quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O Fim de um Ciclo Político


Agora que estão passadas 72 horas após de ter tomado a decisão de rescindir o meu mandato de Vereador da Câmara Municipal de Sardoal, entendo que é chegada a hora de me justificar junto de todos aqueles que me apoiaram de uma forma directa e que fizeram parte da minha equipa (eleitos e não eleitos nas Autárquicas de 2005) e de uma forma indirecta todos os Sardoalenses anónimos, independentemente de me terem, ou não, concedido o seu voto de confiança.

Em Junho/Julho de 2004 pelo político mais extraordinário que tive o privilégio de conhecer até hoje fui incumbido de uma missão: “Direccionar toda a minha conduta e dinâmica política num só objectivo: Contribuir para o engrandecimento do Concelho do Sardoal. Quanto maior fosse a minha entrega ao Sardoal, aos Sardoalenses e à Democracia maiores seriam os dividendos que o Partido Socialista obteria”.

Um simples aperto de mão selou aquele acordo e o projecto “ Em Primeiro o Sardoal” nasceu.


O que fiz desde aquele dia até há alguns dias atrás está registado na memória de muitos e quanto aos meus actos políticos a história se encarregará de os julgar.

Em consciência não sei se estive certo em todas as decisões que tomei, independentemente das centenas, ou mesmo milhares, de horas que ao longo destes 4 anos investi no estudo dos processos da Autarquia Sardoalense para que na hora de decidir fosse o mais justo possível. Todavia, no que concerne à missão de que fui incumbido não aceito que haja alguém que ouse afirmar que não pugnei pelo meu Concelho e pela igualdade entre os Sardoalenses ou que ouse pôr em causa o respeito que o Partido Socialista sempre me mereceu.

Até que alguém se lembrou um dia (há um ano?) que ser-se Presidente da Câmara do Sardoal era capaz de ser interessante. Uma boa estratégia poderia facilmente conduzir a tal objectivo. A estratégia até nem seria muito difícil de concretizar, bastariam apenas dois passos:

- Primeiro passo: apagar a figura do Fernando Morais.

- Segundo passo: construir uma teia em torno dos militantes socialistas capaz de os “atrair”, dado serem estes os portadores da chave para entrar no “reino da candidatura”.

(Pode ser que um dia revele como se apaga uma figura e se constrói tal teia).

Convido-vos agora a conhecerem os factos que ocorreram nos últimos dias da semana passada e que estiveram na base da minha demissão:

- 10 de Outubro (6ª Feira)

Sou informado que o Presidente da Concelhia do PS do Sardoal tem intenções de apresentar a sua disponibilidade, durante a reunião da Concelhia do PS do Sardoal a realizar no dia seguinte, para ser candidato à Presidência da Câmara Municipal do Sardoal, sendo o primeiro subscritor da sua candidatura o meu colega Vereador Pedro Duque.

Pretendendo conhecer melhor os contornos desta candidatura, contactei, pela hora do almoço, o primeiro subscritor da proposta que me garantiu que de facto existia tal intenção por parte do Dr. Fernando Vasco, que o seu acto enquanto subscritor dessa candidatura nada tinha de vinculativo à mesma, que era um procedimento normal em candidaturas partidárias, que estaria disposto a validar todas as outras candidaturas que entretanto aparecessem e que não fizesse juízos de valor errados a seu respeito.

Durante a tarde desse dia começaram-me a chegar informações sobre o modo como estava a decorrer a subscrição da candidatura entre os militantes do Sardoal e desde logo constatei que algo não “jogava” bem. (A teia entrara em acção).

- 11 de Outubro (Sábado)

Um casamento em Cortes (Leiria) fez com que deixasse o Sardoal pela manhã e apenas regressasse à noite.

Pelas 19:30 desse dia, a Senhora Dª Maria Francelina Chambel (sem sombra de qualquer dúvida a militante socialista mais distinta da Secção do Sardoal) encontra-me num café e num recanto do mesmo informou-me que estivera presente na reunião da Concelhia que validou a proposta da candidatura proposta pelo Presidente da Concelhia e que, por sua iniciativa pessoal entendera propor que o Fernando Morais também devesse ser candidato se assim ele o entendesse.

Em resposta à proposta apresentada, a Comissão Política Concelhia do PS Sardoal entendeu que caso eu pretendesse voltar a disponibilizar-me para ser candidato do PS, deveria apresentar ao Presidente da Concelhia do PS, no prazo máximo de 5 dias, uma declaração por escrito nesse sentido. A minuta dessa declaração foi passada para um papel e ela era a portadora do mesmo, entregando-ma de seguida.

Aberto o papel e escrito a letras maiúsculas e a azul pude ler: “ACEITO SER CANDIDATO A CANDIDATO A PRESIDENTE DA CÂMARA DENTRO DAS ORIENTAÇÕES DA COMISSÃO CONCELHIA DO PS DE SARDOAL, DE ACORDO COM OS ESTATUTOS DO PARTIDO SOCIALISTA”.

(Reservo-me o direito de aqui revelar o meu pensamento ao ler tal teor quando me lembrei que iniciara todo este processo com um simples aperto de mão.)

- 12 de Outubro (Domingo)

O Centro Social dos Bombeiros Municipais do Sardoal realizou a 1ª Prova de BTT e eu, respondendo ao convite que amavelmente me fizeram (enquanto Vereador) para almoçar com os participantes, lá participei no evento. No decurso do mesmo, o meu colega Vereador Pedro Duque perguntou-me se “já havia tido algum feed back da reunião do dia anterior” ao que respondi que aquele não era o melhor local para se conversar sobre o assunto e que durante a semana haveria oportunidade para tal. Era o 2º contacto que tinha sobre a reunião de realizada no dia anterior.

Pelas 19:30 acedo à minha caixa de correio electrónico e vejo que tinha uma mensagem de um amigo Sardoalense (independente) que me questionava se já tinha tido acesso ao blog do PS do Sardoal. Se não o fizera, que o fizesse e que estivesse preparado para uma surpresa.

Aberto o blog pude ler que o nº 2 da Lista da candidatura era ocupado por Pedro Duque, que a candidatura era apoiada pela grande maioria dos membros da CPC (13 em 15 membros) e dos militantes do PS/Sardoal, conforme documento subscritor da candidatura entregue na Mesa durante a reunião de Sábado. Fernando Vasco adiantava ainda no blog do PS do Sardoal (ou deveria dizer, do seu blog?) que a lista quanto aos cabeças de lista se encontra praticamente concluída e compreende na sua maioria independentes, etc, etc.

Sendo SENHOR DOS MEUS PENSAMENTOS e ESCRAVO DA MINHA CONSCIÊNCIA a resposta à ética (ou à falta dela) que os dirigentes do Partido Socialista do Sardoal decidiram “presentear-me” (o voto do silêncio foi cumprido à risca) não poderia ser outra que não aquela que tomei: a renúncia do meu mandato de Vereador.

Se o fiz, não foi por me sentir magoado. Fi-lo, porque o respeito que o Partido Socialista me merece assim me obrigou. Era a única forma de agradecer a confiança que, um dia, o Partido Socialista depositou nas minhas mãos.


Caso continuasse como Vereador ou aceitasse ser candidato à Presidência da Câmara nos moldes propostos, era o “cabo dos trabalhos”. Quem verdadeiramente me conhece sabe que não sei ser um "pau mandado". Nunca o fui, não será à beira de atingir os 54 anos que vou agora mudar tal comportamento.

Para sair de vez desta história resta-me agradecer a todos aqueles, sem excepção, que comigo privaram e comungaram o espírito do projecto “Em Primeiro o Sardoal”. Todos merecem que aqui registe os seus nomes, permitam-me, contudo, que individualize três pelo que para mim representaram: Paulo Homem Fonseca; Maria Francelina Chambel e Jorge Manuel Dias.

-Bem hajam amigos e até sempre!

-Para mim esta página está definitivamente virada!

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