sábado, 4 de abril de 2009

Caminhos de Deus (4)

Deu para perceber nos artigos anteriores que mantenho desde há muitos anos uma “relação muito especial” com Deus, da qual me sinto um afortunado pelas muitas “dádivas” que Dele tenho recebido.

Essas “dádivas” fazem-me reflectir sobre qual deverá ser o meu papel no mundo, quando percebo que os “caminhos dos homens” se afastam dos “Caminhos de Deus”. Será que deverei fechar-me dentro de mim próprio, viver em silêncio com Ele e ignorar o mundo à minha volta ou, por outro lado, contribuir de alguma forma para que os “caminhos dos homens” derivem em direcção aos “Caminhos de Deus?

Por mais que eu tente “fechar-me” na minha própria concha, e numa atitude egoísta ignorar o mundo que me rodeia, existe sempre um qualquer obstáculo que impede esse fecho, qual reacção inconsciente a um sentimento claustrofóbico. Esses obstáculos, que direccionam os “caminhos do homem” em sentido contrário aos “Caminhos de Deus”, são os responsáveis pelo facto da concha não se poder fechar.

Não consigo ficar insensível perante as ausências da verdade e do humanismo protagonizadas pelos homens. E a revolta é tanto maior, quanto maior for a responsabilidade que alguns têm perante os outros.

A estatura dos homens mede-se pelo “sabor amargo” que a consciência do erro lhe provoca.

Como qualquer homem, sei que não sou dono da verdade e que o erro me acompanha em muitos passos que dou. Viver é arriscar a vida em cada segundo, e quando se arrisca, o erro está intimamente ligado ao risco. Porém, uma coisa é o erro ser espontâneo e inconsciente, outra é ele ser o resultado de uma premeditação com claros prejuízos para outrem.

Será que as vítimas do erro não são geralmente os mais fracos e os mais frágeis?

Será que o instinto de sobrevivência do homem não o “empurra” para o caminho dos mais fortes e não o estimula a ignorar a existência dos mais fracos?

Quantos de nós não ouvimos já dizer que “dos fracos não reza a história”?

Pois é. Só que esses tais “fracos”, tal como qualquer um de nós:
- Vieram a este mundo sem o solicitar;
- São possuidores de razão, têm sentimentos, instintos naturais e necessidades;
- Também são filhos de Deus e, como tal, nossos irmãos.

Será que a razão não nos deverá a todos motivar para que, todos aqueles que vivem à nossa volta, incluindo nós próprios, quer na comunidade que nos acolhe, quer na aldeia global em que se tornou o nosso planeta e ao qual pertencemos, possamos sentir que “valeu a pena a passagem por este mundo”? Eu não tenho dúvidas.

No passado dia 30 de Março fez um ano que “inaugurei” este meu “cantinho”. Foram vários os temas que abordei durante este tempo e que criaram as mais diversas reacções em todos aqueles que entenderam conhecer os seus conteúdos. Como seria de esperar, houve quem tivesse concordado e quem tivesse discordado. Entenderam uns manifestar-se de rosto tapado, outros houve de rosto descoberto. Uns respeitaram o homem por de trás do pensamento, outros nem por isso. Uns escreveram de longe (olá Brasil!), outros de perto.

O autor do primeiro artigo, deste artigo e de todos artigos anteriores a este é o mesmo. Nada mudou, a não ser o facto de, a partir de certa altura, ter deixado de exercer responsabilidades políticas na comunidade à qual pertence. Porém as responsabilidades cívicas e os deveres de católico mantêm-se.

A vida aguçou-me as “garras” e os “dentes” e, por mais que tente, não sei ser cordeiro. Não temo qualquer “alcateia” sempre que forem colocados em causa os valores que o meu Profeta, já há dois milénios, projectou para os “Caminhos dos Homens”, para que eles se direccionassem para os Seus.

Ao comemorar o meu primeiro aniversário de “bloguista”, entendi evocar Alguém a quem amo profundamente e a quem devo tudo o que sou. Se alguém não percebia a razão que estava subjacente aos meus pensamentos nos artigos que escrevia ou nas tomadas de posição públicas que tomava, ficou a saber que toda a minha conduta assenta em valores que não temem o julgamento dos homens, mas sim a de Deus.

Sentimentos como ódio ou vingança, erradiquei-os de dentro de mim e preenchi eventuais vazios que eles possam ter deixado por um sentimento de justiça algo difícil de explicar. E esse sentimento é tão profundo, que nem eu próprio escapo a ele. É a verdade que faz mover o fiel da sua balança e não a inclinação do plano onde a balança assenta.

Sempre que as intenções ou as acções dos homens condicionarem ou poderem condicionar as vivências daqueles que fazem parte da “minha comunidade”, estarei aqui para as elogiar ou denunciar, conquanto eu perceba que elas favorecem ou dificultam os nossos acessos na direcção dos “Caminhos de Deus”. Será esta a missão que Deus me confia? Não sei. Apenas sei que não consigo controlar-me diante de um cenário de injustiça que viole princípios éticos da condição humana e que contrariam a vontade de DEUS.

E tanto há para elogiar e denunciar!...

(PS – A “minha comunidade” não é só o Concelho onde vivo, mas também ao País a que pertenço e o mundo que me acolhe.)

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