domingo, 20 de abril de 2008

Semana Social em Sardoal

A Câmara Municipal de Sardoal, a Rede Social e a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Sardoal levaram a efeito a Semana Social que decorreu entre os dias 15 e 19 do corrente mês no Auditório do Centro Cultural Gil Vicente. Esta iniciativa que se pautou por um ciclo de Conferências e Seminários teve como objectivo promover uma reflexão e uma partilha de conhecimentos sobre a temática Social em Geral e Concelhia em particular.
Por imperativos profissionais, apenas pude estar presente nas aberturas dos Seminários sobre a “Rede e Intervenção Social” e “Plantar um Sorriso, Intervir, Proteger”. Do que tive oportunidade de observar presencialmente e dos ecos que recebi sobre tudo aquilo a que não assisti, merece que teça os mais rasgados elogios à iniciativa. Entendo por isso que estão de parabéns todos aqueles que deram corpo a este evento, em especial o Presidente da Câmara Municipal de Sardoal.
Como qualquer um, também eu tenho uma leitura muito própria sobre os problemas sociais que me rodeiam nesta aldeia global que é a Terra. Os nossos instintos de sobrevivência metamorfosearam-se. Não havendo a possibilidade lógica de duas pessoas viverem as mesmas experiências, vale por dizer que cada um de nós é portador de um mundo muito próprio e distinto.
Enquanto membros de uma sociedade da qual dependemos, devemos de cumprir com os deveres que essa sociedade nos estabelece para que sejamos merecedores dos direitos que ela própria nos concede. Todos deveremos contribuir para o equilíbrio e a estabilidade dessa sociedade. De entre os vários contributos que deveremos prestar sobressai a atenção que nos deverão merecer aqueles que ontem zelaram por nós (os idosos) e aqueles que amanhã por nós zelarão (as crianças).
Dos mais velhos recebemos a nossa identidade e o legado do conhecimento. As suas vivências e experiências são uma herança que a todos nos é concedida e que passa de geração em geração. Será que diante desta dádiva não haverá uma profunda hipocrisia quando somos capazes de antecipar as suas mortes sempre que nos apercebemos que nada mais temos a receber deles? Comprometo-me em abordar este assunto num futuro próximo e de como me choca o olhar vazio de alguém, a quem vida concedeu tamanhas experiências pelos longos anos que já viveu e que sentado num qualquer Lar deste País espera que a morte lhe alivie o pensamento e a dor. É como se já tivesse morrido antes de morrer.
Pretendo hoje abordar, no entanto, um assunto caro a todos nós: As Crianças.
Não sendo um profundo pensador sobre esta temática, o cimento e o ferro ocupam grande parte do meu pensamento, não deixo de ter, como todos um pensamento sobre esta área. Enquanto povo latino que somos as crianças são muito importantes para nós, mas temos sempre muita dificuldade em aceitar os seus pensamentos e os seus pontos de vista. Na nossa sociedade este comportamento felizmente que vai mudando. Estas conquistas a que hoje assistimos já as vivi no passado e noutra cultura (Canadá 1987-1991).
Vem isto a propósito da intervenção de um dos oradores convidados a participar na Semana Social: Dr. Álvaro Laborinho Lúcio. A forma como abordou o tema sobre a criança, sintetizada nos seis olhares que descreveu, merece que aqui lhe preste a minha homenagem e o meu agradecimento por ter partilhado comigo e demais presentes tais olhares. O Olhar enquanto Pessoa, o Olhar do Mercado, o Olhar da Família, o Olhar da Escola, o Olhar da Comunidade e do Estado e, por último, o Olhar do Poeta. A forma como em poucos minutos foi capaz de provocar uma revolução positiva nos meus pensamentos sobre os conhecimentos que eu acumulara ao longo de uma vida sobre o assunto merece que aqui lhe preste a minha homenagem e agradecimento Para se poder entender a dimensão da revolução provocada, foi como se alguém entrasse numa biblioteca totalmente desarrumada e arrumasse todos os livros dispersos, segundo uma ordem preestabelecida e durante um espaço temporal muito curto.
Pelo facto julgo ser justo, também, endereçar a todos aqueles que contribuíram para a participação de tão ilustre convidado os meus agradecimentos por me ter sido concedida tal experiência.

Sem comentários: