sexta-feira, 26 de junho de 2009

Os Cruzamentos da Morte

Passados que são dois meses após o fatídico acidente no cruzamento da variante EN2 com o Pisco/Cabeça das Mós que ceifou a vida a um casal de Sardoalenses, julgo ter chegado a minha vez de, também, tecer alguns comentários sobre o assunto.

Porque “choveram” de todo o lado, e muito bem, críticas sobre a ineficiência da sinalização quer nesse cruzamento, quer nos outros dois inseridos no Concelho do Sardoal (EN2 – Zona Industria/Sardoal/Valhascos e EN2 – Sardoal/Andreus/Valongo), entendi que deveria acompanhar tudo o que se ia dizendo e escrevendo e esperar que o “tempo arrefecesse” toda a revolta que o caso, justificadamente, provocou.

Num País onde a responsabilidade salta de mão em mão, qual pedaço de carvão incandescente, não foi preciso esperar muito para se perceber que quem detém a responsabilidade pela gestão e manutenção da EN2 (o Instituto de Estradas de Portugal) na hora de receber “a brasa incandescente”, a atiraria para o chão. Na sua defesa, alegou que o problema, que estava na origem dos sistemas semafóricos se encontrarem inoperacionais, se devia a quebras de tensão de energia eléctrica e que a solução passaria por contratar uma empresa especializada para corrigir tais deficiências.

Hoje, porque tudo se encontra na mesma, podemos concluir que nada valeram as notícias publicadas nos jornais, os ofícios da Câmara Municipal do Sardoal ao IEP, as cartas ao Primeiro-Ministro, as intervenções dos nossos Autarcas nas rádios, os artigos de opinião em alguns blogues, etc. Os semáforos no cruzamento EN2 - Zona Industrial/Valhascos/Sardoal continuam apagados e os semáforos no cruzamento EN2 – Pisco/Cabeça das Mós/Venda Nova continuam a apresentar a luz amarela intermitente.

Quanto às notícias, houve para todos os gostos: desde a indignação pela irresponsabilidade e insensibilidade do IEP até ao aproveitamento político de quem, querendo ser poder, usou a situação para tentar fragilizar o seu adversário, procurando responsabilizá-lo por actos que a outros dizem respeito. E se já foi grotesca a inquisição pública sobre como, quando e a quem foram dirigidas as informações sobre o estado dos semáforos nos cruzamentos da morte (como se fosse dever de um Presidente de Câmara, na eventualidade de uns semáforos não funcionarem devidamente no seu Concelho, ter de redigir um ofício a quem tem a responsabilidade pela sua manutenção, não devendo sequer usar um meio mais expedito e mais rápido, telefonando ou mandando telefonar, a quem de direito) o modo como a seguir se condena politicamente alguém que não tem responsabilidade directa sobre o assunto e olvida, por completo, quem efectivamente possui tal responsabilidade é, no mínimo, surrealista.

Quando se afirma que “… Em 16 anos de responsável máximo pela política executada no Concelho, designadamente, a da Segurança Rodoviária na área do Município (o Presidente da Câmara) não teve a iniciativa, a perseverança, ou o “engenho e a arte” para demonstrar aos governos a necessidade premente de implementar, em concreto, no terreno, de uma solução técnica que impedisse ou diminuísse o risco de ocorrência de acidentes fatais naqueles locais…”

Quando se afirma ainda que “… De 1996 até ao final de 2008 faleceram entre os Km 375,570 e 386,800 da EN2, na área do Concelho de Sardoal, infelizmente, vários sardoalenses e outros ficaram feridos decorrentes dos respectivos acidentes. Ocorreram de 1996 até 2008, nesse troço da EN2, mais de 85 acidentes que se traduziram em 8 mortes e mais de 120 feridos ligeiros…”

E quando, esse mesmo alguém que detém toda esta informação de sinistralidade rodoviária é capaz de a ignorar durante 3 anos em que foi Deputado Municipal e é capaz de a ignorar, ainda, no passado dia 13 de Março ao divulgar o seu plano de acção caso seja eleito Presidente de Câmara, nas próximas eleições autárquicas, não merece que o tomem a sério.

Por outro lado, não consegui vislumbrar em tudo o que disse e escreveu sobre como poderia ser contornado todo este impasse. Dizer que se está do lado da solução e não do problema e ser-se incapaz de propor uma única solução não significará incompetência e irresponsabilidade?

Olhando agora para o problema que o Sardoal tem em mãos: Três cruzamentos que já podem ser baptizados de, CRUZAMENTOS DA MORTE, e sobre os quais tarda a sua correcção.

- O que é que se passa nos outros Concelhos?

- Em Vila de Rei, por exemplo, construíram-se rotundas.
(Dirá alguém.)

- Qual o custo de uma rotunda quando comparado com uma vida humana? Será que as duas passagens superiores particulares que o IEP foi obrigado a construir não ficaram mais caros do que o necessário para a construção de rotundas nos Cruzamentos atrás citados?

- Quem nos garante que mesmo com o sistema semafórico a funcionar em pleno, o traçado rectilíneo da EN2 nas aproximações aos referidos arruamentos, desafiante para alguém menos responsável pressionar o pedal do acelerador, não ocorrerão novas mortes nesses cruzamentos?

São várias as vantagens que as rotundas promoveriam, desde logo, dispensa da rede eléctrica e maiores cuidados por parte dos automobilistas aquando da sua aproximação a essas rotundas.

Será que não é chegada a hora de sermos mais pragmáticos e menos utópicos?

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