sábado, 11 de julho de 2009

Os "estrangeiros"

Tenho acompanhado com algum interesse as “movimentações” políticas lá para as bandas da terra que me viu nascer.

Nos últimos tempos tive a oportunidade de perceber que uma das candidaturas acusava uma outra de ter na sua lista duas pessoas de um outro Concelho, que nada tinham a ver com o Concelho pelo qual concorriam, enquanto que por parte da outra candidatura visada era justificada a sua presença pelo facto dessas pessoas desenvolverem a sua actividade profissional no Concelho há já alguns anos e serem portadores de mais valias que deveriam ser aproveitadas.

Não sendo já a primeira vez que tal sucede nesta campanha eleitoral (o líder de uma outra candidatura teve que se esforçar para desenvolver uma tese segundo a qual embora não tenha nascido no Concelho era como se tal tivesse acontecido) implicou que eu sentisse a necessidade de escrever algo sobre os “estrangeiros da política local”.

- O que é ser-se “estrangeiro” (estranho) na política de um Concelho? Importa o berço?

Será que eu, tendo nascido na Rua D. João IV na cidade de Abrantes no longínquo ano de 1954, que tendo aprendido as primeiras letras e as primeiras contas na Escola dos Quinchosos até 1963, que tendo vivido ininterruptamente entre 1976 e 1987, onde casei e nasceu a minha filha, onde a minha esposa trabalha desde 1992, onde a minha filha estudou até rumar à universidade, onde a minha árvore genealógica paterna possui 3 gerações e a materna se perde na bruma dos tempos, caso hoje fosse candidato por uma das listas concorrentes na minha terra Natal não deveria ser considerado “estrangeiro”?

Não basta conhecer-se a matéria, é imprescindível conhecer-se o espírito. É o conhecimento do espírito de uma comunidade que determina se alguém, politicamente é ou não “estrangeiro”. Esse conhecimento não se adquire estudando. Adquire-se praticando.

Não tenho dúvidas que pese todo o meu curriculum de vida que possuo com a minha terra Natal, não passaria de um simples “estrangeiro” caso entendesse incorporar uma das listas candidatas às próximas eleições Autárquicas.

Será que não é o espaço onde vivemos, onde estabelecemos os nossos interesses profissionais e cultivamos as nossas pontes com os outros pertencentes à nossa comunidade, que nos impulsiona e motiva a trilharmos caminhos que visem melhorar o índice de satisfação dessa mesma comunidade?

Como é que alguém, vivendo afastado da realidade de um Concelho onde não reside, onde não trabalha nem tem interesses de qualquer ordem, onde não possui um círculo de amigos consistente com quem possa manter contactos regulares e permanentes, onde nem sequer tem direito de voto, consegue convencer uma comunidade a segui-lo?

Pese todo o capital de conhecimentos que essa pessoa possa ter, para mim, enquanto “estrangeiro”, não merece o meu voto, porque tal pessoa tem tudo a ganhar e nada a perder.

Se as coisas correm bem: “ÓPTIMO!”

Se as coisas correm mal: “TENHAM PACIÊNCIA E DESENRASQUEM-SE! VOLTO AO LUGAR A QUE PERTENÇO.”

Post Script Um
: Não concluo o artigo de hoje sem que antes aborde alguns assuntos de uma forma muito ligeira.

Tiro o chapéu a José Sócrates por ter determinado que quem fosse candidato pelo PS às próximas eleições autárquicas não poderia ser, em simultâneo, candidato a deputado da Assembleia da Republica. Para aqueles que estavam a arranjar curriculum político para tais fins convenhamos que foi um sério revés. Ganhou a Democracia e ganhamos todos nós. Já chega de candidaturas do faz-de-conta.

2º Um estudo divulgado no passado dia 7 e desenvolvido pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra revelou que “… Em países como a Inglaterra ou Austrália, a transformação de um cruzamento prioritário numa rotunda, traduz-se numa redução de 40 a 60 por cento na frequência dos acidentes e em mais de 95 por cento nos com vítimas mortais. Também o aumento de capacidade ultrapassa os 40 por cento…”. O estudo refere ainda que “… é uma óptima solução, desde que concebida correctamente. O investimento inicial é extremamente reduzido e são de fácil manutenção…” Quando há duas semanas propus que os três cruzamentos da EN2 no Concelho do Sardoal, no artigo “os cruzamentos da morte” deveriam ter uma intervenção no sentido de se transformarem em rotundas, não posso deixar de sentir alguma satisfação ao conhecer estes estudos agora divulgados. Quanto ao estado dos cruzamentos, continuam na mesma. O Instituto de Estradas nada faz e do facto serve-se a oposição para culpar outros.

3º Esta semana o “três bicas” atingiu o número mágico das 10.000 visitas, no pouco mais de um ano de vida que tem. O número não me deixa indiferente tanto mais que nos meus artigos faço o possível por emitir o meu pensamento fugindo ao conflito e respeitando sempre os outros. Na cadeira de Efective Technical of Comunication que tirei no ano de 1989 no Canadá e que fazia parte do meu curso de Engenharia Civil aprendi que: “Notícia não é o cão morder no homem. Notícia é o homem morder no cão”. Da minha parte não cedo nos meus princípios quanto à não publicação de notícias sobre homens que mordem em cães. Não é a audiência que me motiva a escrever, mas apenas a vontade de pensar com outros. A todos aqueles que por vezes buscam este cantinho: OBRIGADO PELA VISITA!

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