segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Política Séria



Nestes últimos dias, os Sardoalenses voltaram a ser “brindados” com mais uma iniciativa do nosso “Tó Zé” Mendonça.

Ao longo destes últimos anos tenho tido a oportunidade de privar de perto com este Sardoalense, que considero amigo, independentemente de algumas vezes não subscrever, por inteiro, a sua “impetuosidade social” perante algo que ele sinta não ser justo ou socialmente inaceitável.

São dois os motivos que hoje me levam a invocá-lo neste “cantinho”: A mensagem que hoje exorta e a “lição de vida” que não se cansa de revelar.

Quanto à mensagem que hoje exorta, subscrevo por inteiro o seu conteúdo.

No que respeita à falta de médicos, e recuando a algumas semanas atrás, eu próprio aqui manifestei o meu profundo desagrado pelo “calvário” que alguns dos nossos concidadãos são obrigados a passar para que um médico os possa ver ou subscrever uma receita médica. Na altura cheguei mesmo a afirmar que consideraria (e considero) estruturante para o desenvolvimento do Concelho, a intervenção directa e imediata do Município nesta área. Se hoje já vai sendo tarde a correcção de tão grande falha, nem quero pensar nas consequências que o amanhã nos poderá trazer.

No que concerne aos horários, a minha posição é clara: se a prestação de um serviço, particular ou público, está sujeito a um horário estabelecido e comummente aceite, quer por quem presta o serviço, quer a quem o serviço é prestado, então deve ser cumprido.

Quantos de nós não sentimos já alguma revolta (para não dizer raiva) por alguém que nos deve prestar um determinado serviço ignorar os nossos direitos e os seus deveres ao não cumprir com um horário que alguém superiormente lhe determinou?

O que sentimos ao percebermos que muitos dos “atrasos” continuados se devem não a uma situação imprevista, mas tão só a uma situação concorrencial do serviço a prestar? Se o sentimento que nos invade já é grande, quando está em causa uma entidade privada, o que dizer quando essa entidade é pública? E o que dizer ao percebermos que quem tem o dever de “corrigir” o que está mal entende olhar para o lado ou assobiar para cima, apenas porque o “infractor” é insubstituível e deve ser tratado de um “modo especial”. Tratamento especial, porquê? O erário público não lhe paga já um salário especial?

Relativamente à política séria que o “nosso Mendonça” clama não poderia ser mais oportuna a sua exigência. Só com uma política séria e responsável será possível levantarmos o nosso Concelho para um patamar superior que todos merecemos e desejamos. O exercício de uma política séria não deverá ser só exclusiva daqueles que nós elegemos para nos governar. O exercício dessa política deverá também residir e orientar cada um de nós.

Todos nós deveremos contribuir de uma forma séria e responsável para que a nossa sociedade se fortaleça. Não existe ser humano algum que detenha a sabedoria suprema ou que seja capaz de ser compreendido e aceite sem reservas pelos outros que o rodeiam. Se assim é, é perfeitamente natural que aqueles que não partilhem do seu pensamento o contrariem.

E é aqui que entra a lição de vida que o nosso “Tó Zé” Mendonça não se cansa de nos mostrar: Pensando diferente, revela a sua discordância e assume-a publicamente, não se importando com as consequências que os seus actos lhe possam trazer. Pior que a incompreensão e condenação dos outros, é termos de suportar o peso da nossa consciência quando à noite depositamos a cabeça na nossa almofada.

Em contraponto à acção deste Sardoalense existem outros que só são capazes de manifestar os seus pensamentos a coberto da capa do anonimato. Não é difícil percebermos que pertencem ao mais baixo estrato social de qualquer comunidade, estrato social esse inferior ao que pertencem as vulgares prostitutas da berma de uma estrada. Ambos actuam a coberto de uma desculpa para justificar os seus actos, só que a prostituta tem cara e o anónimo nem isso tem.

E os anónimos, tal como as prostitutas, “vingam”, porque existe sempre alguém disposto a “comprar” o que têm para vender. Ambos são vendedores de miséria. Elas da miséria própria. Eles da miséria dos outros.

Nos últimos dias da campanha eleitoral autárquica na Vila do Sardoal “choveram” panfletos em formato A4, que continham numa face a transcrição de uma carta publicada num jornal regional e na outra uma série de denúncias, de proveniência anónima, que comprometiam a candidatura do PSD local. No seu blog, o partido visado, atingido na sua honra, deu asas à sua revolta e denunciou o acto. Porque será que não vi o outro Partido em contenda solidarizar-se e demarcar-se de tal acto de cobardia? Será que na contenda política, vale tudo? Não, não vale. Porque será que no comunicado que o PSD local efectuou no dia 8 de Outubro não existe qualquer menção a uma eventual demarcação do acto por parte do autor da carta que ocupava uma das faces do panfleto? Lapso de quem escreveu o comunicado ou será que tal demarcação nunca aconteceu? Porquê?

À medida que vamos envelhecendo, a vida vai-nos legando ensinamentos. Um dos ensinamentos que colhi assenta na seguinte tese: "Se um dia encontrarmos um sapato abandonado numa estrada somos capazes de perceber a quem pertence caso o tenhamos visto muitas vezes caminhar."

Para todos aqueles cuja cobardia os leva a acoitarem-se atrás do escudo do anonimato apenas peço que sigam o exemplo do nosso “Tó Zé” Mendonça.

Tiro o meu chapéu ao Senhor António José Grácio Mendonça pela lição de vida que revela.

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