domingo, 22 de novembro de 2009

Revolução na Construção (3)

Existe hoje uma série de variáveis que têm de estar presentes quando alguém pretende promover uma edificação quer ela seja totalmente nova, quer ela incida na recuperação de uma existente.

Nos últimos tempos a exigência no cumprimento de quatro novas variáveis veio “agravar” (?) significativamente o número de condicionantes a que uma obra deverá ser sujeita: a sua componente acústica, as acessibilidades à mesma e na mesma, a sua eficiência energética e a sua resposta à acção eventual de um foco de incêndio.

Qualquer delas tem um propósito perfeitamente definido: melhorar o índice de habitabilidade dos ocupantes dos edifícios. Sendo assim, não se poderá dizer que estamos diante de um agravamento, pelo contrário, estamos diante de exigências que quando implementadas melhorarão significativamente o nosso modo de vida.

Muito poderia aqui escrever sobre qualquer uma delas, todavia existe uma que, pela sua especificidade, deverá ser do conhecimento geral: a eficiência energética.

Porque é que eu tenho de saber o que é que significa eficiência energética de um edifício se não tenciono construir nenhuma casa, dado já possuir uma? (É a pergunta que, possivelmente, 99% das pessoas poderá formular.)

Pois bem, a razão deste meu artigo é mesmo para essas 99% das pessoas, dado as outras serem obrigadas a cumprir com o disposto nos regulamentos e por isso não terem qualquer alternativa. O edificado existente não sendo obrigado a promover alterações que visem a sua correcção energética é importante que os seus proprietários tomem consciência das vantagens que poderão retirar caso adoptem algumas medidas que permitam corrigir algumas deficiências energéticas dos seus prédios.

Se os conhecimentos que hoje possuímos já nos permitem olhar para um edifício novo com 2 ou 3 anos e identificarmos um razoável número de patologias térmicas que aconselham a sua correcção, o que dizer de fracções habitacionais e de serviços com dezenas de anos que ainda hoje se mantém o seu uso?

Alguém poderá dizer que está muito bem assim, que não tem dinheiro para investimentos, etc, etc…

Na qualidade de perito inscrito na ADENE (Agência para a Energia) tenho tido a oportunidade de efectuar alguns certificados energéticos de fracções habitacionais e de serviços em alguns concelhos deste país. A elaboração desses certificados passa obrigatoriamente pelo conhecimento de uma série de dados de entre os quais se destacam os elementos construtivos das fracções em estudo. O resultado que tenho chegado (tal como os meus colegas) é que basta por vezes um pequeno investimento para que os ocupantes de uma fracção possam ter um ambiente e uma qualidade de vida substancialmente melhorado. E o mais curioso é que esse pequeno investimento (que muitas das vezes se paga a ele mesmo em menos de 3 a 4 anos) se traduz, também, numa poupança que tanto jeito faz a quem já há muito tem dificuldade em poupar.

Um dos investimentos que poderá ser realizado e que se poderá traduzir numa mais valia no que respeita ao uso de uma fracção e ao tempo de retorno do investimento (inferior a 5 anos) é o isolamento das lajes dos tectos sob coberturas.

O que se reduz nos gastos de energia necessária para aquecer uma fracção que possua um tecto (em madeira, em laje aligeirada pré-fabricada ou maciça de betão armado) sem isolamento e localizada sob uma cobertura, com a aplicação de isolamento na face superior da laje é de tal ordem significativa, que em 2 – 3 anos consegue suprir os investimentos efectuados, com todas as vantagens ambientais que daí decorrem.

O interessante nesta medida correctiva é que, qualquer um a poderá realizar e não compromete a habitabilidade da fracção.

Experimentem avaliar no mercado o custo por metro quadrado de uma placa de poliestireno extrudido (vulgarmente designada por “roofmate”) com uma espessura de 40 mm ou 60 mm e o custo possível 0,1 m3 de argila expandida por cada metro quadrado de placa de isolamento a aplicar.

Pois bem, a colocação de uma placa de isolamento atrás referida, assente sobre a laje de esteira, coberta por uma camada de argila expandida numa espessura compreendida entre 40 mm e 80 mm só por si, em muitos dos casos, é capaz de reduzir o consumo de energia eléctrica utilizada numa fracção durante o período de aquecimento (cerca de 6 meses de tempo frio) em cerca de 50%. Isto vale por dizer que basta utilizar o sistema de aquecimento em metade do tempo, habitualmente utilizado, para se poder obter o mesmo resultado térmico no interior das nossas habitações.

Ao preço a que está a energia eléctrica será que poderemos desprezar oportunidades de poupança?

(No próximo artigo, Revolução na Construção (4): Outras propostas de correcção).


O MEU APLAUSO DA SEMANA: O apuramento da nossa Selecção Nacional para o Campeonato do Mundo de futebol a realizar no próximo ano na África do Sul. Por motivos académicos não pude assistir ao jogo, porém, pelo que vi do resumo do jogo deu para perceber que foi meritória a nossa passagem. Porque é que teimamos em deixar para amanhã o que podemos fazer hoje?

A MINHA VAIA DA SEMANA: A forma como o Ministro das Finanças do governo anterior projectou em finais de Janeiro a projecção do défice a que Portugal chegaria no fim do ano de 2009 (por volta dos 3%) justificando que tal se deveria ao facto de se projectar um forte investimento do governo no apoio às empresas para fazer face ao elevado índice de desemprego verificado. O mesmo Ministro das Finanças, agora no novo governo, vem projectar esse mesmo défice em cerca de 8%(?), alguns meses depois, sem quaisquer resultados práticos no desemprego (e de que maneira subiu!) e sem perspectivas lógicas de inversão (será que a conjuntura económica mundial é a única culpada de tais desastrosos resultados?), ao mesmo tempo que é mantida a vontade de se investirem milhões (que não temos e precisamos pedir emprestado ao estrangeiro) para se construírem linhas de TGV e novos aeroportos, já para não falar da rocambolesca “novela do BPN”, deixa-me profundamente preocupado sobre o meu e o futuro de todos nós.

Alguém é capaz de duvidar que não estamos às portas de novos impostos e aumento dos existentes já para o início do próximo ano?

Com excepção dos políticos que nos governam
(fazendo fé nas informações que os Media relatam diariamente, nunca tais figuras viveram tão bem), está a ser está cada vez mais difícil viver em Portugal!!!

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