sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A Aventura continua

No dia 30 de Março deste ano, se bem se recordam, parti para uma aventura diferente de todas aquelas que antes experimentara: abri uma janela para a blogosfera através do “Três Bicas”.

Disse na altura que em “Três Bicas” teria a oportunidade de, para além de partilhar experiências vividas com outras culturas, línguas e modos de vida que formaram o homem que hoje sou, ser também um encontro com os meus pensamentos em algumas áreas, especialmente aquelas que envolvem questões sociais e políticas.

Confesso que no início desta aventura nunca esteve subjacente a ideia de escrever para os números, todavia, sete meses depois, não consigo ficar indiferente diante das 4.000 visitas que acederam ao “Três Bicas” para conhecerem o conteúdo dos meus artigos e “lerem os meus pensamentos”.

Fazendo uma retrospectiva aos assuntos que tratei ao longo destes 7 meses, não me custa reconhecer que talvez tenha “abusado” nos temas que envolvem a política local. Mas será que “vestindo o casaco” de Vereador de um Município com profundas fragilidades a todos os níveis, qual reservatório de água furado, eu poderia ficar indiferente? Será que não era o meu dever identificar tais furos e solicitar que outras mãos disponíveis pudessem ajudar a tapá-los? (Uma mão só poderá tapar mais do que um furo, se os seus afastamentos e dimensões couberem na sua palma. Se cada um de nós só tem duas mãos, é fácil de ver que nesta tarefa todos faziam e fazem falta).

Sou capaz de admitir que em alguns artigos talvez tenha sido polémico, contudo, sincero.

Hoje, que escrevo o 50º artigo reforço a ideia de que a aventura deverá continuar. Ainda tenho muito chão para caminhar, por isso preocupa-me o futuro. Do passado, só quero reter a experiência que me permita evitar as “armadilhas” que esse chão por descobrir possa conter.

Para mim, viver, significa arriscar permanentemente a vida. Se tenho de arriscar permanentemente a minha vida, a melhor forma que encontrei para a viver é ter sonhos e lutar por eles. O sucesso para se atingir qualquer objectivo tem sempre o seu início no interior da nossa consciência, razão pela qual constantemente afirmo que sou escravo dela

Quantos de nós não experimentámos já erguerem-se barreiras nos caminhos dos nossos sonhos? Quando jovens adolescentes, era o “estudar para quê”? Mais tarde “trabalhar para quê? Morre-se e fica cá tudo”.

A “cola” que me liga à sociedade a que pertenço tem a marca da “Democracia”. Isto vale por dizer, e de uma forma muita sintética, que eu, enquanto indivíduo, tenho os mesmos direitos e os mesmos deveres que qualquer outro membro dessa sociedade.

Se tenho os mesmos direitos e os mesmos deveres e ainda sou capaz de sonhar, será que não devo disponibilizar alguns desses sonhos ao serviço da minha comunidade, para que ela fique mais forte? Será que a força de qualquer comunidade não se mede pela capacidade que ela tem em sonhar e gerar dinâmicas que permitam ir em busca dos seus sonhos?

Permitam-me que aqui transcreva o que há muito venho afirmando:

- Mais do que uma mudança das pessoas que têm conduzido o destino de todos nós, o que realmente precisamos é de uma revolução no interior de nós próprios. De que vale falar-se em políticas de contenção das dívidas, políticas de investimento, políticas disto e daquilo se o mais importante é esquecido?

Todos nós, precisamos de sonhar e ir em busca dos nossos sonhos.

Será que é aceitável que alguém pretendendo efectuar uma construção num deserto ou num pântano o faça adoptando as mesmas fundações utilizadas para um solo rochoso, apenas pelo simples facto de considerar uma perda de tempo e energias efectuarem-se previamente estudos geológicos ao terreno? Será que a deontologia profissional de qualquer engenheiro, quando chamado a subscrever um projecto de edificação não o obriga a conhecer primeiro as características de resistência do solo onde a mesma deverá ser implantada? Para os “leigos e curiosos” se a edificação foi feita em Alguidares de Cima ou Alguidares de Baixo também poderá ser feita no Sardoal. Será que pode? E se a edificação no fim apresentar patologias graves, a quem deverão ser pedidas responsabilidades? Será que todos nós não estamos já cansados de assistirmos permanentemente à absolvição da culpa, porque a culpa nunca é minha, mas do outro?

Não tenho dons premonitórios que me permitam aqui descrever todos os caminhos certos a utilizar para que todos nós possamos voltar a sonhar. Os que conheço e que fortemente me condicionam são: o amor à família, o respeito aos outros, a justiça, a confiança e o inconformismo à adversidade. Tudo isto envolvido numa enorme Fé em Deus.

EU TENHO SONHOS!

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