domingo, 30 de janeiro de 2011

Previsibilidade

Começa a não ter “piada” vivermos numa sociedade onde não existem novidades e os acontecimentos, antes de acontecerem, já se conhecem. É tudo tão previsível que chega a “aborrecer”. Esta semana foram vários os casos que dão força a este pensamento.

Sobre a eleição do Presidente da República o vencedor há muito estava encontrado. Surpreendente para mim foi um locutor da Rádio Argel ter tido mais votos que alguém que dedicou a sua vida a causas humanitárias. Até os resultados obtidos por um Madeirense “brincalhão” e “bem disposto” não foram novidade. (Em 2 de Janeiro, escrevi aqui no "Três Bicas": "... Ao nível a que a política nacional chegou, o candidato José Manuel Coelho “arrisca-se” a experimentar o “sucesso” do palhaço Tiririca no Brasil (“Vota no Tiririca, porque pior não fica!”). Se ele nos conseguir “animar” da forma como tem animado algumas sessões no Parlamento Regional da Madeira e passar a imagem de vítima do sistema (foi o único candidato que não teve direito a debate televisivo), “arrisca-se” a ter uma votação superior àquela que neste momento ele projecta...")

Ainda sobre as eleições Presidenciais e as histórias em torno do Cartão do Cidadão, alguém tinha dúvidas que a única cabeça que não rolaria seria a do Ministro da Administração Interna? Nem com exemplos do passado (Jorge Coelho após a queda da ponte em Castelo de Paiva) esta gente consegue “descolar”. Vamos ver até quando o governo se consegue manter com os actuais Ministros (incluindo o P.M.)! A crise não passou com a reeleição do Presidente Cavaco Silva. O FMI está à espreita e ou ele entra ou novos PEC´s, mais duros, nascerão. Fazem-se apostas?

Sobre os novos acontecimentos em torno do processo da Casa Pia, não são mais que o confirmar da minha tese (que é comum ao pensamento da maioria dos portugueses) que no fim não haverá culpados, apenas inocentes. E a inocência resultará da conclusão de que ou as violações nunca aconteceram ou a terem acontecido foram apenas “violações inocentes”.

Se a tudo isto juntarmos: a denúncia de novas falcatruas envolvendo dinheiros públicos; o flagelo do desemprego (…o número de desempregados sem subsídio continua a aumentar e, em Dezembro, atingiu novamente um valor recorde. No final do ano passado, havia 246.622 pessoas sem emprego e sem direito a esta prestação, representando quase metade do total de desempregados inscritos nos centros de emprego (45,5%)… “in Jornal de Economia de 28/01/2011”); o conhecimento dos salários milionários de gestores de empresas públicas que apresentam prejuízos anuais de muitos milhões de euros e a assistência diária da fuga à responsabilidade, julgo que são exemplos suficientes que suportam a tese da previsibilidade.

E se este povo tido de brandos costumes decidir um dia “furar” a previsibilidade dos nossos governantes?

A história encarregou-se de nos misturar no corpo sangue das mais diferentes origens. De entre as mais variadas fontes, corre-nos nas veias sangue mouro. A paciência já se “esgotou” na Tunísia. Depois “denunciou-se” no Iémen… De momento “revela-se”no Egipto... Quem se segue?

Por muito que alguns queiram fazer crer que tudo está na mesma, o que é certo é que os tempos mudaram. A informação já não circula ao ritmo de sinais de fumo ou em código morse.

Quando a terra está seca e o mato abunda, basta uma pequenina chama para que o manto verde da floresta se transforme numa pira gigantesca. Quem acende um fósforo?

Cara ou Coroa (?)

Esta semana a comunicação social escrita deu destaque positivo a um Concelho que para além de ser vizinho do meu é uma espécie de Concelho irmão por apresentarem uma matriz territorial e social muito similar.

Quando a percentagem de desempregados no País já atinge a marca dos 11%, o Jornal Expresso deste fim-de-semana dava conta que Mação era o 4º Concelho do País com menos desempregados (3,5%). Quando a percentagem no Concelho do Sardoal, se situa entre os 10% e 14,9%, é de perguntarmos: - Qual é o “segredo” para tão grande sucesso? CARA!!!

Uma outra notícia sobre a Autarquia de Mação foi destacada pelo Semanário Mirante desta semana que, com a devida vénia transcrevo:

“A Câmara Municipal de Mação entregou oito novas bolsas de estudo a jovens estudantes do concelho que ingressaram este ano lectivo no ensino superior. Estas bolsas juntam-se às 12 renovações de outros alunos que já se encontram na universidade, totalizando 20 os bolseiros do município. Por não se terem renovado três bolsas, a autarquia atribuiu excepcionalmente mais três novos apoios este ano. Cada aluno recebe, mensalmente, 150 euros durante nove meses do período lectivo. São 1350 euros anuais por cada aluno, num investimento total de 27 mil euros anuais pela autarquia. A Câmara de Mação atribuiu ainda os prémios de Mérito Escolar aos melhores alunos do 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico (250 euros), bem como do Secundário (500 euros). Foi também entregue o Prémio de Excelência Escolar Gonçalo Matos (500 euros) às duas alunas que obtiveram a melhor classificação de acesso ao ensino superior no ano lectivo anterior”

Comentários? Apenas um: Parabéns Senhor Presidente da Câmara Municipal de Mação, Dr. José Manuel Saldanha Rocha!

Quem foi professor percebe, melhor do que ninguém, o que é que estas bolsas e prémios académicos representam, e representarão, na vida desses jovens estudantes, para quem as dificuldades financeiras da família são barreiras difíceis de transpor. É um investimento com retorno assegurado. Para além do valor financeiro em si, estas bolsas são capazes de gerar uma espécie de “cimento” que ligará o Concelho a esses jovens, impossível de quebrar.

Quantos dos beneficiados, após concluírem os seus estudos universitários, não farão tudo para viver no Concelho onde nasceram e que tanto os ajudou? CARA!!!

domingo, 23 de janeiro de 2011

O espectáculo!

Estamos a poucas horas de assistirmos ao baixar do pano de mais um espectáculo oferecido ao povo português.

Durante algumas semanas nunca tão poucos entretiveram tantos! Desde números de magia até à arte de bem dominar as feras, tudo valeu. Como em qualquer actividade circense nem os imprescindíveis palhaços ricos e palhaços pobres faltaram à chamada.

A previsibilidade do desfecho do espectáculo é de tal modo vincada que desde sempre se percebeu qual o artista que, por entre as aberturas da cortina, já corrida, virá, no fim, receber as palmas dos espectadores.

Na hora do aplauso já ninguém se lembrará do que fez… do que disse… do que prometeu para ser merecedor das palmas ou não estivessem em causa espectadores muito especiais possuidores de memória curta e para quem só o agora interessa, porque quanto ao depois… logo se vê!

Amanhã tudo voltará a ser igual ao que sempre foi, conquanto não seja pior.

Parabéns ao próximo Presidente da República Portuguesa e … seja o que Deus quiser!


Vem a propósito...

Era oriundo de famílias aristocráticas e descendente de flamengos.
O pai deixou de lhe pagar os estudos e deserdou-o.
Trabalhou, dando lições de inglês para poder continuar o curso.
Formou-se em Direito.
Foi advogado, professor, escritor, político e deputado.
Foi também vereador da Câmara Municipal de Lisboa.
Foi reitor da Universidade de Coimbra.
Foi Procurador-Geral da República.
Passou cinquenta anos da sua vida a defender uma sociedade mais justa.
Com 71 anos foi eleito Presidente da República.
Disse na tomada de posse: "Estou aqui para servir o país. Seria incapaz de alguma vez me servir dele..."
Recusou viver no Palácio de Belém, tendo escolhido uma modesta casa anexa a este.
Pagou a renda da residência oficial e todo mobiliário do seu bolso.
Recusou ajudas de custo, prescindiu do dinheiro para transportes, não quis secretário, nem protocolo e nem sequer Conselho de Estado.
Foi aconselhado a comprar um automóvel para as deslocações, mas fez questão de o pagar também do seu bolso.


Este SENHOR era Manuel de Arriaga e foi Presidente da República Portuguesa.

Outros Senhores!... Outros tempos!...


Cara ou Coroa (?)

Durante esta semana e quando acedia ao site da Câmara Municipal do Sardoal, despertou-me interesse um anúncio publicitado na página inicial que tratava a participação do Vice-presidente da Autarquia (meu estimado amigo Miguel Borges) no programa “Portugal português”, emitido pela TVI24, no passado dia 9 de Janeiro. A curiosidade motivou-me e… acedi ao link.

Após ter assistido com muita atenção à repetição do programa, considero globalmente positivas as intervenções do Autarca, embora pontualmente me tenha interrogado sobre a razão de algumas delas e em particular aquelas que envolveram as respostas às perguntas formuladas por alguns munícipes. De entre elas destaco as que abordaram o revestimento das ruas da Zona Histórica da Vila de Sardoal e a fixação das pessoas no Concelho do Sardoal.

Perante o autêntico suplício que é andar-se a pé nas ruas da Zona Histórica do Sardoal (“maldito seixo rolado!”), foi por si referido que a Câmara Municipal do Sardoal já tem uma solução para aquele problema e o mesmo trata a colocação de um passadiço central. Encontrando-se o projecto concluído, para que o mesmo seja executado apenas se aguarda pela autorização do IGESPAR (com a qual têm decorrido algumas conversações).

Interrogação: Se nem todas as ruas da Zona Histórica se encontram inseridas nos espaços de protecção a imóveis classificados definidos no PDM do Sardoal (sobre os quais o IGESPAR tem “voz activa”), o que impede o Município de colocar tal “passadiço central” nas restantes ruas nas quais o IGESPAR “não é tido nem achado”?

Sobre o que é que a Autarquia estava a fazer pela dinamização do investimento no Sardoal e para que as pessoas se possam aqui fixar, foi por si referido que está em curso o processo de revisão do PDM do Sardoal, instrumento fundamental para o desenvolvimento económico do Concelho e que se espera estar concluído dentro de um ano.

Interrogação: O que é que o actual PDM em vigor contém que tanto tem penalizado o desenvolvimento económico do Sardoal e que o novo PDM virá corrigir?

Conhecendo o Plano Director Municipal (desde a sua entrada em vigor no longínquo ano de 1994) e as competências do IGESPAR, como conheço (por força da minha actividade profissional), julgo pertinente a formulação de tais interrogações. Cara ou Coroa?

domingo, 16 de janeiro de 2011

Até quando?

Numa semana onde o Governo exultou vitória (???) pelo sucesso no leilão de dívida pública contraída na passada 4ª feira (dos 1,25 mil milhões de euros, no fim dos prazos de 4 e 10 anos, para além de termos de devolver tal montante vamos ter de pagar os respectivos juros. Quanto? 140 milhões de euros ao fim de 4 anos e 402 milhões de euros ao fim de 10 anos?) renovaram-se os sinais da necessidade de mudarmos os nossos comportamentos quer pessoais, quer sociais, quer políticos.

Se ainda há portugueses que tudo fazem para resistir à crise que assentou âncora em Portugal, uma fatia considerável da população continua “hipnotizada” pelas profecias dos vendedores da “banha da cobra”.
Até quando?

As máquinas que fabricam as ilusões que nos alimentam continuam activas e os responsáveis pelo seu funcionamento são os mesmos, vai para 37 anos. Até os candidatos à mais alta cadeira do poder não escapam ao poder dessas máquinas. E foi vê-los esta semana a libertarem-se da sua carga de responsabilidade pelo estado a que Portugal chegou, sacudindo a “poeira” por si gerada, para os ombros dos outros. Quando é que acordamos?

Dentro de uma semana, Portugal vai eleger o próximo Presidente da República. São três os candidatos ao meu voto: um que pensa em si, condicionado ao pensamento de outros; outro que pensa em si, pensando nos outros e finalmente um terceiro, que pensa em si, gozando com outros. Não deve ser difícil a escolha!

Para o vencedor, vai ser uma festa. Para os outros (nós) continuará a tormenta de tentar descobrir a fórmula de financiar despesas para as quais não se possui receitas suficientes.

Mesmo que o vencedor tenha de servir de “porteiro” à entrada do FMI (O maior banco da Escandinávia, o Nordea, aponta uma data para o pedido de ajuda externa de Portugal. A instituição financeira internacional é clara no seu estudo: o nosso País deverá ser «obrigado» a pedir auxílio à União Europeia e FMI entre 30 de Janeiro e 4 de Fevereiro… (in Agência Financeira 16/01/2011)) não deverá ver muito abalado o seu “prestígio e poder”.

Enquanto conseguirmos deixar para amanhã o que não queremos fazer hoje, todas estas “jogadas de poder” não nos tirarão o sono, o pior será quando já não o conseguirmos fazer. Que o digam os Tunisinos. ("...Sidi Bouzid, onde tudo começou, é um exemplo da desastrosa política económica do Governo. É uma zona do interior rural, quase sem desenvolvimento, porque este se reserva sobretudo às zonas costeiras, Meca do turismo e dos negócios imobiliários especulativos. Não admira que por parte da população, realmente pobre, se sinta discriminada. É uma pequena desigualdade real, em que um pequeno grupo concentra a riqueza e uma maioria apanha as migalhas. Se lhe somarmos uma tributação arbitrária, onde os ricos pagam pouco ou nada e os trabalhadores pagam por todos, compreende-se melhor o mal-estar…” (in “o Expresso” de 15/01/2011, Crepúsculo da era Ben Ali, de David Sendra).

Qual o País que se segue à Tunísia? Será que, também nós, não nos encontramos no limiar da revolta? Até quando?

A este propósito lembro um excerto de uma peça de teatro de Antoine Rault (Le “Diable Rouge”) que retrata os últimos meses de vida do Cardeal Giulio Mazarino (principal ministro de Luís XIV (França, 1643-1715) e Jean Batiste Colbert (ministro de estado e de economia) e que nos últimos tempos tem feito as “delícias” dos bloguistas.

Colbert: Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar [o contribuinte] já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é que é possível continuar a gastar quando já se está endividado até ao pescoço…
Mazarino: Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de dívidas, vai-se parar à prisão. Mas o Estado… o Estado, esse, é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se… Todos os Estados o fazem!
Colbert: Ah sim? O Senhor acha isso mesmo? Contudo, precisamos de dinheiro. E como é que havemos de o obter se já criámos todos os impostos imagináveis?
Mazarino: Criam-se outros.
Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
Mazarino: Sim, é impossível.
Colbert: E então os ricos?
Mazarino: Os ricos também não. Eles não gastariam mais. Um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
Colbert: Então como havemos de fazer?
Mazarino: Colbert! Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente! Há uma quantidade enorme de gente entre os ricos e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tirámos. É um reservatório inesgotável.


Será que 400 (!!!) anos depois esta filosofia não continua actual? Será que o reservatório é mesmo inesgotável?

Depois de tudo isto, vale a pena perguntar: -Até Quando?


Cara ou Coroa (?)

A visita do grupo dos GETAS no cantar dos Reis deste ano.







Quando já pensava que o São Pedro "proibira" o grupo do Getas de me visitarem com os seus "Cantares de Reis" foi com surpresa que os recebi no passado domingo à tarde. Como os amigos não precisam de se anunciar, foi muito boa a surpresa da visita.

Até para o ano e...CARA!!!

domingo, 9 de janeiro de 2011

Difícil de Entender

Por mais que possamos afirmar que já nada nos surpreende é raro o dia em que não nos deparamos com situações difíceis de entender.

Nesta semana, embora tenha sido muito incómodo o ruído produzido por algumas "máquinas de lavar roupa suja" (nem estando em causa o lugar de Presidente da República Portuguesa, as incomoda), tenho dificuldade em perceber como é que o Governo que teve força para nacionalizar um banco falido foi incapaz de travar uma negociata de milhões envolvendo antigos accionistas principais do mesmo banco.

“… O negócio remonta a Outubro do ano passado.
A actual administração do banco justifica que foi obrigada a comprar estas acções por um valor três vezes superior ao de mercado por causa de um antigo contrato celebrado entre Oliveira Costa e um accionista.
De acordo com o documento a que a TVI teve acesso, a Galilei, antiga SLN, comunicou aos accionistas uma proposta de venda de acções para que eles pudessem exercer o direito de preferência.
Numa das operações lê-se que o BPN é comprador de seis milhões e meio de títulos com o valor nominal de 1 euro.
Mas o preço acordado para o negócio é de 3,04 euros por acção, ou seja três vezes. Significa que o BPN pagou um total de 20 milhões de euros por este negócio.
Em comunicado o BPN explica que foi obrigado a comprar as acções em virtude de um contrato assinado entre Oliveira Costa e o accionista, um empresário de Braga e mais tarde prolongado por Miguel Cadilhe.
Este contrato prevê que o BPN seja forçado a recomprar as acções ao empresário.
O banco diz que tentou obter vários pareceres jurídicos mas não encontrou forma de contornar o acordo. O empresário de Braga tem agora uma acção em tribunal contra o BPN, a exigir que a instituição compre outro lote de acções.
Já depois de nacionalizado, o BPN comprou pelo menos seis milhões de acções da SLN, a sua antiga dona, num total de 20 milhões de euros.”
(in Agência Financeira 08/01/2011)

Difícil de entender? Ou talvez não?

As passadeiras vermelhas já foram colocadas na pista do aeroporto da Portela, da torre de controle já existe autorização para o FMI aterrar, só nos falta ir colher algumas pétalas de flores para lançarmos sobre o cortejo que atravessará Lisboa em direcção ao Ministério das Finanças e Banco de Portugal.

CARA OU COROA (?)

Da minha consulta aos Editais publicados no site da Câmara Municipal de Sardoal chamou-me a atenção a transcrição seguinte:

“--- O Senhor Presidente disse ter sido exigida a apresentação de um projecto, no INAG, de reabilitação da Barragem e a empresa que fez a Barragem assumiu de imediato a deficiência e os erros de construção e, eles próprios mandaram fazer o projecto de reabilitação na empresa Hidroprojecto, o qual foi analisado por equipas de engenheiros, tendo-se chegado à conclusão que embora o projecto pudesse ser executado, além de ser caro tinha o senão de nunca ter sido experimentado em Portugal, tendo os técnicos e engenheiros, chegado à conclusão que seria preferível encontrar outra solução e que, mesmo que a Barragem tivesse de ser esvaziada, seria preferível em termos de rapidez de execução e em termos de custos e é o que está a ser feito neste momento. Referiu ter estado em reunião com a Águas do Centro e o líder do consórcio que fez a Barragem, tendo-se agendado uma reunião para o mês de Outubro, com o INAG, para se saber da evolução, porque o primeiro processo que se tinha escolhido, não implicava o esvaziamento da Barragem mas contaminava a água que estava em depósito e por isso foi abandonado. Neste momento todos os intervenientes, Câmara Municipal, INAG e consórcio que fez a obra, estão em sintonia e aguardam que seja apresentado o projecto com a nova versão para que se possa, em Março/ Abril, que foi o timing dado, porquanto a obras têm de ser feitas já a sair do Inverno, fazer o projecto de reabilitação da Barragem.---
Interveio o Senhor deputado Manuel Paulo questionando sobre a data mencionada como prevista para inicio das obras de requalificação, ao que o Senhor Presidente da Câmara respondeu que se tudo correr como equacionado na reunião havida, tudo aponta para que seja em Março/ Abril do próximo ano, o início das obras. --- (Sessão ordinária da Assembleia Municipal do Sardoal realizada em 29 de Setembro de 2010 – acta 04/2010, página 9)


Porque já havia alguns meses que não visitava a Barragem da Lapa, diante desta notícia, voltei a visitá-la na passada 6ª feira, dia 7. Eram 11 horas da manhã quando tirei estas fotografias.













Olhando para aquele cenário custa imaginar vê-la vazia dentro de dois ou três meses!

Recordando…

As suas características: “… Trata-se de uma barragem de aterro, tendo o coroamento uma largura de 7m, desenvolvendo-se por uma extensão de 140 m à cota 174 m , sendo a altura total da barragem de 21 m. Os níveis, de pleno armazenamento é o correspondente à cota topográfica de 170 m, e o nível de máxima cheia é de 171,92 m, para um caudal de dimensionamento do carregador de cheias de 192 m3/s…”

E recordando…

A edição de 12-12-2002 do Semanário Mirante “ … inaugurada no passado sábado (7 de Dezembro de 2002) a Barragem da Lapa já abastece o Sardoal … Treze anos depois do início do projecto, a Barragem da Lapa, no Sardoal, entrou em funcionamento. O equipamento, que visa abastecer de água a população do concelho, foi inaugurado sábado pelo ministro das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente (Isaltino de Morais). Apesar do enorme atraso na execução da obra, o presidente da autarquia, Fernando Moleirinho, considerou que se concretizou “um grande objectivo estratégico…”.

...e recordando, ainda...

“… Que no que concerne à Barragem da Lapa, a obra (ainda) não está entregue, pese todas as reuniões que a Câmara Municipal do Sardoal que vem fazendo com a empresa Construtora do Lena…” (declarações do Vice-presidente da Câmara em reunião da Assembleia Municipal em 30 de Junho de 2010, constantes na página 5 da respectiva acta)

... Convenhamos que é difícil de entender!

Cara ou coroa?

domingo, 2 de janeiro de 2011

Mudança

O relógio do tempo não perdoa. O amanhã passa a hoje e o hoje a ontem a uma velocidade surpreendente. O tal ano que muitos (incluindo eu) profetizaram de difícil já chegou!

Defendo que o passado deverá funcionar enquanto campo de aprendizagem onde vamos buscar experiências que nos permitam reduzir os nossos erros. Não será preciso pensarmos muito para identificarmos situações onde errámos e que hoje já não repetiríamos tais erros. E se aprofundarmos os nossos pensamentos sobre as origens que estiveram na base do erro talvez encontremos no meio de muita inocência (em alguns acontecimentos novos) muita teimosia (em acontecimentos já repetidos).

Parece que está nos nossos genes a tendência para desconfiarmos da lógica entre a causa e o efeito de alguns acontecimentos. Por vezes, não basta uma experiência para aprendermos que associada a uma causa só existe um efeito. Temos a chamada “memória curta” e ela “atraiçoa-nos” permanentemente.

Associada à tendência anterior, os nossos genes são portadores, também, de outra tendência: não lidamos muito bem com o risco. Como associada a qualquer mudança existe um risco, nós não nos importamos de conviver com o mau porque ainda existe um nível mais baixo: o pior. Será que não existe algum fundo de verdade no ditado popular que sustenta que: “Para pior já basta assim!” e “Mal, por Mal…”? O que seria do Mundo e de todos nós se o homem não buscasse permanentemente um novo sentido para a vida questionando as tradições e assumindo os riscos das mudanças a elas associadas?

Se pela frente nos espera um ano cujos efeitos recessivos poderão condicionar as nossas vivências será que não deveremos criar defesas para minimizar tais efeitos? Será que nessas defesas não caberá o emergir de uma disponibilidade para lutarmos por uma mudança nas nossas atitudes no interior da sociedade a que pertencemos? Será que ao esperarmos que outros resolvam um problema que é nosso não nos coloca numa posição de servos perante esses outros?

Um dia virá, que as nossas energias se diluirão num corpo cansado ou doente e a nossa vida dependa totalmente de outros. E sendo justo e inquestionável o apoio da sociedade a tão nobre causa, o que dizer de outro alguém que não tendo qualquer limitação física requer o mesmo tipo de apoio e atenção por parte dessa mesma sociedade?

Por mais que escondamos a cabeça debaixo da nossa almofada para não ouvirmos o tic-tac do relógio, o tempo não pára. E sendo o tempo, um gerador contínuo de mudanças, por mais que façamos para não mudar, o tempo muda-nos independentemente da nossa própria vontade. Diante desta constatação só temos uma opção: ou somos nós que procuramos a mudança que melhor nos serve, ou nos resignamos a aceitar a mudança que outros nos impõem. Se pensarmos, ainda, que o egoísmo do homem não lhe permite partilhar o que é bom, mas dispensar o que é mau, quanto maior for o número daqueles que de outros dependam, menor é aquilo que lhes caberá em sorte.

Possivelmente a saída do labirinto da crise poderá estar na forma como formos capazes de questionarmos os nossos próprios comportamentos. Pela responsabilidade que lhes cabe, que os nossos políticos e governantes sejam os primeiros a questionarem-se sobre a forma como têm gerido os destinos de todos nós. Será que para se atingir o cume do poder tudo vale, nem que seja à custa da “miséria” dos outros?

Cara ou Coroa

No Cara ou Coroa de hoje, os meus pensamentos incidem na Campanha Eleitoral para a Presidência da República e como foi viver o ano de 2010 no meu Concelho.

Quanto à Campanha Eleitoral para a Presidência da República a nota que mais destaco e que merece alguma reflexão é a entrada em cena de um novo candidato. Ao nível a que a política nacional chegou, o candidato José Manuel Coelho “arrisca-se” a experimentar o “sucesso” do palhaço Tiririca no Brasil (“Vota no Tiririca, porque pior não fica!”). Se ele nos conseguir “animar” da forma como tem animado algumas sessões no Parlamento Regional da Madeira e passar a imagem de vítima do sistema (foi o único candidato que não teve direito a debate televisivo), “arrisca-se” a ter uma votação superior àquela que neste momento ele projecta. (Cara ou Coroa?)

Relativamente ao ano de 2010 no meu Concelho, pouco há a dizer a não ser que ele não trouxe nada de novo diferente de 2009 a não ser o agravamento no apoio à saúde (com a ausência de respostas práticas à substituição dos médicos de família que agora se aposentaram). As oportunidades de trabalho continuam escassas (ou mesmo inexistentes) e a desertificação humana progride com o envelhecimento da população e o êxodo dos jovens. Porém, nem tudo é mau. O índice de segurança continua elevado e percebe-se que existe alguma vontade em se mudar o estado das coisas menos boas. E se não tenho dúvidas quanto à dimensão dessa vontade, tenho muitas reservas quanto aos seus resultados práticos dadas as múltiplas variáveis que os condicionam. (Cara ou Coroa?)

Post-scriptum: De entre toda a informação disponibilizada no site da Câmara Municipal de Sardoal durante o ano de 2010 (é de saudar todo o esforço que os responsáveis têm feito no sentido do site ser o mais actualizado possível que, nesta matéria, até consegue ser melhor do que muitos sites de Autarquias vizinhas) os Editais mereceram a minha particular atenção. Durante o ano de 2010 o Executivo Municipal publicou Editais sobre os mais diversos assuntos desde os resultados das análises de água de abastecimento doméstico, até às alterações das reuniões do Executivo Municipal, passando pelos cortes temporários de abastecimento de água, aprovação de obras particulares, etc. Porque se tornaram repetitivos os Editais que trataram a alteração da data da Reunião da Câmara Municipal a curiosidade impeliu-me a conhecer o número de editais publicados sobre tais alterações. Com alguma surpresa verifica-se que, dos 55 editais publicados, 15 (!) trataram exclusivamente a alteração da data das reuniões de Câmara. Se verificarmos que foram realizadas, em 2010, 24 reuniões de Câmara, será que não se justifica uma reflexão sobre a eventual necessidade de se rever as datas previstas no Regimento da Câmara Municipal em vigor?