domingo, 15 de março de 2009

Caminhos de Deus (1)

Embarco hoje numa viagem pessoal. Será uma viagem ao "meu tempo" durante a qual pretendo perceber a lógica dos Meus Caminhos com os Caminhos de Deus.

Como qualquer criança portuguesa pertencente a uma família cristã, no início da década de 60, percorri todas as etapas da formação cristã, independentemente da 1ª fase ter tido lugar na Metrópole (Portugal Continental) e a 2ª fase em Moçambique. Lembro-me que, se ao princípio a figura dos anjos e a coragem dos mártires a serem devorados pelos leões no Coliseu de Roma eram um incentivo para frequentar a catequese, para o fim, só o espírito do grupo e a obrigatoriedade imposta pelos pais é que permitiram que a "Crisma" fosse concluída.

Concluída a formação, como qualquer adolescente, entrei na chamada "fase da contestação", durante a qual contestava quase tudo. A ida às missas de Domingo deixaram de ser obrigatórias e as "ideologias" dos grupos a que pertencia fizeram com que durante alguns anos "esfriasse" os meus sentimentos quanto à lógica dos "Caminhos de Deus". Recordo-me, todavia, que em vésperas de testes, não resistia à tentação de rezar para que pudesse ter positiva, especialmente naqueles para os quais estava menos preparado. Claro está, que quando os resultados não eram os melhores e constatava que outros colegas que chegavam a rejeitar a existência de Deus obtinham muito melhores notas, questionava-me sobre a lógica da Fé.

Os anos foram passando e embora fosse pontualmente questionando a minha Fé na religião Católica nunca deixei de acreditar no meu Deus, que aceitava ser meu Pai e que dava pelo nome de Jesus Cristo. Depois de muito ler sobre outras religiões, concluí que o meu Deus, que era bom, era o mesmo Deus Bom das outras religiões, só que não se chamavam Jesus Cristo, tinham simplesmente outro nome. E se dúvidas tivesse dessa minha apreciação, um dia tive a confirmação, na sequência de uma visita que efectuei a uma Mesquita, corria o ano de 1975. Passo a contar:

- "Os alunos do 7º ano do Liceu Pêro de Anaia da cidade da Beira (Moçambique) efectuaram a sua viagem de Finalistas à Ilha de Moçambique. Sendo um dos Finalistas, não deixei de participar nessa Viagem. Um dos programas dessa viagem assentou numa visita à Mesquita da Ilha. Munidos dos essenciais "Cofiós", entrámos na Mesquita, lavámos os pés e entrámos na sala das orações. Quando no interior, ao observar aquelas paredes totalmente vazias, senti algo estranho. Havia "qualquer coisa" que pairava no ar. Um "arrepio" invadiu o meu corpo e a minha reacção imediata foi rezar um "Pai Nosso" em silêncio profundo. Concluído o "Pai Nosso", o arrepio deu lugar a uma paz, impossível de explicar. Ali dentro, estava "alguém" a quem eu tratava por Jesus Cristo e outros por Maomé".

O tempo passou. Casei pela Igreja e a minha Filha nasceu. É aqui que se inicia uma nova etapa na forma como passo a "lidar" com o meu Deus. Tomando consciência que aqueles a quem amamos, porque vivem, estão sujeitos permanentemente à dor e à morte, passo a recorrer ao meu Deus, com uma maior frequência, para que me protegesse e a todos aqueles que mais amava, para melhor poder viver e ser feliz. À noite, antes de adormecer, rezava sempre um Pai Nosso e uma Avé Maria pedindo protecção para o meu lar.

Corria o ano de 1986, quando ocorreu uma mudança na forma de lidar com a minha Fé Cristã. Deixei simplesmente de "decorar em silêncio" o normal Pai Nosso e Avé Maria", para ir mais longe: "Falar com Deus".

(No próximo artigo descreverei algumas conversas que tive com Ele, que decorreram entre 1986 e 1991, bem como o resultado de algumas dessas conversas.)

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