domingo, 20 de março de 2011

Em nome de Portugal

E agora que aqueles que nos têm desgovernado se prestam para atirar a toalha ao chão o que nos resta? Eleições antecipadas? FMI? Caos? O quê?

Eu, como qualquer português “desalinhado” de um qualquer Partido político português, não quero saber de que lado está a verdade, agora que os dois maiores Partidos políticos dirimem argumentos em torno do PEC4. Para nos distraírem do “sarilho” em que todos nós nos encontramos, nada melhor que fomentarem uma discussão em torno do nascimento do ovo e da galinha. Eu quero saber é o que irá sobrar para mim.

Vendo bem as coisas, os nossos políticos “vendem-nos” constantemente a verdade que lhes convém, nem que ela de verdade nada tenha. Os nossos governantes mentem-nos? Claro! E os outros? Também!

Ao longo dos tempos tenho aqui referido que o actual Governo em funções já há muito expirou o seu prazo de validade e que deveria ser mudado. Mais que a mentira em si, o que mais me preocupa são os resultados práticos dos factos.

Olhemos para a história dos PEC´s. Nasceram porque precisávamos de mostrar a quem nos emprestava dinheiro para pagarmos as nossas dívidas, endividando-nos ainda mais, que iríamos passar a ser uns “meninos bem comportados e poupadinhos ” e que iríamos gastar menos dinheiro do que aquele que conseguiríamos ganhar ao mesmo tempo que iríamos fazer umas poupanças para pagar as dívidas que tínhamos pendentes.

Em 23 de Março de 2010 nasceu o PEC1. O seu “pai” (José Sócrates) baptizou-o de “Suficiente”. Com o seu nascimento os juros dos empréstimos a 10 anos subiram ou desceram? SUBIRAM! (De 4,171% passaram para 4,34%).

Em 14 de Maio de 2010 nasceu o PEC 2. O seu pai “baptizou-o” de “Definitivo”. Com o seu nascimento os juros dos empréstimos a 10 anos subiram ou desceram? SUBIRAM! (de 4,523% passaram para 5,225%)

Em 29 de Setembro de 2010 nasceu o PEC 3. O seu pai “baptizou-o” de “Último”. Com o seu nascimento os juros dos empréstimos a 10 anos subiram ou desceram? SUBIRAM! (de 6,242% passaram para 6,806%).

Agora que se presta a nascer o PEC 4, o seu pai já tem um nome para ele (“Ou eu ou o Dilúvio”). Alguns “padrinhos” já vieram a terreiro apregoar que os juros dos empréstimos estão a subir por causa da instabilidade política que pode condicionar o seu “parto”. Não dá para pensar nos outros que o antecederam? Não. Não dá! Pudera!

Será que mais do que tentarmos perceber os contornos da verdade que nos querem fazer crer, o que realmente está em causa é que nós há muito que deixámos de acreditar num mentiroso, por mais verdades que ele agora invoque? E, o mais grave, é que os mercados internacionais conseguem perceber o que sentimos. Simplesmente não acreditamos em quem nos governa!

E o FMI está à porta ou já entrou por uma janela e furtivamente já se desloca dentro da nossa casa? Quanto a mim, alguém que diz que não precisa de ajuda externa e não pára de pedir dinheiro emprestado lá fora, ao mesmo tempo que reforça a ideia que não está disponível para continuar a governar caso o FMI venha a entrar, não é minimamente sério.

Qual é a diferença dos cintos dos Gregos e dos Irlandeses após a entrada do FMI e o nosso sem que oficialmente o FMI ainda não tenha sido anunciado? Com este PEC 4, tal qual se apresentou oficialmente em Bruxelas, as diferenças já são ténues. Se nos focalizarmos apenas nos funcionários públicos e nos reformados, onde a “faca” provoca mais “sangue”, temos:

- Grécia: Corte de 15% nos salários dos funcionários públicos e congelamento até 2014; redução dos subsídios de férias, Natal e Páscoa nos salários acima dos 3.000€; corte das pensões dos reformados nos subsídios de férias, Natal e Páscoa; as reformas descem de 96% do rendimento que os reformados tinham antes de se reformarem para 65%.

- Irlanda: Corte de 5% nos salários dos funcionários públicos até 30.000€ anuais e até 8% para quem ganhe mais de 125.000€ anuais; redução de 12% do salário mínimo; corte de 14.000€ no salário do primeiro-ministro e de 10.000€ nos salários dos ministros; redução de 4% nas pensões, no subsídio de desemprego e no abono de família.

- Portugal: Corte de 5% nos salários dos funcionários públicos (e políticos) que ganham acima de 1.500€ por mês. No novo PEC 4, e em cima da mesa, está: corte de 5% nas pensões acima dos 1.500€ por mês e congelamento de pensões.

Se numa lógica de que a crise se resolve aumentando os impostos e reduzindo as despesas com os salários dos funcionários públicos e reformados, ao mesmo tempo que se continua a ignorar, por completo, o sector produtivo privado, será de crer que, dentro em breve, no cardápio dos cortes passe a constar, eliminação do subsídio de férias (os americanos não o têm)… o subsídio de Natal… despedimentos na Função Pública (não nos devemos esquecer que este Governo quer reduzir o pagamento das indemnizações por despedimento nos novos contratos de 30 para 20 dias, sendo 10 destes dias pagos pelo fundo para financiar despedimentos, e admite no final de 2011 alargar aos actuais contratos. De acordo com a apresentação de Teixeira dos Santos no Ministério das Finanças em Lisboa, no passado dia 11, a redução das indemnizações por cessação do contrato de trabalho para os novos contratos será de 30 para 10 dias por ano de trabalho, a que se juntam “10 via mecanismo de financiamento dos empregadores”. Para além desta redução, o Governo pretende eliminar o limite mínimo de três meses de indemnização, e estabelecer um limite máximo de 12 meses), etc.

Vamos para eleições?

Porque a ida a eleições, poderá não “eliminar” quem tem feito parte do problema (caso o PS vencesse as eleições J.S. voltaria a tomar as “rédeas do poder” e tudo voltava ao mesmo, ou caso o PS não vencesse as eleições, enquanto maior partido da oposição, pudesse, por via da falta de apoio parlamentar do novo governo eleito, criar obstáculos à sua governação), acredito que o nosso Presidente vai tentar um golpe de mestre: Convidar os Partidos da actual oposição a entenderem-se e protagonizarem um Governo de Salvação Nacional. (Por Exemplo: caso o Governo fosse formado por PSD + CDS + PCP + PEV teria um amplo apoio Parlamentar configurando uma situação de maioria absoluta).

Será que os dirigentes dos Partidos da oposição, por uma vez serão capazes de desviar os seus olhares dos seus reais umbigos e fixarem-se em nós, Portugueses?

Enquanto alguém que pertence ao tal grupo que geralmente é denominado por: “Os Portugueses conhecem-nos!”; “Os Portugueses sabem bem quem é o responsável pela instabilidade política que agora se instalou!”; “Os Portugueses assim!...”; “Os Portugueses assado!...”, enquanto Português, apenas peço aos novos Governantes que me falem verdade. Peçam-me sacrifícios em nome do meu País, onde eu saiba que não existem cidadãos de primeira e segunda, e eu dou! Peçam-me sacrifícios em nome do meu País onde eu saiba que há cidadãos com privilégios assentes sobre a miséria de outros, e eu não dou!

Em nome dessa verdade, será que com a revisão de todas as PPP´s, de Fundações que ninguém conhece, empresas públicas fantasmas, correcção de tantas asneiras (por exemplo, o IVA do golfe fica em 6% por causa dos tais 500 milhões de euros de negócios anuais… blá… blá…, enquanto que o calçado com um negócio anual 3 vezes superior, já para não falar dos muitos milhares de trabalhadores a eles afectos, ficam nos 23%. Não cheira a qualquer coisa?) e a convicção plena sobre a responsabilidade que deverá recair sobre todos os Portugueses na sua participação na recuperação económica do seu País, tenho a certeza que não serão necessárias tantas medidas de austeridade como aquelas que já foram implementadas e as que se projectam para o futuro.

Se existe alguém que tem o dever de levantar Portugal do charco para o qual foi atirado por uns quantos, esse alguém somos nós: os PORTUGUESES!

É chegada a hora dos nossos políticos deixaram de pensar e agir em nome dos seus partidos e ideais filosóficos para pensarem e agirem em nome de Portugal e dos Portugueses.

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