terça-feira, 6 de outubro de 2009

Eleições (5)

Sardoal Autárquicas 2009

Aquando do fecho e publicação do meu último artigo (Eleições 4), pelo facto de ainda desconhecer as propostas do PSD local, entendi não manifestar qualquer opinião sobre as mesmas. Menos de doze horas depois, tais propostas já se encontravam disponíveis no seu site (www.psdsardoal.blogspot.com). E lá continuam prontinhas para agora serem analisadas e mais tarde recordadas (caso não sejam entretanto retiradas). Antes de proceder à sua análise, tiro o meu chapéu ao PSD local. Quem durante quatro anos foi acusado de ignorar a Internet, agora, foi capaz de dar uma lição àqueles que sempre o criticaram utilizando a Internet para divulgar as suas propostas eleitorais, enquanto que os críticos se ficaram apenas pelas intenções. Porque é que também não o fizeram? Pois é…

Passando para a análise das propostas do PSD local, tenho para mim, que tal como as outras (PS e CDU), não encerram qualquer proposta verdadeiramente estruturante para o Concelho e que, tal como as outras, cobrem algumas iniciativas que são de apoiar e outras que não são de apoiar.

E porque todos os sinais evidenciam que, uma vez mais, o Partido Social-Democrata irá continuar a responsabilizar-se pelo governo da nossa Autarquia (que me desculpem os outros partidos concorrentes por esta minha ousadia, mas não há qualquer espécie de dúvidas que um não foi capaz de mobilizar em seu torno o entusiasmo imprescindível para uma possível vitória e que o outro surge nesta “disputa” como um autêntico “outsider” cujo único objectivo é recolher alguns “votos leais” e alguns votos da “dupla negação”) julgo ser pertinente que analise de uma forma mais cuidada as propostas que apresentam uma maior probabilidade de poderem “interferir” na comunidade à qual pertenço.

São 49 as medidas que são colocadas em “cima da mesa” e que se distribuem pelas áreas do Desenvolvimento Económico, Rede Viária, Ambiente, Educação, Acção Social, Cultura, tempos Livres, Turismo, Desporto, Requalificação Urbana, Floresta e Protecção Civil, Juventude e Associativismo.

São vários os comentários que se podem formular diante das propostas do PSD local:

1. Algumas, já tardavam: Criação de Zonas Industriais nas Freguesias (Quais? Já se encontram previstas na alteração do PDM em curso?); Criação do Gabinete de Apoio ao Investidor (qual investidor? O que pode vir para cá ou aquele que já cá está?); Implementação de medidas que visem a Eficiência Energética dos Edifícios; Criação do Arquivo Histórico Municipal; Requalificação dos Parques Infantis; Criação dos Conselhos Municipais das Associações e da Juventude; Recuperação da Zona Histórica da Vila e Realização das Jornadas Vicentinas.

2. Algumas, nem os erros da história serviram para que não voltassem a fazer parte do “cardápio” eleitoral: Ampliação da Zona Industrial de Sardoal (chega de invenções! Se a ampliação é para ser feita na encosta Sul, é mais um erro histórico que se irá juntar ao erro existente. Aquele espaço, face à sua topografia só serve para ali se implantar uma pista de MotoCross, uma “plantação de colmeias” ou caça radical ao javali. Que se procure um novo espaço ou que se crie um “ninho empresarial”. Será que as instalações da extinta Sarplás não poderiam servir para implantação de tal ninho?); Requalificação das praias fluviais da Rosa Mana e do Codes, Criação do Parque de Campismo da Lapa, Criação da Rota do Pão, Criação das praias fluviais da Saramaga e Codes (a quem poderão servir tais espaços e quem assumirá a responsabilidade pela sua manutenção? Não basta existirem. Estes espaços jamais poderão ter um uso continuado se, em paralelo, não houver alguém que assuma a responsabilidade pela sua manutenção e dinâmica. Criar e construir é fácil, o pior são os “dias seguintes” após a construção. Não foi esta “visão obtusa” que votou o Parque de Campismo da Lapa, os Moinhos de Entrevinhas e a Rosa Mana ao abandono, depois de todos os investimentos que ali se realizaram?)

3. Algumas outras apenas figuram para o caso da autarquia ser “contemplada” por verbas que neste momento não possui, nem tão pouco vislumbra quando poderá vir a tê-las, tão poucas são as migalhas que lhe restam (será que lhe restam?) após cumprir todos os compromissos que possui. São exemplos a Construção de um Pavilhão Multiusos, Criação do Museu do Pão e do Azeite, Construção de um Parque Radical e Conclusão do projecto “Vila Desportiva”. (Poderá alguém dizer que os empréstimos poderão resolver tal problema. O pior é que existem outros compromissos prioritários).

4. Outras suportam-se em Apoios não especificados
: Apoio à formação desportiva; Apoio à construção e beneficiação de parques desportivos nas principais localidades do Concelho; Apoio à criação de uma unidade hoteleira no Concelho (onde?); Ampliação dos benefícios do cartão Municipal do Idoso (quais?); Apoio à formação cultural/artística (de que forma?), etc.

Poderia aqui continuar a comentar as propostas do Partido antecipadamente vencedor, porém, qualquer que fosse o comentário, nenhum, em boa verdade, poderia ser considerado verdadeiramente estruturante.

O Concelho do Sardoal necessita urgentemente de: inverter o seu decréscimo populacional; aumentar o seu índice de riqueza; reforçar a qualidade de vida dos seus habitantes; e, em paralelo, sair do rol dos Municípios Portugueses que se encontram “mergulhados” numa rotura financeira aguda. É obra!!!

Nestas coisas da política, cada cabeça, sua sentença. Para aqueles que não concordam com o meu ponto de vista ou que não percebem o alcance do meu pensamento, pergunto:

- Que infra-estruturas de qualidade poderemos oferecer, que os outros Concelhos nossos vizinhos não oferecem já, para todos aqueles que pretendam escolher um Concelho para viver nestas paragens? Será que o Concelho do Sardoal tem alguma urbanização de qualidade que possa aliciar tais interessados? Alguém dirá que a Autarquia não tem fundos nem terrenos disponíveis para tal. É verdade! E que tal ela ser a mola impulsionadora na constituição de uma empresa publico privada para esse fim? Espaços existem, só falta que haja alguém que sente a uma mesma mesa os proprietários desses espaços e os convença que eles têm tudo a ganhar caso se unam.

- Será que um Concelho cuja maioria dos seus Munícipes é idosa e de baixos rendimentos e, consequentemente, portadora de um elevado défice de saúde, pode alguma vez aspirar a um nível de riqueza superior? Quantos de nós não experimentámos já um grande incómodo por vermos alguns nossos concidadãos e amigos, pela madrugada, sentados nos degraus ou no único banco de madeira à entrada do complexo do Centro de Saúde do Sardoal, a guardarem a sua vez para serem incluídos no número muito restrito (três?) de vagas para que um médico os possa avaliar e curar ou possa subscrever uma receita para levantamento de medicamentos na farmácia? Quantos deles não sofreram já o dissabor de, após horas de frio e/ou chuva (nem um simples abrigo têm para se abrigar dos rigores do tempo), verem goradas as suas expectativas, simplesmente porque outros se adiantaram ou porque o médico de serviço não veio? Será que a Autarquia não deveria ter uma palavra a dizer com a contratação de serviços de profissionais de saúde (enfermeiros ou mesmo médicos aposentados) que pudessem minorar os défices que o Serviço Nacional de Saúde promove? Até onde poderá ir a nossa insensibilidade diante de tamanho sofrimento físico e psicológico daqueles que pertencem à nossa comunidade? Por norma, o detentor do poder não trilha tais caminhos porque tem poder. Mas será que o poder não é efémero? E quando deixar de o ter e os infortúnios da vida interferirem com os seus fundos financeiros? É hoje que salvaguardamos o nosso amanhã!

- Será que um Concelho que possui uma Autarquia onde a coabitação entre o bom funcionário e o mau funcionário é pacífica (por muito que custe, há que afirmá-lo, sem rodeios, que no cesto da fruta há maçãs boas e maçãs podres e não tem havido “coragem” ou para retirar a maçã podre do cesto ou expurgá-la da parte que a apodrece); onde só o engenho e a arte dos bons funcionários fazem funcionar a “máquina” (o parque de viaturas deve ser o mais obsoleto de todos os Municípios do País e na altura de se fazerem omeletas primeiro acende-se o fogão e coloca-se a frigideira sobre a chama, só depois se abre o frigorífico à procura dos ovos); onde as condições de trabalho e segurança não são as melhores (existem funcionários que executam as suas tarefas sem que lhes sejam facultadas todas as condições de trabalho determinadas por lei; não existe um recepcionista que controle o acesso de um privado ao interior das instalações camarárias, não existe um relógio de ponto que harmonize as entradas e saídas dos funcionários de serviço; são várias as patologias construtivas das instalações que há muito requerem intervenções de reabilitação, etc, etc, etc.), não deveria colocar como prioridade o “arrumar” a casa e só depois partir para certas “aventuras”? Será que o exemplo não seria ele próprio estruturante, motivando outros?

- Será que a Autarquia, por si só, tem capacidades para sair do actual fosso financeiro em que se encontra? Será que não é chegada a hora de se “engolirem orgulhos” e a sociedade civil ser convidada a participar de uma forma mais activa em muitas das iniciativas que até ao momento têm sido desenvolvidas pela Autarquia? Será que é correcto que o pensamento dos nossos autarcas se concentre apenas no tempo para o qual são eleitos e para além desse tempo outros que o façam?

- Será…


Muito mais poderia aqui escrever sobre o que penso das propostas que os partidos concorrentes às próximas eleições autárquicas no nosso Concelho nos apresentam e das lacunas que encerram, contudo tenho a firme convicção que o tempo promoverá as alterações necessárias. Pela minha parte continuo disponível para contribuir com os meus pensamentos. Outros que me sigam e alguém de direito que as avalie e, eventualmente, adopte.

Para se dar, tem de se ter.

- Será que a esmagadora maioria das propostas políticas não se centram exclusivamente na despesa, ao mesmo tempo que por artes de magia (?) ignoram a outra face da moeda que dá pelo nome de receita? A magia (?) é simples: Na hora de se implementar a proposta não existindo “pilim” não há como uma “boa mentira” para ultrapassar o embaraço. A memória do Povo é curta. Será?

- Até quando teremos de suportar tamanha demagogia?

Post Script Um: Fui “provocado” para aqui expressar o meu sentido de voto. Aceito a “provocação”. Assim…

1º Câmara Municipal: Sou coerente com todas as decisões e pensamentos que quer no passado ou aqui neste blogue, ao longo do tempo, fui exprimindo. Assim, é fácil perceber o meu sentido de voto.

2º Assembleia Municipal: Para os lugares elegíveis, existem novos protagonistas em cena. Qualquer deles poderá trazer às próximas reuniões da Assembleia Municipal um novo espírito que não aquele que agora terminou, com menos crispação, mais racionalidade e responsabilidade (assim o creio). Foi difícil a escolha. Caso nada se altere, o meu voto irá para o …

3º Junta de Freguesia de Sardoal: Do lado do Partido Socialista existem fortes “mexidas”. Do lado do Partido Social-Democrata a equipa principal é a mesma. Neste caso não foi difícil a escolha. Perguntei a mim mesmo: - Onde falhou, ao longo destes quatro anos, a equipa em exercício? As suas falhas merecem ser punidas? Os que agora se prestam a substituí-los teriam feito melhor? E a resposta foi clara. Logo foi o mais fácil.

BOA SORTE A TODOS E QUE SEJA CUMPRIDA A VONTADE DOS SARDOALENSES!

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