quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Salve-se quem puder!

Os dias passam e os ventos da desgraça que se instalaram sobre um pequeno rectângulo de terreno na parte mais ocidental da Europa não dão sinais de abrandamento, pelo contrário, todos os sinais que vamos tendo apontam para o seu agravamento.

O pior sentimento que alguém pode experimentar é perder a capacidade de poder sonhar sobre o seu futuro. E será que nós, Portugueses, não estamos já a experimentar tal sentimento? Será que quando somos colocados numa posição em que só o dia de hoje interessa e o de amanhã logo se vê, não estamos já a perder essa capacidade de sonhar?

O Sebastianismo que nos vem “confortando”, desde a tal Batalha de Alcácer Quibir, sempre que o infortúnio ou a má sorte nos invade e que nos permite desacreditar hoje naquilo que ontem acreditávamos para logo voltarmos a acreditar e a desacreditar, tem os dias contados. Assim, como poderemos voltar a sonhar?

Tomemos por exemplo o nosso Governo, sobre o qual depositei, tal como muitos outros, francas perspectivas de poder continuar a sonhar. Será que tem feito tudo o que devia fazer para corrigir o que estava torto?

Porque é que os poderosos em tempos de crise se tornam mais poderosos enquanto que os fracos se tornam mais fracos?

Porque é que os direitos de uns podem ser questionados e corrigidos enquanto os direitos de outros se tornam sagrados?

Que diferenças existem entre os rendimentos de alguém que trabalha para os merecer e os proveitos de Fundações que ninguém sabe para que servem, Participações Público-Privadas criadas com o propósito de garantirem riqueza a uns poucos e já para não falar de Mordomias ao alcance de outros tantos?

Onde está o poder de um governo que não hesita ante o fraco e revela prudência(?) excessiva ante outros?

É verdade que a Troyka está contente com a prestação do governo e com isso continua a emprestar (cuidado! não confundir com "DAR") o dinheiro que precisamos para saldar as dívidas que uns poucos fizeram em nome de todos nós (a propósito, onde anda toda essa gente?), mas… e depois? Quem nos garante que esta razia fiscal de que vamos ser alvo neste ano e nos que se seguirão, que garantidamente nos irá tornar mais pobres (nem todos), não continue a ser insuficiente para satisfazer as nossas necessidades? Aqueles que agora garantem tal impossibilidade não têm problema em chamar a si tal garantia uma vez que sabem que nada lhes acontecerá tal como aconteceu a todos os que os antecederam e viram as suas promessas e certezas serem goradas.

Às vezes ainda somos acometidos por notícias que nos dão algum alento, mas logo seguir surgem outras que revelam a sua falsidade.

Por muito que alguns tentem desmistificar, somos um País de Compadrios. O mar legislativo que nos inunda e que é um tormento para todos aqueles que queiram fazer qualquer coisa neste País, é um terreno fértil que todos querem cultivar. E se a isto juntarmos: umas forças armadas que têm mais oficiais que soldados (nem falo dos generais que esses, ao que parece, para o exército que temos não deveriam ser mais de 10 e ao que julgo saber são 10 vezes mais, até parece que estamos em guerra); um poder judicial que continua a andar aos papéis; presos que têm muitos mais direitos que os mais velhos da nossa sociedade marcados por uma vida inteira de trabalho honesto e respeito pela sociedade à qual pertenceram e ainda pertencem; uma oposição que é incapaz de colaborar de uma forma pró-activa com quem governa (que heresia se tal acontecesse!); políticos que apenas se dispõem a governar caso se possam governar também; forças policiais tão fracas quanto possível; governantes com uma experiência da vida igual a zero; para além de uma forma muito própria de olharmos para o nosso próprio umbigo, não custa perceber o barril de pólvora sobre o qual nos encontramos sentados. Ao mais leve descuido de um qualquer “maluco” e vamos todos pelos ares.

Uma vez que são cada vez menos os que produzem e cada vez mais os que vivem do que esses poucos produzem, não é difícil de prever o fim desta saga. Nem quero pensar no que nos poderá acontecer se os Buffalos Bills da terra do Tio Sam descobrirem alguns índios no Estreito de Ormuz ou na Península da Coreia!

Não me recordo de alguma vez me sentir tão impotente! Quem nos pode valer? (Não me digam que é o nosso PR, porque não acredito. Depois daquela fuga à frente de uma meia dúzia de putos “bem dispostos”, será que alguém de bom senso acreditará que ele será capaz de enfrentar uma dúzia de gente “mal disposta”?)

Penso que estamos a chegar ao fim da linha de podermos voltar a sonhar e, com isso, passou a ser um... SALVE-SE QUEM PUDER! (Quem me dera poder estar redondamente enganado, mas, sinceramente, onde é que eu me posso agarrar para poder pensar doutra forma?)


Cara ou Coroa?


E se já não bastava ter todo este sentimento de impotência que a conjuntura nacional me provoca, o que pude ler no portal do governo (www.base.gov.pt) sobre alguns ajustes directos efectuados durante este mês de Fevereiro, pelo executivo municipal em exercício no meu concelho, deixou-me com os cabelos em pé quanto à possibilidade real de conseguirmos contornar os obstáculos que se erguem nos nossos caminhos.

Ontem a riqueza produzida no Concelho do Sardoal estava no pinhal e na construção civil. Hoje já pouco resta de ambas e se o “coração ainda bate” é porque ainda existe quem queira importar a riqueza que é capaz de gerar para além das suas fronteiras. E quando essa riqueza ficar nos sítios onde a mesma é conseguida? Até lá… que se louve a cigarra!

E… por agora… mais não digo!

Cara ou Coroa? COROA!!!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Oposição (?)

Em 1867, escreveu Eça de Queirós em “Distrito de Évora”

“Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações.

A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse.

A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos princípios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos; há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio.

A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva.

À escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos (...) todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espectáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade.

… É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente.

País governado ao acaso, governado por vaidades e interesses por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?...”


Este pensamento de Eça, e passados que são, quase, 150 anos, continua actual e a pergunta que o mesmo suscita é quanto tempo mais o mesmo poderá durar e até quando Portugal poderá conservar a sua independência (será que ainda a temos?).

Quem governa usa as armas que tem à mão (porque outras armas não tem), quem quer governar, usa as armas da utopia e da irresponsabilidade.

Vem isto a propósito do comportamento de quem ontem era oposição e hoje é poder em contraponto com quem ontem era poder e hoje é oposição. Tudo vale quando se é oposição e não se tem a responsabilidade de governar. A força de um governo alicerça-se na força da oposição e quando a oposição é fraca o que dizer da força do Governo.

Arrisco-me a afirmar que, no pós 25 de Abril de 1974, Portugal nunca conseguiu ter um governo forte e que as mudanças que assistimos ao longo de todo este tempo nunca resultaram do mérito daqueles que na oposição lutaram pelo poder, mas no demérito de quem o detinha.

Portugal precisa, com urgência, de uma oposição política responsável voltada para os interesses de toda a comunidade, em detrimento da oposição política existente cuja carga de demagogia que enverga apenas serve os interesses de alguns, para além dos próprios.

Continua a vir isto a propósito, de uma proposta apresentada por parte de quem se senta nos lugares da oposição ao governo do meu Concelho.

No seu sítio da internet pode-se ler a sua última proposta:

“… Proposta apresentada, em Declaração Política, pelos vereadores do PS/Sardoal, em sessão de Câmara de 8 de Fevereiro de 2012, relativa à subsidiação de pagamento de Medicamentos aos idosos Sardoalenses, com mais de 80 anos de idade, por parte da Câmara Municipal.

Esta proposta será agendada para votação, no executivo, no próximo dia 7 de Março , por proposta dos vereadores do PS/ Sardoal, para que a mesma ser objeto de informação por parte dos Serviços da edilidade.

Perante as evidencias que estamos presenciando, perante este quadro negro, compete às Câmaras Municipais, mais do que nunca, desenvolver políticas sociais de proximidade, capazes de promover a coesão social municipal, de modo a colmatar as ações negativas levadas a cabo pela Administração Central.
Cada euro dos contribuintes, que sustentam o Orçamento da Câmara, deve ser gasto com rigor, em ações concretas que ajudem todos os nossos munícipes que se encontram em situação mais debilitada como sejam os idosos, os desempregados e os jovens.
Quando defendemos ações concretas estamos a referir-nos a atos concretos que irão melhorar a vida de pessoas concretas. Aqui deixamos, três propostas concretas:

- Subsidiação de 100% do valor dos medicamentos a pagar pelos eleitores inscritos no Sardoal que tenham mais de 90 anos de idade;
- Subsidiação de 75% do valor dos medicamentos a pagar pelos eleitores inscritos no Sardoal que tenham mais de 85 anos de idade;
- Subsidiação de 50% do valor dos medicamentos a pagar pelos eleitores inscritos no Sardoal que tenham mais de 80 anos de idade.

Estas propostas consubstanciam a solidariedade e a fraternidade social que entendemos que a Câmara deve promover junto deste grupo de Sardoalenses neste momento difícil das suas vidas.

Sardoal, 7 de Fevereiro de 2012
Os Vereadores


Será que esta proposta, tal qual se apresenta, não poderá ser enquadrada na tal carga de demagogia de quem sendo oposição quer ser poder, custe o que custar? Se não, vejamos…

- Quais poderão ser os custos reais anuais resultantes da atribuição destes subsídios e quais os seus impactos nas finanças da Autarquia Sardoalense?

- Qual o número exacto das pessoas elegíveis a tais subsídios e os montantes financeiros a afectar a cada um?

- Esta proposta tem carácter provisório ou definitivo ou a sua eventual carga de direitos depende do caso de amanhã o proponente poder vir a ser poder?

E já que estamos a falar de solidariedade, qual a diferença entre alguém que, tendo mais de 80 anos, tem bens e pode pagar um medicamento na sua totalidade, e outro alguém que sendo mais novo em idade não levanta os seus medicamentos na farmácia porque simplesmente não tem dinheiro para os adquirir? Para qual deles deverão os nossos olhos incidir?

Diante desta proposta, e enquanto Sardoalense, oferece-me apresentar uma contraproposta:

E se os proponentes, prescindissem de receber o valor das senhas de presença que recebem por cada reunião do Executivo Municipal em que participam e tal verba fosse utilizada para o fim que propõem? (É que, enquanto funcionários públicos, sempre que participam nessas reuniões estão dispensados do trabalho durante esse dia e não vêm afectados as seus vencimentos. Para além disso, o tempo “gasto” nessas reuniões, até nem é muito (Conforme as duas actas publicadas no site da Autarquia Sardoalense e relativas ao último mês de Janeiro, a reunião de 10 de Janeiro durou 30 minutos (!!!) e a de 24 de Janeiro, durou 45 minutos (!!!) quando comparado com o valor das senhas pagas.)

Pobre País o meu que tem gente que ainda leva a sério gente desta!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Os nós da corda

Nesta corda que dá pelo nome de Portugal começa a ser cada vez mais difícil identificarmos uma ponta através da qual possamos começar a desatar os nós que a enleiam e condicionam. Ela está de tal forma enleada que parece não haver ponta por onde lhe pegar.

Por muito que se diga o contrário, a sociedade portuguesa está doente e recusa-se a admiti-lo. A doença de que padecemos já dura há muitos anos e a única terapia que nos têm dado são placebos com efeitos terapêuticos inertes. E a culpa é de quem? NOSSA!

Começámos por acreditar que, com a democracia instituída em Abril de 1974, o Céu era o nosso limite e o inferno deixava de existir. Que bom passarmos a ser todos Doutores e Engenheiros e atirarmos para um canto a roupa impregnada com o suor do trabalho! Se ser-se Doutor ou Engenheiro era sinónimo de estatuto social e boa vida para quê eleger o trabalho duro como opção de vida, quando o mesmo não é acompanhado das “contrapartidas” colhidas pelos Doutores e Engenheiros?

E se era isso que TODOS NÓS queríamos, nada como elegermos aqueles que melhor se prestavam a conferir-nos tais direitos. Não importava se o caminho que eles seguiam eram os melhores, o que importava era o EU. Ano após ano as nossas atenções sempre se centraram na vida fácil que podíamos ter e assim corremos atrás dos vendedores da banha (da cobra) que melhor prometiam. Entre alguém que prometia o impossível e um outro que recusava prometê-lo estava bom de ver sobre quem os nossos olhos focavam.

Nunca nos importámos de mentir a nós próprios porque sempre acreditámos que um dia tal mentira poderia ser remediada por alguém. Hoje começamos a acordar para a dura realidade de que esse alguém não existe e nunca existiu. Aqueles que juraram prestar-se a esse papel e em quem depositávamos todas as nossas esperanças, também padeciam dos mesmos males. O que fizeram? Simples! Serviram o seu EU! E o que fizemos nós? Nada! "Desculpámo-los de tal conduta" e fomos à procura de outros que os substituíssem! E os ciclos repetiram-se uns atrás dos outros.

Quantos de nós, na hora de exercermos o nosso voto na eleição de alguém, o fizemos (e continuamos a fazer) com a plena consciência dos benefícios reais desse nosso acto? Por incrível que pareça até conseguimos arranjar argumentos para votarmos em alguém que tem boa figura, que é um “tipo porreiro”, independentemente de ser vazio de ideias. São tantos os exemplos que poderíamos invocar sobre este pensamento que precisaríamos de várias vidas para os descrever.

Hoje, muitos dos nós que a corda possui estão de tal forma apertados que não é possível desatá-los e a única solução que resta será cortá-los e, para que a corda continue uma só, voltar a atá-la com outros nós.

Não existe um único sector da nossa sociedade que não dê sinais de doença.

Na abertura do ano judicial foi ver quão doente está a nossa Justiça. Enquanto uns acusavam os outros de serem os responsáveis pelo mal do problema, outros apelavam ao diálogo (ainda mais?) não faltando quem se preocupasse pelo estado menos digno das nossas prisões (será que é uma premonição do que poderá estar para vir?). Todos foram unânimes em gritar bem alto: “ Da Justiça o que é da Justiça! Da Política o que é da Política!”. Alguém tem dúvidas que tais “gritos” não passam de circunstancialismos de ocasião e que depois tudo volta ao mesmo? Alguém tem dúvidas que o exercício da Justiça se faz na estrita dependência das leis que os Políticos criam? E se são eles que as criam não custa perceber, ainda, o espírito dos legisladores na hora de as conceberem.

São tantos os exemplos que diariamente assistimos que não nos custa perceber que a Justiça é um parente pobre da nossa sociedade da qual só nos lembramos quando age de um modo diferente daquele que julgamos ser o mais correcto. E, para aqueles que pensam o contrário, o que dizer das responsabilidades profissionais atribuídas a um Juiz e a um motorista de um Ministro ou Secretário de Estado (o salário anual de um juiz português em início de carreira é de, aproximadamente, 35.000 € enquanto que um motorista do Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, em 3 anos de contrato, irá receber cerca de 73.000€)?. Quanto ao facto de errarem, são humanos como nós e relativamente quanto ao facto de trabalharem pouco, quantos de nós estão em posição de lhes atirarmos pedras?

Nunca precisámos tanto da Justiça como agora! Mas uma Justiça que seja verdadeiramente cega e incapaz de encontrar diferenças entre a cara do rico e a do pobre e com isso privilegiar a do rico.

Já ultrapassámos a barreira da razão e a intolerância começa a invadir-nos. Faltam-nos líderes em quem possamos confiar e esse vazio tende a agravar a nossa doença.

Quando nem com o exemplo dos outros conseguimos aprender, está tudo dito! A experiência da Grécia é tudo aquilo que não queremos, mas nada fazemos para evitar!


Portugal precisa de uma nova ordem! Uma nova ordem capaz de acabar com uns reinos que uns poucos criaram e que se recusam a extinguir ou a abandonar.

Se os partidos em democracia são um mal necessário, aqueles que tudo fazem para se perpetuarem à sua sombra (e são sempre os mesmos) são um mal que deve ser erradicado. (Como? Aceitam-se sugestões).


CARA ou COROA

No passado domingo visitei a Barragem da Lapa, inaugurada há 9 anos (!!!) por um Ministro de nome Isaltino Morais e… não gostei!

Lembrei-me de uma notícia publicada no passado dia 15 de Novembro pelo Jornal “O Mirante”:

“ A quantidade de precipitação ocorrida nos últimos dias levou a Câmara de Sardoal a proceder a descargas controladas da quantidade de água armazenada na barragem da Lapa, que ultrapassou o limite máximo permitido.
Com uma altura de 21 metros e um nível pleno de armazenamento previsto correspondente a uma cota de 170 metros, os defeitos de construção da barragem da Lapa, infraestrutura inaugurada em Dezembro de 2002, fazem com que ainda hoje a autarquia não tenha procedido à recepção definitiva da obra.
"A deficiente construção originou uma fissura junto à parede do descarregador e, por outro lado, falta tela de isolamento no paredão junto à fonte de captação, deficiências que condicionam o total aproveitamento da barragem e respectivo enchimento", disse esta segunda-feira à agência Lusa o vice presidente da autarquia.
Segundo Miguel Borges, os problemas de construção "não representam perigo" para a população, uma convicção "assente em pareceres técnicos" do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) que procede a análises e registos de inspecções de rotina semanais, nomeadamente a fim de se detectarem sinais ou evidências de deteriorações e anomalias, no corpo da barragem, nos sistemas de drenagem e impermeabilização, bem como nos sistemas de observação.
"O problema é que as deficiências condicionam a utilização plena da barragem e a sua missão", um investimento de 2,5 milhões de euros e que visava o abastecimento de água potável a grande parte do concelho de Sardoal, a partir da Barragem da Lapa.
Com um volume total ao nível do pleno armazenamento de 640 000 metros cúbicos, a infraestrutura tem hoje uma imposição de cota máxima permitida de 164 metros, valor a partir do qual obriga a descargas controladas à razão de 10 centímetros por dia.
"Estamos a proceder à reposição do nível de descargas e este é um assunto que queremos ver resolvido pela construtora durante os próximos meses, não tanto pela segurança mas para que a barragem cumpra a sua missão a 100 por cento em prol das populações", vincou.


Quando um Concelho depende em exclusivo daquele “Reservatório” para que a água corra nas torneiras da sua população e, passados 9 anos se continua a erguer as mãos aos Céus para que vá chovendo o suficiente para se garantir uma reserva mínima de água, algo não está bem.

Se não se está diante de um elefante branco pouco falta, porém, mais do que saber-se se existem cabeças escondidas na areia, na expectativa que o tempo passe e que a outros seja sacada a responsabilidade de uma população poder ficar privada sem água enquanto decorrerem os trabalhos de reabilitação, é saber-se para quando a resolução do problema. Em 9 anos muita promessa se fez e... nada!

Há quem, diante do grande endividamento de algumas instituições, seja capaz de defender que o endividamento é resultante da obra realizada, o pior, é quando se questiona o valor dessa obra. Enquanto a Barragem da Lapa não puder armazenar toda a água para a qual foi construída, ela fará parte de um vasto conjunto de obras que proliferam por este país em que, diante dos seus resultados práticos, se pode inferir que se deram passos maiores que as pernas. Para quando o dia em que valorizaremos o investimento realizado na sua construção e para o qual contribuímos através dos nossos impostos?

Quando, não é possível controlar o comportamento do tempo e, a falta de chuva neste Inverno não profetiza nada de bom, é de se ficar apreensivo diante da possibilidade de um cenário de uma barragem vazia.


Cara ou Coroa? COROA!