domingo, 24 de outubro de 2010

A vigarice


(Edifício da Câmara Municipal - 24/10/2010 (39º32´04,39"N e 8º09´40,28"O)


(Centro Cultural - 24/10/2010 (39º32´18,72"N e 8º09´40,55"O)

A Vigarice

«Este Orçamento é uma vigarice e os seus autores mereciam ser presos»

O “desabafo” produzido esta semana por Manuela Ferreira Leite provocou em mim um impacto superior àquele que decorre do esgrimir das posições partidárias sobre o tema de momento no panorama político nacional.
Mais do que a aprovação do Orçamento de estado para 2011 (está mais que aprovado, com os votos favoráveis do PS, abstenção do PSD e votos contra dos restantes partidos com assento parlamentar), o que a todos nos deverá preocupar é com o nosso futuro para além de 31 de Dezembro de 2011. O que nos reservará o ano de 2012? E o ano de 2013? E os anos que se seguem?

Continuamos a não lidar muito bem com o amanhã. Importante é o hoje, porque o amanhã ainda é muito longe. Será?

Sempre que a verdade nos pode vir a magoar, tudo fazemos para a ignorar. O pior é que existem realidades às quais não temos como escapar. Por mais que queiramos abstrair-nos da relação causa/efeito de certos actos ou decisões, não há como fugir.
Quando os nossos políticos precisam do nosso voto, MENTEM descaradamente prometendo-nos o impossível. Quando obtêm o poder, continuam a mentir para poderem “validar” as mentiras anteriores e nunca são responsáveis pelos seus erros, fracassos ou insucessos. Para eles apenas está reservado a face da moeda, dado que a coroa a outros pertence.


Tudo isto faz-me dar um salto de cinco anos no tempo, quando “ousei” candidatar-me à presidência da Câmara Municipal do Sardoal. Olhando para trás, não tenho dúvida que a filosofia por mim adoptada não poderia produzir outros resultados que aqueles que obtive. Contrariamente à tese dominante, disse aos meus eleitores o que eles deveriam ouvir e não aquilo que gostariam de ouvir. Mesmo justificando as minhas teses, segundo as quais os cofres da Autarquia encontrando-se vazios, não era possível prometer grande coisa para além da necessidade imperiosa de se “arrumar a casa” e devolver a capacidade de sonhar aos sardoalenses, há muito perdida pela esmagadora maioria deles, foi insuficiente para ter merecido a sua confiança. A publicação dos resultados financeiros da Autarquia entre 2002 e 2004 no meu programa eleitoral, que a muitos pareceu estranho, incluindo quem me apoiava, não era mais que a demonstração da tese que defendia sobre o esvaziamento dos cofres. Sem receitas próprias dignas de registo e com as transferências do Orçamento do Estado a serem insuficientes para cobrirem os encargos obrigatórios com os empréstimos bancários obtidos e com o pessoal, e em paralelo haver a necessidade de se investir nas actividades normais de funcionamento da autarquia e eliminar uma elevada dívida de curto prazo, o que é que, em consciência era possível apresentar ao meu eleitorado para me conceder o seu voto? Recordo a minha preocupação quando me deparei com o facto de, para estabilizar as contas da Autarquia e cumprindo com as Despesas obrigatórias com a Banca e com o Pessoal, mesmo que fechasse as portas da Câmara, mandasse todo o pessoal para casa, nada investisse e obtivesse as outras receitas normais, para além das transferências da Administração Central, um ano não me chegava. “Sem ovos não se fazem omeletas”.

Agora, cinco anos depois, olhando de novo para as contas de gerência dos últimos anos (disponibilizadas no site da Autarquia), para as mais valias que o Concelho obteve ao longo deste tempo e para a nova realidade que vivemos, com o estrangulamento que aí vem nas transferências do Orçamento de Estado para as Autarquias Locais, não posso deixar de pensar, quão certo estava nas minhas apreciações.

Será que é assim tão difícil perceber sobre quem recairão os efeitos de todas as irresponsabilidades adoptadas na hora da caçada ao voto?

Regressando ao tema de momento e num tempo que todos somos questionados sobre o que fazer para que possamos tornar menos cinzento o futuro do nosso País, ao qual estamos umbilicalmente ligados, penso que a solução está na capacidade de podermos voltar a sonhar. Tomarmos o futuro enquanto um campo onde podemos buscar peças que edifiquem os nossos sonhos. Será que o que separa o português que no estrangeiro é reconhecido pela sua capacidade invulgar de trabalho, do português comum que no seu País apenas se preocupa com o presente (o amanhã é longe demais) não é o sonho que os alimentam? Uns têm-no, outros não.

Junte-se ao sonho, a capacidade de assumirmos compromissos e responsabilidades numa lógica onde os nossos direitos e os nossos deveres se equilibram, e não tenho qualquer espécie de dúvida que Portugal será capaz de sair do pântano para onde alguns irresponsáveis nos têm atirado.

Tal como eu, existem cada vez mais portugueses que percebem bem a dimensão das palavras proferidas pela Dr.ª Manuela Ferreira Leite. Em cada dia que passa, os portugueses vão-se cansando, cada vez mais, de tanta mentira e irresponsabilidade. BASTA!


P.S. A partir de hoje vou passar a publicar algumas imagens actualizadas sobre o Concelho do Sardoal. Serão imagens que pretenderão mostrar a quem visita este “cantinho”, e que não conhece este pedaço de terra, o seu lado agradável e o seu lado menos agradável. Serão imagens que iniciarão e concluirão os meus artigos e para as quais estarei receptivo a receber propostas de publicação através de: fjs.morais@sapo.pt.

Existe um motivo muito forte para a publicação de tais imagens. Ele prende-se com o conhecimento que tenho quanto ao facto deste blog ser visitado em alguns Países, possivelmente por pessoas que não sabem onde fica o Sardoal. Para se ter uma ideia do que afirmo, o último artigo que aqui publiquei (“Tão claro como a água”), os 10 Países com maior número de visitas, incluindo Portugal, foram: Rússia, Brasil, Moçambique, Austrália, Reino Unido, Espanha, Irão, Itália e Estados Unidos. Considerando o acumulado total do último mês, os 10 Países com maior número de visitas, incluindo Portugal, foram: Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Ucrânia, Rússia, Estados Unidos, Brasil, Malta, Moçambique e França. Se a estes juntar, África do Sul, Canadá, Suíça, Alemanha, Holanda, Noruega e outros, convenhamos que o “Três Bicas” pode fazer um papel de embaixador do Concelho que o abriga. E porque nem tudo na vida é agradável, se no início do artigo a imagem representará a cara, para o fim será reservada a imagem menos agradável, representando a coroa.

Hoje fico-me apenas com a CARA.

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