domingo, 20 de junho de 2010

Os Limites da Paciência

Se há coisas que me incomodam é o facto de pensar que poderá haver alguém a querer “gozar” comigo sem o meu conhecimento e autorização. Quando tal acontece, numa primeira fase, começo a ficar nervoso, ao que se segue uma segunda fase que denomino de “resposta ao acto” que mais não passa pelo meu envolvimento nesse “gozo”.

“Isto de um só gozar há muito que acabou: ou gozam os dois ou não há gozo para ninguém!”

Tudo isto vem a propósito dos semáforos instalados na EN2 – Cruzamento Sardoal/Valhascos continuarem desligados vai para duas semanas. Depois de um longo período em que estiveram inoperacionais e durante o qual os políticos cá da nossa praça se “preocuparam mais em marcar uma posição política individual” em vez de se unirem na procura de uma solução definitiva para a resolução do problema, e quando, há cerca de um mês, parecia que esse problema se encontrava finalmente resolvido ao “fazer-se luz” de novo naqueles postes e pendurais metálicos, num ápice, tudo voltou ao “normal”. Uma chuva (?) e/ou uma trovoada (?) voltaram a pôr “aquelas coisas” de novo às escuras há duas semanas.

Não é preciso possuirmos grandes conhecimentos na matéria para percebermos que aquele cruzamento, tal qual se encontra e sem controlo dos fluxos de tráfego que a ele acedem, é uma armadilha mortal. De todas as combinações a mais perigosa é aquela que envolve os fluxos de tráfego com sentido Vila de Rei/Abrantes em combinação com o sentido Valhascos/Sardoal.

Experimentem atravessar a EN2 no sentido Valhascos/Zona Industrial – Sardoal/Bombas de Combustível da Galp! Quem quer que circule neste sentido é obrigado a fazer sempre o STOP à entrada do cruzamento. Entre o olhar para a esquerda e para a direita e o “arrancar” de novo, a armadilha vem pela direita. Quem vem pela direita (sentido Vila de Rei/Abrantes) a descer e em recta, sentindo-se dono absoluto da estrada, atravessa o cruzamento a uma velocidade superior à necessária para imobilizar a sua viatura em tempo útil para não colidir com quem, eventualmente, se atravesse na sua frente. A conjugação desta variável com a que resulta do facto de quem se encontra parado à entrada do cruzamento não possuir uma ampla visão do troço que se apresenta pela sua direita faz com que seja elevada a probabilidade de um acidente ali ocorrer.

Se as “cartinhas” enviadas ao Senhor Ministro das Obras Públicas e ao Senhor Primeiro-ministro resultaram em nada (aqui entre nós… será que elas não se perderam nas mãos dos “exércitos de assessores” que estes Senhores possuem? E mesmo que, por acaso, lhes tenham ido parar às mãos, com tantas “crateras” que têm de tapar, será que este buraco que apenas conhecem pelas “cartinhas” lhes conseguem tirar o sono?) outro meio terá de ser encontrado. Tal qual o cruzamento presentemente se apresenta é que não pode continuar.

É pensando em tudo isto que começo a pensar que alguém anda a gozar com os utilizadores daquele troço rodoviário e anda a gozar com os Sardoalenses. Por possuir esta dupla condição, sou obrigado a pensar que anda a gozar comigo. Aí pára!

A paciência tem limites e acho que está a chegar a hora da indignação. Se os nossos governantes locais não conseguem, por si só, com o recurso a “cartinhas”, “faxezinhos” e “telefonemazinhos”, resolver o problema, talvez esteja a chegar a hora dos utentes daquele troço agirem, antes que a fatalidade lhes bata à porta. Se os nossos governantes gostam de se fazer de surdos e só ouvem quando o “ruído” já se torna insuportável e não o conseguem ignorar, façamos-lhes essa vontade.

Um bom dia para manifestarmos a nossa indignação até poderia ser um domingo à tarde quando centenas (ou mesmo milhares) de viaturas atravessam aquele cruzamento a caminho da A23. Tal como nós, os ocupantes dessas viaturas também poderão ser potenciais vítimas da irresponsabilidade de alguém. Sem recurso a cortes de estrada (que não defendo e repudio veementemente) poderíamos dar azo à nossa imaginação promovendo acções de informação a quem ali passa para os perigos que incorre e, quando no local, porque não, pegarmos em enxadas e arrancarmos a vegetação que ladeia os separadores do cruzamento (será que ninguém é chamado à responsabilidade pela existência do mato que por ali cresceu e que nunca foi cortado? É simplesmente vergonhoso!).

Começo a sentir um formigueiro a invadir-me o corpo. É mau sinal! É sinal que a tal segunda fase de resposta ao acto que descrevia no início deste texto deve de estar a chegar.

O pior que pode acontecer a uma sociedade é alguém pensar que a outros compete, em exclusivo, a resolução de um problema que lhes é comum.


(Nota: Observem atentamente as fotografias que tirei ontem de manhã.)

(Acesso ao cruzamento no sentido Sardoal-Zona Industrial/Valhascos)


(Acesso ao cruzamento no sentido Abrantes-Vila de Rei)


(Acesso ao cruzamento no sentido Zona Industrial/Valhascos - Sardoal


(Acesso ao cruzamento no sentido Vila de Rei-Abrantes)(mais longe)

(Acesso ao cruzamento no sentido Vila de Rei-Abrantes)(mais perto)

Sem comentários: