domingo, 21 de fevereiro de 2010

A Barca do Inferno (2)

Mais uma “semana negra” para todos nós: É como algumas cenas que por vezes observamos na National Geography, "toda a vez que o macaco enfia a palhinha no buraco mais formigas vêm agarradas a ela”.

Sinceramente já não sei se é preferível que o “símio” morra à fome ou se continue a alimentar do máximo de "formigas" possível. O que sei, e todos nós sabemos, é que a nossa sociedade está doente e, contrariamente àquilo que esperávamos, quem tem tratado da sua saúde tem-se revelado mais curandeiro ou charlatão do que médico.

A nossa difícil situação económica deveria orientar-nos mais para a forma de aliviarmos o garrote financeiro, que aos poucos nos estrangula, do que propriamente estarmos a alimentar sentimentos inquisitórios contra outros.

Deixemos que a Justiça actue e que ela seja implacável com todos aqueles que a violam. Que a absolvição dos inocentes e a penalização dos culpados seja célere e que os fundamentos que legitimarem a decisão sejam públicas para que a dúvida seja erradicada de vez.

Não é preciso sermos videntes para percebermos o que nos espera ao virar da esquina: CONFLITOS SOCIAIS. “Casa sem pão, todos ralham e ninguém tem razão”.

Sou recorrente em alguns pensamentos que venho revelando nos meus artigos. Um deles é o de que: “Nem com os erros da história aprendemos”. Sabemos que estamos errados e nada fazemos para nos corrigirmos.

Tenho alguma expectativa quanto às linhas macroeconómicas a propor pelo Governo, dentro de algum tempo, e no âmbito do PEC (Plano de Estabilidade e Crescimento). E a minha expectativa é grande porque as medidas necessárias para corrigir o desequilíbrio financeiro das contas públicas inevitavelmente penalizarão os interesses que ao longo dos tempos todos fomos adquirindo (de uma forma mais justa ou injusta).

O equilíbrio das nossas contas só se obtém quando as nossas receitas superam as despesas. Não é possível eternizar-se no tempo a actual situação porque passam as finanças públicas (locais e nacionais) em que como as despesas superam as receitas, todos os anos, se recorre ao financiamento bancário para que o equilíbrio se estabeleça. Um dia virá que não havendo forma de pagar o que se deve a entidade credora cancela o empréstimo e determina o fim do devedor. E será que isso só pode acontecer às famílias e às empresas?

Sem pretender ser profeta da desgraça, será que algum português, diante da opulência e da irresponsabilidade protagonizada por quem nos dirige (direi mais, com o desprezo que muitas vezes eles se revelam perante todos nós), será capaz de ficar indiferente perante a obrigatoriedade de ter de contribuir com mais impostos? Será que os reformados, funcionários públicos e todos aqueles que dependem directamente do Estado aceitarão de ânimo leve suportar mais impostos (por exemplo, o IVA passar para 22%, para não falar em 25% como alguns ilustres economistas da nossa praça já prevêem), sem que os seus vencimentos se alterem, ou pior, que mesmo assim ainda desçam, tal como aconteceu na Irlanda? E os outros, como eu, que não dependem directamente do Estado, mas dependem de uma sociedade estável e saudável, será que não nos indignaremos por nos obrigarem a participar num plano económico pejado de sacrifícios quando sabemos que nesse sacrifício nem todos participarão?

Sendo inevitável a ocorrência de Conflitos Sociais, será que eles não agravarão ainda mais a nossa já débil situação?

- Quem nos acode?

Costuma-se dizer que, para grandes males, grandes remédios. Se nós não formos capazes de nos organizar outros se encarregarão de o fazer. No passado o FMI (Fundo Monetário Internacional) encarregou-se de o fazer, agora cabe a vez à CE (Comunidade Europeia). No passado as reservas de ouro funcionaram como garantia, agora que elas já escasseiam (para não falar das quotas internacionais que entretanto os Países se viram forçados a aplicar na sua alienação), o que nos resta?

- Será solução continuarmos a esconder a cabeça na areia?

- Alguém tem dúvidas que a nossa Barca de tão furada que se encontra só nos poderá conduzir ao Inferno?

- Porque é que não foram os vikings a ocupar a Penísula Ibérica em vez dos mouros?



Post Scriptum: O Concelho do Sardoal pertence à lista dos 68 Municípios do Continente excluídos do PIDDAC (Programa de Investimento e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central) para o ano de 2010. Dos 2.833 Milhões de Euros previstos no Orçamento de Estado, nem um único cêntimo é destinado a este pobre Concelho. Porquê?
- Porque é que, ao nível do Distrito de Santarém, juntamente com Almeirim, Constância, Coruche e Mação, o Sardoal, continua a ser esquecido?
- A não atribuição de qualquer subsídio resultou do facto de nada ter sido solicitado ou o Estado entendeu ignorar os pedidos apresentados porque segundo ele não precisamos?
- Será que nem para Serviços Culturais, Recreativos ou Religiosos da responsabilidade da Autarquia Sardoalense foi possível “arranjar-se” 299 € ou 300 € como o conseguiram, para esses fins exclusivos, os Concelhos de Figueiró dos Vinhos, Almodôvar e Penamacor?
- Como é triste a nossa sina!

Enquanto isso “distribuem-se” valores milionários de uma forma tão “esquisita” que até para os eventuais “beneficiários” indirectos, mas por quem os “sinos dobram”, merecem comentários do tipo “… essa… dá muitos subsídios de desemprego.”. A fazer fé no transcrito no último número do Semanário “Sol”. Se os 250.000 € davam para muitos subsídios de desemprego, quanto caberia a cada Concelho proscrito da lista do PIDDAC para 2010 os 2,5 M€ anuais que um célebre "boy" recebia por ano?

É preciso ter lata!...

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