domingo, 23 de maio de 2010

A Força dos Números

A força e o poder de qualquer político depende do pacto que ele estabelece com quem o apoia e elege.

A Democracia, que “invadiu” Portugal em Abril de 1974, trouxe consigo uma “Lei” que confere a todos os Portugueses a possibilidade de atingirem o mais alto degrau do poder, bastando para tanto ter engenho e arte para captar o voto dos demais.

Á medida que os anos foram passando essa “Lei” foi sendo permanentemente corrigida nos artigos que tratavam os direitos dos eleitos até que… os deveres que lhes estavam consagrados foram por completo abolidos. E porque o padrão de vida que o poder lhes conferia (e confere) era de tal forma elevado, TUDO faziam (e continuam a fazer) para o deterem. Daí, a tornarem-se vendedores da “banha da cobra” foi um pequeno passo.

A força do poder de qualquer político dependia (e depende) da sua capacidade de reunir uma corte pessoal que o apoia e do voto do Povo que o elege. Aos primeiros oferecem-se mordomias (pagas com o dinheiro de outros) enquanto que aos outros promete-se tudo aquilo que os poderão “entusiasmar” na hora de desenharem uma simples cruz. O sucesso é obra sua, enquanto que o insucesso é obra de outros.

Porque a esmagadora maioria dos nossos governantes nunca conheceu o real valor do dinheiro, na hora de utilizar o dinheiro dos outros (de todos nós) apenas se preocupou em como o gastar delegando nos que viriam depois deles a responsabilidade em corrigirem os “desarranjos financeiros” por si promovidos. As “necessidades do Povo” a isso os “obrigavam” e quem viesse atrás que “apagasse a luz”. Os anos foram passando… o apetite voraz dos governantes aumentando… a corte que vive dos “expedientes políticos” engrossando… até que um “espirro” dos americanos em 2007 nos “pregou” uma brutal pneumonia. Ao princípio, alguém ainda tentou colocar o lixo e o pó debaixo da carpete, mas cedo se provou que era lixo demais para tão pouca carpete.

Os números que os nossos governantes sempre quiseram esconder e que os políticos da nossa praça tanto gostam de evitar, são agora um machado sobre as nossas cabeças.

O “Expresso” esta semana dava conta de alguns desses números. De acordo com o estudo publicado, os números da dívida pública são de tal modo assustadores que: “as Medidas de austeridade só cortam pequena parcela do endividamento previsto até 2013. VAMOS PAGAR IMENSO ATÉ 2013… E DEPOIS AINDA MAIS”

E o que fazemos diante tudo isto? Olhamos para esses números, ouvimos as justificações dos nossos governantes que os refutam, ouvimos as justificações de economistas habilitados que os avalisam e ficamos sem saber em quem acreditar. Os primeiros evitam criar o pânico diante de tão negro cenário, nem que para isso se desdigam permanentemente de hora a hora. Os segundos não o escondem.

Os portugueses nunca foram muito bons em matemática, por isso, a sua apetência pelos números sempre foi muito baixa. E quando a maioria dos políticos nunca a desenvolveu devidamente (por exemplo: quantos políticos que estão no Parlamento tiveram tal disciplina a partir do 9º ano?) o resultado só pode ser o desastre a que todos assistimos.

A este propósito lembro o tempo em que decidi aceitar o repto de me candidatar à Presidência da Câmara Municipal do Sardoal em 2005. Utilizei os números para provar que o caminho que então o meu Concelho trilhava tinha escolhos que não profetizavam um bom futuro. Lembro-me do que publiquei no meu manifesto, justificando o meu raciocínio nos resultados financeiros do Município desde 2002. Até para o Partido que me apoiava o gesto surpreendeu. Diante dos números apenas prometi o que eles deixavam adivinhar. E como as promessas não iam ao encontro daquilo que os Sardoalenses gostavam, entenderam não conceder-me o seu voto.

Durante o tempo que exerci o cargo de Vereador, foram os números que guiaram a minha conduta, até que… esses números depois de muito incomodarem quem estava no poder, passaram a incomodar quem estava comigo.

Recordo os números das Prestações de Contas, dos Orçamentos Previsionais, do Contrato com a Águas do Centro, da Tabela de Taxas e de Estratégias para inverter alguns desses números.

Dada a lógica dos Números percebia que estava certo nos meus pensamentos, ainda que sentisse a minha impotência face à lógica da Democracia.

Será que a nossa cegueira ainda é tanta que ainda não percebemos a dimensão do “tsunami” que está prestes a atingir-nos? Já está em marcha a luta pela nossa própria sobrevivência e nela os fracos serão literalmente dizimados. O que confrange é que são os fracos que teimam em não a abrir os olhos.


Post Scriptum:
- Na semana em que o Presidente da República promulgou o casamento de gays e lésbicas, uma professora, por mostrar a sua nudez foi impedida de dar aulas de música e relegada para um canto de um Arquivo Municipal lá para as bandas de Mirandela.
Há aqui qualquer coisa que não bate certo!
Foi o puritanismo(?) saloio de um povo que a condenou ou a inveja alheia face à beleza do que é natural?

- Porque é que o Presidente da República não manda às urtigas o “status quo” de candidato a novo mandato e demite a incompetência?
“Cada tiro, cada melro!”
Alguém ainda tem dúvidas quanto ao facto de já ter expirado o Prazo de validade de José Sócrates?

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