domingo, 16 de janeiro de 2011

Até quando?

Numa semana onde o Governo exultou vitória (???) pelo sucesso no leilão de dívida pública contraída na passada 4ª feira (dos 1,25 mil milhões de euros, no fim dos prazos de 4 e 10 anos, para além de termos de devolver tal montante vamos ter de pagar os respectivos juros. Quanto? 140 milhões de euros ao fim de 4 anos e 402 milhões de euros ao fim de 10 anos?) renovaram-se os sinais da necessidade de mudarmos os nossos comportamentos quer pessoais, quer sociais, quer políticos.

Se ainda há portugueses que tudo fazem para resistir à crise que assentou âncora em Portugal, uma fatia considerável da população continua “hipnotizada” pelas profecias dos vendedores da “banha da cobra”.
Até quando?

As máquinas que fabricam as ilusões que nos alimentam continuam activas e os responsáveis pelo seu funcionamento são os mesmos, vai para 37 anos. Até os candidatos à mais alta cadeira do poder não escapam ao poder dessas máquinas. E foi vê-los esta semana a libertarem-se da sua carga de responsabilidade pelo estado a que Portugal chegou, sacudindo a “poeira” por si gerada, para os ombros dos outros. Quando é que acordamos?

Dentro de uma semana, Portugal vai eleger o próximo Presidente da República. São três os candidatos ao meu voto: um que pensa em si, condicionado ao pensamento de outros; outro que pensa em si, pensando nos outros e finalmente um terceiro, que pensa em si, gozando com outros. Não deve ser difícil a escolha!

Para o vencedor, vai ser uma festa. Para os outros (nós) continuará a tormenta de tentar descobrir a fórmula de financiar despesas para as quais não se possui receitas suficientes.

Mesmo que o vencedor tenha de servir de “porteiro” à entrada do FMI (O maior banco da Escandinávia, o Nordea, aponta uma data para o pedido de ajuda externa de Portugal. A instituição financeira internacional é clara no seu estudo: o nosso País deverá ser «obrigado» a pedir auxílio à União Europeia e FMI entre 30 de Janeiro e 4 de Fevereiro… (in Agência Financeira 16/01/2011)) não deverá ver muito abalado o seu “prestígio e poder”.

Enquanto conseguirmos deixar para amanhã o que não queremos fazer hoje, todas estas “jogadas de poder” não nos tirarão o sono, o pior será quando já não o conseguirmos fazer. Que o digam os Tunisinos. ("...Sidi Bouzid, onde tudo começou, é um exemplo da desastrosa política económica do Governo. É uma zona do interior rural, quase sem desenvolvimento, porque este se reserva sobretudo às zonas costeiras, Meca do turismo e dos negócios imobiliários especulativos. Não admira que por parte da população, realmente pobre, se sinta discriminada. É uma pequena desigualdade real, em que um pequeno grupo concentra a riqueza e uma maioria apanha as migalhas. Se lhe somarmos uma tributação arbitrária, onde os ricos pagam pouco ou nada e os trabalhadores pagam por todos, compreende-se melhor o mal-estar…” (in “o Expresso” de 15/01/2011, Crepúsculo da era Ben Ali, de David Sendra).

Qual o País que se segue à Tunísia? Será que, também nós, não nos encontramos no limiar da revolta? Até quando?

A este propósito lembro um excerto de uma peça de teatro de Antoine Rault (Le “Diable Rouge”) que retrata os últimos meses de vida do Cardeal Giulio Mazarino (principal ministro de Luís XIV (França, 1643-1715) e Jean Batiste Colbert (ministro de estado e de economia) e que nos últimos tempos tem feito as “delícias” dos bloguistas.

Colbert: Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar [o contribuinte] já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é que é possível continuar a gastar quando já se está endividado até ao pescoço…
Mazarino: Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de dívidas, vai-se parar à prisão. Mas o Estado… o Estado, esse, é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se… Todos os Estados o fazem!
Colbert: Ah sim? O Senhor acha isso mesmo? Contudo, precisamos de dinheiro. E como é que havemos de o obter se já criámos todos os impostos imagináveis?
Mazarino: Criam-se outros.
Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
Mazarino: Sim, é impossível.
Colbert: E então os ricos?
Mazarino: Os ricos também não. Eles não gastariam mais. Um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
Colbert: Então como havemos de fazer?
Mazarino: Colbert! Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente! Há uma quantidade enorme de gente entre os ricos e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tirámos. É um reservatório inesgotável.


Será que 400 (!!!) anos depois esta filosofia não continua actual? Será que o reservatório é mesmo inesgotável?

Depois de tudo isto, vale a pena perguntar: -Até Quando?


Cara ou Coroa (?)

A visita do grupo dos GETAS no cantar dos Reis deste ano.







Quando já pensava que o São Pedro "proibira" o grupo do Getas de me visitarem com os seus "Cantares de Reis" foi com surpresa que os recebi no passado domingo à tarde. Como os amigos não precisam de se anunciar, foi muito boa a surpresa da visita.

Até para o ano e...CARA!!!

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