domingo, 27 de dezembro de 2009

Próspero Ano Novo

Mais um ano prestes a terminar, para que outro lhe suceda.

Ao ano que agora termina, cada um de nós terá dele as recordações de como o mesmo influenciou positiva ou negativamente as suas vidas. Ao que está prestes a “nascer” é a esperança de tempos melhores que nos faz ansiar por ele.

Caso os 5 dias que faltam para o seu “fim” não sejam muito diferentes do que os que os precederam, recordarei o ano de 2009 como tendo sido o ano da conclusão do curso da minha filha. Outras coisas boas me aconteceram como tendo tido o privilégio de ter podido trabalhar, ter tido saúde e ter sido feliz entre as pessoas de quem gosto e que gostam de mim. Diante de tanta “fortuna”, alguns “pequenos percalços” menos bons que tive de viver já foram atirados para o poço do esquecimento. Deles apenas guardo a sua experiência.

O que me reservará o próximo ano?

Todos os anos, por esta altura, formulo sempre a mesma questão, porém não me recordo de uma só vez em que me tenha sentido tão angustiado como agora.

É cada vez mais nebuloso o futuro da minha comunidade e do meu País.

Os “sinais” que temos vindo a receber ano após ano, e em particular durante o ano que agora termina, são claros e inequívocos: aqueles que nós incumbimos de nos mostrarem o caminho que deveremos trilhar têm-nos conduzido para um precipício impossível de evitar. Esta “condução” é de tal forma brutal e ultrajante que nos enfeitiça quais cordeiros a caminho do matadouro. Todos o sabemos, incluindo eles próprios, e nada fazemos para evitar este “suicídio colectivo”:

- Eles são… alguns autarcas a governarem as suas Autarquias sem o mínimo de respeito pelos seus Munícipes, como se de coisa própria se tratasse, malbaratando verbas confiadas à sua guarda. Tudo serve para alimentar o seu poder, orgulho e vaidade pessoal.

- Eles são… os profissionais da política que nada sabendo fazer para “ganhar” a vida de outra forma, mesmo não recebendo a confiança dos eleitores (sabe-se lá porquê!) são “premiados” pelos seus “compadres” para nos governarem à mesma só que em lugares de nomeação.

- Eles são… os labirintos da justiça onde os ricos e poderosos se perdem, em contraste com os pobres onde ela faz por se revelar eficiente.

- Eles são… os nossos capitães que “anestesiados” para não voltarem a ter “tentações” vêem-se agora despojados da força que outrora possuíam.

- Eles são… os governantes da nossa Nação que mesmo sabendo estarem errados em algumas decisões que adoptam são capazes de faltar à verdade apenas e só para que o poder não lhes escape das mãos.

- Eles são… os políticos sem poder que à força de o quererem tudo fazem para não o merecerem.

- Eles são, (por fim)… todos nós, a quem já vai faltando forças para dizer basta, porque as que restam já mal chegam para nos defenderem das agruras que a vida nos concede, ao mesmo tempo que esperamos que alguém, por nós, pegue numa vassoura e "limpe a casa".


Neste cenário, o que poderei desejar para 2010?

Para além de saúde, paz, amor, dinheiro e sucesso profissional, que são da praxe, para o ano de 2010 eu já me satisfazia caso percebesse que o nosso caminho em direcção ao abismo já havia sido interrompido, mesmo sem que ainda não se tivesse iniciado o seu retrocesso.

- Que por vontade própria e imperativos de consciência todos os que se sintam a mais no processo governativo local ou nacional passem o testemunho a outros mais capazes;

- Que cessem as experiências dos aeroportos e dos TGV´s sem que se percebam muito bem as suas reais valias face aos nossos parcos recursos financeiros;

- Que a justiça corte, de uma vez por todas, o cordão umbilical que a liga ao poder político e que seja cega na hora de utilizar os pratos da sua balança;

- Que a responsabilidade não seja para os outros, mas para nós também;

- Por fim, que cessem os jogos de guerra do poder nos quais por vezes uns ganham enquanto que outros são sempre os mesmos a perder. NÓS.


PARA TODOS UM FELIZ ANO DE 2010


O MEU APLAUSO e A MINHA VAIA DA SEMANA vão para as Autarquias que nesta época, através dos seus sítios na Internet, enviaram, ou não, aos seus Munícipes, votos de Boas Festas. Após uma breve busca pelos Municípios que se localizam á nossa volta, pude verificar que se alguns foram capazes de lembrar esta época, outros nem uma só palavra escreveram sobre o assunto. De entre eles figura, infelizmente, o meu. Não só não o fez através daquele meio ou de qualquer outro que eu saiba (Porquê? Será que o ano passado não o fez? Não me recordo se o fez através do seu sítio da Internet, mas fê-lo através da distribuição do seu Boletim Municipal, uns dias antes do Natal. Nele pôde ler-se a mensagem de Boas Festas que o Presidente da Autarquia endereçava a todos os Sardoalenses? E este ano, porquê o silêncio?).

Em contraponto ao silêncio de muitos, julgo dever aplaudir o gesto promovido por outros que nesta época não se esqueceram dos Munícipes que os acabaram de eleger para um mandato de quatro anos (2009-2013). De uma forma simples, endereçaram votos de BOAS FESTAS.

Permitam-me que, por nesta época se terem lembrado dos seus Municípes endereçando-lhes votos de Boas Festas, destaque o Município de Constância de maioria CDU, o Município de Mação de maioria PSD e o Município de Ourém de maioria PS. (Como se pode constatar, uma vez mais, o problema na jaz na génese dos partidos, mas sim de quem dirige.)

domingo, 20 de dezembro de 2009

FELIZ NATAL

A poucos dias de passarmos mais um Natal, sinto-me invadido pelo espírito que esta quadra normalmente nos concede.

Este é o tempo da introspecção e da avaliação de quanto afortunados somos por termos nascido e termos partilhado o nosso mundo com outros, dando destaque àqueles que mais convivem connosco, em especial a nossa família e amigos mais próximos. É neste clima de paz e bem-estar que não nos cansamos de desejarmos um Feliz Natal a todos aqueles que estimamos, ao mesmo tempo que parecemos esquecer alguns problemas que normalmente nos acompanham e preocupam.

O “TRÊS BICAS” não foge à regra e, por isso, DESEJA A TODOS OS SARDOALENSES E AMIGOS UM FELIZ NATAL e que a saúde e boa disposição imperem.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Revolução na Construção (6)

A Segurança Contra Incêndios em Edifícios foi no passado um parente pobre na hora de se projectar uma obra nova: era ela que tinha de se adaptar à arquitectura e não o contrário.

Os nossos métodos construtivos tradicionais nunca foram muito pródigos em promoverem e desenvolverem incêndios. Os elementos construtivos utilizados, com uma elevada resistência ao fogo, sempre impediram que, mesmo que um foco de incêndio eclodisse, a sua propagação apenas dependeria do “combustível depositado” no interior dos edifícios, nomeadamente, mobiliário, materiais, equipamentos e outros.

Ao longo dos anos, com excepção do incêndio do Chiado, em Lisboa, em 1988 (?), Portugal quando comparado com outros Países, onde os rigores do frio obrigam a um outro método construtivo assente numa inércia térmica mais fraca, em condições normais, não é muito dado à eclosão de incêndios em edifícios. Quando se fala em condições normais não se incluem todas as situações que envolvem edifícios devolutos, deficiente uso na utilização dos edifício e negligência por acumulação desordenada de matéria combustível. Têm sido estas situações que, na maioria dos casos, têm contribuído para os casos que vamos tendo conhecimento.

Por isso estabelecia-se que, na hora de se projectar a construção de um edifício o mais importante era a sua concepção arquitectónica. Só após a execução do projecto de arquitectura é que se pensava nos projectos de especialidades que o complementariam e, de entre eles, lá estava a Segurança Contra Incêndios, caso a legislação assim o obrigasse.

Hoje tudo é diferente. Já não existe arquitecto algum que se feche dentro de si na hora de projectar um edifício. A sua componente criativa é limitada de tal forma por uma série de condicionantes que, caso as mesmas sejam alheadas, poderão comprometer seriamente a exequibilidade do projecto. De entre elas destaca-se a Segurança Contra Incêndios em Edifícios que o Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de Novembro de 2008, veio estabelecer o seu regime jurídico.

Do novo regime jurídico do SCIE é possível extraírem-se algumas exigências que pelas suas singularidades merecem de mim uma atenção especial: a implantação de guardas junto aos beirados dos edifícios e a instalação de bocas-de-incêndio.

Os números 4 e 5 do artigo 10.º da Portaria nº 1532/2008 determinam: “ Em edifícios com altura não superior a 28 m, as coberturas devem ter uma guarda exterior em toda a sua periferia, com as alturas acima delas iguais às definidas para as paredes de empena no nº 2 do artigo anterior (0,60 m), independentemente da existência ou não dos “guarda-fogos”. No caso das guardas previstas possuírem elementos de fixação metálicos ou de outro tipo, o espaçamento das aberturas deve ser igual ou inferior a 0,12 m”.

(Comentário: A traça arquitectónica das habitações com coberturas com vertentes inclinadas vai sofrer uma alteração de fundo. Todos aqueles que enveredem pela opção de construírem edifícios com coberturas tradicionais onde ressaltam as telhas cerâmicas de aba e canudo com beirados simples ou à “antiga portuguesa” não se poderão esquecer que ao longo de toda a periferia da cobertura, incluindo beirado, vão ter que elevar uma guarda de protecção com 0,6 m de altura mínima. Alternativa? Cobertura horizontal com terraço acessível e uma parede periférica (platibanda) com uma altura mínima de 1,20 m.)

Os números 4 e 5 do artigo 12.º da Portaria nº 1532/2008 determinam: “ As bocas-de-incêndio devem ser instaladas, embutidas em caixa própria e devidamente protegidas e sinalizadas, nas paredes exteriores do edifício ou nos muros exteriores delimitadores do lote ou ainda sob passeios, junto aos lancis. Nas paredes exteriores do edifício ou nos muros exteriores delimitadores do lote, as bocas-de-incêndio devem ser instaladas a uma cota de nível entre 0,6 e 1,0 m acima do pavimento, devendo prever-se uma por cada 15 m de comprimento de parede, ou fracção, quando esta exceder os 7,5 m”.

(Comentário: Sabendo que o Decreto Lei entrou em vigor em 1 de Janeiro de 2009, que a instalação das bocas-de-incêndio na esmagadora maioria dos casos tem de ser feita pela entidade gestora da rede pública de abastecimento de água, quais são os Municípios deste País que já possuem uma tabela de taxas para o efeito? Olhando para o cenário de muitos espaços urbanos já poderemos imaginar a forma como a lei nesta matéria vai poder ser implementada. Simplesmente… não vai. E não vai porque se o diâmetro da boca de saída é de 50 mm, se a conduta da sua “alimentação” não poderá apresentar um diâmetro inferior àquele e a conduta da rede pública deverá apresentar, para a optimização da boca-de-incêndio um diâmetro mínimo de 75 a 90 mm, já dá para perceber o meu pensamento quando são inúmeras as condutas de distribuição de águas públicas existentes que não apresentam tal diâmetro. Pelo menos, no meu Concelho a “moda” é de 63 mm. É a oportunidade para muitos Concelhos criarem uma rede de bocas-de-incêndio sem que para tal tenham que despender um único cêntimo e, porque não dizê-lo, terem oportunidade de verem emergir uma nova fonte de receitas por via das taxas que terão de cobrar para o efeito. No caso particular do Sardoal é a possibilidade de se corrigir o cenário dramático de tal rede no Centro Histórico da Vila, que denunciei enquanto Vereador e que aqui, neste meu cantinho, também já dei conta em 9 de Maio deste ano).

Muito mais poderia aqui referir sobre a revolução que está em marcha na forma como as novas construções estão a ser orientadas, contudo cada caso é um caso e a matéria apenas interessará por certo a quem pretenda trilhar tal caminho. Para esses o conselho é só um: não decidam nada sem antes se informarem junto de quem possua o conhecimento necessário à decisão, que são os técnicos devidamente habilitados e credenciados para o efeito.


Post Script um: Hoje não me apetece aplaudir ao vaiar quem quer que seja. E não me apetece porque na sequência de uma informação dando-me conta que as Águas do Centro já haviam assumido em pleno o sistema em alta do abastecimento de água e tratamento dos esgotos do Concelho do Sardoal, umas breves pesquisas na Internet, conduziram-me a um estado de tristeza que tem sido difícil de debelar.

Desde que em Junho de 2006 decidi encetar uma “luta” no sentido de poder ver corrigidas os erros e lacunas que o contrato de Adesão do Município do Sardoal à Águas do Centro enfermava, para que esta última assumisse por um prazo de 30 anos a responsabilidade pelo sistema em alta das Águas e Esgotos do Concelho, tinha uma leve esperança que, passados estes anos, tais erros e lacunas fossem corrigidas no tempo.

Hoje lembro-me:
- Das muitas horas que passei a analisar o contrato e procurar juntar informação que permitisse elucidar todos aqueles que tinham a responsabilidade de aprovar tal contrato;
- Do tempo que levei a transcrever o contrato, palavra por palavra, para que ele fosse dado a conhecer aos Sardoalenses, ainda que através do blog do Partido a que estava associado;
- Da forma como fui ignorado e incompreendido na hora do mesmo ser aprovado pela Assembleia Municipal;
- Do modo como alguém que aprovou tal Adesão, vir mais tarde a público, confirmar todos os meus receios de como tal Adesão poderá penalizar fortemente o Concelho do Sardoal caso não haja lugar à correcção dos erros e lacunas que o mesmo enfermava
.

Perante tal informação decidi efectuar hoje uma pesquisa sobre o assunto através da Internet. O que pude ler?

- No site da Águas de Portugal que, no dia 27 de Outubro de 2009, os Concelhos de Entroncamento, Mação, Sardoal e Vila Nova da Barquinha aprovaram finalmente o contrato de Adesão. Mais é referido que o investimento nesses Concelhos será de 14,2 M€ para as Águas e 14,5 M€ para o Saneamento (se inicialmente o investimento previsto à data da aprovação da Adesão em Junho de 2006, quando estudei o dossier, era de 19,104 M€ para as Águas e 12,02 M€ para o Saneamento, o que terá mudado sabendo que o Concelho de Alcanena agora já não figura e a previsão de investimento para o seu saneamento era de 2,75 M€?);

- No site da Câmara Municipal do Sardoal, a acta da reunião do Executivo Municipal no dia 3 de Novembro revela: “… O Presidente da Câmara deu a conhecer, em suporte de papel, o contrato de fornecimento de água, assinado em 27 de Outubro do corrente ano com a empresa Águas do Centro. A Câmara Municipal tomou conhecimento.” A acta da reunião do Executivo Municipal no dia 17 de Outubro revela: “… O Senhor Vereador Fernando Vasco referiu que no seu entendimento, da análise que fez ao contrato assinado com a Águas do Centro entende que existem premissas que irão prejudicar os Sardoalenses. O preço da água vai ser aumentado, não por culpa da Câmara mas por causa das Águas do Centro e que tem a ver também com as infraestruturas e a qualidade da água…O Senhor Presidente da Câmara referiu que temos que viver com as realidades e melhorá-las. A adesão às Águas do Centro foi uma boa decisão, considerando não só o que se paga mas também o que se deixa de gastar em termos de funcionários e equipamentos…”. Posso não ter visto bem, mas sobre o contrato, que terá uma durabilidade de quase duas gerações, nada mais vi.

- Nos sites da Câmara Municipal de Mação e Vila Nova da Barquinha a não ser que tenha visto mal, nada vi referido sobre a Adesão. Possivelmente quando forem publicadas as Actas das últimas reuniões acredito que algo se poderá ler.

- No site da Câmara Municipal do Entroncamento e na acta reunião do Executivo Municipal realizado no dia 16 de Novembro (folhas 5 a folhas 7) pude saber mais qualquer coisa sobre a Adesão conjunta dos quatro Concelhos e a forma como a Autarquia do Entroncamento abordou tal assunto comparativamente com a do Sardoal (uma entendeu ratificar o acordo e a outra, positivamente, ignorou tal procedimento). Também pude ver como algumas preocupações que então manifestei em Junho de 2006, relativamente a eventual falta de pagamentos por parte da Autarquia que poderiam implicar no corte de abastecimento de água à população, foram agora de novo abordadas.

Para terminar este assunto entendo revelar o porquê da minha tristeza. Ela não tem a ver como eu, directamente, posso ser prejudicado com este “negócio”. A tarifa da água não me deverá penalizar grandemente (a preços de 2006, a Águas do Centro já previa cobrar em 2008, por cada metro cúbico de água tratada à saída dos reservatórios 0,5199 € e por cada metro cúbico de esgoto à entrada das Estações de Tratamento de Esgotos 0,5314 €) mesmo que a Câmara entenda cobrar 1,50 € ou mesmo 2,00 € por cada metro cúbico de água (este mês por 7 metros cúbicos paguei 3,95 €!!!). No dia em que tal suceda, eu e todos aqueles que possuímos furos (atenção! O meu encontra-se devidamente legalizado) passaremos a racionar mais a água da rede pública. E os que não têm tal alternativa? A minha tristeza é para os meus conterrâneos que não têm tal alternativa e para quem no futuro no governo desta Autarquia tenha de recorrer a fundos extraordinários para efectuar os pagamentos devidos à Concessionária (as receitas dos seus Munícipes serão claramente insuficientes) sob pena desta poder cortar o abastecimento de água à população. E quando as receitas são exíguas... (nem quero pensar!)

Além do mais... daqui a 30 anos já terei 85, se ainda por cá andar.

Como é que uma Autarquia é capaz de celebrar um contrato desta dimensão e com esta duração (30 ou 35 anos?) e é capaz de não a revelar aos seus Munícipes? Será que eticamente não o deveria fazer? O que se esconde por detrás de tal contrato para que nenhum dos quatro Concelhos o tenha feito, até ao momento, através dos seus sites da Internet? Ou será que vi mal?

BOAS FESTAS

domingo, 6 de dezembro de 2009

Revolução na construção (5)

Muito se poderia ainda dizer sobre as exigências regulamentares no capítulo das envolventes das nossas casas (paredes, pavimentos, tectos, portas e janelas), todavia estando tais exigências reservadas às novas construções, não faz qualquer sentido aqui descrevê-las, tanto mais que estes meus artigos se destinam essencialmente a todos aqueles que já possuem casa própria construída há alguns anos.

Antes de aprofundar os meus conhecimentos na temática da eficiência térmica dos edifícios, na hora de comprar um equipamento assentava sempre a minha escolha em duas premissas base: o seu preço e a “fama” da marca. Quanto mais barato, melhor. Se ao preço ainda se pudesse aliar a fama positiva que o equipamento tinha no mercado, convenhamos que era ouro sobre azul.

Hoje o meu comportamento é diferente. Na hora de comprar um equipamento já não basta termos em consideração o seu preço, a garantia e a sua marca. Hoje há uma nova informação que deve ser tida em consideração: o seu rendimento energético (eficiência). Quanto maior for a sua eficiência menor serão as perdas de energia utilizadas e consequentemente mais económico será o seu uso.

Exemplo 1: Imaginando que necessito de comprar um esquentador com uma capacidade de 14 litros, deverei perceber qual a sua eficiência a carga nominal e a sua eficiência a 30% da carga nominal. Quanto maiores os valores, mais económico se torna o seu uso e maior será o seu contributo na hora de se determinar a classe energética da fracção. Por vezes 1% de diferença pode ser o suficiente para que uma fracção não apresente uma classe energética superior.

Exemplo 2: Na hora de se escolher um aparelho de ar condicionado, mais do que o seu preço ou marca é importantíssimo que se perceba o seu consumo e eficiências (COP para o aquecimento do ar e EER para o seu arrefecimento).

Para concluir a vertente energética das nossas habitações, julgo de toda a pertinência que aqui deixe um conselho muito útil: É muito importante que guardemos todas as especificações técnicas dos equipamentos que adquirirmos (esquentadores, caldeiras, painéis solares e aparelhos de produção de ar quente e frio, etc).

Tendo em conta que todo o acto de aluguer ou venda de qualquer fracção habitacional ou de serviços existente tem de passar obrigatoriamente pela emissão de um Certificado Energético, a entrega de tal informação ao perito qualificado encarregue da elaboração de tal certificado é imprescindível para a determinação rigorosa da Classe Energética da Fracção. Na sua ausência, o perito é obrigado a adoptar valores alternativos e definidos em Notas Técnicas os quais são, geralmente, penalizadores. Isto é, por ausência de informação precisa, a uma Fracção pode ser atribuída uma classe energética inferior à real. Sabendo-se que uma Fracção habitacional ou de serviços poderá apresentar as seguintes classes energéticas (da menor, à maior); G; F; E; D; C; B-; B; A e A+, poderá fazer toda a diferença a sua classe na hora de se proceder ao seu aluguer ou alienação. De momento não existe qualquer penalização à classe energética de uma fracção existente (as fracções novas já não podem apresentar uma classe energética inferior a B-), mas quem nos garante que num futuro próximo tal não venha a acontecer por força das quotas de emissão de CO2 a que Portugal possa vir a estar sujeito e resultantes de um eventual tratado que venha a “nascer” na Cimeira de Copenhaga?

(No próximo artigo, Revolução na Construção (6): Segurança contra incêndio).


O MEU APLAUSO DA SEMANA: Para as manifestações populares que vi acontecerem em muitos locais do Mundo chamando a atenção dos governantes mundiais que se irão reunir na Cimeira de Copenhaga para os efeitos devastadores que o aquecimento global tem trazido a um ponto do universo chamado Terra. O futuro das nossas gerações está nas nossas mãos e depende em grande medida na preservação do nosso planeta.

A MINHA VAIA DA SEMANA: vai por inteiro para todos os políticos que são incapazes de pedir desculpa diante de um erro por si cometido. Não deve haver português algum que não perceba que o Ministro Vieira da Silva cometeu um erro muito grave ao afirmar que as escutas em que se envolveu o nosso P.M. foi um caso de espionagem política. E a gravidade da afirmação é de tal modo enorme que, a confirmar-se, era um sinal que a nossa sociedade já não possuía lei nem ordem. Isto é, sem um sistema judicial independente e acima de quaisquer interesses estavam abertas as portas ao caos social e ao regresso ao “farwest” americano do século XIX. Se já foi grave o autor de tais palavras não apresentar desculpas pelo facto (nem que para tal apresentasse uma justificação difícil de convencer), antes pelo contrário, no Parlamento voltou a reforçar tal afirmação, julgo que o nosso P.M. ao não se demarcar de tal afirmação teve uma prestação pior que o seu Ministro. Pergunto:

- Que diabo, custava alguma coisa pedir-se desculpa? Será que os deputados da oposição não eram obrigados a “meter a viola no saco”?
- Porque será que um político nunca erra e o erro é sempre do outro político?
- Alguém duvida que é por atitudes destas que os políticos vão perdendo toda a credibilidade?


Ainda falamos nós dos políticos da nossa praça! Livra! Ao pé de outros não passam de verdadeiros santinhos!

domingo, 29 de novembro de 2009

Revolução na Construção (4)

No meu último artigo identifiquei uma medida que, quando implementada, poderá contribuir fortemente para uma melhoria da qualidade de vida no interior das nossas casas, com recurso a investimentos pouco significativos e com um retorno financeiro digno de toda a nota.

Se a medida que descrevi (isolamento das lajes dos tectos que separam as habitações do desvão da cobertura) por si só, pode contribuir para a melhoria significativa do ambiente térmico de uma habitação, outras há que com recurso a investimentos maiores ou menores também podem favorecer não só tal melhoria, mas também a qualidade do ar interior que se pode respirar no interior da mesma.

É na combinação do binómio ambiente térmico e qualidade do ar interior que “gira” a certificação energética dos edifícios. Deverá haver um equilíbrio tal que a renovação do ar se faça de tal modo que o ar respirável seja o mais saudável e limpo possível, ao mesmo tempo que o contributo energético necessário para dotar esse ar respirável de uma temperatura de “conforto aceitável” seja o menor possível.

Dir-se-á então que, quanto maior for a renovação do ar interior das nossas casas melhor a qualidade do ar interior respirável. É verdade! Porém, quanto maior a renovação do ar, maior o gasto de energia necessária. Foi na resposta a este binómio que os técnicos durante anos procuraram quantificar o valor mínimo da renovação do ar interior das habitações sem que fosse comprometida a qualidade do ar respirável. Encontrado esse valor (0,6 renovações por hora) e sabendo-se que a renovação do ar se processa de uma forma natural (através dos vãos das portas, das janelas e das caixas de estores) ou de uma forma mecânica (através de equipamentos de ventilação responsáveis pela insuflação e extracção do ar) o passo seguinte foi identificar de que modo se poderia aquecer ou arrefecer o ar interior de uma fracção habitacional ou de serviços e qual o comportamento das suas envolventes exteriores no capítulo das perdas ou ganhos dessa temperatura ambiente.

Foi assim que se determinou que as características construtivas das envolventes exteriores de uma fracção (tectos, pavimentos, paredes e vãos de portas e janelas) condicionam fortemente a quantidade de energia a utilizar para dotar os seus espaços interiores de condições térmicas ideais para o seu uso. Quanto maior for o seu isolamento térmico menores serão as perdas para o exterior e, consequentemente, menor será a necessidade de energia a utilizar. Agradecem as nossas finanças e agradece o ambiente.

Não é muito difícil de percebermos que é no tempo do frio que gastamos mais energia. O frio convida o uso de mais roupa sobre a nossa pele, contudo, o uso de mais roupa condiciona a nossa actividade. Alternativa? Aquecer o ambiente para que possamos usar menos roupa.

O aquecimento do ambiente passa obrigatoriamente pela utilização de energia. Durante séculos a madeira não teve rival e as nossas florestas convidavam ao uso de tal combustível. O aparecimento da energia eléctrica, veio “revolucionar” os nossos hábitos. A sua utilização era mais “limpa” e não era necessário criar-se dentro de casa um depósito de armazenamento da mesma (contrariamente ao uso da madeira) bastando tão-só o movimento de um só dedo num simples botão ou interruptor.

À medida que se foram reforçando os nossos hábitos sedentários e passámos a viver mais tempo dentro das nossas casas, foi natural a procura de fontes de energia que nos permitissem conferir algum bem-estar. E dessa procura resultou que o uso da madeira (por força dos preços decorrentes da sua aquisição se adaptarem às leis do mercado e numa lógica em que a oferta se ia tornando inferior à procura), foi dando lugar à energia eléctrica. Direccionada a vontade do consumidor para o uso de tal energia tudo se fez (e continua a fazer) para que a oferta equilibrasse (e equilibre) a procura. Se numa primeira fase as barragens foram capazes de responder às necessidades, a procura exponencial de tal energia conduziu os responsáveis pela sua produção a uma espiral de fontes alternativas. Tudo servia (e continua a servir) para produzir energia eléctrica, através desde o uso do carvão até á energia fóssil passando pela produção de uma outra energia que a muitos arrepia designada de nuclear.

Diante de tanto consumo e tanta procura não foi difícil perceber que tal escalada nos poderia conduzir a um “abismo” sem possibilidades de retorno. Saída? Buscar energias alternativas que produzam os mesmos efeitos práticos que não comprometam o nosso habitat e sejam inesgotáveis e racionalizar o uso dessa energia.

Hoje já somos capazes de utilizar muita da energia que a Terra e o Sol permanentemente geram, falta-nos apenas ganhar hábitos para a utilizarmos de uma forma racional reduzindo ao máximo o seu desperdício.

É nessa lógica que “nasceu” a Certificação Energética dos Edifícios a qual, mais do que para muitos se tratar de mais uma taxa a pagar, serve fundamentalmente para uma tomada de consciência quanto à necessidade de utilizarmos racionalmente a energia que habitualmente usamos nas nossas habitações, sem que com isso comprometamos a nossa qualidade de vida.

A construção dos novos edifícios já tem de cumprir determinados parâmetros construtivos sem os quais não será possível o seu uso, contudo, o edificado existente (99%?) está dispensado de adoptar tais parâmetros. Tudo isto vale por dizer que a maioria de nós vive em casas que caso fossem agora licenciadas como novas não teriam a emissão da necessária licença de utilização. Costumo dar como exemplo a minha própria casa construída em 1998. Já naquele tempo a sua projecção assentou em princípios térmicos eficientes onde estiveram presentes o isolamento dos tectos que já referi, envidraçados com rotura térmica, isolamento em paredes duplas, orientações e disposição dos envidraçados e sombreamentos optimizados. Mesmo assim, pese tais características construtivas, não seriam suficientes para um perito devidamente habilitado a certificar de acordo com as normas construtivas regulamentares em vigor elemento imprescindível para que a Câmara Municipal do Sardoal me pudesse emitir a necessária licença de utilização.

Há um considerável número de medidas que todos nós poderemos adoptar nas nossas casas que permitam reduzir o consumo de energia durante o tempo do frio, do calor e durante a preparação de águas quentes sem que com isso comprometamos os nossos hábitos.

Cada caso é um caso e todas as habitações apresentam condições térmicas distintas. Não entrando em situações mais complexas como seja o isolamento de paredes simples e de pavimentos térreos, nem de substituições de envidraçados simples por duplos, nem por caixilharias com elevada permeabilidade ao ar, centro hoje a minha atenção nas portas de entrada.

Quantos de nós não sentimos já o desconforto de sentirmos o vento entrar na nossa casa por debaixo da porta e pela periferia da mesma em contacto com a caixilharia? A entrada do ar no Inverno incomoda-nos de tal forma que somos forçados a recorrer ao vulgar “chouriço” para impedirmos a invasão a tal intruso. E no resto da porta o que fazemos? Nada. E que tal uma simples borracha em torno do batente da porta com a caixilharia? Quanto custa? Uma ninharia e resultado garantido.

(No próximo artigo, Revolução na Construção (5): Outras medidas).


O MEU APLAUSO DA SEMANA: A 1ª Mostra de Teatro do Sardoal que a Direcção dos Getas em boa hora decidiu abraçar merece o meu forte aplauso. Os Sardoalenses sempre tiveram uma “queda” para a arte cénica e já tardava um projecto desta dimensão. Ao longo dos anos muito se falou da possibilidade de um dia acontecer tal evento. Aconteceu agora. PARABENS GETAS! FORÇA!


A MINHA VAIA DA SEMANA: A forma como quem na posse de um poder que lhe foi conferido por voto popular é capaz de omitir o real estado da sua governação sempre que tem de se sujeitar de novo à vontade popular e pretende continuar a deter esse poder. Esta vaia ainda que possa tocar, por exemplo, muitos Autarcas, tem um destinatário preferencial: o nosso Governo. Antes das eleições de 27 de Setembro passado, da boca dos nossos governantes nunca obtivemos qualquer informação que pronunciasse o verdadeiro estado a que chegaram as nossas finanças públicas e que agora, passados dois meses apenas, vamos começando a acordar para o seu pesadelo ao percebermos os seus contornos. Será que numa eleição vale tudo? Continuo a acreditar que não.

(A este propósito, referi no meu último artigo que se perspectivava o aumento dos nossos impostos. Fi-lo porque os sinais são de tal forma evidentes que não é preciso possuirmos capacidades premonitórias para percebermos que tal será inevitável: se as receitas normais não cobrem as despesas normais e/ou propostas e como não se pode cortar nas despesas, aumentam-se as receitas. Mesmo que as receitas numa primeira fase possam ser obtidas com recurso a empréstimos bancários a segunda fase só pode ser alcançada com o recurso ao pagamento de impostos. Não chegam? Aumentam-se!

Um dia depois de escrever o artigo, Vítor Constâncio, o Director do nosso banco, já nos veio preparar para tal destino. O Expresso esta semana apresenta um conjunto de notáveis na área financeira, alguns ex-ministros das finanças para a impossibilidade de fugirmos a tal desígnio. Se a tudo isto juntarmos o “estado de sítio” em que vive a nossa Justiça, a guerrilha “política” que começámos a perceber já ter nascido no interior do nosso Parlamento, só me apetece gritar:
“ORGANIZEM-SE POR FAVOR!!!”

domingo, 22 de novembro de 2009

Revolução na Construção (3)

Existe hoje uma série de variáveis que têm de estar presentes quando alguém pretende promover uma edificação quer ela seja totalmente nova, quer ela incida na recuperação de uma existente.

Nos últimos tempos a exigência no cumprimento de quatro novas variáveis veio “agravar” (?) significativamente o número de condicionantes a que uma obra deverá ser sujeita: a sua componente acústica, as acessibilidades à mesma e na mesma, a sua eficiência energética e a sua resposta à acção eventual de um foco de incêndio.

Qualquer delas tem um propósito perfeitamente definido: melhorar o índice de habitabilidade dos ocupantes dos edifícios. Sendo assim, não se poderá dizer que estamos diante de um agravamento, pelo contrário, estamos diante de exigências que quando implementadas melhorarão significativamente o nosso modo de vida.

Muito poderia aqui escrever sobre qualquer uma delas, todavia existe uma que, pela sua especificidade, deverá ser do conhecimento geral: a eficiência energética.

Porque é que eu tenho de saber o que é que significa eficiência energética de um edifício se não tenciono construir nenhuma casa, dado já possuir uma? (É a pergunta que, possivelmente, 99% das pessoas poderá formular.)

Pois bem, a razão deste meu artigo é mesmo para essas 99% das pessoas, dado as outras serem obrigadas a cumprir com o disposto nos regulamentos e por isso não terem qualquer alternativa. O edificado existente não sendo obrigado a promover alterações que visem a sua correcção energética é importante que os seus proprietários tomem consciência das vantagens que poderão retirar caso adoptem algumas medidas que permitam corrigir algumas deficiências energéticas dos seus prédios.

Se os conhecimentos que hoje possuímos já nos permitem olhar para um edifício novo com 2 ou 3 anos e identificarmos um razoável número de patologias térmicas que aconselham a sua correcção, o que dizer de fracções habitacionais e de serviços com dezenas de anos que ainda hoje se mantém o seu uso?

Alguém poderá dizer que está muito bem assim, que não tem dinheiro para investimentos, etc, etc…

Na qualidade de perito inscrito na ADENE (Agência para a Energia) tenho tido a oportunidade de efectuar alguns certificados energéticos de fracções habitacionais e de serviços em alguns concelhos deste país. A elaboração desses certificados passa obrigatoriamente pelo conhecimento de uma série de dados de entre os quais se destacam os elementos construtivos das fracções em estudo. O resultado que tenho chegado (tal como os meus colegas) é que basta por vezes um pequeno investimento para que os ocupantes de uma fracção possam ter um ambiente e uma qualidade de vida substancialmente melhorado. E o mais curioso é que esse pequeno investimento (que muitas das vezes se paga a ele mesmo em menos de 3 a 4 anos) se traduz, também, numa poupança que tanto jeito faz a quem já há muito tem dificuldade em poupar.

Um dos investimentos que poderá ser realizado e que se poderá traduzir numa mais valia no que respeita ao uso de uma fracção e ao tempo de retorno do investimento (inferior a 5 anos) é o isolamento das lajes dos tectos sob coberturas.

O que se reduz nos gastos de energia necessária para aquecer uma fracção que possua um tecto (em madeira, em laje aligeirada pré-fabricada ou maciça de betão armado) sem isolamento e localizada sob uma cobertura, com a aplicação de isolamento na face superior da laje é de tal ordem significativa, que em 2 – 3 anos consegue suprir os investimentos efectuados, com todas as vantagens ambientais que daí decorrem.

O interessante nesta medida correctiva é que, qualquer um a poderá realizar e não compromete a habitabilidade da fracção.

Experimentem avaliar no mercado o custo por metro quadrado de uma placa de poliestireno extrudido (vulgarmente designada por “roofmate”) com uma espessura de 40 mm ou 60 mm e o custo possível 0,1 m3 de argila expandida por cada metro quadrado de placa de isolamento a aplicar.

Pois bem, a colocação de uma placa de isolamento atrás referida, assente sobre a laje de esteira, coberta por uma camada de argila expandida numa espessura compreendida entre 40 mm e 80 mm só por si, em muitos dos casos, é capaz de reduzir o consumo de energia eléctrica utilizada numa fracção durante o período de aquecimento (cerca de 6 meses de tempo frio) em cerca de 50%. Isto vale por dizer que basta utilizar o sistema de aquecimento em metade do tempo, habitualmente utilizado, para se poder obter o mesmo resultado térmico no interior das nossas habitações.

Ao preço a que está a energia eléctrica será que poderemos desprezar oportunidades de poupança?

(No próximo artigo, Revolução na Construção (4): Outras propostas de correcção).


O MEU APLAUSO DA SEMANA: O apuramento da nossa Selecção Nacional para o Campeonato do Mundo de futebol a realizar no próximo ano na África do Sul. Por motivos académicos não pude assistir ao jogo, porém, pelo que vi do resumo do jogo deu para perceber que foi meritória a nossa passagem. Porque é que teimamos em deixar para amanhã o que podemos fazer hoje?

A MINHA VAIA DA SEMANA: A forma como o Ministro das Finanças do governo anterior projectou em finais de Janeiro a projecção do défice a que Portugal chegaria no fim do ano de 2009 (por volta dos 3%) justificando que tal se deveria ao facto de se projectar um forte investimento do governo no apoio às empresas para fazer face ao elevado índice de desemprego verificado. O mesmo Ministro das Finanças, agora no novo governo, vem projectar esse mesmo défice em cerca de 8%(?), alguns meses depois, sem quaisquer resultados práticos no desemprego (e de que maneira subiu!) e sem perspectivas lógicas de inversão (será que a conjuntura económica mundial é a única culpada de tais desastrosos resultados?), ao mesmo tempo que é mantida a vontade de se investirem milhões (que não temos e precisamos pedir emprestado ao estrangeiro) para se construírem linhas de TGV e novos aeroportos, já para não falar da rocambolesca “novela do BPN”, deixa-me profundamente preocupado sobre o meu e o futuro de todos nós.

Alguém é capaz de duvidar que não estamos às portas de novos impostos e aumento dos existentes já para o início do próximo ano?

Com excepção dos políticos que nos governam
(fazendo fé nas informações que os Media relatam diariamente, nunca tais figuras viveram tão bem), está a ser está cada vez mais difícil viver em Portugal!!!

domingo, 15 de novembro de 2009

Revolução na Construção (2)

Se por qualquer motivo, tivesse de suspender a minha actividade de projectista na área de engenharia civil, por um período de 5 anos, penso que muito dificilmente conseguiria pegar “nas pontas deixadas” e prosseguir a minha carreira profissional como se nada tivesse mudado.

O acréscimo de requisitos técnicos a cumprir na construção tem sido de tal forma exponencial, que o técnico que até há poucos anos poderia assumir, sozinho, a responsabilidade técnica pela construção de uma simples habitação, desde a fase de licenciamentos (com a elaboração dos projecto) até à fase de conclusão dos trabalhos (com a direcção técnica da obra), já não o consegue fazer.

O tempo em que o promotor de uma edificação tinha amplas liberdades para criar, cabendo apenas aos técnicos “pegar” na criação e levá-las à prática, está prestes a terminar. Alguém dizia que já há muito entrámos na era da formatação e há quem ainda não tenha dado por isso. Alguém duvida que à imagem dos discos dos nossos computadores, as nossas próprias vontades vão sendo aos poucos por outros formatadas?

Num passado recente a casa era o refúgio da família quando a noite chegava. A sua vivência era o espaço exterior. Hoje, a casa funciona como centro da vida da família e da qual se sai apenas o indispensável. A evolução da tecnologia permite-nos hoje atingirmos todos os níveis de sobrevivência e partilha do mundo sem que para tal necessitemos de nos “aventurarmos” para além da porta da rua. É bom? É mau? Qualquer que seja a apreciação que possamos efectuar, existe um elo que cada vez vai ficando mais fraco: o nosso sentido comunitário. Não sendo este o tema em presença, dispenso-me de abordar as vantagens e desvantagens das vivências intramuros (um tema interessante para o futuro) e passo a focar a minha atenção no tema principal deste artigo.

Quem é que não gosta de ter, no interior do seu ninho, condições ambientais de excelência capazes de lhes proporcionar índices de conforto elevados? É no suporte destes “desejos” que o homem ao longo dos anos vem desenvolvendo alternativas para trazer para o interior da sua habitação o calor durante o Inverno e o frio durante o Verão. Em condições de saúde o nosso organismo funciona com uma temperatura estritamente constante entre os 36º e os 37º. Quando somos sujeitos a ambientes que apresentam temperaturas distintas destas os nossos organismos reagem automaticamente no sentido de poderem atingir um equilíbrio. É assim no Inverno, quando reduz a sua temperatura superficial (por vasoconstrição) ao mesmo tempo que aumenta a produção interna de energia e é assim no Verão quando aumentando a sua temperatura superficial (por vasodilatação) dissipa o calor por perspiração e transpiração.

Quando chega o tempo frio não há como um aquecimento forçado (lareira, salamandra, caldeira, radiador, bomba de calor, etc.) para nos conferir um bem-estar. De igual modo, no tempo do calor, não há como uma ventoinha ou aparelho de ar condicionado para nos devolver o bem-estar.

Tem sido norma que a produção de ar quente e frio se apoie em energia eléctrica, combustível fóssil ou vegetal. O aumento da procura e produção deste tipo de energias têm contribuído não só para o aumento do efeito de estufa, de que o nosso planeta tem vindo a padecer, mas também, como os recursos naturais utilizados não são ilimitados, para o conhecimento lógico que um dia terminarão.

Perante as nossas necessidades e disponibilidades que fazer? A esta pergunta outras foram formuladas desde que alternativas teríamos diante da possibilidade de podermos utilizar outro tipo de energias, não poluentes e ilimitadas, até se para as nossas necessidades não esbanjávamos energia.

Foi na resposta a estas perguntas que o homem começou a orientar os seus sentidos para a procura de novas energias renováveis e ilimitadas, alternativas às convencionais: solar, eólica, geotérmica, marítima e outras.

Em paralelo, cada País, vai começando a estabelecer metas que visem a redução das emissões de CO2 para a atmosfera, sob pena de sobre ele recair pesadas multas pelo incumprimento dos limites estabelecidos e acordados internacionalmente.

No nosso caso, Portugal, com uma amplitude térmica anual a rondar os 20º, na maioria dos casos, habituámo-nos ou a suportar os efeitos dos rigores (?) do clima (Está calor? Dorme-se com a janela aberta! Está frio? Põe-se mais uma manta na cama!) ou porque a disponibilidade financeira ajudava, a aquecer ou arrefecer as nossas casas, consoante as nossas necessidades.

Da avaliação efectuada à forma como construíamos as envolventes das nossas casas não poderia ser mais conclusiva: esbanjamos muita energia para as nossas reais necessidades.

- Solução? Alterar os métodos construtivos das nossas paredes, tectos, pavimentos, coberturas e envidraçados.

- A partir de quando? Agora!


(No próximo artigo, Revolução na Construção (3): As novas construções).


O MEU APLAUSO DA SEMANA: O trabalho discreto e silencioso desenvolvido pela Polícia Judiciária e Ministério Público no âmbito do processo “Face Oculta”. O que a imprensa tem revelado dá para perceber a dimensão e o profissionalismo das investigações efectuadas. Ninguém foi dispensado. É confortante pertencer a uma sociedade que age assim.


O MEU ASSOBIO DA SEMANA:
A forma como a Justiça continua a não conseguir blindar os segredos dos processos que lhes são confiados. Quem quer que tenha lido a imprensa escrita esta semana é obrigado a questionar-se como é que é possível que dos gabinetes dos juízes continuem a saltar para a praça pública informações sigilosas de processos em curso ou ainda não julgados? É preocupante pertencer a uma sociedade que age assim.

domingo, 8 de novembro de 2009

Revolução na Construção (1)

Inicio hoje a abordagem a uma temática que me é particularmente cara, quer enquanto técnico, quer enquanto habitante desta nossa grande aldeia global.

Quantos de nós não ouvimos já a articulação de duas palavras “certificação” e “energética” e quantos de nós não encolhemos os ombros quando questionados sobre o seu real significado?

Quantos de nós, uns mais e outros menos, não manifestamos o nosso acordo ou desacordo, sobre as mais variadas correntes científicas que envolvem o nosso ambiente, segundo as quais o aquecimento global a continuar a manter os padrões de crescimento que tem revelado nos últimos anos, poderá conduzir toda a humanidade para um beco sem saída?

A História da Humanidade revela-nos que o poder dos povos sempre assentou na “riqueza” dos seus recursos naturais e na capacidade que os mesmos tinham (e têm) em os poderem utilizar ou comercializar. E foi assim ao longo dos séculos, até que…

A “descoberta” de gigantescas reservas de energias fósseis com um alto poder calorífico e espalhadas pelos quatros cantos do mundo, associada a uma evolução tecnológica exponencial de toda a humanidade nos últimos 40 anos, gerou um “caos civilizacional” de tal ordem, que cada dia que passa se torna mais difícil a sua contenção. Os efeitos causados pelo consumo desenfreado de energias por parte do homem, quer as mesmas tenham a sua proveniência de jazidas de petróleo ou depósitos naturais de carvão, é uma faca de dois gumes. Se por um lado a combustão serve para o ajudar (pela energia que o combustível liberta) por outro a combustão serve para o penalizar (pelas emissões de CO2 emitidas para atmosfera). Como em todos os actos praticados pelo homem, a causa e o efeito têm tido um papel primordial na hora de utilizar a energia. Enquanto os efeitos pretendidos pela combustão são imediatos e servem alguns, os efeitos nocivos da concentração de CO2 na atmosfera não são imediatos (tipo, “roleta russa”) e atingem todos.

Durante anos, o egoísmo de uns poucos foi suprimindo a razão dos demais. Era natural que, mais tarde ou mais cedo a razão imporia a sua lei. E foi o que aconteceu na Conferência Internacional das Mudanças Atmosféricas em Toronto (Canadá) em 1988. Mais tarde, a Cimeira de Quioto (Japão) em 1998 definiu um conjunto de metas até 2012. Foram 179 os Países que aderiram e ratificaram o, então, designado Protocolo de Quioto (vergonhosamente o país mais poderoso do mundo demarcou-se) que visa fundamentalmente a redução de emissão de CO2. Acredito que depois de 2012 as exigências no controlo da emissão dos gases com efeito de estufa serão mais eficazes e os países incumpridores deverão ser punidos com coimas elevadíssimas. Quem nos dera!

É do conhecimento geral que:

- A emissão de enormes quantidades de CO2 para a atmosfera, promove o aquecimento global e já está a provocar alterações atmosféricas relevantes neste nosso planeta. (Será que o aumento anual em quantidade e intensidade dos furacões, tornados e tufões não quer dizer qualquer coisa?)
- Cada vez é maior a procura de combustíveis que permitam responder às necessidades “famintas de energia” dos povos. Enquanto uns dependem dela para melhorarem a sua qualidade de vida outros “encarregam-se” de a esbanjar apenas porque tal gesto permite colocá-los em patamares sociais superiores aos outros.
- As reservas de petróleo e combustíveis naturais não são infinitas.

Perante tamanha evidência só existe uma saída à humanidade: Procurar energias alternativas, de preferência renováveis, e reduzir o consumo de energia.

Cada um à sua maneira deverá contribuir para este desígnio. As nossas gerações futuras correm sérios riscos de sobrevivência se não inflectirmos nos nossos comportamentos.

Se por um lado já vão aparecendo respostas claras na busca de energias alternativas renováveis e inofensivas ao ambiente (por muito que custe a uns quantos, Portugal encontra-se na linha da frente através do aproveitamento térmico da energia solar), vai tardando a nossa tomada de consciência para a necessidade de alterarmos os nossos comportamentos para que, mantendo os mesmos padrões de vida, possamos contribuir para a redução do consumo de energia.

Sabendo que 30% das emissões de CO2 para a atmosfera se deve ao nosso comportamento no interior das nossas casas, ao qual se encontram associadas, de uma forma muito directa, as envolventes que nos separam do exterior, é chegada a hora de promovermos uma “Revolução na nossa forma de construir” de modo que possamos suprimir alguns erros construtivos que desde sempre nos têm acompanhado.

Se é certo que as novas construções licenciadas a partir da segunda metade do ano transacto já são obrigadas a cumprirem um cem números de requisitos técnicos sem as quais não existe lugar à emissão da necessária licença de utilização, todo o edificado existente que foi dispensado de cumprir tais requisitos, e que representará certamente mais de 99% de todo o edificado actual, necessita de intervenções.

Assim, e porque tais intervenções não são obrigatórias à face da lei, procurarei nos próximos artigos ser convincente o suficiente para provar das vantagens práticas em corrigirmos algumas patologias térmicas das nossas casas que permitam a redução das perdas de energia que geramos sem que para tal possamos comprometer a nossa qualidade de vida.


Post Script Um: Não termino sem que antes faça um desafio aos meus amigos Sardoalenses.

Se esta fotografia fosse uma tela, você um pintor e tivesse liberdade para dar as “pinceladas” que quisesse, o que mudaria? Que rico desafio à nossa imaginação!

domingo, 1 de novembro de 2009

Esperança no Futuro

Na passada sexta feira, aqueles que acabámos de eleger para cuidarem do nosso Concelho para os próximos quatro anos, prestaram os juramentos da praxe. E porque é da praxe que o início das funções só tem eficácia legal após tal compromisso em que os eleitos juram pela sua honra que cumprirão com lealdade e isenção as funções que lhes são confiadas, logo, os novos eleitos, já estão em funções. Parabéns a todos e façam o favor de nos governarem o melhor que puderem e souberem!

As funções não serão as mesmas para todos: uns compete-lhes governar, enquanto outros compete-lhes fiscalizar os actos de quem governa e com eles colaborar.

Quero e devo acreditar que os eleitos, quer sejam debutantes ou reeleitos estão imbuídos de um espírito de missão comum que tem como finalidade primeira servirem o Concelho do Sardoal e todos nós, Sardoalenses.

Poderá, à primeira vista, parecer que a actividade política para o próximo mandato de quatros anos tenderá a repetir-se no que foi o que agora terminou. Penso sinceramente que não. A entrada em cena de novos protagonistas quer no Executivo Municipal (Miguel Borges do lado do Governo e Fernando Vasco do lado da oposição) e Assembleia Municipal (quer na bancada do PSD, quer na bancada do PS) são a garantia do meu pensamento. A experiência e a irreverência da maioria dos eleitos faz-me acreditar que estão conscientes que o Concelho que irão servir, não apresenta grande margem de manobras para experiências e querelas políticas estéreis. Por isso, quero e devo acreditar que existem condições para que os próximos tempos, para todos nós, possam ser melhores que os anteriores. Ao trabalho!

Quanto a mim e a outros que gostamos de opinar, resta-nos ser comedidos nas nossas apreciações, deixando todo o espaço àqueles que agora nos governam. O facto de devermos ser comedidos não deverá significar que lhes possamos estender um tapete vermelho para que possam fazer tudo aquilo que lhes der na real gana. Pela minha parte estou disponível para a cedência de todo o espaço que necessitem, mas totalmente indisponível para me calar caso sinta que os interesses do Concelho possam ser comprometidos.

AO TRABALHO e BOA SORTE A TODOS!

Post Script Um: São dois os assuntos que gostaria ainda de abordar no meu texto de hoje, embora tenham algo em comum: a blogosfera.

Em primeiro lugar e sem desprimor para todos aqueles que já “existem” e que conhecemos os seus autores, entendo dever destacar o nascimento de um novo blogue da autoria do Luís Manuel Gonçalves. No passado dia 12 de Outubro nasceu o “Sardoal com Memória”. Só nos últimos dias tive conhecimento do seu “nascimento” e pelo que pude ler de uma forma geral gostei. Ali está alguém que, tendo todo o tempo do mundo que a aposentação lhe garante, vai “atirando” para a blogosfera a história do nosso Concelho. Bem-haja por isso e continue!
(Nota: Aqui está o exemplo daquilo que escrevi nos meus dois últimos artigos quando “atirei”, com tudo o que me veio “à mão”, àqueles que gostam de se acoitar atrás do escudo do anonimato. A nossa sociedade passa bem sem a presença desses cobardes. Quando referi, que todos nós sem excepção, nos devemos pautar por condutas que coloquem o respeito pelos outros e por nós próprios no centro da nossa participação cívica, dei como exemplo o facto de eu próprio emitir os meus pensamentos no respeito pelos outros e por mim, menosprezando os juízos que outros possam fazer sobre eles. A este propósito, li com muita curiosidade o artigo que escreveu no passado dia 26 de Outubro subordinado ao título “Se eu fosse Presidente da Assembleia Municipal”. Mesmo sabendo que o artigo poderia criar os mais diversos sentimentos, desde a surpresa até à desconfiança, pelo facto de ter sido nos últimos 15 anos, Vice-presidente de uma Câmara Municipal que nem um dos nove pontos que enumera foi capaz de implementar, mesmo assim, assumiu e subscreveu publicamente o seu pensamento. Este é o comportamento social que pretendo para a sociedade onde me insiro. Há quem aprove, há quem reprove. Relativamente ao artigo em presença, eu aprovo, embora sinta que falta ainda um artigo. Seria o décimo: “Teria de me lembrar permanentemente que não poderia ser Frei Tomás!”.

O meu segundo pensamento trata os blogues políticos do PS e do PSD do Sardoal. São várias as perguntas que os mesmos me suscitam:

1º Porque é que o blogue do PS tem permanecido estático desde o dia 26 de Agosto, com o artigo “O Caminho da Mudança”? É para acabar?

2º Porque é que o blogue do PSD tem permanecido estático desde o dia 8 de Outubro, com o artigo “Comunicado à população do Sardoal”? É para acabar?

3º Porque é que até hoje, ainda não vi em qualquer deles um simples agradecimento público aos Sardoalenses pelo apoio que lhes concederam nas urnas? Será que passadas já 3 semanas não vai tardando tal agradecimento? Ou será que é entendido que não deverá haver lugar a agradecimentos de espécie alguma? Cuidado! Já vai sendo tempo dos políticos deixarem de menosprezar a força da blogosfera!

4º Do meu ponto de vista os blogues do PS Sardoal e PSD Sardoal deverão manter-se e apresentar uma vitalidade que suscite os internautas Sardoalenses a visitá-los, no mínimo, uma vez por semana. Ambos fazem falta e deverá haver certamente muitos militantes dispostos a “alimentá-los”. Tanto alimento existe disponível! Haja visão dos responsáveis políticos locais.

domingo, 25 de outubro de 2009

Erasmus - Primeiro Emprego

No passado dia 29 de Maio, escrevi aqui neste “meu cantinho”:

“… O candidato Paulo Rangel, cabeça de lista do PSD entrevistado na TSF na manhã do dia de ontem (5ª feira) descreveu uma das suas propostas que envolve o 1º emprego para os jovens que saem das universidades todos os anos. Uma espécie de Erasmus, mas para o campo do trabalho. Enquanto conduzia entre o Pego e o Sardoal fui ouvindo a sua dissertação sobre o projecto e dei por mim a pensar no futuro quer da minha filha, quer de milhares de estudantes universitários que acabarão os seus estudos superiores e serão “despejados” literalmente para o desemprego e sem perspectivas futuras. Ali estava, porventura, uma oportunidade de fuga a tal “desespero”. De igual modo, face à fraqueza negocial de Portugal na Comunidade tal proposta também se arrisca a ficar no papel, contudo, a lucidez e a descrição dos seus contornos deu para perceber que era séria e tinha alma. O meu voto é seu Caro Dr. Paulo Rangel e, por conseguinte, do partido que o elege, o PSD.” (in Vila Jardim (6) - Recuperação da Zona Histórica)

Para os que ainda desconheciam, esta semana, o Parlamento Europeu já aprovou tal proposta. Ao ter conhecimento de tal decisão não poderia ter ficado mais satisfeito. A proposta, foi das primeiras a ser aprovada após a tomada de posse dos novos Eurodeputados, foi apresentada por um dos Países com menos representatividade e havia sido o fio condutor que orientou o meu voto nas últimas Eleições para o Parlamento Europeu.

Parabéns Dr. Paulo Rangel! Parabéns PSD!

Virada a página sobre a decisão, a minha expectativa radica agora nos contornos legislativos que irão ser desenhados. Aguardemos.

Post Script Um: No meu último artigo exprimi os meus sentimentos sobre o que penso sobre quem se acoita atrás do anonimato para promover “terrorismo social” sem que com isso possa ser julgado. O anonimato é o sangue que corre nas veias dos cobardes.

Não é a primeira vez que aqui neste cantinho faço alusão a tais “criaturas” e do modo como reajo diante dos seus actos, independentemente de poderem ser a meu favor ou contra mim. Aqueles que optam por tais caminhos apresentam um perfil psicológico muito característico, onde se evidencia a sua incapacidade de olhar os outros de frente e assumir os riscos dos seus actos. Isto tem um nome: COBARDIA!

O “timing” do artigo não poderia ter sido mais preciso por, e recordando-me do triste episódio de um tal panfleto anónimo que andou a circular na Vila de Sardoal uns dias antes das Eleições Autárquicas, numa mesma semana ter havido duas iniciativas: a do “Tó Zé” Mendonça, através da afixação de uma mensagem de revolta na vedação do Centro de Saúde do Sardoal e a de um sardoalense anónimo, que decidiu abrir um “seu cantinho” na blogosfera.

Soube da sua existência através de um e-mail anónimo (outro!) que recebi informando-me do seu “nascimento” (será que foi o seu autor ou alguém por ele mandatado?). Porque não sou imune à curiosidade entendi aceder ao mesmo e tomar conhecimento do seu conteúdo.

A conclusão que poderei tirar do que li é a de que: “Nasceu” um blogue no Sardoal com um objectivo perfeitamente definido: De ora avante o Sardoal passa a contar com um novo juiz que julgará tudo o que o incomoda sem que para tal possa ser julgado.

Segundo o seu autor “… Chegou a hora de fazer uma reflexão cuidadosa e desprendida de quaisquer interesses sobre o que foram estes mandatos, o que vai ser o presente e as repercussões para o futuro. Desde já assumo o meu anonimato, por razões que qualquer leitor atento à realidade do Sardoal compreenderá…”

Perante tamanha evidência não consigo perceber as razões objectivas que levam alguém, que não consegue esconder quem é, a vestir a capa do anonimato. Pese todas as arestas que a nossa democracia ainda possa apresentar, só consigo vislumbrar uma só razão para alguém, de uma forma voluntária, ocultar-se atrás da cortina do anonimato para emitir uma opinião que ninguém lhe exigiu: cobardia.

Talvez na origem do acto resida o facto de querer esconder as “cicatrizes políticas” que acumulou ao longo destes anos e perceber que já não é possível eliminá-las por mais “cirurgias” a que possa ser sujeito.

Lembrando o que afirmei no meu último artigo: “Se virmos um sapato abandonado numa estrada, somos capazes de saber quem era (ou é) o seu dono depois de muito o vermos caminhar”, poderemos facilmente concluir que são tantos os sinais que o “sapato” tem que não é possível enganarmo-nos sobre quem é o seu “dono”. Talvez passasse despercebido numa grande cidade, não no Sardoal e depois de tantos anos de exposição pública e política.

E porque a sua entrada na blogosfera foi tão subtil como a passagem de um elefante por uma loja de cristais, não foi difícil perceber de quem estamos a falar.

Porque acredito que lerá estas minhas palavras faço-lhe o seguinte repto:

“Caro Gêmel (permita-me que o trate por este nome), são dois os caminhos que o desafio a escolher: ou assina o seu blogue e assume publicamente os pensamentos que emite ou então “apague” o seu blogue caso nele pretenda falar de outros. Será que o que está a fazer não configura uma situação de “terrorismo social?

Reflicta e pense no que poderá ser melhor para si e para a tal comunidade para qual pretende agora acordar depois de um longo sono por si induzido.

Termino afirmando que não me sinto ofendido pelo nome que deu ao seu blogue. Recordando a sua apreciação que fez à ligação do nome do meu blogue ao meu próprio nome, devolvo-lhe a “bola” referindo que possivelmente também se enganou no nome que quis atribuir ao seu. Será que gêmelnoseumelhor.blogspot.com não seria mais adequado?

Vá lá. Aceite o meu desafio e junte-se a mim e a outros que estão disponíveis para elevar o nosso Concelho para o nível que merece. Com excepção dos cobardes, para essa “guerra” todos são precisos. Será que existe alguém que seja capaz de não assumir que também possui “cicatrizes políticas”? Eu também as tenho e não é por isso que não deixo de assumir publicamente os meus pensamentos. Há quem aprove, há quem rejeite. Somos humanos.”

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Política Séria



Nestes últimos dias, os Sardoalenses voltaram a ser “brindados” com mais uma iniciativa do nosso “Tó Zé” Mendonça.

Ao longo destes últimos anos tenho tido a oportunidade de privar de perto com este Sardoalense, que considero amigo, independentemente de algumas vezes não subscrever, por inteiro, a sua “impetuosidade social” perante algo que ele sinta não ser justo ou socialmente inaceitável.

São dois os motivos que hoje me levam a invocá-lo neste “cantinho”: A mensagem que hoje exorta e a “lição de vida” que não se cansa de revelar.

Quanto à mensagem que hoje exorta, subscrevo por inteiro o seu conteúdo.

No que respeita à falta de médicos, e recuando a algumas semanas atrás, eu próprio aqui manifestei o meu profundo desagrado pelo “calvário” que alguns dos nossos concidadãos são obrigados a passar para que um médico os possa ver ou subscrever uma receita médica. Na altura cheguei mesmo a afirmar que consideraria (e considero) estruturante para o desenvolvimento do Concelho, a intervenção directa e imediata do Município nesta área. Se hoje já vai sendo tarde a correcção de tão grande falha, nem quero pensar nas consequências que o amanhã nos poderá trazer.

No que concerne aos horários, a minha posição é clara: se a prestação de um serviço, particular ou público, está sujeito a um horário estabelecido e comummente aceite, quer por quem presta o serviço, quer a quem o serviço é prestado, então deve ser cumprido.

Quantos de nós não sentimos já alguma revolta (para não dizer raiva) por alguém que nos deve prestar um determinado serviço ignorar os nossos direitos e os seus deveres ao não cumprir com um horário que alguém superiormente lhe determinou?

O que sentimos ao percebermos que muitos dos “atrasos” continuados se devem não a uma situação imprevista, mas tão só a uma situação concorrencial do serviço a prestar? Se o sentimento que nos invade já é grande, quando está em causa uma entidade privada, o que dizer quando essa entidade é pública? E o que dizer ao percebermos que quem tem o dever de “corrigir” o que está mal entende olhar para o lado ou assobiar para cima, apenas porque o “infractor” é insubstituível e deve ser tratado de um “modo especial”. Tratamento especial, porquê? O erário público não lhe paga já um salário especial?

Relativamente à política séria que o “nosso Mendonça” clama não poderia ser mais oportuna a sua exigência. Só com uma política séria e responsável será possível levantarmos o nosso Concelho para um patamar superior que todos merecemos e desejamos. O exercício de uma política séria não deverá ser só exclusiva daqueles que nós elegemos para nos governar. O exercício dessa política deverá também residir e orientar cada um de nós.

Todos nós deveremos contribuir de uma forma séria e responsável para que a nossa sociedade se fortaleça. Não existe ser humano algum que detenha a sabedoria suprema ou que seja capaz de ser compreendido e aceite sem reservas pelos outros que o rodeiam. Se assim é, é perfeitamente natural que aqueles que não partilhem do seu pensamento o contrariem.

E é aqui que entra a lição de vida que o nosso “Tó Zé” Mendonça não se cansa de nos mostrar: Pensando diferente, revela a sua discordância e assume-a publicamente, não se importando com as consequências que os seus actos lhe possam trazer. Pior que a incompreensão e condenação dos outros, é termos de suportar o peso da nossa consciência quando à noite depositamos a cabeça na nossa almofada.

Em contraponto à acção deste Sardoalense existem outros que só são capazes de manifestar os seus pensamentos a coberto da capa do anonimato. Não é difícil percebermos que pertencem ao mais baixo estrato social de qualquer comunidade, estrato social esse inferior ao que pertencem as vulgares prostitutas da berma de uma estrada. Ambos actuam a coberto de uma desculpa para justificar os seus actos, só que a prostituta tem cara e o anónimo nem isso tem.

E os anónimos, tal como as prostitutas, “vingam”, porque existe sempre alguém disposto a “comprar” o que têm para vender. Ambos são vendedores de miséria. Elas da miséria própria. Eles da miséria dos outros.

Nos últimos dias da campanha eleitoral autárquica na Vila do Sardoal “choveram” panfletos em formato A4, que continham numa face a transcrição de uma carta publicada num jornal regional e na outra uma série de denúncias, de proveniência anónima, que comprometiam a candidatura do PSD local. No seu blog, o partido visado, atingido na sua honra, deu asas à sua revolta e denunciou o acto. Porque será que não vi o outro Partido em contenda solidarizar-se e demarcar-se de tal acto de cobardia? Será que na contenda política, vale tudo? Não, não vale. Porque será que no comunicado que o PSD local efectuou no dia 8 de Outubro não existe qualquer menção a uma eventual demarcação do acto por parte do autor da carta que ocupava uma das faces do panfleto? Lapso de quem escreveu o comunicado ou será que tal demarcação nunca aconteceu? Porquê?

À medida que vamos envelhecendo, a vida vai-nos legando ensinamentos. Um dos ensinamentos que colhi assenta na seguinte tese: "Se um dia encontrarmos um sapato abandonado numa estrada somos capazes de perceber a quem pertence caso o tenhamos visto muitas vezes caminhar."

Para todos aqueles cuja cobardia os leva a acoitarem-se atrás do escudo do anonimato apenas peço que sigam o exemplo do nosso “Tó Zé” Mendonça.

Tiro o meu chapéu ao Senhor António José Grácio Mendonça pela lição de vida que revela.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Eleições (6)

Autárquicas de 2009

Os Sardoalenses escolheram…

Câmara Municipal de Sardoal
PSD = 1.551 votos (1.729, em 2005)
PS = 1.095 votos (981, em 2005)
CDU= 59 votos (57, em 2005)
CDS-PP = Não foi a votos (65, em 2005)

Assembleia Municipal de Sardoal
PSD = 1.542 votos (1.656, em 2005)
PS = 1.060 votos (994, em 2005)
CDU= 99 votos (80, em 2005)
CDS-PP = Não foi a votos (81, em 2005)

Junta de Freguesia de Alcaravela
PSD = 501 votos (588, em 2005)
PS = 205 votos (184, em 2005)

Junta de Freguesia de Santiago de Montalegre
PSD = 178 votos (185, em 2005)
PS = 50 votos (53, em 2005)

Junta de Freguesia de Sardoal
PSD = 795 votos (729, em 2005)
PS = 660 votos (583, em 2005)
Indep. = Não foi a votos (133, em 2005)
CDU = não foi a votos (36, em 2005)
CDS/PP = não foi a votos (27, em 2005)

Junta de Freguesia de Valhascos
PSD = 140 votos (161, em 2005)
PS = 110 votos (101, em 2005)

… Que se cumpra a sua vontade!

Post Script Um: Diante destes resultados são várias as leituras políticas que se poderão efectuar, porém, permitam-me que guarde para mim as minhas. Nesta hora, entendo ser meu dever, enquanto Sardoalense, cumprimentar os vencedores e os não vencedores e que cada um cumpra com as missões para as quais agora foram incumbidos.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Eleições (5)

Sardoal Autárquicas 2009

Aquando do fecho e publicação do meu último artigo (Eleições 4), pelo facto de ainda desconhecer as propostas do PSD local, entendi não manifestar qualquer opinião sobre as mesmas. Menos de doze horas depois, tais propostas já se encontravam disponíveis no seu site (www.psdsardoal.blogspot.com). E lá continuam prontinhas para agora serem analisadas e mais tarde recordadas (caso não sejam entretanto retiradas). Antes de proceder à sua análise, tiro o meu chapéu ao PSD local. Quem durante quatro anos foi acusado de ignorar a Internet, agora, foi capaz de dar uma lição àqueles que sempre o criticaram utilizando a Internet para divulgar as suas propostas eleitorais, enquanto que os críticos se ficaram apenas pelas intenções. Porque é que também não o fizeram? Pois é…

Passando para a análise das propostas do PSD local, tenho para mim, que tal como as outras (PS e CDU), não encerram qualquer proposta verdadeiramente estruturante para o Concelho e que, tal como as outras, cobrem algumas iniciativas que são de apoiar e outras que não são de apoiar.

E porque todos os sinais evidenciam que, uma vez mais, o Partido Social-Democrata irá continuar a responsabilizar-se pelo governo da nossa Autarquia (que me desculpem os outros partidos concorrentes por esta minha ousadia, mas não há qualquer espécie de dúvidas que um não foi capaz de mobilizar em seu torno o entusiasmo imprescindível para uma possível vitória e que o outro surge nesta “disputa” como um autêntico “outsider” cujo único objectivo é recolher alguns “votos leais” e alguns votos da “dupla negação”) julgo ser pertinente que analise de uma forma mais cuidada as propostas que apresentam uma maior probabilidade de poderem “interferir” na comunidade à qual pertenço.

São 49 as medidas que são colocadas em “cima da mesa” e que se distribuem pelas áreas do Desenvolvimento Económico, Rede Viária, Ambiente, Educação, Acção Social, Cultura, tempos Livres, Turismo, Desporto, Requalificação Urbana, Floresta e Protecção Civil, Juventude e Associativismo.

São vários os comentários que se podem formular diante das propostas do PSD local:

1. Algumas, já tardavam: Criação de Zonas Industriais nas Freguesias (Quais? Já se encontram previstas na alteração do PDM em curso?); Criação do Gabinete de Apoio ao Investidor (qual investidor? O que pode vir para cá ou aquele que já cá está?); Implementação de medidas que visem a Eficiência Energética dos Edifícios; Criação do Arquivo Histórico Municipal; Requalificação dos Parques Infantis; Criação dos Conselhos Municipais das Associações e da Juventude; Recuperação da Zona Histórica da Vila e Realização das Jornadas Vicentinas.

2. Algumas, nem os erros da história serviram para que não voltassem a fazer parte do “cardápio” eleitoral: Ampliação da Zona Industrial de Sardoal (chega de invenções! Se a ampliação é para ser feita na encosta Sul, é mais um erro histórico que se irá juntar ao erro existente. Aquele espaço, face à sua topografia só serve para ali se implantar uma pista de MotoCross, uma “plantação de colmeias” ou caça radical ao javali. Que se procure um novo espaço ou que se crie um “ninho empresarial”. Será que as instalações da extinta Sarplás não poderiam servir para implantação de tal ninho?); Requalificação das praias fluviais da Rosa Mana e do Codes, Criação do Parque de Campismo da Lapa, Criação da Rota do Pão, Criação das praias fluviais da Saramaga e Codes (a quem poderão servir tais espaços e quem assumirá a responsabilidade pela sua manutenção? Não basta existirem. Estes espaços jamais poderão ter um uso continuado se, em paralelo, não houver alguém que assuma a responsabilidade pela sua manutenção e dinâmica. Criar e construir é fácil, o pior são os “dias seguintes” após a construção. Não foi esta “visão obtusa” que votou o Parque de Campismo da Lapa, os Moinhos de Entrevinhas e a Rosa Mana ao abandono, depois de todos os investimentos que ali se realizaram?)

3. Algumas outras apenas figuram para o caso da autarquia ser “contemplada” por verbas que neste momento não possui, nem tão pouco vislumbra quando poderá vir a tê-las, tão poucas são as migalhas que lhe restam (será que lhe restam?) após cumprir todos os compromissos que possui. São exemplos a Construção de um Pavilhão Multiusos, Criação do Museu do Pão e do Azeite, Construção de um Parque Radical e Conclusão do projecto “Vila Desportiva”. (Poderá alguém dizer que os empréstimos poderão resolver tal problema. O pior é que existem outros compromissos prioritários).

4. Outras suportam-se em Apoios não especificados
: Apoio à formação desportiva; Apoio à construção e beneficiação de parques desportivos nas principais localidades do Concelho; Apoio à criação de uma unidade hoteleira no Concelho (onde?); Ampliação dos benefícios do cartão Municipal do Idoso (quais?); Apoio à formação cultural/artística (de que forma?), etc.

Poderia aqui continuar a comentar as propostas do Partido antecipadamente vencedor, porém, qualquer que fosse o comentário, nenhum, em boa verdade, poderia ser considerado verdadeiramente estruturante.

O Concelho do Sardoal necessita urgentemente de: inverter o seu decréscimo populacional; aumentar o seu índice de riqueza; reforçar a qualidade de vida dos seus habitantes; e, em paralelo, sair do rol dos Municípios Portugueses que se encontram “mergulhados” numa rotura financeira aguda. É obra!!!

Nestas coisas da política, cada cabeça, sua sentença. Para aqueles que não concordam com o meu ponto de vista ou que não percebem o alcance do meu pensamento, pergunto:

- Que infra-estruturas de qualidade poderemos oferecer, que os outros Concelhos nossos vizinhos não oferecem já, para todos aqueles que pretendam escolher um Concelho para viver nestas paragens? Será que o Concelho do Sardoal tem alguma urbanização de qualidade que possa aliciar tais interessados? Alguém dirá que a Autarquia não tem fundos nem terrenos disponíveis para tal. É verdade! E que tal ela ser a mola impulsionadora na constituição de uma empresa publico privada para esse fim? Espaços existem, só falta que haja alguém que sente a uma mesma mesa os proprietários desses espaços e os convença que eles têm tudo a ganhar caso se unam.

- Será que um Concelho cuja maioria dos seus Munícipes é idosa e de baixos rendimentos e, consequentemente, portadora de um elevado défice de saúde, pode alguma vez aspirar a um nível de riqueza superior? Quantos de nós não experimentámos já um grande incómodo por vermos alguns nossos concidadãos e amigos, pela madrugada, sentados nos degraus ou no único banco de madeira à entrada do complexo do Centro de Saúde do Sardoal, a guardarem a sua vez para serem incluídos no número muito restrito (três?) de vagas para que um médico os possa avaliar e curar ou possa subscrever uma receita para levantamento de medicamentos na farmácia? Quantos deles não sofreram já o dissabor de, após horas de frio e/ou chuva (nem um simples abrigo têm para se abrigar dos rigores do tempo), verem goradas as suas expectativas, simplesmente porque outros se adiantaram ou porque o médico de serviço não veio? Será que a Autarquia não deveria ter uma palavra a dizer com a contratação de serviços de profissionais de saúde (enfermeiros ou mesmo médicos aposentados) que pudessem minorar os défices que o Serviço Nacional de Saúde promove? Até onde poderá ir a nossa insensibilidade diante de tamanho sofrimento físico e psicológico daqueles que pertencem à nossa comunidade? Por norma, o detentor do poder não trilha tais caminhos porque tem poder. Mas será que o poder não é efémero? E quando deixar de o ter e os infortúnios da vida interferirem com os seus fundos financeiros? É hoje que salvaguardamos o nosso amanhã!

- Será que um Concelho que possui uma Autarquia onde a coabitação entre o bom funcionário e o mau funcionário é pacífica (por muito que custe, há que afirmá-lo, sem rodeios, que no cesto da fruta há maçãs boas e maçãs podres e não tem havido “coragem” ou para retirar a maçã podre do cesto ou expurgá-la da parte que a apodrece); onde só o engenho e a arte dos bons funcionários fazem funcionar a “máquina” (o parque de viaturas deve ser o mais obsoleto de todos os Municípios do País e na altura de se fazerem omeletas primeiro acende-se o fogão e coloca-se a frigideira sobre a chama, só depois se abre o frigorífico à procura dos ovos); onde as condições de trabalho e segurança não são as melhores (existem funcionários que executam as suas tarefas sem que lhes sejam facultadas todas as condições de trabalho determinadas por lei; não existe um recepcionista que controle o acesso de um privado ao interior das instalações camarárias, não existe um relógio de ponto que harmonize as entradas e saídas dos funcionários de serviço; são várias as patologias construtivas das instalações que há muito requerem intervenções de reabilitação, etc, etc, etc.), não deveria colocar como prioridade o “arrumar” a casa e só depois partir para certas “aventuras”? Será que o exemplo não seria ele próprio estruturante, motivando outros?

- Será que a Autarquia, por si só, tem capacidades para sair do actual fosso financeiro em que se encontra? Será que não é chegada a hora de se “engolirem orgulhos” e a sociedade civil ser convidada a participar de uma forma mais activa em muitas das iniciativas que até ao momento têm sido desenvolvidas pela Autarquia? Será que é correcto que o pensamento dos nossos autarcas se concentre apenas no tempo para o qual são eleitos e para além desse tempo outros que o façam?

- Será…


Muito mais poderia aqui escrever sobre o que penso das propostas que os partidos concorrentes às próximas eleições autárquicas no nosso Concelho nos apresentam e das lacunas que encerram, contudo tenho a firme convicção que o tempo promoverá as alterações necessárias. Pela minha parte continuo disponível para contribuir com os meus pensamentos. Outros que me sigam e alguém de direito que as avalie e, eventualmente, adopte.

Para se dar, tem de se ter.

- Será que a esmagadora maioria das propostas políticas não se centram exclusivamente na despesa, ao mesmo tempo que por artes de magia (?) ignoram a outra face da moeda que dá pelo nome de receita? A magia (?) é simples: Na hora de se implementar a proposta não existindo “pilim” não há como uma “boa mentira” para ultrapassar o embaraço. A memória do Povo é curta. Será?

- Até quando teremos de suportar tamanha demagogia?

Post Script Um: Fui “provocado” para aqui expressar o meu sentido de voto. Aceito a “provocação”. Assim…

1º Câmara Municipal: Sou coerente com todas as decisões e pensamentos que quer no passado ou aqui neste blogue, ao longo do tempo, fui exprimindo. Assim, é fácil perceber o meu sentido de voto.

2º Assembleia Municipal: Para os lugares elegíveis, existem novos protagonistas em cena. Qualquer deles poderá trazer às próximas reuniões da Assembleia Municipal um novo espírito que não aquele que agora terminou, com menos crispação, mais racionalidade e responsabilidade (assim o creio). Foi difícil a escolha. Caso nada se altere, o meu voto irá para o …

3º Junta de Freguesia de Sardoal: Do lado do Partido Socialista existem fortes “mexidas”. Do lado do Partido Social-Democrata a equipa principal é a mesma. Neste caso não foi difícil a escolha. Perguntei a mim mesmo: - Onde falhou, ao longo destes quatro anos, a equipa em exercício? As suas falhas merecem ser punidas? Os que agora se prestam a substituí-los teriam feito melhor? E a resposta foi clara. Logo foi o mais fácil.

BOA SORTE A TODOS E QUE SEJA CUMPRIDA A VONTADE DOS SARDOALENSES!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Eleições (4)

Antes de virar a página das Eleições Legislativas de 2009, julgo pertinente fazer uma retrospectiva do que foi a “resposta” do Concelho do Sardoal.

Vamos a números:

Votantes = 2.624 votos (em 2005 = 2.780)
PSD = 990 votos (em 2005 = 913)
PS = 787 votos (em 2005 = 1.261)
CDS-PP = 309 votos (em 2005 = 198)
BE = 238 votos (em 2005 = 153)
PCP-PEV = 119 votos (em 2005 = 92)
Outros Partidos = 74 votos (em 2005 = 60)
Brancos = 59 votos (em 2005 = 68)
Nulos = 48 votos (em 2005 = 35)

Diante destes números são várias as conclusões a que podemos chegar:

1º Tal como no resto do País, os Sardoalenses também decidiram penalizar o Governo PS.

2º A vitória do PSD, contrariamente aos resultados nacionais, talvez tenha mais a ver com a influência de uma “nuvem eleitoral autárquica” que paira sobre o Concelho do Sardoal do que propriamente ao mérito do partido vencedor.

3º Conforme foi possível constatar, qualquer dos “blogues” locais do PSD e do PS, em momento algum apelaram ao voto nos seus partidos. Dizia eu no artigo anterior que, possivelmente, por detrás desse silêncio estivesse a vontade de não querem comprometer, na próxima campanha autárquica, alguns possíveis votos. “Quando um filho se envergonha do pai que tem, só lhe resta abandonar a casa.”

4º O povo que nestas coisas é soberano foi claro na sua decisão: O partido que merece governar é o Partido Socialista e que aos outros caberá a missão de exercer uma oposição responsável. Mas disse mais, “o Partido Socialista para exercer o seu poder deverá fazê-lo em diálogo com os outros. O tempo do monólogo terminou. A partir de agora, a conversa será a dois ou a três ou a quatro ou a cinco”. Assim… que governe!

Virando agora a página para as eleições autárquicas.

- O que é que eu posso dizer neste momento sobre as eleições em curso no meu Concelho? Muito pouco, quase nada.

1º Sobre as propostas do Partido Socialista já em devido tempo aqui exprimi a minha opinião. Propostas verdadeiramente estruturantes, sobre as quais possamos acreditar poderem relançar o Concelho de Sardoal para uma via diferente daquela que tem trilhado ao longo destes anos, não existem. Quando o Concelho se encontra em “ponto morto” e estas propostas são tidas como sendo o sustentáculo da mudança, não sei se tal mudança, em termos de caixa de velocidades é uma primeira ou uma marcha-atrás.

2º Esta semana tive a oportunidade de conhecer as propostas da CDU. São simpáticas mas, também, de estruturante nada têm. Existe um facto, contudo, que gostaria de sublinhar sobre esta candidatura: a sua candidata à Presidência da Câmara. Parece que é a mesma candidata de há quatro anos. Se não for, aqui expresso as minhas sinceras desculpas porque já não me recordo muito bem do seu rosto, embora o nome seja muito parecido com o da candidata de há quatro anos, com quem tive a oportunidade de participar num debate na Rádio Tágide aquando da campanha Autárquica de 2005 e com quem tive a oportunidade de conversar um pouco quando uma vez as nossas caravanas se cruzaram. Muito simpática, espírito vivo e atento. E se peço desculpa de poder incorrer no erro de não a reconhecer é porque, que me recordo, nunca vi a senhora nem durante as reuniões do Executivo Camarário (às quais faltei no último ano); nem durante as reuniões da Assembleia Municipal (que nunca faltei), ou em outros eventos. Será que tem noção da dureza do leme deste barco?

3º Quanto às propostas do Partido Social-democrata, nesta altura do campeonato, ainda não as conheço. Porque manda o bom senso que a sua apreciação só possa ser feita após o seu conhecimento, não emito qualquer opinião, reservando-me o direito de sobre elas me pronunciar após a sua publicação, ou no seu blogue (que até ao momento tem funcionado apenas como um autêntico album de fotografias) ou através de info-mail que ainda não recebi.

Até breve!!!

Post Script Um: Não termino sem que antes aborde dois assuntos distintos do tema principal deste artigo: A mensagem de Sua Excelência o Presidente da República e o artigo número 100 deste blogue.

Quanto à mensagem do nosso Presidente da República ainda hoje tenho dificuldade em perceber os limites da sua mensagem. Por outro lado não tenho dificuldade em perceber que se perspectivam ondas muito fortes que se irão esmagar em rochas pejadas de mexilhões, que somos todos nós. Para bem de todos nós, que tudo não tenha passado de uma tempestade tropical: Forte, mas passageira!

Relativamente ao artigo número 100 deste blogue, que agora termino, não imaginava há um ano e meio que tal número fosse atingido. As mais de 12.500 visitas que este “cantinho” teve durante este tempo, sem que eu, em circunstância alguma, tenha invadido o espaço dos outros, confere-me o direito de prosseguir este caminho que não é mais do que “atirar para aqui” os meus pensamentos que possa ter sobre os mais diversos assuntos. Todos nós mudamos, contudo, a nossa coerência não nos permite que tais mudanças sejam relevantes num espaço de tempo curto. Relendo alguns artigos que escrevi, talvez procedesse a algumas correcções mas na esmagadora maioria dos artigos voltaria a escrever o que escrevi. É bom ter tal percepção. E porque a chegada a este número mágico merece uma “prenda”, que não se recebe, mas que se oferece, ofereço-o à minha filha, que há uns dias atrás me comunicou que para ser Arquitecta apenas falta apresentar a defesa da tese de mestrado. PARABENS NEUZA!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Eleições (3)

Se bem se recordam, dizia eu no passado dia 5 de Setembro que, já naquela altura, a prestação dos candidatos dos Partidos que concorrem nestas Eleições Legislativas era tal, que não só cansava quem os ouvia, mas também os cansava a eles próprios.

Era previsível, então, que o passar dos dias nos iria reservar um sem número de “surpresas” quanto à capacidade inventiva dos partidos para captar os votos dos indecisos (por exemplo, como eu).

Uma delas, que é recorrente nestas alturas, assenta na divisão dos portugueses em duas classes: os de esquerda e os de direita. Cada um, à sua maneira, tenta elevar os seus ideais e reduzir os ideais dos outros. Em consciência, não sei se tenho ideais de esquerda, de direita, dos dois ou de nenhum dos dois.

Enquanto adolescente, os ideais de esquerda acompanhavam-me permanentemente na hora de reivindicar a “liberdade” que uma “classe dominadora” (os meus pais) se recusava a conceder-me. O seu argumento (imagine-se!!!) era de que aquela “feria os princípios da educação que pretendiam para mim”. Como eu não os compreendia e como só mais tarde os compreendi quando passei do ciclo de filho, para o ciclo de pai! Tudo isto vale por dizer que todos nós, sem excepção, crescemos com o espírito reivindicativo de esquerda. Contudo, as vivências que a vida nos vai legando, vão moldando um ideal de vida em cada um de nós. Será que o meu ideal de vida é o mais puro e perfeito de todos? Para mim é, independentemente de outros o poderem “classificar” de esquerda ou de direita.

Assim, quando ouço uns partidos a apelarem à unidade da esquerda contra a direita ou vice-versa, acreditem que mesmo que quisesse identificar o meu campo, não conseguiria. Senão, vejamos:

- Defendo que todos nós deveríamos ter os mesmos cuidados de saúde e as mesmas oportunidades no ensino. Isso faz de mim um homem de esquerda? OK. Sou de esquerda.

- Defendo que os sindicatos deveriam ser substituídos por tribunais de trabalho especiais que defendessem não só os interesses dos trabalhadores, mas também os interesses dos seus empregadores. Isso faz de mim um homem de direita? OK. Sou de direita.

- Defendo que uma percentagem dos lucros de qualquer empresa deveria ser fortemente taxada caso a mesma não fosse distribuída de uma forma proporcional por todos aqueles que foram responsáveis pelos mesmos: os seus trabalhadores. Isso faz de mim um homem de esquerda? OK. Sou de esquerda.

- Defendo que os presos, quando no cumprimento das suas penas, deverão prestar serviços à comunidade em vez de estarem confinados ao espaço da prisão, nem que seja a limpar as nossas matas e florestas. Isso faz de mim um homem de direita? OK. Sou de direita.

- Sou católico confesso e acredito em Deus. Isso faz de mim um homem de direita? OK. Sou de direita.

- Defendo que todo aquele que pretenda trilhar os caminhos da governação política tenha de experimentar primeiro o que é ter de acordar todos os dias e buscar o seu sustento no trabalho que tiver de desenvolver nesse dia e não sustentado num vencimento de empregado (na esmagadora maioria das vezes são funcionários públicos que sabem que aconteça o que acontecer, no dia 22 ou no dia 25 o seu salário será depositado na sua conta bancária e que os caminhos da política lhes trarão benefícios económicos e uma prática de vida que de outro modo jamais o conseguiriam). Isto, pelos vistos, não faz de mim ser de esquerda, nem de direita.

Poderia continuar aqui a dissertar sobre o que defendo e não chegaria a qualquer conclusão quanto ao facto de poder ser de esquerda ou de direita. Aquilo que sei é que sou um português que se vai cansando de assistir a tanta incompetência e irresponsabilidade.

Há uns tempos atrás, todos nós assistimos às críticas que proeminentes militantes dos dois partidos "mais destacados" do cenário político nacional faziam contra os dirigentes dos seus próprios partidos. Hoje, tudo é diferente. A troco de uma eventual perda de protagonismo e poder, dão o dito por não dito, atirando para as urtigas coerências e ideais. Quem os poderá levar a sério?
Agora já só faltava atirarem para a “fogueira” a asfixia democrática de uns (e dos outros?) e a evocação de tempos de má memória que alguns viveram há mais de 35 anos!!!

Eu, tal como a esmagadora maioria dos portugueses, quero que quem me governe possa responder às minhas perguntas:

- Porque é que eu quando vivi em espaço de guerra, aquando da guerra colonial, me sentia mais em segurança que hoje, entre os meus e no meu próprio País?

- Porque é que eu continuo a ver o dinheiro dos meus impostos ser esbanjado em submarinos, em projectos de aeroportos e comboios de alta velocidade, para pagarem subsídios de integração a quem não se quer integrar e “alimentar” um conjunto enorme de pessoas que vive à custa de ideologias que gostariam que outros seguissem, qual esquema de ganhos em pirâmide?

- Porque é que existem portugueses que ainda muito antes do nascer do Sol vão ganhando vez à porta dos centros de saúde, para que lhes seja passada, por um médico, uma receita para dar continuidade ao tratamento de uma doença que os afecta ou afecta algum dos seus familiares? E se tem o “azar” de se atrasar, porque existem limites no número de actos a passar pelo médico, ou este por ventura falte, no dia seguinte lá se volta outra vez para a fila. Porquê?

- Porque é que quando alguns “poderosos” decidem errar, os tribunais que os vão julgar param no tempo? E se o erro envolve uma eventual violação de menores, porque será que essa paragem no tempo dá tempo a essas próprias crianças poderem estudar, formarem-se em direito e tornarem-se os juízes que vão julgar, finalmente, todos aqueles que atentaram contra a sua honra?

- Porque é que a nossa agricultura se encontra de “rastos” e conhecemos por estes dias um relatório da Comunidade Europeia o qual dava conta que Portugal foi o país da Comunidade que menos aproveitou os fundos destinados à agricultura (64 milhões de Euros?

- Porque é que Portugal é dos países que mais legisla? Quanto custam aos cofres do Estado as leis que, todos os dias, são feitas por batalhões de juristas pertencentes a Gabinetes de Advogados particulares?

- Porque é que o Director do Banco de Portugal, ao tempo, auferia um vencimento superior ao Director do Tesouro Norte-americano?

- Porque é que eu sinto serem cada vez mais escassas as probabilidades de eu, aos 70 anos, poder receber uma reforma que me permita encarar o fim dos meus dias com a dignidade que qualquer ser humano merece?

- Porquê?...

Acho que vou começando a ganhar consciência do que fazer do meu voto no próximo domingo!

(Post Script um: Porque será que as secções concelhias do PSD e do PS do Sardoal, que possuem blogs próprios não apelam ao voto nos seus partidos no próximo dia 27? De visita aos mesmos nada se lê sobre as Eleições do próximo domingo. Será que tal ausência se deve a uma “estratégia envergonhada” para não comprometer os resultados eleitorais nas eleições autárquicas de 11 de Outubro ou será que os seus responsáveis têm as mesmas dúvidas que eu? Se as têm, que “raio” de militantes são eles? Qual é a causa que defendem? Vou-me convencendo que as causas nada têm a ver com os outros. A causa é a própria.)

(Continuo para a semana!)

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A última reunião da Assembleia

No passado dia 15, depois de um longo dia de trabalho em torno da projecção de uma estrutura metálica para o Concelho de Arruda dos Vinhos, sentindo a necessidade de “limpar” a mente, entendi efectuar o meu passeio nocturno.

Quando passava em frente do Centro Cultural Gil Vicente e vendo alguma actividade no seu interior, a curiosidade foi mais forte que eu. Aproximando-me da Sala Multiusos logo percebi que estava para acontecer a última reunião da Assembleia Municipal do Sardoal do mandato Autárquico de 2005-2009 e eu não sabia.

Não tendo faltado a nenhuma das outras reuniões, quer enquanto Vereador, quer depois como simples Munícipe, também não iria faltar a esta última reunião de um ciclo para o qual me havia candidatado ao cargo de Presidente da Câmara, em Outubro de 2005.

A reunião que eu pensava ser mais uma, igual a tantas outras que a antecederam, veio a revelar-se a pior de todas a que assisti.

O meu juízo não advém da intervenção dos deputados municipais, nem tão pouco da intervenção de alguém do público que entendeu, uma vez mais, pronunciar o meu nome, mas tão-somente de uma intervenção do Senhor Presidente da Câmara.

Vamos por partes:

É "natural" que os deputados municipais eleitos da maioria aceitem e aprovem as propostas do Executivo Municipal ao mesmo tempo que rejeitam e reprovam as propostas da oposição.

É "natural" que os deputados municipais eleitos para serem oposição sejam incómodos na hora de validarem propostas da Executivo Municipal que estes lhes suscitem algumas reservas e sejam ainda mais incómodos quando entendem pôr em causa actos praticados pelo Executivo por si julgados como actos deficientes.

Tais comportamentos são "naturais" porque, em muitos casos, tais intervenções não passam de um simples jogo em que nenhum quer perder, independentemente dos seus actos resultarem na vitória ou na derrota do Concelho que juraram servir. Ao longo desta "nossa legislatura" foram vários os casos em que tal aconteceu. Será que a verdade esteve sempre de um lado e o erro do outro?

Todos serão capazes de admitir que a verdade e o erro estiveram sempre presentes nas duas bancadas opositoras. Eu próprio não tenho problema em admitir que, pese todo o empenho que tive em reduzir a probabilidade do erro na minha prestação, enquanto Vereador, terei por ventura cometido alguns erros. Não seremos nós humanos e o erro fazer parte do nosso caminho?

Por isso quando os representantes das duas bancadas decidiram intervir para justificarem que o comportamento político que verdadeiramente defendeu os interesses dos seus eleitos foram os protagonizados pela sua bancada, não tive qualquer reacção.

Também não tive qualquer reacção quando um Sardoalense, que gosta de se caracterizar na personagem que na altura melhor serve os seus interesses (naquela altura não sei se era munícipe ou pseudo-político), utilizou o meu nome e cantou loas pelo facto do Ministério Público ter entendido que os insultos que ele havia proferido ao meu bom nome “eram normais em política” e “entre políticos” escusando-se, desse modo, ele próprio avançar com um processo crime contra o autor de tais insultos conferindo-me todavia a possibilidade de ser eu a avançar com o processo de difamação para os tribunais num prazo temporal por si definido, caso eu assim o entendesse.

O momento pior da reunião foi quando o Presidente da Câmara Municipal entendeu fazer uma retrospectiva sobre o comportamento dos membros dos Autarcas eleitos,durante estes últimos quatro anos, quer eles pertencessem à posição em exercício ou à oposição.

Munindo-se de um texto previamente escrito, dirigiu aos autarcas da oposição e ao seu líder um conjunto de palavras carregadas de desprezo que me indignaram profundamente.

Pese o facto de me ter retirado do Grupo da Oposição há cerca de um ano, senti que as suas palavras também eram dirigidas à minha pessoa e, sinceramente, em circunstância alguma as merecia. Só não intervim porque havia estabelecido comigo próprio um compromisso que até ao fim do mandato não faria qualquer intervenção durante as Reuniões da Assembleia Municipal.

Aqui, neste meu “cantinho” nunca formulei tal compromisso e, desse modo, julgo ser meu dever fazer alguns comentários sobre o teor da declaração proferida pelo Presidente da Câmara:

1º Enquanto Vereador poderei ter cometido alguns erros por força da limitação temporal a que estava sujeito na hora de tomar uma decisão, contudo sempre me pautei pela defesa da ética e da responsabilidade. Nunca acusei ou denunciei sem que antes tivesse dado o direito de resposta às dúvidas que me assolavam. Fui incómodo? Acredito que sim. As actas das reuniões são a prova de que do mesmo modo que elogiei um bom acto exercido pelo Presidente da Câmara fui capaz de reprovar e denunciar um mau acto. Mas esse não era o meu papel enquanto Vereador da Oposição? Nunca temi o presente porque ele é efémero. Eu temo o futuro porque será ele que me julgará.

2º Tiro o meu chapéu aos Deputados Municipais do Partido Socialista, Dr. Fernando Vasco e Dr. Manuel Paulo da Silva pela polidez usada na resposta a tanta agressividade política(?). Segundo um será importante que toda aquela declaração seja transcrita para a Acta daquela reunião para memória futura. Segundo outro, não existem Sardoalenses de primeira ou de segunda. Será que ele: que escolheu esta terra para viver há mais de 17 anos (como eu); aqui construiu a sua casa (como eu); que aqui educa e educou os seus filhos (como eu); que aqui sempre pagou os seus impostos (como eu) e que aqui criou a sua empresa e a registou a sua sede neste Concelho (como eu), é menos Sardoalense por ter uma visão diferente de como deveria ser governado o seu Concelho?

3º Se ao princípio me foi difícil perceber o pensamento do Presidente da Câmara (porque com toda a sinceridade, não o vejo a pensar em muito que disse, quanto mais a dizê-lo da forma que o fez), a “marca de água” do texto cedo revelou o seu autor. O seu autor não foi o Presidente da Câmara. Então se o autor do texto foi o seu Chefe de Gabinete que aproveitou a oportunidade para lançar toda a sua “acidez” contra aqueles que sempre “ousaram” colocar em causa a sua competência, ao mesmo tempo que se “auto-elogiava”, porque é que o Presidente da Câmara se prestou a tão degradante acto? Talvez um dia o saberemos.

4º Sou daqueles que pensa que os resultados menos conseguidos da governação do Presidente da Câmara do Sardoal ao longo destes anos, se deveram (e devem) em grande medida, à incompetência profissional de muitos colaboradores que o rodeavam (e rodeiam). Não é difícil perceber que um desses colaboradores é o seu próprio chefe de gabinete que não olha a meios para atingir os seus próprios fins. E os seus fins são claros: a sua própria sobrevivência. A sua história fala por si, desde o dia em que saiu da Casa da Moeda (em que circunstâncias?) e depois decide percorrer o caminho da vida inicialmente qual Dom Quixote comunista e, mais tarde, porque derrubar moinhos de vento não enche a barriga, “alugar-se” a quem lhe pague para fazer aquilo que melhor sabe: dizer mal dos outros. Talvez um dia saberemos porque o Presidente da Câmara o escolheu para seu Chefe de Gabinete quando aquele não esconde o orgulho ao afirmar que não tem carta de condução, não usa telemóveis e abomina computadores. Simplesmente admirável, nos tempos que correm e ocupando tão distinto cargo. E foi vê-lo na festa do PSD local na apresentação dos seus candidatos às próximas eleições autárquicas. A propósito, já é militante?
Claramente é uma “figura” que tem de ser descartada da cena política local. Contrariamente ao que vem afirmando que eu em devido tempo exigi a sua demissão de Chefe de Gabinete, quando apenas pretendi uma retractação de um erro, hoje peço ao meu Presidente da Câmara que o encaminhe para a porta da rua, que é a serventia da casa. Se o seu futuro depois passa por “arrumar carros” numa qualquer esquina deste país é um problema seu. RUA!!!

5º O futuro do Sardoal afigura-se muito difícil. Todos seremos poucos para enfrentarmos os ventos que aí vêm. Espero sinceramente que a próxima legislatura seja diferente daquela que agora termina. Os interesses da nossa comunidade deverão sobrepor-se aos interesses individuais de cada um de nós. Sejamos um exemplo para os outros!

(Post Script Um: No próximo artigo espero voltar ao tema das eleições)