domingo, 14 de novembro de 2010

Para Meditar

Para todos aqueles que de alguma forma têm acompanhado o caminhar de um País num trapézio sem rede, convido-os a lerem e meditarem nas palavras sábias de alguém que nunca conheci (Adrian Rogers) e de alguém que partilhou comigo, enquanto menino, também o seu espaço de menino (Mia Couto).

Pensamento 1

"É impossível levar o pobre à prosperidade através de legislações que punem os ricos pela prosperidade.
Por cada pessoa que recebe sem trabalhar, outra pessoa deve trabalhar sem receber.
O governo não pode dar para alguém aquilo que não tira de outro alguém.
Quando metade da população entende a idéia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação.
É impossível multiplicar riqueza dividindo-a."
(Adrian Rogers, Pastor Americano, 1984)



Pensamento 2

A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos.
Mas ricos sem riqueza.
Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados.
Rico é quem possui meios de produção.
Rico é quem gera dinheiro e dá emprego.
Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro. ou que pensa que tem.
Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele.
A verdade é esta: são demasiados pobres os nossos "ricos".
Aquilo que têm, não detêm.
Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros.
É produto de roubo e de negociatas.
Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram.
Vivem na obsessão de poderem ser roubados.
Necessitavam de forças policiais à altura.
Mas forças policiais à altura acabariam por lançá-los a eles próprios na cadeia.
Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade.
Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem (...)
(Mia Couto, Escritor Moçambicano, 2009)



CARA e COROA

As minhas escolhas desta semana em termos de Cara e Coroa recaem no “ressuscitar” do futebol jovem no Concelho do Sardoal e no abandono de umas instalações fabris.

Quanto à CARA, tiro o meu chapéu a todos aqueles que de uma forma desinteressada e alheios à crítica do maldizer (por parte de outros que nada querem fazer) tiveram o arrojo de relançar o futebol jovem no Sardoal. PARABÉNS! Continuem e não desistam!



Relativamente à COROA desta semana, vai por inteiro para o estado de abandono das instalações da ex-Sardan e ex-Sarplás, cujo proprietário, ao que julgo saber, é o Banco Millennium BCP.









Consultadas as Actas da Reunião da Assembleia Municipal de 27 de Abril de 2010 e do Executivo Municipal de 11 de Maio de 2010 consegue-se perceber que existe vontade da Câmara Municipal de Sardoal em adquirir as referidas instalações. Saúdo toda esta vontade, embora perceba que dificilmente tal possa ser possível uma vez que de um lado, está um Concelho pobre, do outro, um Banco rico e, pelo meio, alguns milhões de euros (3… 4… 5?).

Sendo limitadíssimas as disponibilidades financeiras da Autarquia Sardoalense para a aquisição de todas aquelas instalações (meio milhão já seria impensável, quanto mais 3… 4… ou 5…) e não se vislumbrando sinais de quem esteja interessado em voltar a dar vida industrial àquele espaço, gostaria de formular uma pergunta muito directa ao Presidente do Conselho de Administração do Millennium BCP, Dr. Carlos Jorge Santos Ferreira:

Entre o banco ser proprietário de um bem com um “valor” de 3… 4… ou mesmo 5… milhões de euros, que se desvaloriza diariamente de uma forma exponencial e cujo valor limite, a prazo (10 anos…? 15 anos…?) será o ZERO, o que será preferível?

Hipótese 1Ignorar a degradação continuada das instalações e esperar que algum industrial esteja disposto a ocupar aquelas instalações ressarcindo o Banco da dívida que ainda pende sobre as mesmas.

Hipótese 2 Agir no sentido de se minimizarem os prejuízos da dívida.

Se a conjuntura económica não favorece, a curto ou a médio prazo, o “reanimar” industrial daquelas instalações;

Se a Câmara Municipal de Sardoal não possui a disponibilidade financeira que o Banco exige para a sua alienação;

Se as patologias construtivas do edificado existente se agravam diariamente pelo abandono a que as instalações foram votadas (portas abertas, vidros partidos, cobertura a degradar-se, etc.) inviabilizando que dentro de algum tempo seja possível inverter o seu processo de degradação, com todos os prejuízos daí emergentes;

Se à luz do PDM do Sardoal o terreno onde as instalações se encontram implantadas é Industrial o que inviabiliza o seu uso para outras utilizações que o poderiam valorizar, caso se “arrasasse” o edificado (por exemplo: habitacional);

Será que a Hipótese 2 não fará todo o sentido?

No meu próximo artigo comprometo-me em apresentar uma proposta concreta que poderia ajudar a resolver o futuro das instalações da ex-Sardan, ex-Sarplás com claros benefícios para as duas entidades envolvidas em todo este processo: Concelho do Sardoal e Millennium BCP.

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