domingo, 26 de dezembro de 2010

2011

A poucos dias de atirarmos para a reciclagem o calendário do ano de 2010 e o substituirmos pelo ano de 2011 o sentimento que a todos nos invade não é o melhor.

Uma vez que a nossa “cegueira” não nos permite observar com nitidez o horizonte do futuro, os contornos que conseguimos perceber não nos descansam e inquietam-nos.

Não existe um só economista ou analista financeiro que, com bases sólidas e inquestionáveis, consiga contrariar a tese, segundo a qual, Portugal no ano de 2011 viverá uma recessão muito difícil de contornar. Nem mesmo o nosso Primeiro-ministro que tanto nos habituou a dizer-nos aquilo que gostaríamos de ouvir, porque a ânsia pela posse do poder assim o exigia (?), consegue agora disfarçar que estamos mergulhados numa crise económica profunda.

Se todo o problema tem uma solução, este problema também não foge à regra. Segundo o governo a solução já foi encontrada, já está a ser implementada e é uma questão de tempo a sua erradicação. Tudo se vai conseguir com a redução dos salários da função pública, com o aumento das exportações e mais algumas medidas pelo meio. Será?

Como é que nós poderemos acreditar que a solução para a qual estamos a ser lançados é certa, face à ambiguidade protagonizada pelos nossos governantes para quem a palavra austeridade muda de sentido consoante a oportunidade que melhor lhes convém? Alguém ouve os nossos governantes exigir que produzamos mais e melhor? Será que podemos olhar para os nossos governantes e sentirmos que eles são exemplos de vida para todos nós?

Será que estas dúvidas que todos carregamos não agravam a nossa já débil estrutura social e económica? Será que nelas não reside a nossa tendência para o parasitismo e consequente pensamento, segundo o qual, deverão ser os outros a resolver problemas que são exclusivamente nossos?

Diante destas dúvidas penso que a solução para sairmos do atoleiro para o qual fomos atirados passa obrigatoriamente por uma mudança de liderança a todos os níveis. Líderes que sejam capazes de nos falar verdade e que a todos nos conduzam por um só caminho (será justo que uns “circulem” em pavimento asfaltado e outros em terra batida, enlameada e esburacada?).

Embora “carregue” comigo todas estas dúvidas reconheço que tenho fortes esperanças que saberemos “dar a volta por cima”. Quando? Quando formos capazes de nos juntarmos. Enquanto cada um de nós pensar exclusivamente no seu próprio umbigo, jamais conseguiremos mudar o sentido das coisas. E a esperança é que, um dia, todos perceberemos que tudo na vida é efémero, até a nossa incapacidade de “gerirmos” os nossos próprios egoísmos. Será que esse dia não está já mais perto?

UM BOM ANO DE 2011 PARA TODOS!

domingo, 19 de dezembro de 2010

Um Conto de Natal

Era uma vez…

Numa terra, outrora ocupada e governada por homens, era agora ocupada e governada por animais (a ganância dos homens havia-os erradicado da face da Terra e, na sua ausência, bastou aos animais aprenderem a comunicar entre si para que uma nova ordem se estabelecesse). Tal como George Orwell prevera, os porcos assumiram o poder.

Foi num dos muitos lugares dessa terra que esta história se desenrolou e que passo a contar…

O Sol ainda não raiara no horizonte e já o galo Alo, despertador oficial do Lugar, cumpria uma das suas múltiplas tarefas fazendo ecoar a sua voz bem alto, para que todos os animais acordassem. Indiferente ao entusiasmo dos demais animais da “capoeira”, a galinha Linha, ergueu-se, sacudiu as suas roupas e caminhou para o campo em busca de sustento para si e para a sua família.

Após algumas horas de muito rapinar no chão ressequido, eis que descobre alguns grãos de trigo.
- E se semeasse estes grãos de trigo? Será que cada grão não daria uma espiga? E se em cada espiga eu voltasse a semear um dos seus grãos e com os restantes grãos, depois de os transformar em farinha, eu não conseguiria fazer mais pães dos que consigo fazer com estes grãos que agora encontrei? E com o grão que voltar a semear será que não voltarei a ter outras espigas? – Pensou entusiasmada para com os seus “botões” a galinha Linha.
- Uma vez que o presente se encontra garantido e é o desconhecimento do futuro que assusta, vou semear estes grãos de trigo! – Decidiu a galinha Linha, enquanto pegava numa enxada e começava a “rasgar” a terra.

Já cavava havia algum tempo, quando recebeu uma visita inesperada.
- O que é que estás a fazer? -perguntaram curiosos o pato Ato e o coelho Elho.
- Estou a semear grãos de trigo, para fazer pão. Porque é que não me ajudam e, no fim, dividimos os pães pelos três? - Convidou a galinha Linha, para quem uma ajuda vinha a calhar uma vez que a tarefa a que se propusera era árdua.
- Eu? Não posso. Estou no fundo de desemprego e o governo pode-me cortar o subsídio! - Disse o pato Ato, virando o bico para o lado.
- Eu também não posso. Estou a receber o rendimento mínimo e o governo também me pode cortar o rendimento social de inserção! - Disse o coelho Elho, enquanto baixava as suas orelhas.
- Eu tenho uma ideia! E que tal dividirmos os grãos pelos três e utilizá-los para o nosso almoço de hoje? – Propôs entusiasmado o pato Ato enquanto salivava só de olhar para os grãos que a galinha Linha queria enterrar.
- Não estou interessada! – Respondeu de pronto a galinha Linha.
As visitas, diante daquele cenário de trabalho, depressa desapareceram e a galinha Linha lá continuou, sozinha, a “amaciar” a terra. Sem qualquer outra ajuda, a galinha Linha, durante longos dias, não fez outra coisa que não fosse cavar a terra e semear os grãos de trigo encontrados.

O tempo foi passando… os grãos de trigo germinaram… o trigo cresceu… as espigas brotaram… e os novos grãos “ameaçavam saltar”.

O campo estava dourado e era chegada a hora da colheita. A galinha Linha nem queria acreditar no trabalho que teria pela frente. Sozinha, seriam longos dias de árduo trabalho.
- Será que o pato Ato e o coelho Elho estariam agora disponíveis para a ajudar? – Pensou ela esperançada que aqueles, possivelmente já sem o apoio do governo dos porcos, necessitassem de procurar o seu próprio alimento. Depois de algum tempo, encontrou-os à sombra de uma árvore. Falavam da crise e de como alguns outros animais viviam.
- Olá! Será que vocês estão disponíveis para me virem ajudar a colher o trigo que semeei? Estou disposta a dar a cada um, um quarto dos grãos que colhermos. – Propôs a galinha Linha esperançada que a proposta tivesse agora algum acolhimento.
- Eu não posso. Continuo desempregado e o governo pode-me cortar o subsídio! - Respondeu o pato Ato, virando de novo o bico para o lado.
- Eu também não posso. Continuo a receber o rendimento mínimo e o governo também me pode cortar o rendimento social de inserção! – Respondeu, de seguida, o coelho Elho, à medida que abria a boca num longo bocejo.

Diante nova recusa e não lhe restando outra alternativa, durante longos dias, de Sol a Sol, a galinha Linha lá foi colhendo todos os grãos da sua sementeira.

Concluída a empreitada, sentindo-se cansada, pensando nas outras tarefas que ainda a aguardavam (transformar os grãos em farinha, amassar o pão, acender o forno e cozer o pão) a galinha Linha decidiu, uma vez mais, insistir junto do pato Ato e do coelho Elho.
- Não insistas! Eu não posso. O governo se me apanha a trabalhar corta-me o subsídio e ele faz-me muito jeito! – Respondeu de novo o pato Ato, agora revelando alguma aspereza, pelo incómodo que o renovado convite lhe provocava.
- Comigo, basta tanta insistência! Eu também não posso! Sem o rendimento de inserção social sou obrigado a ir à procura de um emprego e esta crise acabou com os empregos. Agora, só me oferecem trabalho! A vida está difícil! - Afirmou o coelho Elho, espreguiçando as suas longas patas traseiras.

Uma vez mais, sem qualquer outra saída, a galinha Linha voltou a meter mãos à obra. Foram dias a moer os grãos de trigo… Foram dias a amassar o pão… Foram dias à procura de lenha para acender o forno… Até que…

O grande dia chegara. Todo o lugar cheirava a pão cozido.
A galinha Linha estava orgulhosa do seu feito, à medida que ia tirando os pães do forno. Quando se prestava para retirar o último pão do forno, alguém lhe bateu à porta:
- Quem é? - Perguntou curiosa.
- Somos nós. O pato Ato e o coelho Elho!
- Que quereis? - Perguntou a galinha Linha curiosa.
- Cheira tão bem a pão cozido. Dá-nos um pão! -Responderem aqueles dois em uníssono.

Não acreditando no que ouvia, abriu a porta e “disparou”:
- Quando vos pedi ajuda para a sementeira… recusaram; quando vos pedi ajuda para a colheita… recusaram; quando voltei a pedir-vos ajuda para transformar os grãos de trigo em farinha, amassar o pão e reunir lenha para o forno… voltaram a recusar. Desculpem, mas não dou! – Disse zangada a galinha Linha à medida que lhes fechava a porta com violência.

Durante algum tempo, imperou o silêncio! De súbito, começaram-se a ouvir alguns gritos em frente à casa da galinha Linha.
- “Galinha fascista”! “A galinha é rica”! “A galinha que pague a crise”! “Temos direitos”! “Queremos pão”! – Eram algumas das expressões que se podiam ouvir no meio de toda a algazarra que se gerara diante da casa da galinha Linha.

Por entre as cortinas de uma das janelas, a galinha Linha viu como o pato Ato e o coelho Elho davam largas à sua revolta por ela lhes ter negado o pão. Encolhendo os ombros, decidiu ignorá-los e começou a guardar os pães acabados de coser. Tão bem que cheiravam!

Durante algum tempo os gritos de revolta prosseguiram, até que, um estranho silêncio se instalou no lugar. Alguém bateu à porta da galinha Linha.
- Quem é? - Perguntou a galinha Linha curiosa.
- É o senhor Porco Silva! - Alguém respondeu do lado de fora.
- O que deseja? - Voltou a perguntar a galinha Linha à medida que ia abrindo a porta.
- Represento o Governo dos Porcos e venho cobrar os impostos devidos! Quantos pães foram feitos? – Inquiriu o Porco Silva com toda a autoridade que o estatuto de Porco lhe conferia.
- Fiz doze pães! -Respondeu a galinha Linha, depois de pensar que havia guardado seis conjuntos de dois pães cada.
- Pelas minhas contas e avaliando o campo de trigo que tinha, você não fez doze pães, mas sim quinze. Assim vai ter que me entregar, agora, nove pães! - Ordenou o Porco Silva.
- Eu juro que fiz doze pães! Não fiz quinze! Por favor Senhor Porco Silva reconsidere e não me leve tantos pães! - Reclamou a galinha Linha.
- A sabedoria dos Porcos é inquestionável! Se eu digo que foram quinze pães é porque foram. Entregue-me os nove pães já! - Ordenou o Porco Silva levantando a voz.

Perante a sua impotência e com lágrimas nos olhos, a galinha Linha, lá foi buscar os pães exigidos. Quando se prestava para os entregar ao Porco Silva, ganhando alguma coragem, enchendo o peito de ar, perguntou:
- Será que eu posso saber qual o destino dos pães que agora lhe entrego?
- Claro! Três para o Governo da nossa Terra, três para o Governo do nosso Lugar e três para a Segurança Social. – Respondeu de pronto o Porco Silva.
- Não percebo. Explique-me melhor!
- Então… Dos três pães para o Governo da nossa Terra, um é para o nosso muito amado e querido líder supremo, o Senhor Porco José e dois são para os Leitões que o ajudam a governar a nossa Terra. Dos três pães para o Governo do nosso Lugar, um é para o Senhor Porco Presidente, um outro é para os Leitões que o ajudam a governar o nosso Lugar e o terceiro pão é para mim. Dos três pães para a Segurança Social, um é para o pato Ato, o outro é para o coelho Elho e o terceiro é para ser congelado para reforço do fundo de apoio à reforma dos Porcos! - Respondeu o Porco Silva à medida que se afastava da porta e ouvia as manifestações de contentamento dos manifestantes que até então esperavam pela conclusão da “operação de limpeza”.

Já quase sem forças, a galinha Linha fechou a porta. Sentando-se num pequeno banco e olhando para os três pães que lhe haviam sobrado e para uns grãos de trigo ainda por moer, deu por si a pensar:

- Será que vou moer o resto dos grãos de trigo que sobraram e transformá-los em farinha ou vou, de novo, semeá-los?

FIM
(É com esta indecisão da galinha Linha que termina esta minha história. Será que alguém é capaz de adivinhar sobre o que ela decidiu fazer com o resto dos grãos de trigo?)



FELIZ NATAL

Para todos os meus amigos que ao longo da minha vida me ajudaram a “caminhar” (Abrantes – Marromeu – Luabo – Dondo – “Lusalite do Dondo” – Beira – Abrantes – Cambridge – Kitchener – Waterloo – Abrantes – SARDOAL) e para todos aqueles que têm “visitado” o “ TRÊS BICAS”, gostaria de A TODOS, desejar um FELIZ NATAL onde não falte a SAÚDE, o AMOR DA FAMÍLIA, o BEM-ESTAR, a TOLERÂNCIA, o RESPEITO, o INCONFORMISMO Á ADVERSIDADE, a DEFESA DA VERDADE, o CULTO DA AMIZADE, o VALOR DA RESPONSABILIDADE e a DISPONIBILIDADE PARA A PARTILHA e que sejamos capazes de confiar estes dez anéis, de valor incalculável, nos Dedos das Mãos Sagradas de Jesus Cristo, nosso Deus e nosso PAI.

Uma vez que o “três bicas” tem recebido visitas dos mais diversos cantos deste Planeta aqui expresso em vinte línguas diferentes os meus votos de Boas Festas para todos os povos do Mundo.

Merry Christmas
Joyeux Noël
Feliz Navidad
Frohe Weihnachten und ein glückliches neues Jahr
Kung His Hsin Nien bing Chu Shen Tan
Gun Tso Sun Tan'Gung Haw Sun
Pozdrevly ayu sprazdnikom Rozhdestva Khristova
Sung Tan Chuk Ha
Shinnen omedeto. Kurisumasu Omedeto
Mo'adim Lesimkha
I'D Miilad Said ous Sana Saida
Vesele Vanoce
Veseloho Vam Rizdva
Buon Natale
Kellemes Karacsonyi unnepeket
Colo sana wintom tiebeen
Prettig Kerstfeest
Glædelig Jul og godt nytår
God Jul og Godt Nyttår
Noeliniz Ve Yeni Yiliniz Kutlu Olsun

domingo, 12 de dezembro de 2010

Momentos

Por muito que, em tese, queiramos ser diferentes dos outros, o milagre da vida demonstra-nos que somos todos iguais. Nascemos sem querer, sem escolher os pais, sem roupa e de memória vazia. Logo de seguida deram-nos um nome e nunca questionámos as primeiras lições que nos ensinaram. No fim, a “terra” chamar-nos-á da mesma forma, independentemente da nossa vontade. Entre estes extremos da vida, apenas podemos… VIVER.

Hoje não vou falar do meu País, do meu Concelho e dos actos de outros que, tal como eu, apenas vivem.

Hoje apenas quero voltar a fazer uma viagem no tempo e ao tempo que já vivi. Dessa viagem aqui deixo alguns momentos que me fazem acreditar que tem sido bom viver.

(1955)

(1955)

(1967)

(1971)

(1973)

(1976)

(21/10/1978)

(Julho/1983)

(Abril/1991)

(Maio/2009)

(Hoje)


Depois desta viagem apenas peço a Deus que daqui a um ano possa voltar a fazer a mesma viagem e continuar a acreditar que é bom viver, ter saúde, ter sonhos, ter amigos, amar e ser amado.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Ginástica

Está no nosso legado genético a capacidade invulgar que temos para, com o recurso à “ginástica”, contornarmos os obstáculos que se nos deparem, por mais invulgares e difíceis que sejam.

São vários os exemplos que aqui poderia trazer, desde a forma ardilosa que temos para contornar as leis (só assim se justifica que exista um advogado para cada 300 portugueses) até à forma expedita como somos capazes de, trabalhando para um mesmo patrão e fazendo o mesmo, “obrigá-lo” a triplicar o nosso vencimento (que o digam os médicos que apresentam licença sem vencimento, no hospital do Estado em que trabalham, por um prazo de 10 anos e fazem um contrato com outro hospital do mesmo Estado auferindo 3 vezes o salário anterior) passando por aqueles que pretendendo exercer a política, porque as suas limitações não lhes permitem realizar as ambições desmedidas que os assolam são capazes das mais estranhas “acrobacias”.

Há já algumas dezenas de anos que temos vindo a assistir a um conjunto tão vasto de números de ginástica especial que faz com que nos tornemos artistas circenses à força. E quando o público se torna "sabido" e se pretende que ele continue a pagar o bilhete que sustenta o artista só existe uma saída: inventar novos números.

Esta semana, uma vez mais, foi pródiga em números, de ginástica, protagonizados pelos nossos políticos. Escolho três artistas que querendo inventar novos números de ginástica não fizeram mais que borrar pinturas já borradas: José Sousa, Carlos César e Manuel Duarte.

Quanto ao José Sousa, esta semana ficámos a conhecer os segredos das suas cambalhotas quando o número trata o TGV Lisboa-Madrid.

Tão bem que ele os tem guardado e nos tem distraído com os seus “partneres” das finanças, obras públicas, transportes e comunicações! Não é que um tal de Zapatero, que também dá pelo nome de José, qual amigo da onça, vem revelar esse segredo? Eis um excerto da sua intervenção quando tentava "comprar", para Espanha e Portugal, o Mundial de 2018:
“…Espanha é o país da Europa com maior rede de TGV e vamos estar conectados com Portugal. Temos uma magnífica rede de estradas e ainda 50 aeroportos na Península Ibérica”

- Será que estes dois Josés só conversam sobre o Magalhães?
- Será que desde a XXI Cimeira Ibérica que se realizou em Évora, em Novembro de 2005, e que juntos acordaram a conclusão do TGV Lisboa-Madrid antes de 2015, nunca mais conversaram sobre as dificuldades económicas que poderiam condicionar a execução desse projecto?
- A propósito de conversas entre estes dois Josés, será que Zapatero explicou ao Sousa porque é que uma das medidas por si adoptada para contornar a crise que assola o seu País foi baixar os impostos das pequenas e médias empresas?

No que respeita ao Carlos César e ao Manuel Duarte bem tentaram saltar por cima do "cavalo com arções" (contenção na despesa pública com a redução do vencimento dos funcionários do Estado que auferem mais de 1.500 euros por mês), mas estatelaram-se ao comprido. Se o primeiro me surpreendeu porque não conhecia a sua filosofia Orwelliana (os porcos são todos iguais, mas uns são mais iguais que outros) já o segundo não me surpreendeu porque o homem na ânsia de querer ser Presidente da República estatela-se em todos os aparelhos que se lhe deparem, quer seja a mesa alemã, espaldares, paralelas simétricas ou outro. Quanto a este último há que lhe dar algum mérito porque, por muito duras que têm sido as quedas, é capaz de esconder a dor (“Será que o homem é de borracha?).

Voltando a estes dois artistas o número de ginástica que juntos protagonizaram esta semana nos Açores foi tão mal executado que até envergonhou, por certo, os membros da sua classe, lá para as bandas do Largo do Rato, quanto mais os outros!

Quando nos é pedido, e muito bem, que olhemos em frente, será que poderemos ficar indiferentes às acrobacias que os nossos governantes não se cansam de efectuar?

JÁ CANSA TANTA ESPERTEZA SALOIA!


CARA ou COROA?

Qualquer que seja o investimento que possamos defender só o tempo é capaz de clarificar se ele é bom ou mau.

Se existe investimento que o actual executivo da Autarquia Sardoalense apostou e ganhou, foi claramente a construção da Piscina Municipal Coberta e a capacidade para gerir o seu funcionamento até ao presente. Claramente? CARA!





O Executivo Camarário que detém os "louros" do sucesso do investimento na Construção da Piscina Coberta é o mesmo que agora se presta a investir num espaço para o dotar de condições diferentes daqueles que até então apresentava. O projecto que ao que tudo o indica poderá estar associado a um alargamento de uma via (com eventual criação de um parque de estacionamento para os moradores daquela área?), teve o seu início esta semana. Aos olhos de quem estudou mecânica dos solos, as primeiras movimentações de terras efectuadas são tão "estranhas" que, por mais que busque nos manuais de David F. McCarthy e Homero Pinto Caputo não consigo encontrar justificações para as minhas interrugações. Cara ou Coroa? Há que esperar que o tempo o esclareça.





domingo, 28 de novembro de 2010

O outro lado da greve

As notícias que nos continuam a chegar diariamente sobre as “convulsões financeiras e sociais" em alguns países da zona euro são um sinal claro que, ou mudamos a nossa visão sobre como deveremos gerir os nossos direitos e os nossos deveres, ou todos nós também mergulharemos em semelhantes convulsões.

Que não reste qualquer espécie de dúvida que, caso Portugal se veja a braços com uma situação que “obrigue” os seus governantes a solicitarem a outros uma ajuda financeira extraordinária (Fundo de Estabilidade Europeu e/ou Fundo Monetário Internacional) serão os mais fracos a sentirem o “peso” das contrapartidas que nos serão exigidas. E na lista dos mais fracos estarão por certo os reformados com reformas de miséria, os desempregados e tantos outros.

É com este cenário de fundo que olho para a Greve Geral que decorreu esta semana e não consigo perceber nem os seus objectivos nem o valor que os seus organizadores lhe atribuíram.

Relativamente aos objectivos, sabendo que em Portugal apenas uma percentagem muito baixa de Portugueses é que não sente os efeitos de uma crise para a qual fomos atirados por governantes irresponsáveis que apenas pensavam (e continuam a pensar) em si, para que serviu esta greve? Para mostrar a todos nós tudo aquilo que estamos fartos de saber?

Só consigo vislumbrar objectivos políticos por parte de gente que pretende pôr em prática a teoria “Orwelliana” do “Triunfo dos Porcos”, porque são essas são "as únicas águas em que sabem nadar". E foi vê-los a “comandar” um exército de outra gente que aceitou prescindir de um dia de salário em troca de uma mão cheia de nada. E se um dia algum daqueles manifestantes se vir na condição de desempregado, bem poderá bater “à porta” desses “generais” porque deles só vai receber a sua indiferença e o “- Desenrásca-te!” do costume.

Quanto aos resultados da Greve, para além da falta de transportes, de um ou outro serviço que não se realizou e do “jogo dos números” entre os Sindicatos e o Governo, no qual os excessos se tocaram, o certo é que não conseguiram alterar o estado das coisas. Estavamos mal e continuamos mal. Perspectivas de melhoras, até ver, nem vê-las.

Será que os nossos sindicatos não poderiam ser mais pró-activos do que têm sido, em vez de olharem apenas e só para os seus próprios umbigos?

Será que em matéria de direitos e deveres entre Patrão e Empregado a implementação de filosofias que conferem mais direitos a um que a outro não são elas próprias geradoras de instabilidades sociais?

Como é que se pode atribuir a um mau trabalhador o mesmo valor ao atribuído a um bom trabalhador? Sou defensor da tese segundo segundo a qual: “quem não está bem, muda-se!”.

Se alguém sente que não é reconhecido pelo trabalho que desenvolve e isso lesa os seus interesses, só tem uma saída: muda-se!

A esmagadora maioria dos que decidiram fazer greve esta semana foram funcionários públicos. São legítimas as suas reclamações, mas porque não fazem o que eu próprio fiz, e abandonam a Função Pública? (em 1987 e após 9 anos no quadro da função pública, enquanto fiscal técnico de obras de 1ª classe, sentindo que não era devidamente compensado pelo trabalho que desenvolvia, emigrei. Em 1995 estando reunidas as condições para voltar para os quadros da função pública, já então como engenheiro técnico civil decidi não voltar a arriscar, apostando em mim, vendendo o meu saber, facto que se verifica desde então). Da mesma maneira que não tenho dúvidas que alguns (poucos, muito poucos) eram capazes de obter em empresas privadas dividendos superiores aos auferidos na função pública, outros (a esmagadora maioria) ficaria “surpreendida” pela diferença, para menos.

Uma das conclusões que se pode tirar desta greve é que, uma vez mais, imperou a crueldade da lei da Natureza: “Até a miséria e a desgraça de uns são fonte de alimento de outros.”


CARA

(A Igreja do Convento de Santa Maria da Caridade)
(Google Earth 39º32´00,42"N e 8º09´36,52"W)


(A Igreja Matriz de Sardoal - Séc. XVI)
(Google Earth 39º32´21,48"N e 8º09´38,46"W)


COROA
(O sub-aproveitamento industrial da Zona Industrial do Sardoal)
(Google Earth 39º31´04,82"N e 8º09´29,32"W)

domingo, 21 de novembro de 2010

Olhar para a frente

Penso que chegados ao ponto para onde fomos “atirados” pelos políticos deste País só nos resta uma saída: olhar para a frente e… caminhar. Cada um, e a seu modo, deverá fazer o seu próprio caminho, respeitando o caminho dos outros.

Com o tempo que perdemos falando dos actos dos outros, vamos ficando sem tempo para exercitarmos os nossos próprios actos.

Não é segredo para ninguém que a esmagadora maioria daqueles que nos governam estão mais interessados em governar-se que governar os outros.

Não é segredo para ninguém que a balança da nossa justiça nem sempre assenta num plano horizontal e muitas vezes o seu fiel é “influenciado” por planos inclinados que o poder consegue colocar debaixo dela.

Não é segredo para ninguém que nos tornámos num povo que perdeu a capacidade de sonhar. O importante é o dia de hoje, porque o ámanhã ainda está muito longe. Foi assim quando construímos as nossas casas, sem ter dinheiro. Foi assim quando comprámos os nossos carros, sem ter dinheiro. Foi assim quando fomos de férias, sem ter dinheiro. Foi assim quando os nossos governantes nos incentivaram à irresponsabilidade e à preguiça, em detrimento da responsabilidade e do trabalho.

Transformámo-nos numa manta de retalhos “cozidos” por gente que apenas pensou em si.

Quando já são cada vez menos aqueles que alimentam quem nada produz, quando já escasseia a vontade em nos emprestarem dinheiro para continuarmos a alimentar os vícios que a nossa preguiça gera (os metralhas instalados no Governo bem tentam iludir-nos com a crise internacional o que é certo é que, por exemplo, esta semana a nossa vizinha Espanha conseguiu um juro para um empréstimo a 10 anos inferior ao que nos foi cobrado para 1 só ano) é chegada a hora, de todos nós agirmos.

É chegada a hora de voltarmos a olhar para a frente, arregaçarmos as mangas, reaquirirmos a nossa capacidade de sonhar, sem descurarmos o dever de eliminarmos os “chicos espertos” deste País.


CARA ou COROA (?)

Retomo o meu artigo anterior sobre o abandono das Instalações Industriais da ex-Sardan e ex-Sarplás e o meu contributo na busca de uma solução que permita inverter o sentido quanto ao destino de tais instalações.

No meu artigo anterior e suportado por uma informação que julguei poder dar algum crédito referi que o valor do bem prédio (edificações e terreno) poderia ter um “valor” de 3… 4… ou mesmo 5(?)… milhões de euros que se desvalorizavam diariamente com todos os prejuízos decorrentes para o seu proprietário (Millennium BCP). Estava enganado! O seu valor é substancialmente inferior ao limite mínimo por mim indicado, o que faz com que a minha proposta possa ter ainda mais sentido.





Para os que desconhecem do que se trata para além da sua localização que aqui deixo (através do Google Earth) permito-me referir o que está descrito na Conservatória do Registo Predial de Sardoal:

PRÉDIO URBANO: Tapada da Costa – Composto dos seguintes edifícios: a) – Edifício principal: rés-do-chão e primeiro andar, destinado a sede social – S. C. 500 m2; b) – Edifício acessório ao principal, composto de rés-do-chão – pavilhão destinado à indústria, com oficina, garagem e sanitários – S. C. 1.090 m2; - c) – Edifício acessório ao Principal – rés-do-chão composto de pavilhão destinado à indústria – S. C. 1.273 m2, encontrando-se este conjunto vedado por uma sebe em rede, - d) – Casa de rés-do-chão para habitação – S. C. 75,428 m2, varanda recolhida – 3,388 m2, estendal – 160,600 m2; - e) – armazém de rés-do-chão para recolha de matérias-primas e produtos acabados – 500 m2; - Logradouro – 16.857,584 m2 – V. V. 2.462.400$00 - Artigo 1.591 (feita reclamação em 280909); V. P. – d) 72.900$00 – valor Total: 3.210.300$00 – Artigos: - d) 1.613; - e) 1.726.

F-3 Ap.06/210201 – PENHORA – PROVISÓRIA POR NATUREZA artº 2º alínea a) do artº 92 – a favor da FAZENDA NACIONAL – data: 20 de Fevereiro de 2001 – Executado: SARPLÁS – FÁBRICA DE PLÁSTICOS DO SARDOAL, LIMITADA – Titular inscrito: BANCO COMERCIAL PORTUGUÊS, S.A. Quantia exequenda: XX.XXX.XXX$00.

F-3 An.1 – 141105 – Verificada a caducidade.


Um espaço que durante muitos anos foi gerador de riqueza para as gentes do Sardoal hoje não passa de um conjunto edificado ao abandono à espera que o tempo determine o seu renascimento ou o seu fim.

Se a “morte” das instalações não beneficia os interesses do seu proprietário, também não beneficiará um concelho onde a riqueza não prospera e onde é manifesta a ausência de infraestruturas que a possam produzir.

Do lado do Banco Millennium BCP, naturalmente, as suas expectativas passam por reaver o seu investimento ou, na sua impossibilidade, reduzir ao mínimo os prejuízos decorrentes da sua alienação. Diante do bem material em causa e do facto do mesmo se encontrar ao abandono, o tempo não favorece os seus interesses uma vez que esse bem se vai desvalorizando, aumentando o seu prejuízo. Não é difícil perceber que o valor do bem depende, em exclusivo, da utilização ou adaptabilidade do actual edificado. Caso este não apresente tais possibilidades, são incomensuráveis as perdas que daí advirão, dado o baixo valor do terreno (à luz do PDM do Sardoal o prédio está classificado enquanto Espaço Industrial) e o elevado custo emergente da demolição de todo o edificado e transporte a vazadouro licenciado (obrigatório em face da lei vigente).

Do lado da Autarquia Sardoalense e de toda a comunidade Sardoalense a expectativa é a de que as instalações possam voltar a ser produtivas dando “abrigo” a novos postos de trabalho e com isso poderem reduzir o elevado índice de desemprego no Concelho.

Identificados os lados deste processo cabe a um, enquanto proprietário do prédio, a exclusividade da decisão, enquanto ao outro a expectativa sobre as consequências daquela.

Qual a saída possível para o BCP caso seja obrigado em continuar proprietário do prédio e do edificado nele construído, por motivos de ausência de propostas de compra ou propostas aquém dos limites financeiros por si definidos, por um tempo indeterminado? A conjuntura actual, infelizmente, não nos transmite grandes esperanças neste sentido.

Sabendo que a Autarquia Sardoalense dificilmente tem condições financeiras para, por si só, adquirir todo aquele espaço, recuperá-lo e devolvê-lo ao tecido empresarial do Concelho (com uma subsequente venda ou aluguer a uma ou várias empresas, sendo esta última a mais lógica nos tempos que correm) pode contudo representar um papel chave em todo o processo de alienação funcionando como uma espécie de Entidade Administradora de todo o espaço.

Entre o Millennium BCP e a Câmara Municipal de Sardoal poderia ser efectuado um contrato de arrendamento por um determinado período de tempo no qual ficaria estabelecido, entre outras cláusulas que pudessem salvaguardar todas as partes, os seguintes direitos e deveres:

1)A CMS assume a administração de todo o espaço tendo o dever de proceder a obras de conservação (material e mão-de-obra) até um determinado valor limite mensal (uma espécie de renda).

2)Os trabalhos a realizar seriam resultantes de um projecto de perícia efectuado por uma entidade independente que identificaria todas as patologias construtivas existentes e posteriormente discutida e aprovada.

3)Mensalmente a CMS enviaria um relatório sobre os trabalhos realizados e o seu valor.

4)A CMS poderia utilizar todo o espaço para os fins que julgasse pertinente conquanto não fosse comprometido o seu futuro uso.

5)Seria da responsabilidade da CMS a divulgação sobre as potencialidades empresariais do prédio.

6)Em caso do BCP ser alvo de uma proposta de compra para o prédio, por si julgada aceitável, à CMS deveria ser dado o direito de opção. Caso a CMS prescindisse desse direito o BCP indemnizaria a CMS de um valor equivalente a todo o investimento efectuado na reabilitação do espaço.


Porque nesta permuta de direitos e deveres apenas consigo observar vantagens para ambas as partes em presença, entendi divulgá-las para que, no mínimo, possam ser avaliadas, caso sejam goradas as possibilidades da sua aquisição simples por parte da CMA.

Como nota de rodapé, penso que sem o conhecimento profundo do estado em que se encontra todo o edificado, não acredito que em consciência, seja possível encontrar-se um valor tido como justo, não só por parte de quem o apresenta, mas também por parte de quem o analisa.






domingo, 14 de novembro de 2010

Para Meditar

Para todos aqueles que de alguma forma têm acompanhado o caminhar de um País num trapézio sem rede, convido-os a lerem e meditarem nas palavras sábias de alguém que nunca conheci (Adrian Rogers) e de alguém que partilhou comigo, enquanto menino, também o seu espaço de menino (Mia Couto).

Pensamento 1

"É impossível levar o pobre à prosperidade através de legislações que punem os ricos pela prosperidade.
Por cada pessoa que recebe sem trabalhar, outra pessoa deve trabalhar sem receber.
O governo não pode dar para alguém aquilo que não tira de outro alguém.
Quando metade da população entende a idéia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação.
É impossível multiplicar riqueza dividindo-a."
(Adrian Rogers, Pastor Americano, 1984)



Pensamento 2

A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos.
Mas ricos sem riqueza.
Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados.
Rico é quem possui meios de produção.
Rico é quem gera dinheiro e dá emprego.
Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro. ou que pensa que tem.
Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele.
A verdade é esta: são demasiados pobres os nossos "ricos".
Aquilo que têm, não detêm.
Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros.
É produto de roubo e de negociatas.
Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram.
Vivem na obsessão de poderem ser roubados.
Necessitavam de forças policiais à altura.
Mas forças policiais à altura acabariam por lançá-los a eles próprios na cadeia.
Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade.
Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem (...)
(Mia Couto, Escritor Moçambicano, 2009)



CARA e COROA

As minhas escolhas desta semana em termos de Cara e Coroa recaem no “ressuscitar” do futebol jovem no Concelho do Sardoal e no abandono de umas instalações fabris.

Quanto à CARA, tiro o meu chapéu a todos aqueles que de uma forma desinteressada e alheios à crítica do maldizer (por parte de outros que nada querem fazer) tiveram o arrojo de relançar o futebol jovem no Sardoal. PARABÉNS! Continuem e não desistam!



Relativamente à COROA desta semana, vai por inteiro para o estado de abandono das instalações da ex-Sardan e ex-Sarplás, cujo proprietário, ao que julgo saber, é o Banco Millennium BCP.









Consultadas as Actas da Reunião da Assembleia Municipal de 27 de Abril de 2010 e do Executivo Municipal de 11 de Maio de 2010 consegue-se perceber que existe vontade da Câmara Municipal de Sardoal em adquirir as referidas instalações. Saúdo toda esta vontade, embora perceba que dificilmente tal possa ser possível uma vez que de um lado, está um Concelho pobre, do outro, um Banco rico e, pelo meio, alguns milhões de euros (3… 4… 5?).

Sendo limitadíssimas as disponibilidades financeiras da Autarquia Sardoalense para a aquisição de todas aquelas instalações (meio milhão já seria impensável, quanto mais 3… 4… ou 5…) e não se vislumbrando sinais de quem esteja interessado em voltar a dar vida industrial àquele espaço, gostaria de formular uma pergunta muito directa ao Presidente do Conselho de Administração do Millennium BCP, Dr. Carlos Jorge Santos Ferreira:

Entre o banco ser proprietário de um bem com um “valor” de 3… 4… ou mesmo 5… milhões de euros, que se desvaloriza diariamente de uma forma exponencial e cujo valor limite, a prazo (10 anos…? 15 anos…?) será o ZERO, o que será preferível?

Hipótese 1Ignorar a degradação continuada das instalações e esperar que algum industrial esteja disposto a ocupar aquelas instalações ressarcindo o Banco da dívida que ainda pende sobre as mesmas.

Hipótese 2 Agir no sentido de se minimizarem os prejuízos da dívida.

Se a conjuntura económica não favorece, a curto ou a médio prazo, o “reanimar” industrial daquelas instalações;

Se a Câmara Municipal de Sardoal não possui a disponibilidade financeira que o Banco exige para a sua alienação;

Se as patologias construtivas do edificado existente se agravam diariamente pelo abandono a que as instalações foram votadas (portas abertas, vidros partidos, cobertura a degradar-se, etc.) inviabilizando que dentro de algum tempo seja possível inverter o seu processo de degradação, com todos os prejuízos daí emergentes;

Se à luz do PDM do Sardoal o terreno onde as instalações se encontram implantadas é Industrial o que inviabiliza o seu uso para outras utilizações que o poderiam valorizar, caso se “arrasasse” o edificado (por exemplo: habitacional);

Será que a Hipótese 2 não fará todo o sentido?

No meu próximo artigo comprometo-me em apresentar uma proposta concreta que poderia ajudar a resolver o futuro das instalações da ex-Sardan, ex-Sarplás com claros benefícios para as duas entidades envolvidas em todo este processo: Concelho do Sardoal e Millennium BCP.

domingo, 7 de novembro de 2010

Responsabilidade Civil e Criminal

(Aldeia de Panascos - Alcaravela - Sardoal - Novembro 2010)

Responsabilidade civil e criminal

Quando os olhos de todos nós se postam no futuro e nas incertezas que ele nos reserva, a semana que agora terminou revelou sinais de esperança que deverão merecer a nossa atenção.

O primeiro sinal tivemo-lo quando Manuela Ferreira Leite, “despindo” as vestes de Deputada do PSD decidiu chamar à razão, quer o Governo, quer o Partido do poder, quer os Partidos da oposição, no qual se inclui o seu. Quando a discussão em torno da aprovação do Orçamento de Estado já roçava a anarquia, tão baixa era a prestação dos membros do governo e dos deputados, Manuel Ferreira Leite, qual mãe cansada de tanto aturar as traquinices dos seus filhos, puxou dos “galões” e distribuiu “bofetadas e puxões de orelhas” em doses de bom senso e sentido de Estado. E foi ver o silêncio a que se remeteram todos, sem excepção, para escutar as suas palavras. Até Teixeira dos Santos que depois de muito anuir com a cabeça a intervenção da Deputada do PSD foi obrigado a vergá-la tentando escondê-la da vergonha perante o puxão de orelhas que também lhe calhou em sorte (a sua intervenção momentos antes havia sido desastrosa, ao revelar publicamente os seus receios quanto à eficácia do próprio OE, culpando outros dos vícios que o mesmo apresenta). Mais do que a frase por si proferida: “MANDA QUEM PAGA!” é o sentido que a mesma encerra. Se o dinheiro que gastamos não é nosso, ou mostramos respeito por quem nos empresta e vivemos ou o denunciamos e vegetamos.

O segundo sinal foi a “resposta” que alguns deram após as “palavras sábias de MFL”. De entre eles destaco a intervenção do líder parlamentar da bancada do PS, Francisco de Assis, (figura por quem não nutria qualquer simpatia em matéria de intervenção política). A sua intervenção marcada por um sentido de Estado que há muito não se via na bancada do PS, revela que existem condições para que o PR possa convidar o PS e o PSD a formarem um governo de salvação nacional, uma vez que o prazo de validade de Sócrates e “sus muchachos” há muito expirou. Quem acredita na verdade proferida por um mentiroso compulsivo? Nem mesmo já dentro das “paredes do PS” o Sócratismo parece convencer (que o digam alguns socialistas que já não se escondem e já não temem o poder “excelso” de Sócrates). Quanto aos outros partidos com assento parlamentar, com alguma reserva do CDS, não vejo que revelem condições mínimas para que participem num projecto de salvação nacional, uma vez que a sua força reside essencialmente na demagogia da oportunidade que a instabilidade de uma sociedade sempre promove.

O terceiro sinal foi o pensamento de Pedro Passos Coelho quanto à necessidade da sociedade portuguesa poder acusar civil e criminalmente todos aqueles que contribuam para a queda de um País com quase 900 anos de história. O coro de vozes de indignação que tal pensamento gerou junto dos outros partidos é sinal claro de como estes senhores, só de ouvirem falar de responsabilidade vêm defender a sua inimputabilidade argumentando que o povo é o único que tem a legitimidade para os castigar ou premiar aquando das eleições. Só de ouvir estas “teses” me revolta o estômago. Pergunte-se a 100 portugueses se conhecem o nome dos deputados eleitos para o Parlamento pelo partido no qual votaram e dificilmente se encontrará um que conheça “tais senhores”. Porque é que muitos destes “senhores” recusam um sistema eleitoral onde a eleição gire em torno da pessoa e não de um Partido? Porque será?

Voltando ao pensamento de Passos Coelho, não posso estar mais de acordo apoiando-o incondicionalmente. Quem directa ou indirectamente lesar os interesses dos portugueses deverá ser acusado civil e criminalmente (SIM) e julgado por Tribunais onde não entrem os tentáculos do Poder e dos partidos (SIM).

São vários os exemplos onde as acusações deste tipo podem caber, desde o custo de um “capricho” ou teimosa de um qualquer governante, até ao uso do poder por parte de alguém em seu benefício próprio, passando por um “exército” de conselheiros que a troco de benesses são capazes de perverter a razão e a verdade.

Diariamente somos confrontados com alguns exemplos que todos conhecemos como principiam (polícia judiciária – inquérito - ministério público - etc), mas nunca sabemos como terminam. E não sabemos como terminam, porque simplesmente não terminam e prescrevem no tempo. Uns comem os figos e a outros (nós) rebenta-lhes a boca.

Não sei se os responsáveis pelo estudo económico-financeiro da construção do TGV poderão caber ou não no âmbito desta responsabilidade. A julgar pelas palavras de José Sócrates, os estudos revelam que o projecto é viável e aconselham a sua construção. Como não conheço o estudo, não me posso pronunciar, porém são muitas as reservas que o mesmo me suscita, uma vez que a Europa está cada vez mais próxima de nós, no que respeita a transporte de pessoas e bens e a um custo incomparavelmente inferior a um possível uso do TGV de Sócrates. (Já hoje, para quem queira efectuar uma viagem de avião Porto-Madrid poderá fazê-lo por um preço que até arrepia (um bilhete de avião na Ryanair entre Porto e Madrid custa 8,00 € + 5,00 € (check-in) + 4,00 € (taxa administrativa). Junte-se ao custo o tempo gasto e compare-se com o TGV de Sócrates). Será que os responsáveis pelos estudos económico-financeiros que aconselham a sua construção consideraram esta situação? Caso não a tenham considerado, será que não deverão ser acusados, civil e criminalmente, de lesarem os interesses do País, e "atirados" para o esconso de uma prisão?

E aquele governante depois de o ser vai servir quem ele regulou, colaborou e “ajudou” no exercício do seu poder?

Será que no meio deste lamaçal começa a emergir uma nova classe política que pretende “cortar” com um passado recente que a todos envergonha? Deus queira que sim, porque sem uma nova consciência não seremos capazes de vencer a dura batalha da sobrevivência que temos pela frente!

P.S. Em matéria de cara e coroa do meu Concelho escolhi para CARA a vista da Aldeia de Panascos obtida através da Serra de Alcaravela. Para COROA, um conjunto de fotografias que falam por si e que revelam o "estado" em que se encontra a encosta Sul da Vila de Sardoal.





domingo, 31 de outubro de 2010

A Nova Ordem


(Vila de Sardoal - Rua 5 de Outubro - 22/09/2010)

A NOVA ORDEM

Porque será que a contenda política envolvendo os nossos dois maiores partidos em torno do Orçamento de Estado para 2011 não nos surpreendeu?

Tantos eram os sinais evidenciados que não deixavam marcas para dúvida que o OE para 2011 iria ser aprovado com a abstenção do PSD! E se a esmagadora maioria dos portugueses sabiam, o que dizer dos “estrategas” desses dois partidos? Escrevi eu aqui, há algumas semanas:

“ Só vislumbro uma possibilidade real do Orçamento de Estado não ser aprovado, que é a do Governo apresentar uma proposta irrealista e irresponsável, mesmo tida como tal aos olhos da Comunidade Europeia. Porque me recuso a acreditar que tal cenário venha a acontecer (os portugueses não perdoariam ao PS), uma vez que o OE tenha a concordância e o aval da CE, ao PSD só lhe restará abster-se, propalando aos 4 ventos que não tem qualquer responsabilidade naquele Orçamento e que a sua atitude deverá ser entendida, uma vez mais, enquanto patriótica.

O PSD sabe que a actual situação recomenda, como alguém dizia, que se “faça de morto” e não tenho dúvidas que é o que acontecerá até Cavaco Silva, já no seu segundo mandato de PR poder dissolver o Parlamento e marcar eleições antecipadas lá para o Verão de 2011. E do mesmo modo que o PSD o sabe, também o PS não o desconhece, tudo fazendo para “reanimar” quem se quer passar por morto.”


Habituados a tantas vitórias estratégicas sobre os seus demais adversários, naquela que não deveria falhar, o Governo e o PS não conseguiram lograr os seus intentos. Bem tentaram vincular a posição do PSD perante um documento que ainda estava para ser redigido (como é que se lembraram desta? Nem ao diabo lembraria.) e depois dele redigido bem tentaram passar a ideia de que o PSD era irresponsável. E não o conseguiram porque a situação financeira do país é tão má que já não deixa margem para dúvidas, quer a eles, quer a quem pedimos dinheiro emprestado para sobreviver, quer às vítimas das suas incompetências e irresponsabilidades: NÓS.

Olhando um pouco para um futuro cada vez mais cinzento, não é muito difícil perceber que esses estrategas que nos últimos 5 anos nos (des)governaram (mas para quem a recessão não deverá fazer grande mossa, uma vez que, ao longo de todo este tempo, eles não se perderam, acautelando devidamente os seus futuros), tudo irão fazer para caucionarem os seus ganhos. Só que, como já pensam mais com a barriga do que com a cabeça, não é difícil de perceber que ninguém os levará a sério e o que nos revoltará é termos, ainda, de os aguentar durante mais oito longos meses. (Que falta nos fez, durante o passado mês de Agosto, um Jorge Sampaio,no Palácio de Belém!)

É inevitável que no próximo ano o fiel do poder se incline para o PSD e “caia” nas mãos de Passos Coelho o leme do governo. Não tenhamos quaisquer dúvidas que a mudança de governo não nos aliviará o garrote que o PS colocou no pescoço de todos nós (o deles não conta). Existem sinais que da crise financeira em que todos estamos mergulhados o Governo tudo tem feito para apenas mostrar a ponta do iceberg.

Para que todos possamos sair do atoleiro para o qual fomos atirados por "irmãos metralhas” e “metralhinhas” liderados por alguém cuja maior proeza foi concluir uma licenciatura num domingo (8 de Setembro de 1996) e numa universidade (?) que já não existe, só temos um caminho: uma NOVA ORDEM. Essa nova ordem, que deverá ser capaz de premiar a responsabilidade e a competência deverá ser a mesma que deverá ser capaz de punir todos aqueles que a possam comprometer desde o laxismo até à arrogância de quem é detentor do poder.

Mostrem-me que o meu País já não é entregue a gente que a única mais valia (?) que têm é possuírem um cartão de um partido, que ao nível da folha de pagamentos do patrão estado ninguém aufere um ordenado superior ao do Presidente da República, que ninguém tem “mordomias” acrescidas sem as merecer legitimamente, que a Justiça se torna imune ao poder político, que seremos capazes de assumirmos os nossos compromissos fiscais e financeiros e eu serei capaz de aceitar os sacrifícios que o meu País me pede.

Esta é a NOVA ORDEM pela qual todos estamos à espera. Será o PSD capaz de a implantar? Eu quero acreditar que sim, caso contrário, o papão do FMI tomará o seu lugar.


P.S. A Feira da Fossa

Esta semana realizou-se, uma vez mais, na Vila de Sardoal, a Feira da Fossa. Embora não seja um grande entusiasta deste tipo de feiras, sou capaz de as aceitar, apenas e só, numa lógica de uma vivência de tempos passados por parte de uma camada etária da população. A vertente económica que carregavam consigo, em muitos dos artigos comercializados, já pertencem ao passado, já para não falar da concorrência desleal que promovem com o comércio instalado, e legal, onde os impostos cobrados pelo Estado se reflectem no preço dos produtos comercializados (isto é outra história sobre a qual não gostaria de me alongar).

Continuo sem perceber a razão que sustenta a Autarquia Sardoalense a autorizar que as bancas dos feirantes sejam colocadas nas ruas principais da Vila: Praça da República, Avenida Luis de Camões e Rua 5 de Outubro (início).
- Será que não existem outras vias ou locais onde a feira se instale sem que seja comprometida a segurança e a imagem do próprio Concelho?
- O que pensará quem nos visita e pretenda entrar pela porta principal da Câmara Municipal de Sardoal, e até entrar no edifício, ser obrigado a contornar as bancas dos feirantes e ser convidado a comprar uma dúzia de meias e meia dúzia de cuecas por 5 euros? E se esse visitante tem o "azar" de entrar nos Serviços de obras Particulares, o que sentirá ao ver uma banca encostada ao peitorial da janela atestada de roupa interior de senhora, ouvir os pregões da vendedora e assistir ao seu negócio?
- Alguém consegue imaginar o tormento porque passará alguém com necessidade de auxílio médico e que tenha de passar pelo labirinto das bancas? (A ser transportada pelos bombeiros só de maca, uma vez que as únicas ambulâncias que podem por ali passar são as de brinquedo.)

Acabe-se, de uma vez por todas, com a colocação de bancas nas ruas principais da Vila de Sardoal. O que está em causa não é só a imagem e segurança. A propósito de imagem, porque será que aos feirantes não é exigido o dever de deixarem o local que ocuparam do mesmo modo que o encontraram? Porque é que deixam sempre um rasto de "toneladas" de lixo, plásticos e cartões? Se há coisas que não compreendo, esta é uma delas.

Quem manda na minha casa sou eu e as regras sou eu quem as define!


(A Avenida Luis de Camões, em Sardoal, na manhã seguinte após a Feira da Fossa à espera de ser limpa pelos funcionários de limpeza da Câmara Municipal)

domingo, 24 de outubro de 2010

A vigarice


(Edifício da Câmara Municipal - 24/10/2010 (39º32´04,39"N e 8º09´40,28"O)


(Centro Cultural - 24/10/2010 (39º32´18,72"N e 8º09´40,55"O)

A Vigarice

«Este Orçamento é uma vigarice e os seus autores mereciam ser presos»

O “desabafo” produzido esta semana por Manuela Ferreira Leite provocou em mim um impacto superior àquele que decorre do esgrimir das posições partidárias sobre o tema de momento no panorama político nacional.
Mais do que a aprovação do Orçamento de estado para 2011 (está mais que aprovado, com os votos favoráveis do PS, abstenção do PSD e votos contra dos restantes partidos com assento parlamentar), o que a todos nos deverá preocupar é com o nosso futuro para além de 31 de Dezembro de 2011. O que nos reservará o ano de 2012? E o ano de 2013? E os anos que se seguem?

Continuamos a não lidar muito bem com o amanhã. Importante é o hoje, porque o amanhã ainda é muito longe. Será?

Sempre que a verdade nos pode vir a magoar, tudo fazemos para a ignorar. O pior é que existem realidades às quais não temos como escapar. Por mais que queiramos abstrair-nos da relação causa/efeito de certos actos ou decisões, não há como fugir.
Quando os nossos políticos precisam do nosso voto, MENTEM descaradamente prometendo-nos o impossível. Quando obtêm o poder, continuam a mentir para poderem “validar” as mentiras anteriores e nunca são responsáveis pelos seus erros, fracassos ou insucessos. Para eles apenas está reservado a face da moeda, dado que a coroa a outros pertence.


Tudo isto faz-me dar um salto de cinco anos no tempo, quando “ousei” candidatar-me à presidência da Câmara Municipal do Sardoal. Olhando para trás, não tenho dúvida que a filosofia por mim adoptada não poderia produzir outros resultados que aqueles que obtive. Contrariamente à tese dominante, disse aos meus eleitores o que eles deveriam ouvir e não aquilo que gostariam de ouvir. Mesmo justificando as minhas teses, segundo as quais os cofres da Autarquia encontrando-se vazios, não era possível prometer grande coisa para além da necessidade imperiosa de se “arrumar a casa” e devolver a capacidade de sonhar aos sardoalenses, há muito perdida pela esmagadora maioria deles, foi insuficiente para ter merecido a sua confiança. A publicação dos resultados financeiros da Autarquia entre 2002 e 2004 no meu programa eleitoral, que a muitos pareceu estranho, incluindo quem me apoiava, não era mais que a demonstração da tese que defendia sobre o esvaziamento dos cofres. Sem receitas próprias dignas de registo e com as transferências do Orçamento do Estado a serem insuficientes para cobrirem os encargos obrigatórios com os empréstimos bancários obtidos e com o pessoal, e em paralelo haver a necessidade de se investir nas actividades normais de funcionamento da autarquia e eliminar uma elevada dívida de curto prazo, o que é que, em consciência era possível apresentar ao meu eleitorado para me conceder o seu voto? Recordo a minha preocupação quando me deparei com o facto de, para estabilizar as contas da Autarquia e cumprindo com as Despesas obrigatórias com a Banca e com o Pessoal, mesmo que fechasse as portas da Câmara, mandasse todo o pessoal para casa, nada investisse e obtivesse as outras receitas normais, para além das transferências da Administração Central, um ano não me chegava. “Sem ovos não se fazem omeletas”.

Agora, cinco anos depois, olhando de novo para as contas de gerência dos últimos anos (disponibilizadas no site da Autarquia), para as mais valias que o Concelho obteve ao longo deste tempo e para a nova realidade que vivemos, com o estrangulamento que aí vem nas transferências do Orçamento de Estado para as Autarquias Locais, não posso deixar de pensar, quão certo estava nas minhas apreciações.

Será que é assim tão difícil perceber sobre quem recairão os efeitos de todas as irresponsabilidades adoptadas na hora da caçada ao voto?

Regressando ao tema de momento e num tempo que todos somos questionados sobre o que fazer para que possamos tornar menos cinzento o futuro do nosso País, ao qual estamos umbilicalmente ligados, penso que a solução está na capacidade de podermos voltar a sonhar. Tomarmos o futuro enquanto um campo onde podemos buscar peças que edifiquem os nossos sonhos. Será que o que separa o português que no estrangeiro é reconhecido pela sua capacidade invulgar de trabalho, do português comum que no seu País apenas se preocupa com o presente (o amanhã é longe demais) não é o sonho que os alimentam? Uns têm-no, outros não.

Junte-se ao sonho, a capacidade de assumirmos compromissos e responsabilidades numa lógica onde os nossos direitos e os nossos deveres se equilibram, e não tenho qualquer espécie de dúvida que Portugal será capaz de sair do pântano para onde alguns irresponsáveis nos têm atirado.

Tal como eu, existem cada vez mais portugueses que percebem bem a dimensão das palavras proferidas pela Dr.ª Manuela Ferreira Leite. Em cada dia que passa, os portugueses vão-se cansando, cada vez mais, de tanta mentira e irresponsabilidade. BASTA!


P.S. A partir de hoje vou passar a publicar algumas imagens actualizadas sobre o Concelho do Sardoal. Serão imagens que pretenderão mostrar a quem visita este “cantinho”, e que não conhece este pedaço de terra, o seu lado agradável e o seu lado menos agradável. Serão imagens que iniciarão e concluirão os meus artigos e para as quais estarei receptivo a receber propostas de publicação através de: fjs.morais@sapo.pt.

Existe um motivo muito forte para a publicação de tais imagens. Ele prende-se com o conhecimento que tenho quanto ao facto deste blog ser visitado em alguns Países, possivelmente por pessoas que não sabem onde fica o Sardoal. Para se ter uma ideia do que afirmo, o último artigo que aqui publiquei (“Tão claro como a água”), os 10 Países com maior número de visitas, incluindo Portugal, foram: Rússia, Brasil, Moçambique, Austrália, Reino Unido, Espanha, Irão, Itália e Estados Unidos. Considerando o acumulado total do último mês, os 10 Países com maior número de visitas, incluindo Portugal, foram: Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Ucrânia, Rússia, Estados Unidos, Brasil, Malta, Moçambique e França. Se a estes juntar, África do Sul, Canadá, Suíça, Alemanha, Holanda, Noruega e outros, convenhamos que o “Três Bicas” pode fazer um papel de embaixador do Concelho que o abriga. E porque nem tudo na vida é agradável, se no início do artigo a imagem representará a cara, para o fim será reservada a imagem menos agradável, representando a coroa.

Hoje fico-me apenas com a CARA.

sábado, 16 de outubro de 2010

Tão claro como a água

Retomo o artigo anterior («Tão “cloro” como a água») na parte em que eu analiso a desconfiança que me transmite a qualidade da água que corre nas torneiras da minha casa, que me leva a recusar bebê-la, usando-a apenas para a confecção de alguns alimentos, banhos, limpezas e sanitários. De acordo com o meu pensamento a informação contida nos editais publicitados é de tal modo imprecisa que não pode reflectir de modo algum, a verdadeira qualidade da água que corre nas minhas torneira. Não querendo arriscar, compro água engarrafada.

– Últimas análises divulgadas no “site” da Câmara Municipal de Sardoal reportam-se ao 2º Trimestre de 2010.






1ª Pergunta: Sabendo-se que cada amostra de água se encontra perfeitamente identificada quanto ao seu local, data de recolha e resultados obtidos, porque é que essa informação não é disponibilizada no “site” da Câmara Municipal?

2ª Pergunta: Quando no Concelho do Sardoal existem vários sistemas independentes de distribuição de água (onde por vezes se misturam águas de diferentes origens e as condutas se misturam entre o novo e o antigo) a que se juntam cerca de 15 (?) depósitos ou reservatórios e os resultados fornecidos são globais, como posso saber se as análises que não cumprem a legislação se reportam sobre amostras colhidas no sistema de distribuição pública que abastece a minha casa?

Atentemos no que diz o Decreto-lei 306/2007, de 27 de Agosto, que estabelece o regime da qualidade da água destinada ao consumo humano, nomeadamente, o seu artigo 17º (Divulgação dos dados da qualidade da água):
1 — As entidades gestoras em baixa devem publicitar, trimestralmente, por meio de editais afixados nos lugares próprios ou na imprensa regional, no prazo máximo de dois meses após o trimestre a que dizem respeito, os resultados analíticos obtidos na implementação do PCQA,
sem prejuízo da divulgação adicional por outros formatos, designadamente, no seus sítios na Internet, por correio ou nos boletins municipais.
2 — Os editais devem permanecer afixados até à sua substituição pelos editais seguintes e ser enviados à autoridade de saúde.
3 — As entidades gestoras em baixa que actuem por delegação ou concessão devem publicitar na imprensa regional os dados trimestrais da qualidade da água ou, em alternativa, fornecê-los aos respectivos municípios, para que estes procedam à sua publicitação por edital.
4 — As entidades gestoras em alta devem fazer prova, trimestralmente, junto das entidades gestoras em baixa, dos resultados analíticos obtidos na implementação do PCQA, por ponto de entrega, num prazo máximo de dois meses após o trimestre a que dizem respeito.
5 — Da informação referida nos números anteriores deve constar, no mínimo, por parâmetro:
a) O número de análises previstas no PCQA;
b) A percentagem de análises realizadas;
c) O valor paramétrico;
d) Os valores, máximo e mínimo, obtidos;
e) A percentagem de análises que cumprem a legislação;
f) A informação complementar relativa às causas dos incumprimentos e às medidas correctivas implementadas.
6 — A entidade gestora deve disponibilizar a informação relativa a cada zona de abastecimento, quando solicitada.
7 — As entidades gestoras de sistemas de abastecimento particular devem publicitar trimestralmente nas suas instalações os resultados da verificação da conformidade da qualidade da água distribuída e enviá-los à respectiva autoridade de saúde.


Poder-se-á perguntar então se a informação disponibilizada cumpre ou não com o disposto. A resposta é simples: CUMPRE!

Mas será que diante tantas variáveis que estão em jogo, a disponibilização dos resultados “por grosso” descritas nos editais conferem ao consumidor um conhecimento real sobre a verdadeira qualidade da água que consomem? E a resposta também é simples: NÃO!

Através de uma busca aos sítios da internet dos municípios vizinhos (Abrantes, Mação e Vila de Rei), deu para perceber que a forma como são disponibilizados ao público os resultados das análises efectuadas à água não é a mesma nos quatro Concelhos. Com excepção da divulgação feita no “site” da Câmara Municipal de Abrantes, que considero muito boa (apenas um reparo, porque é que a identificação do local onde a amostra de água é colhida se refere à casa do senhor Fulano de Tal em vez do número de polícia respectivo?) as análises divulgadas pelos outros dois Municípios também não traduzem com fiabilidade a verdadeira qualidade da água pública distribuída.

- Atente-se na forma como são divulgados, pela Autarquia de Ílhavo, os resultados das análises efectuadas á água domiciliária distribuída no Concelho.









Se a legislação é a mesma e as análises exigidas são as mesmas, porque é que a forma adoptada pelo Autarquia de Ílhavo em divulgar os resultados laboratoriais obtidos à água de abastecimento domiciliário, não é adoptada, também, pelas outras Autarquias? No meu caso particular (Sardoal), até já existe um local específico onde tal informação poderia ser consultada (www.cm-sardoal.pt – serviços municipais – águas – análises) haja apenas vontade e um pouco mais de trabalho na criação da “página” e sua actualização.

P.S. Depois de ouvir o Ministro das Finanças e de dar uma olhadela ao relatório do Orçamento de Estado para o ano de 2011 (www.gov.pt/) porque é que continuo a não acreditar em quem nos governa? Se já cansa ouvir quem nos governa, o que dizer quando para além de os ouvirmos também sentimos a nossa impotência diante da dura realidade em que vivemos: Eles comem os figos e é a nós que nos rebenta a boca.

Este Orçamento vai passar na A.R. com os votos favoráveis dos deputados do PS, a abstenção dos deputados do PSD e os votos contra dos restantes deputados. Alguém duvida?

Alguém duvida que no próximo ano lá voltamos nós às urnas para escolhermos outros iguais a estes e, patinhos como antes, vamos acreditar nas suas promessas e tudo volta ao princípio?

Hoje tiram-nos o pão do bolso, amanhã da boca e assim nos matam à fome. Ainda que sobrevivam mais tempo que nós, sem o nosso pão, também morrerão.

O que é preciso para que os nossos tribunais julguem e punam exemplarmente o lado negro dos partidos que corrói os alicerces da nossa democracia?

SE OS PARTIDOS POLÍTICOS SÃO UM MAL NECESSÁRIO, QUE SE EXTERMINEM OS PARASITAS E AS INCOMPETÊNCIAS QUE SE ACOITAM À SUA SOMBRA!

domingo, 10 de outubro de 2010

Tão "cloro" como a água

Uma reportagem da SIC, esta semana, veio agitar as águas lá para as bandas da ERSAR (Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos). Com o apoio técnico da QUERCUS foi divulgada uma reportagem ("Desta água beberei?") que provou não ser de tão boa qualidade a água que corre nas nossas torneiras, especialmente no que diz respeito ao deficiente uso do cloro no seu tratamento.

Diante de tamanha evidência, veio de seguida a ERSAR, através de um comunicado de imprensa, desvalorizar os resultados obtidos durante a reportagem, uma vez que ”…o estudo focalizou-se em locais potencialmente mais problemáticos, aliás baseado nos nossos dados… que o Relatório da ERSAR abrangeu todo o País sem excepção… que importa ainda esclarecer devidamente os consumidores de algumas deficiências de base do Estudo SIC/Expresso/Quercus: Ao contrário do afirmado, uma consulta à Directiva Europeia e à legislação nacional permitiria constatar que não são fixados valores limite para o desinfectante residual… que Portugal, na mais recente revisão da legislação, entendeu seguir a recomendação da Organização Mundial da Saúde relativa aos níveis de cloro residual livre (0,2 a 0,6 mg/l), sublinhando-se que é apenas uma recomendação, não constituindo incumprimento a ocorrência de valores fora do intervalo…etc…”

Quem tem razão? A Reportagem SIC/Expresso/Quercus que dá conta da deficiente qualidade da água que bebemos ou a ERSAR que nos seus relatórios não se cansa de elogiar os resultados obtidos e fornecidos pelas inúmeras entidades distribuidoras (Municípios e outras)?

Vamos a factos:

Pergunta: Quais as vantagens e desvantagens do uso do cloro no tratamento da água para consumo humano?

Resposta: O cloro é um desinfectante altamente eficiente utilizado nos abastecimentos públicos de água para atenuar e eliminar as cargas microbiológicas presentes na água e desse modo impedir o desenvolvimento de doenças causadas por bactérias que possam existir na água ou nas paredes interiores da tubagem. Se a sua presença nas redes públicas de abastecimento de água é capaz de eliminar e prevenir doenças tão críticas como a cólera ou outras, uma elevada concentração do mesmo na água poderá originar doenças tão diversas que podem ir desde a asma a eczemas, passando pelo cancro do fígado, da bexiga e doenças coronárias.

Pergunta: É possível substituir o cloro no tratamento da água?

Resposta: Independentemente de haver outras alternativas que poderiam ser utilizadas na desinfecção da água para consumo humano (gás ozono e raios ultravioleta) os seus custos sendo incomensuravelmente superiores, fazem do cloro um elemento imprescindível para o tratamento da água para consumo humano.

Pergunta: Como é que eu posso saber se a água da rede pública que sai na minha torneira não me provoca qualquer mal à minha saúde?

Resposta: Não sei. Em matéria de desinfecção tudo depende da concentração de cloro residual livre que apresente: se for inexistente ou muito baixa posso estar sujeito a uma diarreia, se for muito elevada o seu consumo continuado pode-me provocar doenças muito graves.

Pergunta: Que obrigações têm as entidades de distribuição da água diante dos seus consumidores?

Resposta: Existem directivas comunitárias que obrigam a adopção de medidas que garantam a qualidade da água e o seu conhecimento público. De entre as medidas ressalto a necessidade de se publicitarem, trimestralmente, no caso de água fornecida a partir de uma rede de distribuição, por meio de editais afixados nos lugares próprios ou por publicação na imprensa regional, os resultados obtidos nas análises de demonstração de conformidade, acompanhados de elementos informativos que permitam avaliar do grau de cumprimento das normas de qualidade previstos. Em matéria de desinfecção, sempre que a desinfecção faça parte do esquema de tratamento da água para consumo humano, compete à entidade gestora assegurar a respectiva eficácia e garantir, sem comprometer a desinfecção, que a contaminação por subprodutos da mesma seja mantida a um nível tão baixo quanto possível e não ponha em causa a sua qualidade para consumo humano.

Pergunta: Posso confiar nos resultados das análises à água que corre na minha própria casa e que trimestralmente são publicitados pela entidade gestora (Município do Sardoal)?

Resposta: Não.

Pergunta: Que razões poderão então estar na base da minha desconfiança sobre a sua qualidade quando no site da ERSAR se pode ver que, desde 2006 são efectuadas todas as análises regulamentares à qualidade da água e que em apenas 5% delas se detectou desconformidade em relação ao incumprimento de alguns valores definidos na legislação em vigor?

Resposta: A informação contida nos editais publicitados é tal modo vaga e imprecisa que não reflecte de modo algum a verdadeira qualidade da água que corre nas minhas torneiras.

Pergunta: Porquê?

Resposta: Sabendo-se que existem 15 (?) depósitos disseminados por todo o Concelho, que são vários os sistemas públicos de distribuição, que são várias as origens da água tratada (subterrânea e de superfície), que dentro do mesmo sistema de distribuição se misturam tubagens novas com tubagens antigas, será que o número de amostras colhidas, analisadas e publicitadas são suficientes? No ano de 2008 que a ERSAR refere que 95,54% das análises efectuadas à água cumpriam com a legislação em vigor, podemos ver que das 90 amostras colhidas, os níveis de cloro residual se colocaram entre menos de 0,05 mg/l e 1,9 mg/l (para os tais 0,2 e os 0,6 mg/litro adoptados pela ERSAR e OMS) e onde nada se sabe quanto aos locais onde as amostras foram colhidas e em que data tal ocorreram. Será que nos editais que publicitam os resultados das análises efectuadas à qualidade da água distribuída não deveria figurar o local onde as amostras foram colhidas bem como o seu dia de recolha? (Que tal uma visita ao site da Câmara Municipal de Ílhavo, onde a informação prestada inclui todos os pontos de recolha das amostras, a data da colheita e os resultados? Que diferença!)

Muito mais poderia ser dito sobre quem tem razão sobre a qualidade da água que bebemos, se a reportagem da SIC/Expresso/Quercus se a ERSAR. A ERSAR não tem razão nesta disputa, ao afirmar que 98% da água distribuída em Portugal é de boa qualidade. Apenas divulga os resultados fornecidos pelas entidades gestoras dos sistemas. Quanto às inspecções que diz que faz, será que são assim tão isentas sobre as quais poderemos confiar?

Já agora…

- Porque é que quando existem reuniões dos Executivos Municipais, Assembleias Municipais, Concelhos de Ministros e toda a espécie de reuniões, se distribui água engarrafada?
- Será que é só por comodidade e medidas de higiene?
- Se a água que corre nas nossas torneiras é assim tão boa, a sua utilização em tais reuniões não seria uma medida de poupança do governo, uma vez que o litro da água engarrafada comercializada se encontra ao preço da gasolina super?


Conclusão: ÁGUA DA TORNEIRA É BOA PARA TOMAR BANHO, POR VEZES SERVE PARA CONFECCIONAR E RARAMENTE PRESTA PARA BEBER.


P.S. Continua o jogo em torno do Orçamento de Estado para o ano de 2011. Todos querem jogar sem ir a jogo. O bluff e as cartas marcadas dominam a partida. Pena é que em vez de fichas são os nossos destinos que estão em cima da mesa de poker.

O anedotário político vai engrossando dia a dia:

- O presidente do PS (Almeida Santos) considera que o esforço pedido pelo Executivo com novas medidas de austeridade "não são sacrifícios incomportáveis" e que "o povo tem que sofrer as crises como o Governo as sofre". (29 de Setembro de 2010). - Coitado do PS! Se o governo lhe está a infligir um grande sofrimento, por mim está dispensado. Dê o lugar a outros!

- Um deputado socialista, que aufere cerca de 3700 euros mensais, reagiu assim ao corte de 5% que será aplicado de forma progressiva na Função Pública a quem recebe mais de 1500 euros. "Tenho 60 euros de ajudas de custos por dia. Temos de pagar viagens, alojamento e comer fora. Acha que dá para tudo? Não dá", referiu Ricardo Gonçalves para argumentar a sugestão que fez de a Assembleia da República abrir a cantina à hora do jantar. O socialista Ricardo Gonçalves admite que lançou um repto irónico aos colegas de bancada, mas afirma que o assunto é sério, e que a classe política também é muito atingida pelas medidas de austeridade. "Estamos todos a apertar o cinto, e os deputados são de longe os mais atingidos na carteira". Coitados dos deputados! - Por mim, enquanto português, estão dispensados de assentar os seus “reais rabinhos” na Assembleia da República” e dêem os seus lugares a outros. (E que tal uma leitura atenta ao Diário da República nº 28 - I série- datado de 10 de Fevereiro de 2010 - RESOLUÇÃO da Assembleia da República nº 11/2010, que trata o Orçamento da Assembleia da República para o ano de 2010? Eram só (!!!) 100 Milhões de Euros. Se a isto somarmos as subvenções aos Partidos com assento na A.R. e as subvenções pelas campanhas eleitorais, o número eleva-se até aos 191 Milhões de Euros. Pouca coisa para tão grande trabalho!)

domingo, 3 de outubro de 2010

Pensamentos

Pensamento 1: Em 24 de Setembro de 2009, antes das eleições legislativas, escrevia aqui, no “Três Bicas”:

«… Eu, tal como a esmagadora maioria dos portugueses, quero que quem me governe possa responder às minhas perguntas:

- Porque é que eu quando vivi em espaço de guerra, aquando da guerra colonial, me sentia mais em segurança que hoje, entre os meus e no meu próprio País?
- Porque é que eu continuo a ver o dinheiro dos meus impostos ser esbanjado em submarinos, em projectos de aeroportos e comboios de alta velocidade, para pagarem subsídios de integração a quem não se quer integrar e “alimentar” um conjunto enorme de pessoas que vive à custa de ideologias que gostariam que outros seguissem, qual esquema de ganhos em pirâmide?
- Porque é que existem portugueses que ainda muito antes do nascer do Sol vão ganhando vez à porta dos centros de saúde, para que lhes seja passada, por um médico, uma receita para dar continuidade ao tratamento de uma doença que os afecta ou afecta algum dos seus familiares? E se tem o “azar” de se atrasar, porque existem limites no número de actos a passar pelo médico, ou este por ventura falte, no dia seguinte lá se volta outra vez para a fila. Porquê?
- Porque é que quando alguns “poderosos” decidem errar, os tribunais que os vão julgar param no tempo? E se o erro envolve uma eventual violação de menores, porque será que essa paragem no tempo dá tempo a essas próprias crianças poderem estudar, formarem-se em direito e tornarem-se os juízes que vão julgar, finalmente, todos aqueles que atentaram contra a sua honra?
- Porque é que a nossa agricultura se encontra de “rastos” e conhecemos por estes dias um relatório da Comunidade Europeia o qual dava conta que Portugal foi o país da Comunidade que menos aproveitou os fundos destinados à agricultura (64 milhões de Euros?
- Porque é que Portugal é dos países que mais legisla? Quanto custam aos cofres do Estado as leis que, todos os dias, são feitas por batalhões de juristas pertencentes a Gabinetes de Advogados particulares?
- Porque é que o Director do Banco de Portugal, ao tempo, auferia um vencimento superior ao Director do Tesouro Norte-americano?
- Porque é que eu sinto serem cada vez mais escassas as probabilidades de eu, aos 70 anos, poder receber uma reforma que me permita encarar o fim dos meus dias com a dignidade que qualquer ser humano merece?
- Porquê?...
Acho que vou começando a ganhar consciência do que fazer do meu voto no próximo domingo!...»


Pensamento 2: Mais tarde, quando se revelou que os números do défice eram substancialmente superiores àqueles que o governo tinha utilizado na campanha eleitoral, porque a ânsia do poder assim exigia, em 22 de Novembro de 2009, escrevia eu aqui no “Três Bicas”:

«… A MINHA VAIA DA SEMANA: A forma como o Ministro das Finanças do governo anterior projectou em finais de Janeiro a projecção do défice a que Portugal chegaria no fim do ano de 2009 (por volta dos 3%) justificando que tal se deveria ao facto de se projectar um forte investimento do governo no apoio às empresas para fazer face ao elevado índice de desemprego verificado. O mesmo Ministro das Finanças, agora no novo governo, vem projectar esse mesmo défice em cerca de 8% (?), alguns meses depois, sem quaisquer resultados práticos no desemprego (e de que maneira subiu!) e sem perspectivas lógicas de inversão (será que a conjuntura económica mundial é a única culpada de tais desastrosos resultados?), ao mesmo tempo que é mantida a vontade de se investirem milhões (que não temos e precisamos pedir emprestado ao estrangeiro) para se construírem linhas de TGV e novos aeroportos, já para não falar da rocambolesca “novela do BPN”, deixa-me profundamente preocupado sobre o meu e o futuro de todos nós.
Alguém é capaz de duvidar que não estamos às portas de novos impostos e aumento dos existentes já para o início do próximo ano?
Com excepção dos políticos que nos governam (fazendo fé nas informações que os Media relatam diariamente, nunca tais figuras viveram tão bem), está a ser está cada vez mais difícil viver em Portugal!!!...»


Pensamento 3: Em 27 de Dezembro de 2009, voltava a escrever:

«…É cada vez mais nebuloso o futuro da minha comunidade e do meu País.
Os “sinais” que temos vindo a receber ano após ano, e em particular durante o ano que agora termina, são claros e inequívocos: aqueles que nós incumbimos de nos mostrarem o caminho que deveremos trilhar têm-nos conduzido para um precipício impossível de evitar. Esta “condução” é de tal forma brutal e ultrajante que nos enfeitiça quais cordeiros a caminho do matadouro. Todos o sabemos, incluindo eles próprios, e nada fazemos para evitar este “suicídio colectivo”…»


Pensamento 4: Em 16 de Maio de 2010, antes do PEC 2, escrevia:

«… Há meses que os portugueses têm sido “entretidos” com um cardápio de mentiras e falsas promessas. Existe alguém que se encarrega a si próprio de as criar e a outros de as transformar em verdades, depois de tanto as repetirem. Basta!
Quando um povo deixa de acreditar em quem o governa, só existe um caminho: substitui-se o governante porque não é possível substituir-se o Povo. Ninguém acredita na verdade de um mentiroso.
Porque o prazo de validade de José Sócrates enquanto PM chegou ao fim, está na hora de haver mudanças no nosso Governo. Que não haja lugar a eleições antecipadas, que o PS convide Teixeira dos Santos a assumir a pasta de PM e que este se veja livre de algumas “caricaturas” governamentais…»


Pensamento 5: Em 6 de Junho, depois do PEC 2, escrevia:

«…José Sócrates, enquanto P.M., garantiu na passada 6ª feira na Assembleia da República que não haverá aumento dos impostos até 2012.
Porque será que diante desta promessa todos os Portugueses se riram, para logo de seguida começarem a chorar?...»


Depois de recordar estes meus pensamentos e após ouvir as novas medidas de austeridade propostas por Teixeira dos Santos (se alguém tinha dúvidas, o desmentido em directo ao Primeiro Ministro sobre o tempo em que decorreriam as reduções na massa salarial dos funcionários públicos, foi suficiente para perceber que em matéria de finanças é T.S. quem manda) e as justificações dadas pelo “actor principal”, quer na conferência de imprensa dada no dia 29 de Setembro, quer no dia seguinte durante o debate quinzenal na Assembleia da República, porque é que eu não acredito que ainda não é desta que vamos superar a crise?

Os dramaturgos que têm dirigido a prestação do actor principal são realmente muito bons. Senão, vejamos:

1º À data das eleições legislativas, a troco do “interesse partidário” conseguiram camuflar tão bem os números do défice que ninguém teve argumentos válidos para os contestar. (Bem se esforçou Manuela Ferreira Leite!)

2º Após ganhas as eleições começaram a divulgar aos poucos tais números, para que o número final de 9,2 não criasse tanto “barulho”.

3º Identificado o número mágico, perante a pressão dos mercados internacionais e a possibilidade do Presidente da República comprometer os “interesses instalados” derivados das eleições de Setembro, nada como partilhar o odioso com o adversário mais directo. A troco do chamado “interesse nacional” e sob juramentos envenenados pariram o PEC 2. Muito fraquinho não vá o diabo tecê-las e o mesmo ficar comprometido.

4º Até ao dia em que o PR poderia dissolver o Parlamento e marcar novas eleições legislativas, mandaram o “actor principal” cantar loas ao estado do País. Enquanto os outros viviam com problemas sociais e económicos, nós já os havíamos deixado para trás. O desemprego embora subindo, descia. A economia embora descendo, subia.

5º Passado o prazo de validade do acto presidencial e porque o garrote já sufocava, nada como arranjar, de novo, parceiros para partilhar o peso da desgraça. Com uma precisão cirúrgica, marca-se uma reunião que só será secreta se não for favorável, cria-se a confusão, o actor principal sai de cena deixando a outros actores secundários o papel de desenharem o clima do drama e o seu regresso faz-se quando a confusão já reina.

6º Criado o clima tudo pode ser feito, porque a inimputabilidade do artista jaz na representação do papel que tem de desempenhar. E assim, presta-se a nascer o PEC3 a que se seguirá, por certo novos argumentos à nascença do PEC4 e por aí adiante.


Diante tudo isto há que reconhecer a enorme capacidade dos dramaturgos que têm desenhado o drama social e económico para o qual todos estamos a ser atirados. Todos? Não!!! Os actores são intocáveis. A sua inimputabilidade protege-os de serem responsabilizados criminalmente pelas desgraças que provocam junto do público para o qual actuam. Até quando? (Na sequência da tragédia financeira que invadiu recentemente a Islândia, o primeiro-ministro vai sentar-se no banco dos réus. Olha se a moda pega!)

Se ainda há quem queira saber o que correu mal nos últimos 4 meses após a aprovação do PEC 2, julgo que o que acabo de escrever esclarece a dúvida. Olhando para a sequência das cenas do drama, nada correu mal. Tudo correu bem. Muito bem, por sinal. Mesmo que dentro de algum tempo possamos saber as verdadeiras razões que “obrigaram” os Fundos de Pensões do Grupo PT a passarem para o domínio do estado (pagos os 2 submarinos ainda sobra muito dinheiro), nada como um bom enredo para justificar que sem o dinheiro que sobrou dos submarinos, os 7,3% seriam impossíveis de atingir, mesmo que, para tal, se utilizasse o 13º mês dos funcionários e o aumento do IVA para os 23%.

Com os Fundos de Pensão da PT, os novos cortes nas despesas e os novos aumentos de impostos, são duas as opções que estão em cima da mesa: ou existem buracos que se desconhecem (BPN e outros) que urge tapar, ou alguém pretende fazer uns "floriados" baixando os 7,3% previstos para alemão pasmar. Dentro de alguns meses saberemos.

A propósito dos Fundos de Pensão da PT, alguém consegue imaginar o que seria se os espanhóis da Telefónica, após a Golden Share apresentada pelo Governo Português, tivessem abandonado a ideia de adquirirem a participação que a PT detinha na Vivo brasileira?

Apague-se a luz, e feche-se a cortina do palco! Já chega de tanto drama!