sábado, 9 de agosto de 2008

O alcatruz da nora

Depois de vivermos alguns anos e percebermos a vivência de outros, não temos dúvidas ao afirmarmos que tudo é efémero e que cada um de nós já experimentou, ou vai experimentar, os diferentes locais por onde passa o alcatruz de uma qualquer nora.

Olhando para trás, julgo já ter experimentado algumas das posições do alcatruz. E a posição que mais recordo foi quando ele mergulhou na água do poço e se deslocava no sentido descendente. Como era angustiante não saber quando iria ocorrer a mudança do sentido do alcatruz! Recordo…

O início do meu sonho canadiano começou precisamente por um pesadelo: trabalhar nas obras. Tinha 32 anos. Durante alguns meses vi-me mergulhado a executar trabalhos de servente de pedreiro e de pedreiro, que nunca tinha experimentado na vida. Sabendo que era a única alternativa que tinha para sustentar a minha família não hesitei. A dureza dos trabalhos era tanta, que a única forma que encontrei para a poder minimizar foi lembrar-me da dor que Jesus Cristo (meu Pai) padeceu quando foi crucificado. Os pedidos contínuos de 3 pedreiros (“massa”, “água”, “bricks”), misturados com o dicionário dos palavrões e das asneiras complementavam um esforço físico brutal a que me sujeitava 10 horas por dia.

Ao fim do dia e depois de um banho revigorante que bom era deitar-me no chão da minha sala e descansar!


É certo que ao fim de alguns meses o alcatruz inverteu o seu sentido descendente e consegui trocar os baldes de massa pelas carteiras da Universidade.

Dessa passagem pelo mundo das obras ficou o respeito por todos aqueles que trilham tais caminhos. Hoje quando visito as minhas obras, na qualidade de projectista e director de obras, revejo-me no lugar daqueles que as executam, independentemente da categoria profissional que possuam. Os muitos empreiteiros que comigo têm trabalhado sabem da minha persistência no que respeita à implementação da Segurança e Higiene de todos os que percorrem os caminhos do estaleiro. Sabendo dos riscos que qualquer obra encerra, a minha persistência é como se estivesse a garantir a minha própria segurança.

Logo após ter sido eleito Vereador e saber das deficientes condições de segurança e higiene dos trabalhadores da Autarquia Sardoalense, em articulação com o meu colega Pedro Duque, não hesitámos em as denunciar nas reuniões do executivo municipal na expectativa das mesmas poderem ser corrigidas.

Passados que são quase três anos de intervenções e pedidos, quase tudo está na mesma. Os Equipamentos de Protecção Individual e Colectiva dos funcionários da Autarquia Sardoalense e adstritos ao Saneamento, Limpeza dos Espaços Públicos e Obras Municipais são dos mais primários que se possa imaginar. Os riscos a que os mesmos estão sujeitos pela não existência de tais equipamentos são reais.

- E se um dia alguém se “aleijar”?
- Quem será o último a segurar a “batata quente”?


O primeiro a segurar nela, todos nós sabemos quem é. Também sabemos que logo que ele sinta o calor da batata na sua mão, será lesto em atirá-la para quem não lha possa devolver. Não consigo ficar indiferente diante tamanha irresponsabilidade!

E porque as férias convidam a exercícios de leitura, aproveito a oportunidade e faço um convite aos meus leitores.

O convite resume-se a darem 7 passos:

Passo 1 – Acedam ao site da Câmara Municipal de Sardoal www.cm-sardoal.pt
Passo 2 – “Cliquem“ em Informação Institucional
Passo 3 - “Cliquem“ em Câmara Municipal
Passo 4 - “Cliquem“ em Actas das Reuniões de Câmara
Passo 5 - “Cliquem“ em Acta da Reunião de 2008-07-16
Passo 6 - “Cliquem“ em Documento Anexos Acta 14 2008-07-16 pdf
Passo 7 - “Reclinem-se“ numa cadeira e leiam o que se encontra escrito entre as páginas 4 e 12 da Acta sobre “Segurança e Saúde dos Trabalhadores da Autarquia” e “Visita às Estações de Tratamento de Águas de Abastecimento à população e respectivos Reservatórios”

Depois de lerem o excerto da acta, digam-me se o Mágico Luís de Matos não coraria de inveja por não ser capaz de realizar alguns truques de magia e ilusionismo nela descritos?

Pondo de lado o humor do parágrafo anterior, digam-me, ainda, se não tenho razões para me insurgir com tanta mentira e me preocupar com tanta asneira?

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