domingo, 11 de abril de 2010

Os ganhos dos nossos queridos líderes

Desde há algumas semanas que grassa na sociedade civil um coro de indignação face aos salários e prémios pagos a alguns gestores de algumas empresas do nosso “bairro”. E essa indignação é tanto maior quando todos sabemos que o mérito desses gestores não advém dos seus supremos conhecimentos na área de gestão, mas tão só por serem políticos ligados a estruturas partidárias associadas ao Governo do nosso querido Portugal. Refiro-me, evidentemente, ao Partido Socialista e ao Partido Social Democrata.

Numa lógica de silêncios, a partilha dos lugares “mais apetecíveis” dentro do tecido empresarial onde o Accionista Estado se faz representar, tem sido feita ao longo dos tempos, sem que até aqui a mesma tivesse sido colocada em causa. Até que… uma empresa de sucata (cada um tem o que merece, mas nós não merecíamos isto) vem rasgar essa cortina de silêncios.

Logo que alguém apontou o dedo a um “gestor político rosa” era natural que outro alguém se apressasse a apontar o dedo a um “gestor político laranja”. Cumpriu-se o ditado popular “zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades”.

Aquilo que já há muito se suspeitava, passou a ser claro: “O sucesso de qualquer português depende, em exclusivo, da sua eventual militância num determinado partido político”.

Desconheço se tais gestores que, chegam a ganhar num só dia o que o nosso Presidente da República ganha em dois meses (!!!), têm o saber de Midas e o que recebem é uma pequena parte dos imensos lucros que o seu saber consegue gerar. Se assim é, porque é que o Accionista Estado não os coloca a gerir a CP, a TAP e tantas outras empresas que geram permanentemente prejuízos e que em larga medida os nossos impostos ajudam a manter?

Estamos todos a precisar de uma nova ordem só que aqueles que poderiam ser os precursores dessa ordem há muito que venderam a alma ao diabo e nós, mesmo sabendo, não os impedimos.

Presentemente a ordem é, por determinação do PEC, apertar, ainda mais, o cinto. Será que essa ordem atinge também aqueles que a criaram ou apenas se aplica aos outros? Já conhecemos alguns exemplos que provam que o PEC “nasceu” para o Zé Povinho, ou será que estou enganado?

A este propósito entendi consultar a Resolução da Assembleia da República n.º 11/2010, publicada no Diário da República, 1ª série – N.º 28, de 10 de Fevereiro de 2010 e que trata o Orçamento da Assembleia da República para o ano de 2010, o primeiro ano do PEC.

Com 230 Deputados, a esmagadora maioria dos quais passa perfeitamente despercebida em qualquer lugar público onde se encontrem (porque será que ninguém os conhece?), a Assembleia da República para o ano de 2010 tem um orçamento de 191,4 Milhões de Euros. É muito? É pouco?

Conheçamos algumas rubricas afectas exclusivamente aos 230 Deputados:

- 12,3 Milhões de Euros para vencimentos ordinários e extraordinários.
- 2,7 Milhões de Euros para ajudas de custo.
- 1,0 Milhão de Euros para subsídio de reintegração.
- 2,0 Milhões de Euros para a Segurança Social, Saúde e Seguros.
- 3,9 Milhões de Euros para transporte.
- 2,4 Milhões de Euros para deslocações e estadas.
- 0,8 Milhões de Euros para encargos com assessores.
- 0,2 Milhões de Euros para encargos com comissões.


Se a tudo isto juntarmos, ainda, os 17,0 Milhões de Euros em subvenção para os Partidos e Forças Políticas representadas na Assembleia da República, os 57,8 Milhões de Euros às Forças Políticas participantes nas Campanhas Eleitorais de 2009 (Europeias, Legislativas e Autárquicas) e outras rubricas que me escuso de registar, convenhamos que é muito dinheiro para tão fracos resultados.

- Será que não existem Deputados a mais?
- Será que caso se reduzisse o seu número para metade, o resultado prático não seria o mesmo?
- Será?...


Julgo não ser ousadia da minha parte ao afirmar que o PEC não deverá ser para todos nós. Quem o fez, e pariu, seguiu à risca o velho ditado popular: “Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, é tolo ou não tem arte”.


Post Scriptum: O evento anual de relevo no calendário turístico do Sardoal, que os seus naturais e residentes mais acarinham, terminou há uma semana. Com excepção de um pequeno “acidente de percurso” que se ficou a dever a uma deficiente interpretação da tradição sobre o percurso da Procissão do Senhor dos Passos (será que é justo condenar-se quem o propôs e absolver-se quem o aprovou, apenas e só porque quem o propôs não caíu em graça e quem o aprovou não percebeu a dimensão do erro e preferiu calar-se?), a Semana Santa no Sardoal repetiu-se uma vez mais. As ruas voltaram-se a encher de pessoas ávidas em conhecer as capelas enfeitadas e participarem na Procissão mais emblemática: a Procissão dos Fogaréus.

Sendo, a par das Festas do Concelho, o evento mais relevante e com sucesso garantido ao nível do Turismo no Concelho do Sardoal, não consigo perceber a posição da Autarquia Sardoalense quanto à sua promoção no seu site (www.cm-sardoal.pt) . Senão vejamos:

- Sobre o evento, a Câmara Municipal do Sardoal, anunciou (e muito bem) o programa das actividades religiosas a decorrer na Semana Santa.
- Passados que são oito dias, o mesmo programa ainda se mantém para consulta em Semana Santa 2010 (será que existe lógica na sua manutenção?) e… sobre o evento… mais nada.

Pergunto:

- Será que a Autarquia não deveria promover melhor este evento turístico?

- Será que a sua divulgação deve continuar a ser deixada nas mãos de alguns entusiastas mais ou menos anónimos, como eu e alguns outros? (No meu caso particular coloquei logo na 5ª Feira Santa, no Facebook, cinco dos quadros em pétalas de flores. Os comentários que de imediato obtive foram os mais diversos, mas todos eles abonatórios. Para muitos que desconheciam tal evento, apenas a distância, os impediram de visitar o Sardoal nos dias seguintes)

- Será que as telas em pétalas de flores, tão artística e orgulhosamente “desenhadas” por Sardoalenses entusiastas não deveriam ser preservadas no tempo, qual álbum para mais tarde recordar ou para servir de “engodo turístico” para o evento do ano seguinte? (Sentindo tal vazio entendi eu próprio aqui publicar as fotografias que tirei a todas as telas, dando a todas igual destaque apenas tendo falhado a qualidade do fotógrafo e da máquina utilizada.)

- Será que a publicação anual de tal álbum no site da Câmara não traria mais proveitos para a Autarquia do que o “álbum” que orgulhosamente possui sobre as Visitas de Estudo ocorridas em 2008 e em 2009? Será que não existe lugar para ambas? Eu acredito que sim.

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