A poucos dias de atirarmos para a reciclagem o calendário do ano de 2010 e o substituirmos pelo ano de 2011 o sentimento que a todos nos invade não é o melhor.
Uma vez que a nossa “cegueira” não nos permite observar com nitidez o horizonte do futuro, os contornos que conseguimos perceber não nos descansam e inquietam-nos.
Não existe um só economista ou analista financeiro que, com bases sólidas e inquestionáveis, consiga contrariar a tese, segundo a qual, Portugal no ano de 2011 viverá uma recessão muito difícil de contornar. Nem mesmo o nosso Primeiro-ministro que tanto nos habituou a dizer-nos aquilo que gostaríamos de ouvir, porque a ânsia pela posse do poder assim o exigia (?), consegue agora disfarçar que estamos mergulhados numa crise económica profunda.
Se todo o problema tem uma solução, este problema também não foge à regra. Segundo o governo a solução já foi encontrada, já está a ser implementada e é uma questão de tempo a sua erradicação. Tudo se vai conseguir com a redução dos salários da função pública, com o aumento das exportações e mais algumas medidas pelo meio. Será?
Como é que nós poderemos acreditar que a solução para a qual estamos a ser lançados é certa, face à ambiguidade protagonizada pelos nossos governantes para quem a palavra austeridade muda de sentido consoante a oportunidade que melhor lhes convém? Alguém ouve os nossos governantes exigir que produzamos mais e melhor? Será que podemos olhar para os nossos governantes e sentirmos que eles são exemplos de vida para todos nós?
Será que estas dúvidas que todos carregamos não agravam a nossa já débil estrutura social e económica? Será que nelas não reside a nossa tendência para o parasitismo e consequente pensamento, segundo o qual, deverão ser os outros a resolver problemas que são exclusivamente nossos?
Diante destas dúvidas penso que a solução para sairmos do atoleiro para o qual fomos atirados passa obrigatoriamente por uma mudança de liderança a todos os níveis. Líderes que sejam capazes de nos falar verdade e que a todos nos conduzam por um só caminho (será justo que uns “circulem” em pavimento asfaltado e outros em terra batida, enlameada e esburacada?).
Embora “carregue” comigo todas estas dúvidas reconheço que tenho fortes esperanças que saberemos “dar a volta por cima”. Quando? Quando formos capazes de nos juntarmos. Enquanto cada um de nós pensar exclusivamente no seu próprio umbigo, jamais conseguiremos mudar o sentido das coisas. E a esperança é que, um dia, todos perceberemos que tudo na vida é efémero, até a nossa incapacidade de “gerirmos” os nossos próprios egoísmos. Será que esse dia não está já mais perto?
UM BOM ANO DE 2011 PARA TODOS!
domingo, 26 de dezembro de 2010
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