sábado, 9 de maio de 2009

Vila Jardim (4)

No âmbito da minha actividade profissional já fui convidado para realizar alguns trabalhos que tiveram como finalidade a avaliação de imóveis localizados no Centro Histórico da Vila do Sardoal. Confesso-vos que a tarefa é difícil, tantas são as variáveis que “desaconselham” todo aquele que ali pretenda investir.

Quais as variáveis que desaconselham? OS ACESSOS; O CONJUNTO EDIFICADO E OS PLANOS URBANÍSTICOS; O ABANDONO.

Quais as variáveis que aconselham? Alguém me ajuda?

OS ACESSOS.

O acesso às habitações só pode ser feito através de ruas ou vielas tão estreitas que mal permitem a passagem a uma viatura ligeira. É verdade que há troços onde é possível que duas viaturas se cruzem, do mesmo modo que também existem outros onde uma viatura ligeira simplesmente não passa. Raros são os moradores que conseguem levar as suas viaturas para junto das suas casas.

Este constrangimento pode levar-nos à formulação das mais variadas teses, desde a possibilidade de uma ambulância não poder chegar junto de uma habitação para prestar um transporte de alguém doente, até ao caos que poderá ser instalado caso ali ocorra um desastre, um incêndio ou o colapso de um ou mais edifícios decorrentes de uma acção sísmica.

Arrepia só de pensar nas limitações a que os nossos soldados da paz poderão ser sujeitos caso tenham de intervir numa acção de socorro. Embora seja grande o arrepio quando ao nosso pensamento emerge a palavra “terramoto”, admito que a palavra “fogo” me provoca um arrepio maior, porque cada vez é maior a possibilidade de tal acontecer. Sem uma única boca-de-incêndio disponível, o “combate” só pode ser travado com recurso a viaturas estacionadas longe do possível foco do incêndio e fazendo-se transportar a água para o combate através de mangueiras a distribuir pelas ruas e vielas. Com tanto combustível disponível, resultante do cada vez maior número de habitações que se encontram numa situação de ruínas ou devolutas, tal estratégia não poderá ser uma “armadilha mortal” para os nossos soldados da paz caso as forças da natureza (ventos) decidam intervir espalhando o fogo e transformando as ruas e vielas em labirintos sem saída?

Enquanto Vereador abordei este assunto na esperança do mesmo poder ser pensado e corrigido. A este propósito, convido-vos a conhecerem o teor das páginas 9 e 10 da acta da reunião da Câmara Municipal do Sardoal realizada no dia 6 de Junho de 2007 (para os menos práticos os passos são os seguintes: Passo 1 – http://www.cm-sardoal.pt; Passo 2 – Informação Institucional; Passo 3 – Câmara Municipal; Passo 4 – Actas das Reuniões de Câmara; Passo 5 – Número de resultados por listagem 100; Passo 6 – Acta da reunião de 2007-06-06; Passo 7 – abrir e ler as referidas páginas). Para todos aqueles que pretendam saber o resultado das preocupações que então manifestei nessa reunião poderão fazer uma pesquisa nas actas das reuniões seguintes e concluirão que nada se alterou. Será que a história nada nos ensinou sobre os resultados práticos de só colocarmos a tranca na porta depois da casa ser roubada?

Outro factor fortemente condicionador é o revestimento do pavimento que é “oferecido” a todos aqueles que circulem a pé no Centro Histórico da Vila do Sardoal. As ruas e vielas revestidas com cascalho rolado são um suplício para o salto raso e o cabo das tormentas para o salto alto.

Será que existe alguém que sendo obrigado a pisar tal pavimento diariamente o ache “interessante”?

Porque é que se obriga as pessoas a viverem uma história à qual há muito já não pertencem?

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