu partido, que compromissos pretendeis efectuar no que respeita à criação de uma Rede Viária Nacional e que possam dotar os Municípios de receitas suficientes para participar na construção e ampliação dessa Rede? Caso apresenteis tais intenções, qual o papel dos Municípios na participação dessa estratégia e que fundos adicionais serão disponibilizados para que os Municípios possam participar activamente na sua eficácia?

4. Da sua parte e do seu partido que compromissos pretendeis estabelecer com os Municípios na criação de uma Estratégia Nacional de Habitação, concedendo fundos sustentáveis e previsíveis aos Municípios para a sua concretização – incluindo a renovação de fundos para todos os programas habitacionais antes de Março de 2009? Caso haja tais intenções, qual a participação específica do Município na criação de tal estratégia?

5. Da sua parte e do seu partido que compromissos pretendeis estabelecer com os Municípios e que se prendem com as mudanças climatéricas do país e com a necessidade de serem cumpridas os objectivos ambientais da despoluição atmosférica?

6. Da sua parte e do seu partido que compromissos pretendeis estabelecer com os Município que visem o reforço e melhoria das infraestruturas infanto-juvenil por todo o País?

7. Como a nossa economia está em permanente transformação, que medidas concretas, quer vós quer o seu partido, pretendeis implementar e que permitam contribuir para o fortalecimento da economia na nossa região?


Como comentário a este questionário gostaria de vos dizer que já li algumas respostas apresentadas pelos então candidatos e que não houve qualquer complacência para todas as respostas que apresentavam mais de 200 palavras. Positivamente foram eliminadas. O que é engraçado nesta tomada de posição é que as respostas se tornam incongruentes e sem sentido. Se calhar por parte do autor essa era a sua intenção. Particularmente não votaria nessa pessoa.

Com este artigo, para além de pretender mostrar uma outra realidade social, inequivocamente mais avançada que a nossa no que respeita às responsabilidades dos eleitos diante dos eleitores, pretendo também questionar-me para quando a intenção dos nossos deputados serem eleitos por círculos uninominais e, após a sua eleição, estarem disponíveis para receberem os seus eleitores. Uns dirão que tudo isto é ficção porque existem demasiados interesses instalados impossíveis de contrariar. Até um dia! (direi eu).

Se dúvidas existissem quanto à proximidade desse dia, o sentimento de revolta que todos vamos tendo, diante das revelações que os “media” vão fazendo diariamente sobre a promiscuidade entre alguns políticos e alguns “negócios nada claros”, profetizam a chegada para breve desse dia.

Isolados nada valemos. Todos juntos nada nos impede. O que nos falta? Coragem.

Por isso, HAJA CORAGEM!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Cidade de Cambridge - Parte 1

No meu primeiro artigo referi que em Três Bicas teria a oportunidade de partilhar experiências vividas com outras culturas, línguas e modos de vida que formaram o homem que hoje sou.

Convido-os agora a embarcarem comigo noutra viagem rumo a uma cidade que me acolheu entre Setembro de 1987 e Junho de 1991.

Esta viagem será diferente. Será uma viagem ao presente, ainda que em muitos aspectos possa parecer uma viagem ao nosso próprio futuro.

Visitemos então a cidade de Cambridge que se localiza na Província do Ontário e que pertence a esse maravilhoso País que dá pelo nome de Canada.

Com uma população estimada de 125.000 habitantes (estima-se que em 2031 tal número possa atingir os 180.000), a cidade de Cambridge resultou da fusão de três comunidades (Preston, Galt e Hespler) e faz parte da Região de Waterloo.

Se tiverem a possibilidade acedam ao Google Earth (2008) e terão a oportunidade de conhecer a malha desta cidade que para além de encerrar 46.000 fogos habitacionais, possui um tecido empresarial muito interessante (a fábrica da Toyota lidera as empresas com maior número de postos de trabalho a rondar a fasquia dos 4.500 e cerca de 63% das empresas possuem apenas entre 1 a 9 postos de trabalho) e uma diversidade de equipamentos dignos de todo o registo (Excelente parque escolar; 12 Centros Comunitários; 141 Parques e/ou Espaços Desportivos; 14 Campos de Golfe; 7 Ringues de Patinagem no Gelo; 8 Pavilhões Gimnodesportivos, sendo 2 Privados e 6 Públicos; 5 Piscinas, sendo 2 Cobertas e 3 Descobertas; um sem número de Igrejas; etc).

Caso tenham tido a possibilidade de aceder ao Google Earth, convido-os, ainda, a visitarem o apartamento onde residi, junto à Gail Street, que se localizava no rés-do-chão de um bloco habitacional, e que possui as coordenadas 43º 22´ 42,92´´ N e 80º 18´ 46,71´´ W. (Agora que o Inverno está a chegar, quer cá em Portugal quer nesta cidade de Cambridge e quando ouço o entusiasmo das pessoas sobre o efeito que a neve lhes provoca, acreditem que tal entusiasmo não me contagia. Olhem para o parque de estacionamento que se localiza em frente do prédio onde vivi. Pensem na necessidade de entrarem no interior do vosso carro e ele estar coberto por uma camada de neve que o esconde totalmente ou envolvento por uma camada de gelo com muitos milímetros de espessura que nem a chave consegue entrar na fechadura da porta. Acreditem que perderiam rapidamente o entusiasmo pela neve. “É lindo ver cair a neve lá fora, contudo chega a ser desesperante ter de conviver com ela!”)

Por hoje, fico por aqui. “Naveguem” pelas ruas desta cidade que aprendi a gostar!

(Nos próximos artigos abordarei algumas curiosidades sobre o modo como a comunidade interage entre si, como, por exemplo, aquele anúncio público que a Câmara Municipal de Cambridge apresentou no último trimestre de 2007 no qual dava conta á população da intenção de proceder à construção de uma Zona Industrial que iria ocupar uma área de 89 hectares, convidando todos os seus munícipes a conhecerem as propostas do Executivo Camarário e apresentarem as suas próprias sugestões que pudessem melhorar tais propostas.)