domingo, 29 de janeiro de 2012

A Resistência das Freguesias

Pelo País cresce a resistência à decisão do Governo, a mando da Troika (manda quem pode e obedece quem deve), em extinguir várias centenas de Freguesias. Independentemente do destino de muitas delas já estar traçado, não tem sido fácil encontrarem-se argumentos que contrariem tal decisão.

Cá para as bandas do meu Concelho, arregaçou-se as mangas, criou-se um Grupo de Trabalho que se dispôs a avaliar os efeitos da possível extinção de duas das suas quatro Freguesias já “marcadas” e os resultados já são conhecidos: “- Nem pensem em extinguirem-nos as duas Freguesias! Elas fazem-nos muita falta!”

Após a leitura das Conclusões do Grupo de Trabalho (que se encontram disponíveis no site da Câmara Municipal de Sardoal) com alguma facilidade poderemos concluir que as justificações invocadas são legítimas, mas que se podem aplicar à maioria das Juntas de Freguesia Rurais que o Governo já identificou como podendo ser extintas. Por isso… não haverá muito a esperar da decisão final.

Muitas das Freguesias que agora irão “desaparecer” e que muitos tentam evitar a todo custo, já há muito haviam sido abandonadas por quem tinha o dever de lhes dar “vida” e que apenas se lembravam delas em tempos de eleições.

Um exemplo claro do que afirmo é o caso da Junta de Freguesia de Santiago de Montalegre localizada no meu concelho. Em 1960 tinha 1.032 habitantes distribuídos por 18 lugares. Em 1970 esse número desceu para 794. Em 1981 passou para 539. Em 1991 desceu para 389. Em 2001 voltou a descer para 316 habitantes. O que nos dizem agora os números relativos ao Censos de 2011? O número de habitantes é agora de 224, dos quais 41% apresenta uma idade superior a 64 anos.

Com uma área de 17 Km2, sem uma escola, sem indústrias e não “entrando nas contas” por parte de quem está ao leme da Autarquia Sardoalense (nunca ali foi investido um só metro de saneamento doméstico, há mais de 10 anos que os investimentos se centram em “pequenas borradas de alcatrão e projectos que visem a sua dinamização ou não existem ou poucos os conhecem), com toda a propriedade, poderemos dizer que o número dos seus habitantes irá continuar a diminuir uma vez que a Lei da Natureza não “perdoa” aos mais velhos e poucos são aqueles dispostos a substituí-los. Para que serve então uma Junta de Freguesia que apenas abre as suas portas por alturas da Missa Dominical e com parcos recursos financeiros que depois de pagos os subsídios aos seus autarcas pouco sobra para se fazer alguma obra? Para além da política de proximidade, a esses Autarcas, pouco mais se lhes pode exigir para além do apoio cívico e social aos seus Fregueses mais desfavorecidos ou carenciados.

Muito mais poderia aqui referir sobre o que penso acerca deste assunto e de como as Freguesias que tiveram um papel muito importante na consolidação da Democracia em Portugal, aos poucos e poucos, passaram a ser olhadas como os parentes pobres do poder Autárquico e tratadas como simples Associações cujos membros eram pagos apenas para exercerem um serviço cívico e social, tão esvaziadas elas eram nas suas competências independentemente, em muitos casos, substituírem as próprias Autarquias na realização de trabalhos que aquelas deveriam realizar e não o fazem (Ex: limpeza dos espaços públicos). E o pior (para eles) é que, em muitos casos tais trabalhos não são acompanhados por um reforço de verbas por parte de quem tinha o dever de as realizar. Que o digam as Freguesias do meu Concelho que executam tais trabalhos a troco de quase nada, como se fosse essa a sua obrigação e, tal como acima referia, “tais organismos não passarem de meras Associações de Moradores com fundos próprios”.

E se penso assim, não é só porque conheço a realidade do meu Concelho, mas também porque os números, são como o algodão (não enganam). Se não, comparemos a atenção que as 4 Juntas de Freguesia do meu Concelho e uma Associação (Filarmónica União Sardoalense) merecem por parte da Câmara Municipal.


Retendo ainda o meu olhar sobre as duas Freguesias do meu Concelho “condenadas” à extinção, tenho uma réstia de esperança quanto à possível sobrevivência de Valhascos, já que Santiago de Montalegre é um caso completamente perdido face aos critérios colocados em cima da mesa.

Valhascos viu a sua população crescer, ainda que “ligeiramente”, nos últimos 10 anos (censos de 2001 = 385 habitantes e censos de 2011 = 401 habitantes), tem fronteiras naturais perfeitamente demarcadas e um conjunto de potencialidades que lhe permitem ultrapassar a barreira do seu défice populacional assim os órgãos políticos do Concelho o pretendam.

Olhando agora o assunto de uma forma não tão apaixonada, somos obrigados a concluir que os tempos mudaram e que o tal factor de proximidade que muitos advogam que se irá perder, com a extinção das Juntas de Freguesias, talvez não seja tão evidente. As comunicações nos tempos de hoje não são as mesmas de há 40 anos e os meios que hoje estão ao nosso dispor, na esmagadora maioria dos casos, esbatem e anulam tal necessidade.

São inúmeras as Juntas de Freguesia do País, que apenas abre as portas da sua Sede à população durante algumas horas durante a semana e, para além disso, muito do trabalho que realizam pode ser facilmente executado pela Autarquia. Se assim é, porque é que nós, através dos nossos impostos, temos de as financiar? Será que, muitos daqueles que hoje vestem a pele de Autarcas dessas Freguesias, caso fossem confrontados com a impossibilidade de receberem mensalmente os subsídios a que têm direito, não renunciariam ao cargo?

Não é só a perda de um sentimento de poder que está no centro da resistência à extinção das Freguesias, mas também a perda de rendimentos já tidos como certos, que, por pouco que sejam, fazem “ sempre jeito”.

Cara ou Coroa

Retomo o Estudo efectuado pelo Grupo de Trabalho que reflectiu sobre as consequências que o Documento Verde poderá promover na organização territorial do Concelho do Sardoal.

Para além de evidenciar o facto de uma camada da população poder vir a ficar prejudicada pela eventual extinção das Freguesias de Valhascos e de Santiago de Montalegre, conclui o estudo:

… Que se constitua um conselho municipal de freguesias, mantendo as juntas como estão, mas no qual as quatro freguesias se comprometeriam entre elas a partilhar bens e recursos e que na aquisição de bens existiria uma regra em como estas seriam pensadas em conjunto por forma a existirem ganhos de escala.

Este conselho municipal de freguesias seria constituído pelos presidentes de junta, ou seus representantes, e pelo presidente da Câmara Municipal, ou seu representante.

O conselho municipal de freguesias seria o local onde as freguesias iriam procurar o entendimento entre elas, sem que nenhuma delas perdesse o seu poder e legitimidade.

Com a criação deste conselho municipal de freguesias é possível estabelecer uma afirmação territorial mais forte porque a visão do que acontece no concelho passa a ser mais global e fomentará a existência de uma preocupação mútua entre freguesias. “


Embora, profundamente céptico quanto à possibilidade das Juntas de Freguesia poderem partilhar bens e recursos, uma vez que só partilha bens e recursos quem tem e as Juntas de Freguesia do Concelho de Sardoal pouco têm a partilhar (Entre todas julgo ser possível reunir 1 retroescavadora, 2 dumpers, 3 carrinhas e até 10 trabalhadores. Para fazerem que trabalhos? Das suas competências próprias ou da competência de outros?) creio que este conselho municipal seria muito útil na partilha de experiências e informação.

E se assim é, porque se espera para a sua constituição?

Cara ou Coroa? Por enquanto… CARA! (Mais tarde logo se verá.)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Notícias do meu País

Notícia 1 (DN 02/08/2011)

Segundo o "Jornal de Notícias", os quatro motoristas da Secretaria de Estado da Cultura são os funcionários que mais auferem no Governo de Passos Coelho, ultrapassando quase todo o secretariado e colaboradores dos restantes ministérios, de acordo com os dados sobre as nomeações governamentais, disponíveis na página do Executivo na Internet. Liderada por Francisco José Viegas e tutelada pelo primeiro-ministro, aquela Secretaria de Estado atribui a cada um dos motoristas um vencimento base de 1866,73 euros. Armando Cardoso, 48 anos, Sérgio Campos, 35, Nuno Gonçalves, 34, e André Viola, com 21 conseguem auferir quatro vezes mais do que os 583,58 euros atribuídos a Jorge Morais, 46 anos, motorista de Passos Coelho.
Fonte oficial da Cultura classificou o cenário como "normal", de acordo com "uma uniformidade de critérios", que pode não ter sido seguida pelas restantes pastas quando forneceram os dados.



Notícia 2 (Público 20/01/2012)

Em declarações aos jornalistas no final da primeira etapa da visita de dois dias que está a fazer ao Porto, Santo Tirso, Famalicão e Guimarães, o Presidente da República recusou pronunciar-se sobre as recentes nomeações políticas para a EDP, afirmando que não devia expressar a sua opinião.

“Como Presidente da República não tenho qualquer intervenção em qualquer nomeação para cargos empresariais ou para cargos na administração pública. É uma matéria que é totalmente da competência de outros cargos ou da competência de accionistas não devo, de facto, de expressar a minha opinião”.

No turbilhão de perguntas que os jornalistas lhe colocaram, a que criou maior embaraço a Cavaco foi a que teve a ver com o facto de o chefe de Estado receber subsídio de férias e de Natal, como reformado do Banco de Portugal. O Presidente da República olhou o jornalista durante alguns instantes e depois de fazer uma prolongada pausa disse: “Vou responder.”

“Neste momento já sei quanto é que irei receber da Caixa Geral de Aposentações. Descontei quase 40 anos uma parte do meu salário para a CGA como professor universitário e também descontei durante alguns 30 anos como investigador da Fundação Calouste Gulbenkian e devo receber 1300 por mês, não sei se ouviu bem 1300 euros por mês”, disse Cavaco, olhando o jornalista. “Tudo somado, o que irei receber do Fundo de Pensões do Banco de Portugal e da Caixa Geral de Aposentações quase de certeza que não vai chegar para pagar as minhas despesas porque como sabe eu também não recebo vencimento como Presidente da República”, disse Cavaco.

Porém, o Presidente da República não esclareceu o valor da pensão relativa ao Banco de Portugal (BdeP).

Mas uma fonte não oficial do Banco de Portugal assegurou ao PÚBLICO que Cavaco Silva nunca deixou de descontar para o fundo de pensões do BdeP. Está acima do nível 18, o que equivale a uma pensão entre os 4.000 e os 6.000 euros por mês.

Refira-se que a pensão máxima do Banco de Portugal ronda os 8.000 mil euros.

Há precisamente um ano, o chefe de Estado decidiu prescindir do seu vencimentos como Presidente da República, no valor de 6.523 euros, e hoje, em declarações aos jornalistas, no final de uma visita ao gabinete do munícipe da Câmara do Porto, Cavaco fez questão de referir que não recebia qualquer vencimento pelas suas funções.

A decisão do Presidente surgiu depois da aprovação da legislação que põe fim à acumulação de pensões com vencimentos do estado, a partir de 1 de Janeiro de 2011.
O Presidente da República acumula duas pensões, a de professor catedrático na Universidade Nova de Lisboa e a de reformado do Banco de Portugal, que totalizam cerca de dez mil euros.


Notícia 3

Numa declaração entregue a 14 de Dezembro de 2010, quando se candidatou ao segundo mandato de Presidente da República, Cavaco Silva apresentou quase 283 mil euros de rendimentos auferidos em 2009. Destes, 140.601,81 euros foram em pensões.


Notícia 4

O jornal "i" escreve hoje (23/01/2012) que, além dos 10 mil euros por mês das pensões, Cavaco Silva recebe ainda 2900 euros por média (e por mês) para despesas de representação pelo cargo que ocupa. Assim, avança o jornal, o presidente não ganha só os 10 mil euros de que se falou nos últimos dias, mas sim 13 mil.
O orçamento da Presidência da República prevê uma verba de 4,5 milhões de euros para 2012 na rubrica representação da República. Uma valor menor que, segundo o jornal, diminuiu desde 2009, e inclui também as remunerações com o gabinete de Cavaco e as Casas Civis e Militar e ainda as remunerações pagas ao pessoal dos gabinetes dos anteriores presidentes.



Notícia 5 (DN 23/01/2012)

Quando daqui a quatro anos deixar a Presidência da República, Cavaco Silva não deverá poder juntar uma subvenção política às pensões de dez mil euros brutos que agora recebe, mas vai ter direito a um gabinete com secretária e assessor da sua confiança, a um carro com motorista e combustível para serviço pessoal e ajudas de custo para as deslocações oficiais fora da área de residência.
Estes são direitos que a lei dá aos antigos chefes do Estado e que pesam um milhão de euros no orçamento do Palácio de Belém. Feitas as contas, Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio custam, cada um, cerca de 300 mil euros aos cofres públicos (por ano).



Será que alguém, depois de Ler estas 5 notícias é capaz de ficar indiferente e continuar a manifestar a sua total disponibilidade em aderir ao apelo Nacional lançado pelos nossos líderes políticos para que continuemos a nossa caminhada de sacrifícios em demanda de um futuro melhor?


Comentário 1

Olhemos para a 1ª notícia e reflictamos:

- Porque é que os motoristas nomeados pelo Governo, ao nível do seu salário, uns são mais iguais que outros?

- O que é que uns têm que outros não têm, para além de terem todos (naturalmente) uma carta de condução?


Depois da publicação do meu último artigo (O Tacho e a Vaca) recebi um e:mail que dava conta da insatisfação que grassa na Secretaria de Estado da Cultura pela invulgaridade de três nomeações efectuadas por este Governo e onde se destaca um Motorista de apenas 21 anos de idade. Este jovem, que ao que parece não pôde ser nomeado no dia 28/06/2011, tal como os outros três motoristas seus colegas, porque à data ainda não possuiria a necessária carta de condução, o que veio a verificar-se apenas no dia 18/07/2011.

Não sei, nem estou interessado em saber, se à data da sua nomeação esse jovem tinha carta de condução há 3 anos ou há 3 dias, se é alto e loiro, se tem voz grossa ou voz fina, se é português ou chinês, se apenas é motorista ou algo mais (guarda-costas, por exemplo). O que eu sei é que quando comparamos a sua idade e o seu vencimento bruto com outros motoristas nomeados pelo governo (alguns deles conseguem ter mais anos de carta de condução que esse jovem de vida e que, mesmo assim, este jovem ainda os consegue vencer, por KO, em matéria de salário), por muito insensível que alguém seja, não consegue ficar indiferente diante do conhecimento do modo como é utilizado o dinheiro dos seus impostos.

Eu não sou diferente dos demais e juntando este caso a outras nomeações conhecidas, apetece-me vomitar como se através desse acto eu pudesse expurgar a culpa de me sentir co-responsável neste processo de nomeações de Joys for the Boys, onde a competência profissional parece ser variável dispensável na hora do “acerto de contas” pendentes ou a pender para o futuro.

AQUI HÁ ALGO QUE FEDE!!!


Comentário 2

Quanto às outras notícias o sentimento de revolta ainda consegue provocar-me mais dano, mesmo tendo a consciência que não votei Cavaco, nem para este mandato, nem para o mandato anterior.

Muito se tem escrito sobre o que Cavaco Silva disse e não deveria ter dito ou não disse e deveria ter dito.

Concordo e assino por baixo da esmagadora maioria das críticas que lhe são feitas e até tento perceber a defesa que alguns fazem sobre o amigo, mas o que mais me intriga no meio desta guerra de palavras é não saber do paradeiro do Presidente da República do meu País.

- Onde pára aquele que deveria ser a nossa referência Nacional e em quem ainda poderíamos confiar, pese o facto de nos ter falhado em outros momentos decisivos, mas que agora tendíamos a esquecer diante do Cabo das Tormentas em que nos encontramos?

O pior que pode acontecer a um Povo é sentir-se abandonado à sua sorte.

As palavras proferidas por Cavaco Silva revelam que o nosso Presidente da República se encontra de tal modo dominado pela pressão da ganância do interesse próprio que o resto (todos nós) se tornou secundário. E o que mais preocupa neste caso é que tal pressão está em crescendo e não dá mostras de abrandar tantos têm sido os sinais que temos assistido ao longo dos tempos (as acções do BPN, o total adormecimento durante o seu 1º mandato que tudo permitiu a José Sócrates, etc).

Onde pára o nosso Presidente da República? Será que ainda o temos ou o que dele resta é apenas o seu fato? Será que eu, enquanto cidadão Português, não estou já abandonado à minha sorte sem o saber?

Para bem de um povo com, quase, 900 anos de História, Portugal precisa de um Presidente que direccione toda a sua atenção nas necessidades do seu Povo em vez de se deixar vencer pela tentação do interesse próprio. Será que a mistura desses interesses não o fragiliza ao mesmo tempo que enfraquece todos nós?

NÓS NÃO MERECIAMOS ISTO!!!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O Tacho e a Vaca

Por muitos argumentos que possamos invocar para a continuamente contrariar, todos nós, Portugueses, temos uma atracção muito especial pelo leite da vaca. E a nossa atracção é tal que quanto mais leite a vaca nos der, mais felizes ficamos e como a felicidade não tem limites está bom de ver sobre a quantidade de leite que pretendemos que a vaca nos dê.

E tudo até poderia estar bem não fosse dar-se o caso dessa atracção apresentar um vício de forma: QUANTO MAIS GOSTO DO LEITE, MENOS GOSTO DA VACA!

E é nesta relação de amor e ódio entre o leite e a vaca que definimos os nossos objectivos de vida. Assim, os outros que se preocupem com a alimentação da vaca e limpeza da sua bosta, porque eu, se apenas quero o seu leite, apenas me bastará pegar num tacho e, a bem ou a mal, enchê-lo do material precioso. Quanto maior for a minha astúcia, maior será o meu tacho, e quanto maior ele for, menor será o meu trabalho para o encher, delegando noutros o papel da ordenha.

- Então, e qual é o papel do dono da vaca? – Perguntará alguém menos atento à nossa realidade.

- Esse… É um sortudo! As vaquinhas “desenrascam-se sozinhas”. Dêem-lhes um robot, um campo verdejante e meia dúzia de rolos de papel higiénico que elas encarregar-se-ão de ceder gratuitamente o leite que o seu dono quiser. Ele será tanto que temos de o “ajudar” não vá o leite “coagular” e “estragar-se”! – Apressar-nos-emos a responder.

Exemplos não nos faltam. Que o diga o nosso PR quando em Outubro de 2008, durante uma visita a uma exploração agrícola, também não se conteve e afirmou: “- Fiquei surpreendido por ver como as vacas avançavam uma a uma e se encostavam ao robot, sentindo-se deliciadas enquanto este realizava a ordenha!”. Mais tarde, em 21 de Setembro de 2011, ao visitar a Vila de Santa Cruz da Graciosa nos Açores, foi também “incapaz de conter o fascínio” que lhe causaram algumas vacas no dia anterior e não se coibiu de afirmar: “- Ontem eu reparava no sorriso das vacas, estavam satisfeitíssimas olhando para o pasto que começava a ficar verdejante”.

E como o exemplo vem de cima toca a organizarmo-nos sobre como melhor tirar partido do leite da vaca, não vá ele estragar-se, nem que para isso tenhamos de criar sindicatos para zelarem pelos nossos direitos e impedir por todos os meios, possíveis e imaginários, que o dono da vaca nos possa impedir de colocarmos a nossa vasilha ou o nosso tacho debaixo das tetas da vaca.

Vem isto a propósito da postura das organizações sindicais e partidárias diante da necessidade de se alterar a lei laboral em Portugal. Os tempos mudaram e há quem se recuse a acompanhar essa mudança. Os tempos de abundância e onde tudo nos era permitido… terminou!

A sobrevivência de Portugal estará na nossa capacidade em transferirmos o centro das nossas prioridades estratégicas deslocando-o do sector público para o sector privado. A capacidade financeira das empresas privadas está no limite entre a elasticidade e a plasticidade. O mais pequeno gesto irresponsável que alguém pretenda promover junto dessas empresas poderá ser o seu fim e de todos aqueles que dela dependem. O “combate” ao POUCO poderá resultar no NADA, porque a “bóia” Estado não chega para todos. Nesse dia, conforme o ditado popular, “por mais que torçamos a orelha, ela já não verterá sangue”.

E é nesta luta do “salve-se quem puder” que diariamente continuamos a assistir a cenários que julgávamos não voltar a presenciar e que nos “revolvem as entranhas”. Às vezes até preferíamos desconhecer tão incómodo elas se tornam. Falo das nomeações que o Governo para o qual dei a chancela do meu voto tem feito, desde que por mim e por outros foi eleito.

Quando olho para o vasto conjunto de nomeações e vejo que 14 “especialistas” têm uma idade compreendida entre os 24 e 25 anos e outros 15 “especialistas” apresentam uma idade entre 26 e 29 anos pergunto-me que “fenómenos” são estes e por onde andavam.

- Que Universidades frequentaram que foram capazes de os dotar de tão distinta sabedoria científica que os classifica enquanto tal e que se tornam a tal ponto imprescindíveis para o sucesso do Governo que são principescamente recompensados financeiramente?

Devem de ser muito especiais, estes “especialistas”, porque conseguem contrariar a tese de que após o conhecimento da teoria faltará a prática da vida para a compreender e utilizar. Eu não quero crer que estamos todos diante de uns “boys” e “girls” laranjas e azuis muito bonitinhos e arrumadinhos que pela facilidade em enviarem mensagens de telemóvel em tempo record e incapazes de dizer não a quem lhes fornece o tacho para o porem debaixo da teta da tal vaca, merecem tal estatuto social e remuneratório. Ou será que estamos e eu apenas não quero crer?

Tenhamos juízo e organizemo-nos!


Cara ou Coroa

Para os que de longe querem saber notícias do Sardoal o que hoje aqui tenho para dizer nem é bem, nem mal: os dias passam uns atrás dos outros e... quanto ao futuro... logo se verá.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Andar à nora

Nestes últimos dias, todas as notícias apontaram para uma constatação que não deixa margem para quaisquer dúvidas: os ventos que sopram cá para as bandas deste cantinho da Europa está a pôr os portugueses a andar aos papéis e, porque não dizê-lo… ANDAR Á NORA.

Com um acto de acrobacia, o Governo entendeu dar o dito por não dito e fazer o que os outros governos que o antecederam sempre fizeram e ei-lo a nomear os seus “boys” para o emprego mais apetecível de Portugal (PT), onde o dinheiro parece não faltar e precisar (?) de alguém que saiba (?) como administrar esses milhões fresquinhos provenientes da terra de Mao Tse Tung. (Vai ser lindo quando os chineses avaliarem o coeficiente produção/honorários dessa gente!).

De repente, umas organizações secretas (?), que eram olhadas com alguma indiferença, passaram a ser olhadas como uns “maus da fita”. Quando o dinheiro “jorrava” e com ele se comprava o que se podia e não podia, o povo dispensava os “detalhes” e até elogiava os que “faziam pela vida”, quer individualmente quer em grupos. Hoje, as coisas mudaram e tudo é diferente. Há que “desenterrar o vil metal” e… nada escapa. No caso particular da maçonaria, se a organização tem algo de secretismo então é porque tem algo a esconder e há que descobrir tais segredos. Agora? Não será tarde? O avental que veste esses homens e mulheres que compõem tal organização já fez o seu “trabalho de casa” e saberá, com a experiência acumulada de séculos, como contornar tais “investidas! Se uma loja já daria muito trabalho, o que dizer das actualmente existentes em Portugal? (Segundo algumas informações, já ultrapassaram, há muito, as duas dúzias (33?)).

Por fim, o tal político que durante 6 anos nos colocou palas nos olhos e nos pôs a andar à nora, é manchete de notícia uma vez que, desta vez, não teria como fugir. O Ministério público decidira arrolá-lo como testemunha no processo da Universidade Independente e hoje, de acordo com a comunicação social, deveria ir a Tribunal esclarecer os Juízes sobre como obteve a sua Licenciatura em Engenharia Civil.

E não é que faltou? Quem diria!... Coitados dos jornalistas e dos portugueses!... Estava escrito que hoje se conheceriam os mistérios (?) sobre cadeiras feitas a um domingo. Todos nós ficámos (?) aos papéis para não dizer que… ficámos a andar à nora (e vamos continuar a ficar, porque, se calhar, o silêncio vale ouro para alguns).

Enquanto colocarmos os nossos direitos à frente dos nossos deveres jamais saberemos como cortar as amarras que nos ligam ao sucesso, mas que nos impedem de a ele chegarmos.

E porque julgo pertinente, passo a transcrever um conto que li na “biblioteca da Internet” e que, embora desconheça o seu autor, merece que a reproduza, pela oportunidade que envolve a empresa Jerónimo Martins com a decisão de colocar a sede do grupo na Holanda.


"A CIGARRA E A FORMIGA
(Versões alemã e portuguesa)

Versão alemã

A formiga trabalha durante todo o Verão debaixo de Sol. Constrói a sua casa e enche-a de provisões para o Inverno.

A cigarra acha que a formiga é burra, ri, vai para a praia, bebe umas bejecas, dá umas quecas, vai ao Rock in Rio e deixa o tempo passar.

Quando chega o Inverno a formiga está quentinha e bem alimentada. A cigarra está cheia de frio, não tem casa nem comida e morre de fome.

Fim


Versão portuguesa

A formiga trabalha durante todo o Verão debaixo de Sol. Constrói a sua casa e enche-a de provisões para o Inverno.

A cigarra acha que a formiga é burra, ri, vai para a praia, bebe umas bejecas, dá umas quecas, vai ao Rock in Rio e deixa o tempo passar.

Quando chega o Inverno a formiga está quentinha e bem alimentada.

A cigarra, cheia de frio, organiza uma conferência de imprensa e pergunta porque é que a formiga tem o direito de estar quentinha e bem alimentada enquanto as pobres cigarras, que não tiveram sorte na vida, têm fome e frio.

A televisão organiza emissões em directo que mostram a cigarra a tremer de frio e esfomeada ao mesmo tempo que exibem vídeos da formiga em casa, toda quentinha, a comer o seu jantar com uma mesa cheia de coisas boas à sua frente.

A opinião pública tuga escandaliza-se porque não é justo que uns passem fome enquanto outros vivem no bem bom. As associações anti-pobreza manifestam-se diante da casa da formiga. Os jornalistas organizam entrevistas e mesas redondas com montes de comentadores que comentam a forma injusta como a formiga enriqueceu à custa da cigarra e exigem ao Governo que aumente os impostos da formiga para contribuir para a solidariedade social.

A CGTP, o PCP, o BE, os Verdes, a Geração à Rasca, os Indignados e a ala esquerda do PS com a Helena Roseta e a Ana Gomes à frente e o apoio implícito do Mário Soares organizam manifestações diante da casa da formiga.

Os funcionários públicos e os transportes decidem fazer uma greve de solidariedade de uma hora por dia (os transportes à hora de ponta) de duração ilimitada.

Fernando Rosas escreve um livro que demonstra as ligações da formiga com os nazis de Auschwitz.

Para responder às sondagens o Governo faz passar uma lei sobre a igualdade económica e outra de anti descriminação (esta com efeitos retroactivos ao princípio do Verão).

Os impostos da formiga são aumentados sete vezes e simultaneamente é multada por não ter dado emprego à cigarra. A casa da formiga é confiscada pelas Finanças porque a formiga não tem dinheiro que chegue para pagar os impostos e a multa.

A formiga abandona Portugal e vai-se instalar na Holanda onde, passado pouco tempo, começa a contribuir para o desenvolvimento da economia local.

A televisão faz uma reportagem sobre a cigarra, agora instalada na casa da formiga e a comer os bens que aquela teve de deixar para trás. Embora a Primavera ainda venha longe já conseguiu dar cabo das provisões todas organizando umas "parties" com os amigos e umas "raves" com os artistas e escritores progressistas que duram até de madrugada. Sérgio Godinho compõe a canção de protesto "Formiga fascista, inimiga do artista...".

A antiga casa da formiga deteriora-se rapidamente porque a cigarra está-se cagando para a sua conservação. Em vez disso queixa-se que o Governo não faz nada para manter a casa como deve de ser. É nomeada uma comissão de inquérito para averiguar as causas da decrepitude da casa da formiga. O custo da comissão (interpartidária mais parceiros sociais) vai para o Orçamento de Estado: são 3 milhões de euros por ano. Enquanto a comissão prepara a primeira reunião para daí a três meses, a cigarra morre de overdose.

Rui Tavares comenta no Público a incapacidade do Governo para corrigir o problema da desigualdade social e para evitar as causas que levaram a cigarra à depressão e ao suicídio.

A casa da formiga, ao abandono, é ocupada por um bando de baratas, imigrantes ilegais, que há já dois anos que foram intimadas a sair do País mas que decidiram cá ficar, dedicando-se ao tráfego da droga e a aterrorizar a vizinhança.

Ana Gomes um pouco a despropósito afirma que as carências da integração social se devem à compra dos submarinos, faz uma relação que só ela entende entre as baratas ilegais e os voos da CIA e aproveita para insultar Paulo Portas.

Entretanto o Governo felicita-se pela diversidade cultural do País e pela sua aptidão para integrar harmoniosamente as diferenças sociais e as contribuições das diversas comunidades que nele encontraram uma vida melhor.

A formiga, entretanto, refez a vida na Holanda e está quase milionária...

FIM

Bons Trades LM


Moral da história: O QUE É MEU É MEU E O QUE É TEU É NOSSO!


Cara ou Coroa

Cá pelo meu burgo gostaria de destacar duas notícias: O mercado de Janeiro e o Cantar dos Reis

Quanto ao Mercado de Janeiro, que ontem teve lugar na artéria principal da Vila de Sardoal (Praça da Republica) nada tenho a opinar quanto à sua necessidade, mas… por favor… alguém, que tenha poderes para tal, que acabe com o rasto de lixo que estes mercados semeiam nas ruas da Vila. Esta já não é a primeira vez que aqui abordo este assunto. Para quando tal decisão?

Hoje, um “batalhão” de funcionários apoiados por uma retroescavadora fizeram o trabalho de limpeza que se impunha, mas será que um saco de plástico e uma nota de advertência distribuído a cada vendedor ambulante não resolveria parte do problema? Bem sei que para uns o lixo poderá não incomodar, mas será que os outros têm de “gramar” o que não querem? Cara ou Coroa? COROA!

Este ano, o GETAS voltou a respeitar a tradição e durante as noites de 5ª e 6ª feira voltou à rua para o seu tradicional Cantar dos Reis. “Visitaram-me” na noite de 6ª feira e… GOSTEI DA VISITA!

Para todos aqueles que integravam tão vasto grupo (o número de jovens que o compunha é um garante que esta associação está para durar, o que se saúda e aplaude) renovo o agradecimento pela visita, desejo a todos e um “FUNTÁSTICO ANO” e que… para o ano… cá os esperarei de novo. CARA!








quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Transparência

Já entrámos no tal ano que muitos pretendem que passe depressa e outros que passe o mais devagar possível. Eu faço parte daqueles que pretende que 2012 passe o mais devagar possível e desde logo fico contente porque o ano é bissexto, e por via disso, tenho mais um dia para satisfação da minha vontade.

A minha vontade para que o ano de 2012 passe devagar, nada tem a ver com a profecia da Civilização Maia quanto ao fim da Humanidade lá para o dia 21 de Dezembro (durante anos, eu e muitos de nós vivemos com a profecia do “a 2000 chegarás, mas de 2000 não passarás” e já lá vão 12 anos!!!), mas apenas porque quero desfrutar o melhor possível o legado que Deus me concede: a capacidade de viver e apreciar a vida que me rodeia.

Pese todos os escolhos que os nossos passos têm de transpor diariamente… É BOM VIVER!

É inquestionável que a vida vivida sem dor é tudo aquilo que qualquer um de nós ambiciona, independentemente dessa dor ser física ou psíquica. E porque também eu quero viver a vida longe da dor só tenho uma saída: tudo fazer para a não ter!

Só alguém para quem a vida não tem qualquer valor é que pode ficar insensível diante do conhecimento que vivemos numa sociedade doente. Pese toda a “saúde” que possa evidenciar, a dor dessa “doença” acabará por “contagiá-lo” e com isso condicionar a sua forma de vida. E porque vivo numa sociedade que há muito se encontra doente, a forma que tenho encontrado para contribuir para as suas “melhoras” é revelar o segredo da minha “saúde”. Independentemente de saber que as minhas “armas” não são indestrutíveis, dados os muitos defeitos que possuem, saber que, pelo menos, poderão “ajudar” uma só pessoa, já vale a pena o propósito.

Colocando de novo os olhares sobre o provir (este ano e todos os que se seguirão) penso que se formos capazes de perceber que os avanços da ciência não nos mudou só a nós, mas também os outros foram mudados, conseguiremos encontrar a saída para a resolução de muitos problemas que causam “dor” aos outros e a nós também.

Os avanços na tecnologia da informação já não nos permitem pensar que somos capazes de esconder os nossos pensamentos quanto mais os nossos actos. O “Big Brother” do livro “1984” da autoria de George Orwell, publicado em 1949, comparado com o que se passa nos dias de hoje, é como compararmos a era animal no tempo dos dinossauros e a era atual.

E se já não conseguimos ser transparentes, porque é que alguns teimam em pensar ser possível tal aventura?

Dos que acreditam que o homem-fantasma ainda consegue fazer “milagres”, ninguém consegue bater os nossos políticos. De entre eles, os que mais se destacam são, seguramente, aqueles que mais de perto vivem junto das comunidades que os elegeram. E destacam-se especialmente pelo juízo de valor que fazem quanto à ingenuidade dos outros que eles julgam conhecer. Quão enganados muitos deles andam!

Será que alguém seria capaz de aceitar que alguém fosse, às segundas, quartas e sextas, juiz numa comarca e às terças e quintas, fosse advogado na comarca vizinha? E se não conseguimos aceitar tal hipótese, porque é que continuamos a pactuar através dos nossos silêncios ou interesses particulares em dar continuidade a actos que enfraquecem a comunidade à qual pertencemos?

E se cada um de nós ocupasse apenas o espaço a que tem direito, em vez de procurar incessantemente ocupar os espaços que a outros compete?


Cara ou Coroa

Cá para as bandas do meu Concelho, o espartilho financeiro que envolve a sua Autarquia mal lhe dá espaço para respirar quanto mais andar. Assim os dias sucedem-se uns a seguir aos outros sem que a rotina seja minimamente quebrada.

Porém, na semana do Natal, “O Mirante” publicou um artigo que dava conta que a Barragem da Lapa que foi inaugurada em Dezembro de 2002 e até hoje não foi entregue pelo consórcio construtor à Câmara Municipal do Sardoal, preocupa os deputados socialistas eleitos pelo círculo eleitoral de Santarém. A preocupação destes deputados prende-se com as medidas preventivas a que Barragem tem estado sujeita ao longo destes anos (desde Fevereiro de 2004) que impede que seja ultrapassado o nível dos 164 metros, dada a existência de anomalias detectadas na sua construção pelo LNEC e confirmadas pelo INAG. A preocupação é tanta (?) que levou estes senhores Deputados a enviarem um requerimento à Ministra da Agricultura (não seria o Ministro da Administração interna?) no qual perguntavam quais as medidas adoptadas para a salvaguarda da segurança de pessoas e bens existentes a jusante da barragem de "deficiente" construção ao mesmo tempo que reclamavam ainda pelo conhecimento dos relatórios enviados sobre esta matéria à Câmara Municipal de Sardoal.

O que me chamou mais a atenção nesta notícia não foi as deficiências construtivas da barragem da Lapa que sempre conheci durante o tempo que fui Vereador (Outubro/2005 – Outubro/2008) e das inúmeras histórias que envolvem as entidades envolvidas na sua construção quanto ao corrige - não corrige, mas quem vem agora reagir e pugnar pelo direito à salvaguarda da segurança de pessoas e bens existentes a juzante da barragem.

Onde é que andaram todos estes senhores ao longo de todos estes anos? Quais foram as suas responsabilidades governamentais desde 2005 para terem andado tão “distraídos”? Se não me falha a memória, os actuais deputados do PS eleitos pelo círculo eleitoral de Santarém, na Legislação anterior, um era ministro da Agricultura, a outra secretária de Estado e o outro Deputado.

Porque é que isto me cheira a oportunismo político? Cara ou Coroa?

COROA!