quarta-feira, 30 de março de 2011

3 anos

Hoje o “Três Bicas” comemora o seu 3º aniversário.

Ao longo de todo este tempo tenho procurado que os meus textos activem o pensamento de todos aqueles que “ousem visitá-lo”. Numa primeira fase comecei por manifestar o meu próprio pensamento vestindo a pele de Vereador do meu Concelho e, alguns meses mais tarde, por força do meu afastamento da política activa, revelando os meus pensamentos enquanto simples cidadão que procura contribuir para a melhoria da sociedade a que pertence, quer ela se restrinja ao seu Concelho e País ou se estenda ao resto do Mundo.

Desconheço se os meus objectivos têm sido alcançados, porém, não consigo ficar indiferente diante das informações estatísticas que recebo quanto às visitas que o blog recebe no dia da sua publicação normal (domingo) e nos dois primeiros dias da semana. Se sou capaz de perceber a motivação dos meus concidadãos, já me custa perceber a razão de algumas visitas efectuadas em outros Países. A este propósito não me refiro a Moçambique, Canadá, Estados Unidos ou Brasil, onde, por detrás dessas visitas, estarão por certo muitos amigos que tenho nessas paragens. Mas quando os Países em questão dão pelo nome de Rússia, China, Cingapura, Roménia, Taiwan ou Emirados Árabes Unidos, por exemplo, torna-se difícil de entender.

Enquanto ser humano, portador de algumas virtudes, mas carregado de defeitos, não me custa perceber que os meus pensamentos não colham a simpatia de todos. É natural que assim seja, uma vez que todos somos diferentes por mais iguais que nos queiramos parecer.

Olhando para trás, e “visitando” alguns dos 176 artigos que já escrevi, não sou capaz de identificar algo que tenha escrito e que hoje estaria tentado em corrigir. Errar, todos erramos e eu não fujo à regra, por mais que tudo faça para reduzir a frequência do erro. Por isso, não é difícil no meio de tantos artigos poder hoje identificar alguns erros. Quando a verdade e a consciência regulam os nossos pensamentos os erros servem como aprendizagem de vida e eu tenho aprendido com os meus erros, e porque não dizê-lo, com os erros dos outros também.

Pese ser escasso o tempo que a minha actividade profissional me dispensa, vou tentar cumprir mais um aniversário. Vamos ver se o consigo.

Desde a publicação do meu último texto (“Em nome de Portugal” de 20 de Março) muita coisa aconteceu: oficialmente o Governo “caiu” (será que alguma vez esteve de pé?) e os Portugueses bem tentam olhar para o seu futuro, mas ele é de tal forma cinzento que nada conseguem ver (até arrepia!).

Dizia eu há uns tempos que: “Começa a não ter “piada” vivermos numa sociedade onde não existem novidades e os acontecimentos, antes de acontecerem, já se conhecem. É tudo tão previsível que chega a “aborrecer”. (“Previsibilidade”, de 30 de Janeiro de 2011)

Quanto à demissão de Sócrates basta ler o que venho escrevendo aqui há muito sobre o facto do seu prazo de validade enquanto Primeiro-ministro ter há muito expirado. Embora tardio, já há muito era esperado.

Quanto à irresponsabilidade dos Políticos no que concerne à defesa dos seus interesses e dos Partidos que os “abrigam” em detrimento dos superiores interesses do País e de todos nós, já cansa tanto exemplo negativo e as melhoras só deverão passar quando os seus direitos e deveres foram iguais aos nossos. Até lá, mordomias… salários chorudos… reformas douradas antes do tempo normal para obtenção da reforma… imputabilidade nos seus erros… etc.

Até nem é segredo para ninguém a receita que o FMI irá acrescentar aos estrangulamentos que actualmente já nos foi imposto (será que ainda alguém duvida que já estamos a sentir a sua mão, por muito que os nossos governantes demissionários nos façam crer do contrário?): despedimentos na função pública; cortes no 13º mês e subsídio de férias; aumento do horário de trabalho; aumento de impostos; etc.

Durante anos os nossos governantes tudo fizeram para encerrar as lojas que vendiam canas de pesca e isco com os quais apanhávamos os peixes com que nos alimentávamos. Em troca, passaram a “empanturrar-nos”com peixes que pediam emprestado a outros apenas e só porque, uma vez que o seu futuro dependia do nosso voto, era imperativo que estivéssemos felizes por percebermos que outros se preocupavam connosco e com o nosso bem-estar. Hoje, quando já ninguém lhes empresta o peixe e nós, porque já não sabendo pescar, começamos a ser invadidos pela fome, tudo fazem para arranjar desculpas para conter a nossa revolta.

O que hoje todos sabemos é que no meio de tanta acusação existem duas certezas: quem nos governou ESTÁ MUITO BEM enquanto que nós, os desgovernados, ESTAMOS MUITO MAL.

Nas nossas mãos está a possibilidade de mudarmos o estado das coisas e o rumo de Portugal. Quem tem a receita mágica? Precisa-se com urgência uma nova ordem para Portugal!

Porque julgo pertinente, com a devida vénia, passo a transcrever um artigo publicado esta semana (Jornal Económico) pelo Dr. Bagão Félix.

A culpa de não haver PEC 4 é do PSD e do CDS. A culpa de haver portagens nas Scuts é do PSD que viabilizou o PEC 3. A culpa do PEC 3 é do PEC 2. Que, por sua vez, tem culpa do PEC 1.

Chegados a este, a culpa é da situação internacional. E da Grécia e da Irlanda. E antes destas culpas todas, a culpa continua a ser dos Governos PSD/CDS. Aliás, nos últimos 16 anos, a culpa é apenas dos 3 anos de governação não socialista.
A culpa é do Presidente da República. A culpa é da Chanceler. A culpa é de Trichet. A culpa é da Madeira. A culpa é do FMI. A culpa é do euro.
A culpa é dos mercados. Excepto do "mercado" Magalhães. A culpa é do ‘rating'. A culpa é dos especuladores que nos emprestam dinheiro. A culpa até chegou a ser das receitas extraordinárias. À falta de outra culpa, a culpa é de os Orçamentos e PEC serem obrigatórios.
A culpa é da agricultura. A culpa é do nemátodo do pinho. A culpa é dos professores. A culpa é dos pais. A culpa é dos exames. A culpa é dos submarinos. A culpa é do TGV espanhol. A culpa é da conjuntura. A culpa é da estrutura.
A culpa é do computador que entupiu. A culpa é da ‘pen'. A culpa é do funcionário do Powerpoint. A culpa é do Director-Geral. A culpa é da errata, porque nunca há errata na culpa. A culpa é das estatísticas. Umas vezes, a culpa é do INE, outras do Eurostat, outras ainda do FMI. A culpa é de uma qualquer independente universidade. E, agora em versão pós Constâncio, a culpa também já é do Banco de Portugal. A culpa é dos jornalistas que fazem perguntas. A culpa é dos deputados que questionam. A culpa é das Comissões parlamentares que investigam. A culpa é dos que estudam os assuntos.
A culpa é do excesso de pensionistas. A culpa é dos desempregados. A culpa é dos doentes. A culpa é dos contribuintes. A culpa é dos pobres.
A culpa é das empresas, excepto as ungidas pelo regime. A culpa é da meteorologia. A culpa é do petróleo que sobe. A culpa é do petróleo que desce.
A culpa é da insensibilidade. Dos outros. A culpa é da arrogância. Dos outros. A culpa é da incompreensão. Dos outros. A culpa é da vertigem do poder. Dos outros. A culpa é da demagogia. Dos outros. A culpa é do pessimismo. Dos outros.
A culpa é do passado. A culpa é do futuro. A culpa é da verdade. A culpa é da realidade. A culpa é das notícias. A culpa é da esquerda. A culpa é da direita. A culpa é da rua. A culpa é do complexo de culpa. A culpa é da ética.
Há sempre "novas oportunidades" para as culpas (dos outros). Imagine-se, até que, há tempos, o atraso para assistir a uma ópera, foi culpa do PM de Cabo-Verde.
No fim, a culpa é dos eleitores, que não deram a maioria absoluta ao imaculado. A culpa é da democracia. A culpa é de Portugal. De todos. Só ele (e seus pajens) não têm culpa. Povo ingrato! Basta! Na passada quarta-feira, a culpa... já foi.


LAPIDAR!!!

E agora, para terminar, mais uma notícia de pôr os cabelos em pé.

“Não é possível identificar com rigor, o universo fundacional relativo às fundações de direito privado, em virtude de as bases de dados existentes, estabelecidas pelas entidades com responsabilidades diversas neste universo, não serem, em geral, completas e fiáveis”. Esta é a principal conclusão de uma auditoria que o Tribunal de Contas (TC) realizou em 2010 para tentar identificar o número de fundações existentes em Portugal, em particular as de direito privado.

No que respeita à obrigatória declaração anual de informação contabilística e fiscal das fundações, independentemente do seu estatuto de utilidade pública, a auditoria do TC concluiu que “a DGCI apenas tem conhecimento das situações relevantes do ciclo de vida das fundações quando estas o declaram em sede de sujeitos passivos, evidenciando deficiente articulação com o RNPC e com as entidades competentes para o reconhecimento e acompanhamento dos diversos tipos de fundações”. “Também por esta razão, não há garantia do cumprimento das obrigações declarativas”, lê-se no relatório. Em sede de contraditório, a própria DGCI reconheceu que “o controlo da entrega de tais declarações declarativas de uma forma automática, face à latitude do universo de sujeitos passivos dispensados da obrigação, evidencia-se inviável (…) porque tal controlo seria fonte geradora de conflitos com os contribuintes que não teria como contrapartida expressão assinalável no âmbito das atribuições que são cometidas à DGCI”.
(“in” o Público de 29/03/2011)

SERÁ QUE ALGUMA VEZ CONSEGUIREMOS CONHECER OS CAMINHOS POR ONDE OS NOSSOS GOVERNANTES FIZERAM “CIRCULAR” O DINHEIRO DOS NOSSOS IMPOSTOS?

domingo, 20 de março de 2011

Em nome de Portugal

E agora que aqueles que nos têm desgovernado se prestam para atirar a toalha ao chão o que nos resta? Eleições antecipadas? FMI? Caos? O quê?

Eu, como qualquer português “desalinhado” de um qualquer Partido político português, não quero saber de que lado está a verdade, agora que os dois maiores Partidos políticos dirimem argumentos em torno do PEC4. Para nos distraírem do “sarilho” em que todos nós nos encontramos, nada melhor que fomentarem uma discussão em torno do nascimento do ovo e da galinha. Eu quero saber é o que irá sobrar para mim.

Vendo bem as coisas, os nossos políticos “vendem-nos” constantemente a verdade que lhes convém, nem que ela de verdade nada tenha. Os nossos governantes mentem-nos? Claro! E os outros? Também!

Ao longo dos tempos tenho aqui referido que o actual Governo em funções já há muito expirou o seu prazo de validade e que deveria ser mudado. Mais que a mentira em si, o que mais me preocupa são os resultados práticos dos factos.

Olhemos para a história dos PEC´s. Nasceram porque precisávamos de mostrar a quem nos emprestava dinheiro para pagarmos as nossas dívidas, endividando-nos ainda mais, que iríamos passar a ser uns “meninos bem comportados e poupadinhos ” e que iríamos gastar menos dinheiro do que aquele que conseguiríamos ganhar ao mesmo tempo que iríamos fazer umas poupanças para pagar as dívidas que tínhamos pendentes.

Em 23 de Março de 2010 nasceu o PEC1. O seu “pai” (José Sócrates) baptizou-o de “Suficiente”. Com o seu nascimento os juros dos empréstimos a 10 anos subiram ou desceram? SUBIRAM! (De 4,171% passaram para 4,34%).

Em 14 de Maio de 2010 nasceu o PEC 2. O seu pai “baptizou-o” de “Definitivo”. Com o seu nascimento os juros dos empréstimos a 10 anos subiram ou desceram? SUBIRAM! (de 4,523% passaram para 5,225%)

Em 29 de Setembro de 2010 nasceu o PEC 3. O seu pai “baptizou-o” de “Último”. Com o seu nascimento os juros dos empréstimos a 10 anos subiram ou desceram? SUBIRAM! (de 6,242% passaram para 6,806%).

Agora que se presta a nascer o PEC 4, o seu pai já tem um nome para ele (“Ou eu ou o Dilúvio”). Alguns “padrinhos” já vieram a terreiro apregoar que os juros dos empréstimos estão a subir por causa da instabilidade política que pode condicionar o seu “parto”. Não dá para pensar nos outros que o antecederam? Não. Não dá! Pudera!

Será que mais do que tentarmos perceber os contornos da verdade que nos querem fazer crer, o que realmente está em causa é que nós há muito que deixámos de acreditar num mentiroso, por mais verdades que ele agora invoque? E, o mais grave, é que os mercados internacionais conseguem perceber o que sentimos. Simplesmente não acreditamos em quem nos governa!

E o FMI está à porta ou já entrou por uma janela e furtivamente já se desloca dentro da nossa casa? Quanto a mim, alguém que diz que não precisa de ajuda externa e não pára de pedir dinheiro emprestado lá fora, ao mesmo tempo que reforça a ideia que não está disponível para continuar a governar caso o FMI venha a entrar, não é minimamente sério.

Qual é a diferença dos cintos dos Gregos e dos Irlandeses após a entrada do FMI e o nosso sem que oficialmente o FMI ainda não tenha sido anunciado? Com este PEC 4, tal qual se apresentou oficialmente em Bruxelas, as diferenças já são ténues. Se nos focalizarmos apenas nos funcionários públicos e nos reformados, onde a “faca” provoca mais “sangue”, temos:

- Grécia: Corte de 15% nos salários dos funcionários públicos e congelamento até 2014; redução dos subsídios de férias, Natal e Páscoa nos salários acima dos 3.000€; corte das pensões dos reformados nos subsídios de férias, Natal e Páscoa; as reformas descem de 96% do rendimento que os reformados tinham antes de se reformarem para 65%.

- Irlanda: Corte de 5% nos salários dos funcionários públicos até 30.000€ anuais e até 8% para quem ganhe mais de 125.000€ anuais; redução de 12% do salário mínimo; corte de 14.000€ no salário do primeiro-ministro e de 10.000€ nos salários dos ministros; redução de 4% nas pensões, no subsídio de desemprego e no abono de família.

- Portugal: Corte de 5% nos salários dos funcionários públicos (e políticos) que ganham acima de 1.500€ por mês. No novo PEC 4, e em cima da mesa, está: corte de 5% nas pensões acima dos 1.500€ por mês e congelamento de pensões.

Se numa lógica de que a crise se resolve aumentando os impostos e reduzindo as despesas com os salários dos funcionários públicos e reformados, ao mesmo tempo que se continua a ignorar, por completo, o sector produtivo privado, será de crer que, dentro em breve, no cardápio dos cortes passe a constar, eliminação do subsídio de férias (os americanos não o têm)… o subsídio de Natal… despedimentos na Função Pública (não nos devemos esquecer que este Governo quer reduzir o pagamento das indemnizações por despedimento nos novos contratos de 30 para 20 dias, sendo 10 destes dias pagos pelo fundo para financiar despedimentos, e admite no final de 2011 alargar aos actuais contratos. De acordo com a apresentação de Teixeira dos Santos no Ministério das Finanças em Lisboa, no passado dia 11, a redução das indemnizações por cessação do contrato de trabalho para os novos contratos será de 30 para 10 dias por ano de trabalho, a que se juntam “10 via mecanismo de financiamento dos empregadores”. Para além desta redução, o Governo pretende eliminar o limite mínimo de três meses de indemnização, e estabelecer um limite máximo de 12 meses), etc.

Vamos para eleições?

Porque a ida a eleições, poderá não “eliminar” quem tem feito parte do problema (caso o PS vencesse as eleições J.S. voltaria a tomar as “rédeas do poder” e tudo voltava ao mesmo, ou caso o PS não vencesse as eleições, enquanto maior partido da oposição, pudesse, por via da falta de apoio parlamentar do novo governo eleito, criar obstáculos à sua governação), acredito que o nosso Presidente vai tentar um golpe de mestre: Convidar os Partidos da actual oposição a entenderem-se e protagonizarem um Governo de Salvação Nacional. (Por Exemplo: caso o Governo fosse formado por PSD + CDS + PCP + PEV teria um amplo apoio Parlamentar configurando uma situação de maioria absoluta).

Será que os dirigentes dos Partidos da oposição, por uma vez serão capazes de desviar os seus olhares dos seus reais umbigos e fixarem-se em nós, Portugueses?

Enquanto alguém que pertence ao tal grupo que geralmente é denominado por: “Os Portugueses conhecem-nos!”; “Os Portugueses sabem bem quem é o responsável pela instabilidade política que agora se instalou!”; “Os Portugueses assim!...”; “Os Portugueses assado!...”, enquanto Português, apenas peço aos novos Governantes que me falem verdade. Peçam-me sacrifícios em nome do meu País, onde eu saiba que não existem cidadãos de primeira e segunda, e eu dou! Peçam-me sacrifícios em nome do meu País onde eu saiba que há cidadãos com privilégios assentes sobre a miséria de outros, e eu não dou!

Em nome dessa verdade, será que com a revisão de todas as PPP´s, de Fundações que ninguém conhece, empresas públicas fantasmas, correcção de tantas asneiras (por exemplo, o IVA do golfe fica em 6% por causa dos tais 500 milhões de euros de negócios anuais… blá… blá…, enquanto que o calçado com um negócio anual 3 vezes superior, já para não falar dos muitos milhares de trabalhadores a eles afectos, ficam nos 23%. Não cheira a qualquer coisa?) e a convicção plena sobre a responsabilidade que deverá recair sobre todos os Portugueses na sua participação na recuperação económica do seu País, tenho a certeza que não serão necessárias tantas medidas de austeridade como aquelas que já foram implementadas e as que se projectam para o futuro.

Se existe alguém que tem o dever de levantar Portugal do charco para o qual foi atirado por uns quantos, esse alguém somos nós: os PORTUGUESES!

É chegada a hora dos nossos políticos deixaram de pensar e agir em nome dos seus partidos e ideais filosóficos para pensarem e agirem em nome de Portugal e dos Portugueses.

domingo, 13 de março de 2011

Notícias do meu País

Notícia 1 (Para os boys sempre se arranjam alguns trocos?)

“… Os ministros da Cultura e das Finanças extinguiram no mês passado um grupo de trabalho que haviam criado um ano antes, para fazer o levantamento dos bens culturais imateriais, mas que apenas se reuniu uma vez e não desenvolveu qualquer actividade de campo. Dois dos membros daquele grupo, que custou ao Estado cerca de 209 mil euros, acusam o Instituto dos Museus e da Conservação (IMC) de nunca ter proporcionado as condições indispensáveis ao seu funcionamento. Um deles, o ex-director regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Marques, responsabiliza pessoalmente o secretário de Estado da Cultura, Elísio Sumavielle, pelo falhanço do projecto e por ter "lesado o interesse público".

Criado em Janeiro de 2010, o Grupo de Trabalho para o Património Imaterial tinha por objectivo a realização, "no campo", do levantamento "sistemático" e "tendencialmente exaustivo" do património cultural imaterial português. Este levantamento devia ser efectuado no quadro do Departamento do Património Imaterial do IMC e estar concluído até 31 de Dezembro deste ano, constituindo o ponto de partida para a inscrição dos bens imateriais no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial - tarefa que compete legalmente a uma comissão criada em Dezembro último.

Entre os bens cujo levantamento cabia ao grupo de trabalho avultavam "as tradições e expressões orais", "as expressões artísticas e manifestações de carácter performativo" e "as práticas sociais, rituais e eventos festivos". Para cumprir esta missão, dada a sua grandeza e a escassez de recursos do IMC - que tinha apenas três pessoas no Departamento do Património Imaterial (DPI), incluindo o director -, a ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, começou por escolher os anteriores directores regionais de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Marques, do Norte, Helena Gil, e do Alentejo, José Nascimento, que ela própria substituiu quando assumiu funções, em Outubro de 2009. Nenhum deles era funcionário do Ministério da Cultura, pelo que foram contratados com a remuneração mensal de 2613 euros, "paga 14 vezes por ano", por um período de 24 meses, renovável por uma só vez.

De acordo com o previsto, o grupo começaria a trabalhar em Janeiro de 2010 nas instalações do IMC, no Palácio da Ajuda. O atraso na disponibilização das salas levou, porém, a que os três ex-directores nunca se chegassem a instalar em Lisboa. Já em Março, juntaram-se à equipa duas jovens técnicas que passaram a trabalhar diariamente no DPI, reforçando, na prática, o quadro daquele serviço.

Os três ex-directores, a acreditar nas "informações" avulsas que subscreveram em substituição dos relatórios trimestrais que o grupo estava obrigado a produzir, não fizeram praticamente nada até serem exonerados - com efeitos a partir de 1 de Março -, na sequência da extinção formal da equipa, no dia 12 do mês passado ...”
(in o “Público” de 06/03/2011)


Notícia 2 (Para quando a independência do Poder Judicial?)

“...O juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal entregou esta quarta-feira o seu telemóvel de serviço. Carlos Alexandre soube que tem agora um limite de chamadas, só não sabe se o "plafond" é de 15 ou de 5 euros.
O telemóvel foi só a gota que fez transbordar o copo. O salário do juiz já tinha sido reduzido em 700 euros, e desde Janeiro que também não lhe pagam os mil euros por acumular os processos militares. Assim, e a partir de hoje, é esta a mensagem que pode ouvir-se no telemóvel de Carlos Alexandre, que alguns consideram dos homens mais poderosos do país, por ter em mãos os processos mais complexos.

"Por motivos de limitações orçamentais, que me foram assinaladas, tomei a decisão de entregar ao Sr. Secretário-geral do TCIC, o telemóvel de serviço que me estava confiado a partir de hoje dia 9/03 de 2011. Oportunamente indicarei um telefone pessoal para contacto. Obrigado. Carlos Alexandre".

Cada elemento da segurança pessoal do juiz tem um plafond de telemóvel de 25 euros. Na melhor das hipóteses, pelo menos mais 10 euros do que Carlos Alexandre….” (in “SIC” de 09/03/2011)


Notícia 3 (Bufo que bufa política de um Estado a outro Estado pode ser considerado traidor à Pátria?)

“… A embaixada dos EUA tem um método de infiltração no Governo português: o contacto directo e intenso com níveis intermédios do poder, abaixo dos ministros.

Ao longo dos 722 telegramas enviados pela embaixada dos Estados Unidos em Lisboa (e disponibilizados pela wikileaks) para Washington, entre Fevereiro de 2006 e Fevereiro de 2010, os diplomatas americanos desenvolveram contactos com pelo menos 87 pessoas colocadas em posições-chave do governo português em algumas instituições do Estado, ao mesmo tempo que mantinham uma agenda de encontros de alto nível, com ministros e secretários de Estado.

As 87 pessoas com quem os americanos falavam: 51 diplomatas do Ministério dos Negócios Estrangeiros português, de todas as áreas especializadas dentro do Palácio das Necessidades, foram partilhando informações com a embaixada americana em Lisboa entre 2006 e 2010; 6 elementos do Ministério da Administração Interna, incluindo um oficial da GNR, fizeram o mesmo; 5 elementos do Ministério da Agricultura, importante para os EUA pelas votações na EU sobre transgénicos também…”
(in o “Expresso” de 12/03/2011)

Foi no meio destas notícias e de outras tão graves, ou piores que as que seleccionei, que teve lugar o anúncio do PEC 4 (alguém tinha dúvidas?) e a Manifestação da Geração à Rasca.

A propósito das Manifestações que ocorreram ontem, recupero um texto (Previsibilidade) que aqui publiquei no passado dia 30 de Janeiro de 2011:

“… Se a tudo isto juntarmos: a denúncia de novas falcatruas envolvendo dinheiros públicos; o flagelo do desemprego (…o número de desempregados sem subsídio continua a aumentar e, em Dezembro, atingiu novamente um valor recorde. No final do ano passado, havia 246.622 pessoas sem emprego e sem direito a esta prestação, representando quase metade do total de desempregados inscritos nos centros de emprego (45,5%)… “in Jornal de Economia de 28/01/2011”); o conhecimento dos salários milionários de gestores de empresas públicas que apresentam prejuízos anuais de muitos milhões de euros e a assistência diária da fuga à responsabilidade, julgo que são exemplos suficientes que suportam a tese da previsibilidade.
E se este povo tido de brandos costumes decidir um dia “furar” a previsibilidade dos nossos governantes?
A história encarregou-se de nos misturar no corpo sangue das mais diferentes origens. De entre as mais variadas fontes, corre-nos nas veias sangue mouro. A paciência já se “esgotou” na Tunísia. Depois “denunciou-se” no Iémen… De momento “revela-se”no Egipto... Quem se segue?
Por muito que alguns queiram fazer crer que tudo está na mesma, o que é certo é que os tempos mudaram. A informação já não circula ao ritmo de sinais de fumo ou em código morse.
Quando a terra está seca e o mato abunda, basta uma pequenina chama para que o manto verde da floresta se transforme numa pira gigantesca. Quem acende um fósforo?...”


O sucesso da manifestação provou que a sociedade portuguesa tem todos os ingredientes necessários para a confecção de um novo bolo faltando apenas o “pasteleiro” ideal. Qual o próximo passo?

Que tal começarmos por entregar à Justiça o verdadeiro Poder que deveriam ter?

Quanto ao actual Governo, diante de tanta cambalhota… tanta mentira… tanta arrogância… e tanta falta de respeito por todos nós, só lhe resta um caminho: RUA!!! Acredito que o dia está próximo. E depois?

Cá estaremos para ajudar quem fale verdade e esteja verdadeiramente interessado em servir Portugal e os Portugueses.


CARA ou COROA (?)

No Cara ou Coroa de hoje gostaria de destacar a IV Maratona BTT Sardoal, levada a efeito pelo Grupo BTTSardoal, enquadrado pelo Grupo Desportivo “Os Lagartos”.

Por motivos familiares tive de me deslocar a Lisboa, logo pela manhã, pelo que apenas pude perceber o enorme movimento que se desenrolou diante da minha casa e que tornou pequenas as antigas instalações da ex-Sarplás. Nem a chuva desmotivou os participantes! Fantástico! Parabéns à organização! CARA!!!

domingo, 6 de março de 2011

A entrevista

Numa semana marcada pelo encontro do nosso PM com a Senhora toda-poderosa da Europa da qual não saiu nada de novo, continua-nos a faltar uma mão para fazermos qualquer coisa, uma vez que as duas que temos, uma serve para segurarmos as calças (porque já não há mais furos no cinto) e a outra para estendermos a mão à caridade alheia (de tanto andarmos de mão estendida, os nervos do braço já ossificaram).

Tenho todo o gosto em partilhar um texto que recebi esta semana na minha caixa de correio electrónica: Entrevista de um professor chinês de economia, que viveu em França. Resumem-se em 10 pontos a apreciação que faz da Europa:

1. A sociedade europeia está em vias de se auto-destruir. O seu modelo social é muito exigente em meios financeiros. Mas, ao mesmo tempo, os europeus não querem trabalhar. Só três coisas lhes interessam: lazer/entretenimento, ecologia e futebol na TV! Vivem, portanto, bem acima dos seus meios, porque é preciso pagar estes sonhos de miúdos...

2. Os seus industriais deslocalizam-se porque não estão disponíveis para suportar o custo de trabalho na Europa, os seus impostos e taxas para financiar a sua assistência generalizada.

3. Portanto endividam-se, vivem a crédito. Mas os seus filhos não poderão pagar 'a conta'.

4. Os europeus destruíram, assim, a sua qualidade de vida empobrecendo. Votam orçamentos sempre deficitários. Estão asfixiados pela dívida e não poderão honrá-la.

5. Mas, para além de se endividar, têm outro vício: os seus governos 'sangram' os contribuintes. A Europa detém o recorde mundial da pressão fiscal. É um verdadeiro 'inferno fiscal' para aqueles que criam riqueza.

6. Não compreenderam que não se produz riqueza dividindo e partilhando mas sim trabalhando. Porque quanto mais se reparte esta riqueza limitada menos há para cada um. Aqueles que produzem e criam empregos são punidos por impostos e taxas e aqueles que não trabalham são encorajados por ajudas. É uma inversão de valores.

7. Portanto o seu sistema é perverso e vai implodir por esgotamento e sufocação. A deslocalização da sua capacidade produtiva provoca o abaixamento do seu nível de vida e o aumento do... da China!

8. Dentro de uma ou duas gerações 'nós' (os chineses) iremos ultrapassá-los. Eles tornar-se-ão os nossos pobres. Dar-lhes-emos sacas de arroz...

9. Existe um outro cancro na Europa: existem funcionários a mais, um emprego em cada cinco. Estes funcionários são sedentos de dinheiro público, são de uma grande ineficácia, querem trabalhar o menos possível e apesar das inúmeras vantagens e direitos sociais, estão muitas vezes em greve. Mas os decisores acham que vale mais um funcionário ineficaz do que um desempregado...

10. Vão (os europeus) direitos a um muro e a alta velocidade..."


Se a apreciação é feita num contexto geral da Europa dá para imaginar o que nos caberá, uma vez que, presentemente ocupamos a sua cauda?

Cara ou Coroa(?)

No Cara ou Coroa de hoje gostava de partilhar dois excertos da última Acta do Executivo Municipal (Acta 03/2011, de 01 de Fevereiro de 2011), publicada no site da Câmara Municipal de Sardoal:

“… Verificando-se quórum, o Senhor Presidente, declarou aberta a reunião, eram nove horas e trinta e cinco minutos, com a seguinte ordem de trabalhos…”
...
“… E não havendo mais nada a tratar, o Senhor Presidente da Câmara deu por encerrada a reunião eram dez horas, do que para constar e devidos efeitos…”


Será que li bem? Então uma reunião quinzenal do Executivo Municipal, demorou apenas 25 minutos?!!!

Se a esta “eternidade temporal” (?) adicionarmos o tempo que decorreu a reunião anterior que se realizou no dia 25 de Janeiro (35 minutos (!!!) e a primeira reunião deste ano (1 hora e 15 minutos), as despesas inerentes às mesmas das quais se destaca o pagamento de, aproximadamente, 120 € por reunião, em senhas de presença aos dois vereadores da oposição (não incluo eventuais ajudas de custo, porque não acredito que qualquer deles as apresentem, pese o diz-se que diz-se cá do sítio) e ainda o estado em que se encontra o Concelho, será fácil concluir que algo não está bem.

Possivelmente sou eu que não sei fazer esta conta de somar e, nesse caso, o erro é meu, contudo, julgo não ter dúvida que entre Cara e Coroa só pode sair: COROA!!!