domingo, 1 de março de 2009

Em terra de cegos

A Vila de Sardoal voltou a ser inundada de propaganda política. No ar já se sente o “cheiro” a campanha eleitoral.

Desde as Presidenciais de 2006 que, com excepção do Partido Comunista Português que nunca deixou de “alimentar” uma pequena estrutura localizada no interior da Vila, que nos habituámos a ver estruturas metálicas vazias em alguns pontos da nossa Vila (e do nosso Concelho), as quais outrora divulgaram mensagens politico-partidárias, quer locais (onde eu próprio cheguei a ser protagonista), quer nacionais.

E eis que por artes mágicas(?), em Dezembro último, a nossa paisagem urbana se transformou, com os apelos do Partido do Governo ao “espírito” de Natal. Quem não gosta de ouvir tais mensagens?

“Aquecidos os corações”, a fase seguinte foi revelar que a acção governativa era merecedora de todos os elogios, conforme atesta o facto dos apoios que têm sido prestados às famílias, às empresas, aos trabalhadores, etc. O que se segue? Não será difícil de prever que as próximas mensagem encerrem algo como “quem fez o que fizemos, mesmo diante de uma conjuntura económica desfavorável, merece continuar a governar os portugueses. Só existe um voto possível: vote em nós”.

São vários os pensamentos que este tipo de marketing comunicacional me suscita:

1º O Partido do Governo tem todo o direito de publicitar o que entende ter feito bem, mas pergunto: Será que não era esse o seu dever? Será que existe algum governante que não pretenda fazer o melhor possível para ajudar o Povo do seu País?

2º Porque será que eu não vejo ser publicitado uma promessa eleitoral que não foi cumprida, numa verdadeira acção de autocrítica? (Acreditem! Se o Partido do Governo colocasse uma mensagem num out-door, através da qual pedia desculpa a todos os portugueses por não ter cumprido com a promessa de criação de 150.000 novos empregos durante o quadriénio 2005-2009, invocando a verdadeira razão por tal insucesso, teria em mim um impacto mais positivo do que aquele em que revela o que está fazer.)

3º Do lado dos partidos da oposição, pouco ou mesmo nada se vê. A oposição cinge toda a sua acção, exclusivamente na denúncia do erro. Tem impacto na altura da sua revelação, mas depressa se desvanece. Os Portugueses há muito que revelaram que têm um memória curta, por isso, para o Partido que tem sonhos de ser Governo, não basta denunciar o erro dos outros. Acima de tudo tem de ser capaz de demonstrar que é capaz de fazer melhor. E essa demonstração tem de ser racional e, por todos nós, entendida. (A este propósito, temos todos assistido ao digladiar das posições defendidas pelo PS e pelo PSD sobre a melhor forma do Governo responder à crise em que o País, a Europa e o Mundo se encontram. Do lado do Partido do Governo a saída são o TGV, o Aeroporto de Alcochete, a 3ª Ponte sobre o Tejo e mais uma ou outra obra estrutural de relevo. O que diz o PSD? O Governo deverá cingir toda a sua acção apoiando as pequenas e médias empresas atirando para a gaveta do futuro tudo o que sejam obras faraónicas. Em quem devo acreditar?). Porque raio a oposição também não usa os out-doors ou outros meios informativos para a todos nos informar o que faria diferente do que tem feito ou faz o Partido do Governo?

Se há coisa que os Portugueses já perderam há alguns séculos é o gosto pela aventura. “Mal por mal, é melhor estar assim” e por isso nunca se aplicou tanto o ditado popular: “Em terra de cegos, quem tem olho é rei”.

(Post Scriptum: Para as próximas eleições autárquicas, o Concelho do Sardoal já tem dois candidatos: Pelo PSD, Fernando Moleirinho já decidiu “arregaçar as mangas” e enfrentar o veredicto popular pela sexta vez. Por parte do PS, Dr. Fernando Vasco há muito que já havia assumido tal propósito. Quanto aos outros Partidos, à imagem das eleições anteriores, até à última, ainda deverão aparecer mais duas candidaturas que terão apenas como missão a angariação de umas dezenas de votos marginais, os quais serão muito úteis para o reforço das débeis finanças desses Partidos.)

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