domingo, 25 de abril de 2010

25 de Abril

Há um ano, aquando da comemoração do 35º aniversário do 25 de Abril de 1974, formulei quatro questões. Pelo facto de ainda não ter obtido respostas às mesmas, volto a repeti-las na expectativa de alguém me ajudar a encontrá-las.

Assim:

- Quais as diferenças e semelhanças entre o antes e o depois de 25 de Abril de 1974 e o "triunfo dos porcos" de George Orwell?

- Em que raio de comboio o 25 de Abril entrou que ainda não chegou à Estação da tal Grândola Vila Morena, a tal "terra da fraternidade e da igualdade?" Será que a albufeira do Alqueva já a submergiu ou um qualquer aeroporto internacional já a soterrou?

- Porque é que a "revolução dos cravos" gerou a "lei das rosas", a qual determina que muitos sejam a agarrar as suas hastes, mesmo que cravem os espinhos nas suas próprias mãos, enquanto alguns, muito poucos, se deleitam com o aroma das suas pétalas?

- Quando é que todos nós aprendemos a ter juízo?


Se há um ano todas estas questões eram justificáveis, por tudo aquilo que temos vindo a assistir, hoje não poderiam ser mais actuais.

O estranho de tudo isto (ou talvez não) é que alguns dos que mais contribuíram para o seu insucesso venham agora afirmar que, de entre outras coisas, se cometeram erros no processo de descolonização.

Será que eu e todos aqueles que vivemos por dentro a descolonização ouvimos bem?

Será que, e dando o exemplo de Moçambique que conheço melhor, foram salvaguardados os interesses e a vontade do povo Moçambicano? O que aconteceu ao Dr. Domingos Arouca, à Dra. Joana Simião e a tantos outros ilustres Moçambicanos que amavam a sua terra e também queriam a sua independência?

Hoje, mais do que nunca, tenho orgulho de ter crescido num seio de um povo admirável. É este mesmo povo que depois de ter sido abandonado à sua sorte é capaz de ostentar hoje, passados que são 35 anos de independência, novas placas toponímicas na cidade da Beira, nas quais se pode ler: “Rua Eça de Queirós”; “Rua Fernão de Magalhães”; “Rua do Padre Américo”; “Largo Caldas Xavier”; “Rua Mouzinho de Albuquerque”; “Rua do Governador Augusto Castilho” e tantas outras. Simplesmente admirável! Os Moçambicanos foram capazes de enfrentar a História e aceitaram-na.

E nós? Quantas Ruas deste País nós conhecemos que mudaram de nome apenas e só porque pertenciam a ilustres figuras do anterior regime de Salazar? Qual a diferença entre muitas dessas figuras e algumas daquelas que pertencem ao actual regime, dito democrático?

Porque será que começam a “aterrar” em Portugal alguns “fantasmas” exilados há 36 anos?

Porque será que em 2006, pelas melhores e/ou pelas piores razões, Salazar já foi considerado a figura marcante portuguesa durante o século XX?

Alguém dirá que preferirá passar fome e viver nesta espécie de democracia do que voltar a experimentar os rigores da ditadura. O pior é quando esse alguém perceber que embora ele consiga suportar a dor da sua fome é incapaz de assistir à dor que a fome inflige àqueles que ama.

Que o 25 de Abril de 2010 seja a viragem de um novo rumo para todos os portugueses, onde não caiba a injustiça e a igualdade se afirme.


Post Scriptum: No meu último artigo questionei as razões que poderiam levar ao facto de no sítio da Internet da Câmara Municipal do Sardoal ainda constar o Programa da Semana Santa no Sardoal que decorreu entre os dias 1 e 4 de Abril ao mesmo tempo que sobre o que havia sido a Semana Santa nada se encontrava registado.

Sobre o assunto questionei se não se estaria a subestimar o poder da Internet no que concerne ao binómio custo/eficiência quando em causa estaria, apenas e só, a promoção turística do Concelho do Sardoal questionando-me ainda que a manter-se a informação “do que vai acontecer” e ignorando-se “o que aconteceu” se não seria uma deficiente estratégia promocional.

Será que existem dúvidas sobre qual o meio de informação privilegiada a utilizar por alguém interessado em conhecer as mais valias turísticas de um Concelho, que não conhece e que pretende visitar? Será que alguém que tenha assistido às filmagens da Semana Santa do Sardoal deste ano, transmitidas através da televisão e diante do desconhecimento que possui sobre o nosso Concelho, aliado ao interesse que o assunto eventualmente lhe tenha merecido, não buscará no sítio da Internet da Câmara Municipal de Sardoal informação adicional?

Se eu pretendo conhecer as potencialidades turísticas de um Concelho só tenho um caminho: fazer uma “visita” ao sítio da Internet desse Concelho. Será que alguém que pretenda conhecer o que o Sardoal tem para oferecer, a quem o visita, procura o “três bicas” ou outro “blogue” de alguém que aqui resida? É claro que não.

Foi pensando no interesse do meu Concelho (quanto melhor ele estiver, melhor estou eu) que entendi “agitar” um pouco este assunto, sem com isso ter querido ferir susceptibilidades a quem quer que fosse. E quando todos sabemos que é abundante a informação sobre o que foi a nossa Semana Santa deste ano, não poderia estar mais certo na minha decisão.

Porém, pelo que pude ler num artigo de um blogue local, pertencente a um chefe de secção da Câmara Municipal do Sardoal, responsável operacional pelo Turismo Sardoalense, depois de ter tecido algumas considerações quanto ao facto da promoção e divulgação da Semana Santa de 2010 ter sido a maior alguma vez realizada dentro e fora do Concelho, referiu a dado passo:

“… Podem visualizar a reportagem da TVI (aos 8,58 m) num total de 2,13 minutos e na RTP (aos 11,40 m) num total de 7,20 minutos.

Só quem anda muito distraído ou está afastado da realidade que o rodeia é que pode afirmar que a divulgação da Semana Santa está praticamente dependente das redes informáticas, facebooks e companhias (claro que são importantes mas… esta discussão fica para mais tarde).

Se fosse católico diria “perdoai-lhes senhor, que não sabem o que dizem”.


O que ressalta desta informação não é a forma como o seu autor deprecia o meu pensamento sobre o assunto em apreço, nem o despropósito de invocar um Deus que afirma não reconhecer (as acções ficam com quem as pratica), mas tão só a leitura distorcida que é feita ao meu pensamento e a estranha relação que existe em todo este processo da Semana Santa, entre o site da Câmara Municipal de Sardoal e um blogue de um seu funcionário, por sinal, com responsabilidades acrescidas na matéria.

Concretizando.

NUNCA coloquei em causa a forma como foi conduzida a divulgação do programa da Semana Santa, nem tão pouco o esforço titânico efectuado para que as televisões a divulgassem. O que SEMPRE referi foi que, concluído o evento, deveria o sítio da Câmara Municipal do Sardoal, na sua página “Semana Santa 2010” abrir uma nova “pasta” sobre o que foi a Semana Santa, qual álbum para mais tarde recordar ou qual “engodo turístico” para mais tarde experimentar.

Já quanto à forma como este assunto é abordado no sítio da Internet da Câmara Municipal e no blogue deste seu funcionário, é fácil perceber que a informação não se cruza, mas que se completa: a Câmara Municipal de Sardoal divulga e promove o evento na linha do que vai ser; concluído o evento, o funcionário divulga e promove o evento na linha do que foi.

Consultando ambos verifica-se que no blogue do funcionário não existe uma só palavra sobre o assunto antes do evento ter acontecido (esse papel foi da responsabilidade da Câmara) e, em paralelo, no sítio da Câmara Municipal do Sardoal são existe uma só palavra sobre o assunto depois do evento ter acontecido (esse papel, até ao momento, foi da responsabilidade do referido funcionário). Não é estranho?

Sentindo que é chegada a hora de virar a página sobre este assunto, penso que existem três caminhos que os responsáveis políticos pela Autarquia Sardoalense deveriam optar:

- Ou entendem que a informação que o sítio da Câmara Municipal do Sardoal que trata o tema da Semana Santa de 2010 deve-se manter tal qual está, não devendo proceder-se a sua actualização, uma vez que a mesma responde aos propósitos previstos na sua criação, esperando que outros registem e divulguem a forma como decorreu este evento turístico-religioso;

- Ou entendem que a informação actualmente disponível no sítio da Câmara Municipal, já não serve, uma vez que o evento já passou, e simplesmente determinam a sua eliminação;

- Ou concordam com a minha tese e determinam que na “pasta” que contem a Semana Santa de 2010 seja colocado um novo ficheiro com informação relativa ao que foi a Semana Santa deste ano. Por certo o funcionário não se importará de partilhar com a Câmara Municipal os “links” que possui no seu artigo sobre as filmagens emitidas pela RTP e pela TVI permitindo que aqueles que pretendam reviver as imagens transmitidas possam obtê-las, também, através do sítio da Câmara, sua entidade patronal. Quanto a fotografias estou disposto a ceder as que possuo sobre o evento, embora perceba que pela sua fraca qualidade, e diante do espólio recolhido por outros, muito mais peritos na área do que eu, não mereçam qualquer procura ou atenção.

O pior que pode acontecer a uma sociedade é ela sentir que atingiu o limite do saber e que tudo o que faz é paradigma da perfeição.

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