sexta-feira, 29 de maio de 2009

Vila Jardim (6)

Recuperação dos Edifícios na Zona Histórica

Descrevi no meu artigo anterior a diferença de avaliação técnica dos projectos de reabilitação, consoante um edifício se localize dentro do perímetro de protecção a um imóvel classificado ou não. Referi então que as entidades responsáveis por tais avaliações, o IGESPAR e Câmara Municipal de Sardoal, tinham um comportamento, quase antagónico: o que um tudo restringia e condicionava, o outro tudo aprovava.

Ainda que este pensamento encerre em si algo de radical, não deixa de ser notória a diferença arquitectónica dos edifícios recuperados ou construídos no Centro Histórico da Vila do Sardoal consoante os mesmos se localizem, ou não, junto dos imóveis classificados.

É fácil de prever que, se a identidade arquitectónica do Conjunto Edificado no Centro Histórico não se diluiu já no tempo, a passos largos caminha nesse sentido.

E quando a Recuperação dos Edifícios não é “travada” pela avaliação dos técnicos do IGESPAR que sentados nos seus Gabinetes em Lisboa vão “defendendo” uma cultura arquitectónica de um espaço que por ventura nunca viram ou não conseguem perceber onde se localiza, é “travada” pelos custos elevados de construção.

Em muitos casos sem espaço para implantação dos estaleiros e ruas e vielas de acesso através dos quais se torna difícil, senão impossível, transportar os materiais de construção, de e para a obra, aos empreiteiros não resta outra alternativa que não seja agravar os seus orçamentos correntes.

Alienação e abandono dos Edifícios na Zona Histórica

Deparando-se com todo o tipo de restrições e barreiras para que o licenciamento da obra se concretize, com orçamentos proibitivos, mas imprescindíveis para a reabilitação de edifícios existentes ou construção de novos e ainda com todo o tipo de constrangimentos no capítulo dos acessos e desvalorização do parque habitacional envolvente, aos proprietários, na maioria das vezes só lhes resta dois caminhos: ou alienam ou abandonam.

E como nestas coisas se é mau para uns, também o é para os outros, o mercado imobiliário no Centro Histórico é bastante débil. Se não se fazem obras de recuperação e não se vende o caminho é só um: abandono.

Os abandonos vão-se sucedendo uns atrás dos outros e quando há alguns artigos atrás me referia ás condições endógenas, que o Centro Histórico da Vila do Sardoal possui, que poderão contribuir para um eventual desastre em caso de ali deflagrar um fogo urbano, referia-me não só às características construtivas da maioria dos edifícios (onde a madeira está presente enquanto elemento na constituição dos pavimentos e estrutura de apoio das telhas da cobertura) e a sua proximidade entre si, mas também à “sementeira” de edifícios abandonados ali já existentes.


CONCLUSÃO

Tentei sintetizar o diagnóstico que faço de um Centro Histórico que ainda há alguns anos era o orgulho dos Sardoalenses por conferir à Vila do Sardoal o título de Vila Jardim.

O que será que os nossos candidatos às próximas eleições autárquicas pensam sobre este assunto e quais as suas propostas para inverterem o curso do seu abandono? Fico à espera.

(Post Script um: Não termino sem que antes aborde dois outros assuntos.)

Assunto Um: Patrícia Belém

A “nossa” Patrícia Belém continua imparável. No próximo domingo é a final e ao que julgo saber, o número do telefone é agora o 760 10 40 07 mantendo-se o voto online www.tvi.iol.pt. "Por todo o orgulho que a todos nós nos tem concedido, o mínimo que merece é que a continuemos a castigar com os nossos telefonemas e votos online. Porque merece, era bem feito que fosse a vencedora do concurso "Uma canção para ti". FORÇA PATRICIA!!!"

Assunto Dois: Eleições Europeias

Ainda há alguns dias atrás reconheço que as eleições para o Parlamento Europeu não me suscitavam qualquer entusiasmo. E a falta de entusiasmo nem sequer derivava do facto de não ouvir os candidatos, porque sempre que podia assistia a alguns debates entre eles. Tenho para mim que, quatros dos cinco maiores partidos apresentam bons candidatos com ideias, que é sempre de aplaudir.

Pese todas as ideias e propostas que apresentavam, reconheço que não havia algum que se destacasse mais do que os outros. Por isso, durante algum tempo a ideia que me acompanhava era a de que possivelmente votaria em branco.

Até que…

O candidato Vital Moreira decide apresentar, como proposta da candidatura do PS, a criação de um imposto europeu, sem que com isso seja aumentada a carga fiscal dos portugueses. Dizendo as coisas deste modo, o reflexo desta proposta não suscitou em mim qualquer reacção antagónica. Todavia, quando questionado para desenvolver melhor tal proposta, ao responder aos jornalistas que tal desenvolvimento só seria possível após as eleições a minha reacção imediata foi a seguinte: O PS não é merecedor do meu voto. Independentemente da fraqueza negocial dos portugueses na união europeia e a proposta do candidato do PS poder, por isso, não chegar a ver a luz do dia, só o facto de me pedir um voto em branco (porque talvez fosse enfadonho eu conhecer melhor os contornos da proposta, ou porque eu sou estúpido o suficiente para não os entender) foi o bastante para decidir em quem não deveria votar.

O candidato Paulo Rangel, cabeça de lista do PSD, entrevistado na TSF na manhã do dia de ontem (5ª feira) descreveu uma das suas propostas que envolve o 1º emprego para os jovens que saem das universidades todos os anos. Uma espécie de ERASMUS, mas para o campo do trabalho. Enquanto conduzia entre o Pego e o Sardoal fui ouvindo a sua dissertação sobre o projecto e dei por mim a pensar no futuro quer da minha filha, quer de milhares de estudantes universitários que acabarão os seus estudos superiores e serão “despejados” literalmente para o desemprego e sem perspectivas futuras. Ali estava, porventura uma oportunidade de fuga a tal "despejo". De igual modo, face à fraqueza negocial de Portugal na Comunidade tal proposta também se arrisca a ficar no papel, contudo a lucidez e a descrição dos seus contornos deu para perceber que era séria e tinha alma. O meu voto é seu Caro Dr. Paulo Rangel e, por conseguinte, do partido que o elege, o PSD.

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