domingo, 18 de abril de 2010

A solução é CAVAR

Esta semana li um artigo muito “interessante” que dava conta que Portugal corre o risco de falência económica. De acordo com um reputado economista, ex-chefe do Fundo Monetário Internacional:

“… Portugal, tal como a Grécia, corre riscos de falência económica e é hoje um país mais arriscado que a Argentina falida de 2001…

… Nem os líderes da Grécia nem os de Portugal estão preparados para impor as políticas necessárias e no caso português não se está sequer a discutir cortes sérios…

… Portugal vai ter níveis de desemprego elevadíssimos nos próximos anos…

… Portugal está esperançado que poderá sair desta situação pelo crescimento, mas isso só poderia acontecer com um extraordinário boom económico…

… Os políticos portugueses nada podem fazer senão esperar que a situação vá piorando para depois pedirem ajuda externa…

… Portugal entrou numa espiral de dívida insustentável…

… Portugal gastou demasiado durante os últimos anos, com a dívida pública a atingir os 78% do PIB em 2009 (comparando com 114% da Grécia e os 62% da Argentina, quando entrou em incumprimento). Esta dívida tem sido financiada sobretudo por investimento estrangeiro e em vez de pagar os juros desses títulos, Portugal optou por, ano pós ano, refinanciar a sua dívida…

… Em 2012, o rácio dívida pública/PIB português deverá atingir os 108% se o país atingir as metas de corte do défice. Chegar-se-á, no entanto a um ponto em que os mercados financeiros vão simplesmente recusar-se a financiar este esquema Ponzi…"


Diante desta avaliação macroeconómica, veio de pronto o nosso Ministro das Finanças afirmar que: “… num Mercado de expressão livre, também se podem escrever disparates sem fundamentação sólida, reveladores de ignorância quanto às diferenças existentes entre os Países da Zona Euro e que bem ilustram o preconceito céptico de alguns comentadores quanto à moeda única...” (perceberam?).

Doutros quadrantes surgiram as mais diversas reacções:

- Prof. Aníbal Cavaco Silva (Presidente da República): “… como Presidente da República não concordo com muita coisa que foi dita…” (quais serão as que concorda?)

- Prof. Bagão Félix (ex-ministro das Finanças de José Sócrates): “… se nada for feito e continuarmos no mesmo rumo, o risco de falência é real”.

- Prof. Abel Mateus (ex-presidente da Autoridade da Concorrência e ex-conselheiro do Banco de Portugal): “… Portugal pode ter um endividamento externo na ordem dos 240% do PIB em 2020 se avançar com o TGV, novo Aeroporto ou Auto-estradas, arriscando a entrar na bancarrota na próxima década, tal como aconteceu na Islândia no último Outono. A curto prazo a acontecer, só se o País não tiver juízo...”. (E será que o País vai ter juízo? – pergunto eu.)

É verdade que em Portugal não foram cometidos os mesmos erros políticos que na Grécia (aquela, segundo a qual os governantes gregos, entre o período de 2004 e 2009, terem aumentado o número de funcionários públicos em 50% e no mesmo período terem-lhes aumentado os vencimentos em 100%, nem ao diabo lembraria, foi o golpe de misericórdia), mas foram e continuam a ser cometidos outros, cujo resultado final só pode ser o nosso colapso financeiro. É tudo uma questão de tempo.

Colocando de parte algumas estratégias difíceis de entender (TGVs, Novo Aeroporto, Nova Ponte sobre o Tejo, Novas Auto-estradas e outros Negócios Pouco Claros), em Portugal governa-se para o voto e tudo vale. Os meios justificam os fins. Não foi um Presidente de Câmara que num Congresso do seu Partido, há cerca de 15 dias, afirmou publicamente que: “…se não fosse mentiroso não era Presidente de Câmara”? Em resposta a tamanha ousadia, em vez de um coro de vaias e assobios, obteve palmas e gargalhadas.

Escrevia eu aqui há algumas semanas, que o PEC que o governo apresentou e que a Comunidade Europeia aprovou (cá para mim foi mais a concessão do benefício da dúvida do que a aprovação que o nosso governo tanto deixa a entender) que as medidas previstas para a inversão do caminho que temos tomado são francamente insuficientes. É como se quiséssemos curar uma pneumonia aguda com recurso a caldos de galinha e xaropes de cenoura. Depois de ter ouvido o Ministro da Economia esta semana mais convencido fiquei da minha tese: Quem distribui os dinheiros dos nossos impostos, continua a não perceber a dimensão do esforço que todos fazemos. É tão ténue a nossa estrutura empresarial que ao mínimo abanão a mesma pode ruir! E depois, como se pode continuar a "alimentar" uma máquina que não tem capacidade para se "auto-alimentar"?

O dia do “juízo final” aproxima-se a passos largos e todos aqueles que, por enquanto, ainda não engrossam o “exército” de desempregados que “invadiu” Portugal, continuam a assobiar para o ar ao pensarem, erradamente, que tal "desgraça" só acontece aos outros. Será?


É por tudo isto que penso que nunca uma só palavra teve tanto sentido: CAVAR.

- Ou continuamos, como até aqui, a CAVAR a nossa própria sepultura;

- Ou começamos a pensar como CAVAR daqui para fora;

- Ou na lógica do instinto de sobrevivência do indivíduo voltamos a fazer aquilo que os nossos antepassados sempre fizeram: CAVAR a terra e dela tirar o sustento para nós e para os nossos.


Enquanto a esmagadora maioria dos portugueses, em breve, terá de se debater sobre qual das três vias que deverá escolher para si, haverá por certos outros que apenas se preocuparão apenas em CAVAR daqui para fora, preferencialmente para algum canto paradisíaco deste planeta, e desfrutar das fortunas que amealharam à custa da nossa cumplicidade feita de silêncios e indiferenças.


Post Scriptum: O sítio na internet da Câmara Municipal do Sardoal (www.cm-sardoal.pt) continua a divulgar o programa da Semana Santa de 1 a 4 de Abril de 2010. O conteúdo é excelente para a divulgação de um facto que irá acontecer num tempo futuro, mas quando são passadas duas semanas após a sua realização e o mesmo conteúdo se mantém inalterável, poderá perguntar-se a quem serve essa informação. Não quero pensar que o mesmo se deve a uma estratégia de promoção turística da Autarquia, nem a um eventual “desleixo”, mas tão só a um problema informático ou uma sobrecarga de tarefas dos serviços responsáveis por tal actualização.

- Será que ainda não é chegada a hora de se actualizar a “SEMANA SANTA 2010” com a informação recolhida sobre o que foi a “nossa” Semana Santa deste ano?

- Será que não está a ser subestimado o poder da internet no que concerne ao binómio custo/eficiência quando em causa está, apenas e só, a promoção turística do Concelho do Sardoal?

- Será que a manter-se a informação “do que vai acontecer” e ignorar-se “o que aconteceu” não é uma deficiente estratégia promocional?

- Ou será que todo este meu pensamento não passa de um mero exercício de retórica, sem qualquer nexo?

- Será? …

Sem comentários: